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DIREITO PENAL

Crimes Contra Pessoa – Crimes Contra a Pessoa


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CRIMES CONTRA PESSOA – CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA A HONRA

A honra é o valor social do indivíduo. Ela pode ser observada da ótica do próprio indivíduo,
ou seja, como ele se enxerga perante a sociedade (a sua autoestima). Contudo, também é
possível partir da ótica de como a sociedade enxerga essa pessoa (a sua reputação).
A honra, portanto, se divide em:

a) Objetiva: é a reputação do indivíduo. b) Subjetiva: é a autoestima do indivíduo.


São crimes que atacam a honra objetiva: A injúria é o crime que ataca a honra subjetiva.
• Difamação;
• Calúnia. Sujeito passivo: somente pessoas físicas.
Consuma-se quando a vítima toma conhecimento.
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Sujeito passivo: pessoas físicas e jurídicas.
Se consuma quando um terceiro toma
conhecimento.

Obs.: a calúnia é a falsa imputação de um fato definido como crime. Nesse sentido, se uma
pessoa imputa falsamente a prática de um crime ambiental a uma pessoa jurídica,
terá praticado o crime de calúnia contra essa pessoa jurídica. Isso porque as pessoas
jurídicas também possuem uma honra objetiva a zelar.

Pontos em comum nos crimes de calúnia, difamação e injúria:


a) Dolo com especial fim de agir (atingir a honra alheia). Não existem modalidades culpo-
sas para esses crimes;
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b) Crimes formais (de resultado cortado), pois irão se consumar independentemente do
resultado naturalístico;

Obs.: nesse sentido, ainda que a pessoa que foi vítima de uma injúria, calúnia ou difamação
não se importe com a situação, restará consumado o crime.

c) Crimes de forma livre (podem ser praticados de qualquer maneira. Ex.: gestos, sinais,
via oral, via escrita etc.);
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d) Em regra, são crimes de ação penal privada (bem jurídico disponível), mas em cada
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tipo penal há hipóteses de ação penal pública;
e) Tentativa é possível a depender do meio empregado. Se for por meio oral, então não
é possível a tentativa.

CALÚNIA

CP, art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.

O próprio Código Penal traz o conceito de calúnia: imputar falsamente a um terceiro um


fato definido como crime.
Trata-se de um crime de menor potencial ofensivo: pena de detenção, de seis meses a
dois anos, e multa.
É importante destacar que a pessoa que calunia tem que saber que se trata de uma calú-
nia, ou seja, precisa saber que o fato imputado é falso. Assim, a elementar “imputando-lhe fal-
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samente” é sob a ótica do agente. Ou seja, se o agente acredita na veracidade do fato, ainda
que ele seja um fato falso, haverá erro de tipo, que exclui o dolo e, portanto, não haverá o
crime de calúnia.
O “fato”, disposto pelo caput do art. 138 do CP deve ser determinado (ex.: foi o vizinho
quem subtraiu a bicicleta que estava na varanda, mas o agente sabe que não foi o vizinho).
Quando o agente não imputa um fato específico, apesar dessa conduta não configurar o crime
de calúnia, poderá recair no crime de difamação.
Além disso, o fato deve ser verossímil, ou seja, um fato possível, verificável ou verdadeiro.
Ou seja, imputar falsamente a uma pessoa um fato que seja considerado um crime impossível
(ex.: roubar a estátua do Cristo Redentor) não configura o crime de calúnia.
O crime também deve ser praticado contra uma pessoa determinada/específica.
Outro ponto importante é que o caput do art. 138 traz a palavra “crime”. Assim se o agente
imputa falsamente a alguém um fato definido como contravenção penal, apesar de não haver
calúnia, essa conduta pode configurar uma difamação.
Para que ocorra a conduta do § 1º, a pessoa que propala ou divulga a calúnia deve saber
que é falsa a imputação.
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ANOTAÇÕES

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Se alguém calunia um morto, terá cometido crime. Nesse caso, o sujeito passivo dessa
calúnia contra o morto será a sua família.

Exceção da verdade
A exceção da verdade é demonstrar em juízo que aquilo que foi dito pela pessoa que
supostamente havia caluniado é verdade.

CP, art. 138. (...) § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:


I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sen-
tença irrecorrível;
30m II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. I do art. 141;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecor-
rível.

Os incisos de I a III do § 3º do CP trazem hipóteses em que não se admite a exceção da


verdade no crime de calúnia. Quando são cobrados em prova, esses dispositivos são apre-
sentados em sua literalidade, por isso é importante fazer uma leitura atenta e entender o que
cada um deles quer dizer.
O inciso I do art. 141 traz duas pessoas: o Presidente da República e o chefe de governo
estrangeiro. Isso não é possível; pois, para que o Presidente da República responda por um
crime comum, é necessária a admissão pelo quórum de 2/3 da Câmara dos Deputados.
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Também não se admite a exceção da verdade contra pessoas que já foram absolvidas por
sentença irrecorrível.

Logo, é possível praticar calúnia ao imputar verdadeiramente a alguém um fato defi-


nido como crime?
Sim, nas hipóteses em que não se admite exceção da verdade.

Calúnia (art. 138, CP) VS denunciação caluniosa (art. 339, CP)


Calúnia é imputar falsamente a alguém um fato definido como crime. Nesse caso, o autor
está falando com terceiros. Já na denunciação caluniosa, o agente imputa a alguém um crime
que não existiu ou que sabe ser inocente, contudo faz isso perante uma autoridade pública,
dando causa a instauração de um procedimento investigatório.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Erico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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