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E DA SAÚDE
• 1 - Dolo direto de perigo: consta da 1ª figura descrita no caput (“sabe que está
contaminado”). Aqui, o agente tem pleno conhecimento de que é portador de doença
venérea e mesmo assim pratica ato sexual com a vítima, consciente de que com tal ação
estará criando uma situação concreta de perigo de contágio de moléstia venérea.
• Veja-se: não há a intenção de transmitir efetivamente a moléstia. Apesar de prever esse
evento, na realidade ele não se insere na vontade do agente, que nem sequer assume o
risco de transmitir a doença. Ele quer, isto sim, consciente e voluntariamente, expor a
vítima a situação de perigo. Não há o dolo de dano constante do § 1º do mesmo artigo,
ou seja, a vontade de transmitir a moléstia.
• Dolo eventual de perigo ou culpa? A segunda figura descrita no caput
(“deve saber que está contaminado”) tem provocado divergências na
doutrina.
• No sentido de que “deve saber” indica culpa por parte do agente,
posiciona-se Magalhães Noronha: “Haverá culpa quando o sujeito
ativo não tem ciência de estar contaminado, mas devia sabê-lo pelas
circunstâncias, v. g., se não se dá conta de certos sintomas que se
manifestam depois de haver mantido relações sexuais com
prostituta. Em assim sendo não tem ele consciência de expor a
perigo o ofendido, mas devia ter, pois era possível essa consciência”.
• Em sentido contrário, argumentando que se trata de dolo eventual,
alinha-se Celso Delmanto, o qual reformulando a sua antiga posição,
sustenta que, como os casos de culpa devem ser expressos (CP, art.
18, II, parágrafo único) e o princípio da reserva legal (CR/88, art. 5º,
XXXIX; CADH, art. 9º; § 1º; CP, art. 1º) não pode ser desrespeitado,
parece-nos mais seguro o dolo eventual e não a culpa. Também o
núcleo empregado no tipo (‘expor’) e a previsão do § 1º reforçam
essa nossa orientação”.
• 3 - Dolo direto de dano: consta da figura descrita no § 1º (“se é
intenção do agente transmitir”).
• Aqui, temos um crime de perigo com dolo de dano, pois o agente,
consciente de que é portador da moléstia grave, pratica ato sexual
com a vítima com a intenção de efetivamente transmiti-la. Mais do
que a exposição a perigo, pretende o efetivo contágio, o que qualifica
o crime, com a consequente majoração da pena
• CONSUMAÇÃO: Dá-se a consumação com a prática de relações
sexuais ou atos libidinosos capazes de transmitir a moléstia venérea.
Não é necessário o contágio; basta a exposição, a criação de perigo de
contágio. Mesmo na hipótese do § 1º, basta a só exposição a perigo
de contágio.
• Se da conduta perigosa sobrevier resultado danoso (a contaminação),
teremos as seguintes hipóteses:
• A - se o dolo era de dano (§ 1º) e o sujeito efetiva o contágio: subsiste
o crime do art. 130, § 1º;
• B - se o dolo era de dano (§ 1º) e o sujeito efetiva o contágio, sobrevindo
um dos resultados do art. 129, §§ 1º e 2º, responderá o agente pelo delito
de lesão corporal grave ou gravíssima164, pois a pena prevista para estes é
superior à pena prevista para o delito de perigo;
• Objeto material:
• É pessoa contra a qual é dirigida a conduta que tem por finalidade
contagiá-la com a moléstia grave.
• Bem(ns) juridicamente protegido(s): Integridade corporal ou a saúde da vítima.
• Elemento subjetivo: dolo. O tipo penal exige um especial fim de agir.
• Não há possibilidade de punição a título de culpa.
• Meios de execução: O delito do art. 131 do CP pode ser considerado como de
forma livre, podendo o agente praticar atos de qualquer natureza, por meios
diretos ou indiretos, que possuam eficácia para a transmissão da moléstia de que
está contaminado.
• Consumação e tentativa: consuma-se o delito com a prática dos atos destinados à
transmissão da moléstia grave, independentemente de ter sido a vítima
contaminada ou não.
• Admite-se a tentativa.
• Utilização de objeto contaminado que não diga respeito ao agente: Não haverá responsabilização
pelo crime do art. 131 do CP. O agente poderá ser responsabilizado a título de lesões corporais,
consumadas ou tentadas, se o seu dolo era o de ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem, podendo variar, até mesmo, a natureza das lesões (leve, grave ou gravíssima), nos termos
do art. 129 do CP.
• Crime impossível: Pode ocorrer por ineficácia absoluta do meio (agente que não era portador de
qualquer doença), como pela absoluta impropriedade do objeto (vítima já contaminada com a
doença grave que o agente pretendia transmitir-lhe).
• Vítima que morre em virtude da doença grave: Se o dolo era de lesão, e se a vítima vem a morrer
em decorrência de seu organismo não resistir à moléstia grave que lhe fora transmitida, o caso
deverá ser resolvido como hipótese de lesão corporal seguida de morte.
• Transmissão do vírus HIV: O dolo será o de homicídio e não o do delito tipificado no art. 131 do CP.