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O núcleo do tipo ofender significa lesar ou fazer mal a alguém ou a alguma coisa. O
objeto da conduta é a integridade corporal ou à saúde. São sujeitos ativos e passivos podem ser
quaisquer pessoas. E o elemento subjetivo na figura prevista no caput que é a lesão corporal
simples é somente o dolo. O objeto material é a pessoa que sofre a lesão e o objeto jurídico é a
incolumidade física.
É um crime comum, pois pode ser cometido por qualquer pessoa, é crime material, pois
exige resultado naturalístico, consistente na lesão à vítima, é de forma livre, podendo ser
cometido por qualquer meio escolhido pelo agente, comissivo, pois ofender implica em ação,
mas excepcionalmente pode ser omissivo, é crime instantâneo, cujo resultado ocorre de maneira
instantânea, não se prolongando no tempo, crime de dano, pois somente se consuma com a
efetiva lesão, podendo ser cometido por um único agente, sendo assim unissubjetivo e em regra
vários atos integram a conduta de lesar, o crime em seu caput admite a forma tentada.
Perigo de contagio venéreo
Ainda, a vítima deve ser determinada. Os crimes contra um grande número de vítimas
estão previstos a partir do art. 250, Código Penal. Trata-se de crime comum. Assim, qualquer
pessoa pode ser o sujeito ativo. É irrelevante que saiba ou possa saber da doença, pois a
objetividade jurídica tutelada é de interesse público, supraindividual. Isso porque o legislador visa
a não disseminação da doença. Portanto, o consentimento é irrelevante.
Somente incide este artigo em ato sexual ou libidinoso. Senão, é o art. 131, Código
Penal. Se as duas pessoas possuem a doença, e crime impossível pois não há a exposição ao
perigo de contagio. Em confronto com o art.129, prevalece este pôr a pena ser maior. No caso, é
aquela questão onde o peixão engole o peixinho. Se a transmissão resultou em morte, responde
por lesão corporal seguida de morte ou homicídio, dependendo da intenção.
Note-se que a ação física desencadeada pelo sujeito ativo não visa causar nenhum dano
em alguém, mas simplesmente criar uma situação da qual resulte uma ameaça de lesão para a
vida ou saúde de outrem. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não sendo necessário
qualquer vínculo entre as partes. O sujeito passivo também qualquer pessoa. Apenas se exige
que o seja determinado.
O disparo de arma de fogo em via pública tem lei especifica, mas também poderia ser
enquadrado neste artigo. O artigo exige dolo, podendo ser direto ou eventual. Ex: Arremessar
objetos e via pública. No entanto, se houver o dolo de dano, será tentativa de homicídio ou lesão
corporal dolosa.
Abandono de incapaz
Trata-se de crime contra a pessoa que consiste em abandonar (deixar sem a devida
assistência) aquele que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, que não é capaz
de se defender dos riscos do abandono, independentemente de sua idade. O crime será
qualificado se resultar lesão corporal de natureza grave ou morte. As penas serão aumentadas
se o abandono ocorrer em lugar ermo, se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima e se a vítima for maior de 60 anos.
Omissão de socorro
A tutela da norma penal destaca aqui a defesa da vida e da saúde da pessoa, que se dá
mediante imposição de um dever geral de solidariedade no sentido de que todos têm a
obrigação dar assistência à criança abandonada ou extraviada, à pessoa inválida ou ferida,
assim como ao desamparado ou em grave e eminente perigo de vida, quando isso for possível
sem risco pessoal, também punindo o ato egoístico daquele que nem sequer se digna a pedir o
socorro da autoridade pública, em favor da vítima.
Embora descreva condutas alternativas (“deixar de prestar assistência” ou “não pedir,
nesses casos, socorro”), não se pode concluir que a redação da norma outorga ao autor do fato
a liberdade de optar entre prestar assistência ou apenas chamar o socorro, para que não lhe
incida a pena cominada. Isso porque, enquanto ausente o risco pessoal ao autor, é plenamente
exigível que se solidarize com a situação do ofendido de modo a lhe prestar imediato socorro.
Assim, é de se admitir o pedido de socorro como providência subsidiária, possível
apenas diante da impossibilidade de o autor alcançar imediato amparo ao ofendido. Sendo
possível o socorro, sem risco ao autor, e tendo ele apenas solicitado auxílio à autoridade pública,
tem-se que o crime restará caracterizado.
Contudo, o delito não se configura quando demonstrado que o próprio socorro ou o
chamado por ele implicar em risco pessoal ao autor do fato.
A norma descreve ato omissivo próprio, pois, diante da obrigação de assistir o desvalido,
implícita na norma penal, a simples omissão impõe a incidência do artigo 135 do Código Penal.
Descarta-se o enquadramento do tipo como omissivo impróprio justamente por não incidir
quaisquer daquelas alíneas do § 2.º do artigo 13 do Código Penal.
Qualquer pessoa que encontre alguém nas condições de vulnerabilidade previstas no
artigo em questão pode ser considerada autor do crime. O caput do dispositivo elenca um rol de
pessoas que figuram como sujeitos passivos do crime em questão:
Compreende-se como criança, para a norma, o infante que não pode oferecer defesa
própria à situação de risco à qual foi submetida, sendo considerada abandonada aquela exposta
à situação de risco.
A criança extraviada é aquela que está perdida.
A pessoa inválida é a que, por deficiência, doença ou idade, está exposta ao risco.
A pessoa ferida é a que teve sua integridade corporal ofendida.
O desamparado é o que não tem qualquer auxílio.
A gravidade da situação e a eminência do perigo em que se encontra a pessoa, que
também encampam elementares do tipo, devem ser avaliadas no caso concreto, porquanto
qualquer pessoa submetida a tais condições também é considerada sujeito passivo do crime.
A norma exige a consciência do autor no sentido de que sua conduta (de não prestar
assistência ou não pedir ajuda) deixará o ofendido desamparado, exposto a risco.
O crime se consuma diante da omissão do autor à falta de socorro à vítima. Não se
cogita a hipótese de tentativa.
Direito Penal