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TRABALHO DE DIREITO PENAL – ARTIGOS 135 E 136 CP

ALUNA:MARIA FERNANDA DE TOLEDO P. T. AMARAL

PROFESSOR: GILSON AMÂNCIO

Da Periclitação da vida e da saúde

Art. 135 Omissão de socorro: Deixar de prestar assistência, quando possível


fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou
ferida, ao desamparo ou em grave ou iminente perigo; ou não pedir nesses casos, o
socorro da autoridade pública: Pena: detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão


corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

O crime de omissão de socorro é um crime omissivo, ou seja, o sujeito tinha a


obrigação de praticar determinada conduta e podia fazê-lo. Ele divide-se em crime
omissivo próprio ou de mera conduta: onde a desobediência da norma já caracteriza o
crime não necessitando do resultado, o resultado será uma majorante. Que é o caso do
artigo 135. Crime omissivo impróprio: são os crimes de resultado, em que não há a
causalidade fática e sim jurídica.

Bem jurídico tutelado: preservação da vida e da saúde humana, desrespeito ao


dever de solidariedade. Trata-se de um dever geral: obrigação solidária.

Sujeito Ativo: qualquer pessoa, dever genérico de não se omitir. O sujeito ativo
deve estar no local e momento em que o periclitante (vítima) precisa de socorro.

Sujeito Passivo: a) criança abandonada ou extraviada (perdida); b) pessoa


inválida, ferida ou desamparada; c) qualquer pessoa em grave ou eminente perigo.

A conduta nuclear é a criação de situação de perigo é irrelevante. Contudo se for


omitente quem criou o perigo, ele responderá como garantidor, ou seja, pelos eventuais
resultados decorrentes da situação por ele criada.

Tipo Objetivo: a presença do risco pessoal, na assistência direta, acarretará na


exclusão da tipicidade da conduta (deixar de prestar assistência) dever pessoal, e na
indireta, acarreta na exclusão da sua ilicitude (não pedir socorro a autoridade pública
competente).

Tipo Subjetivo: dolo direto ou eventual, vontade de omitir-se da conduta com


consciência do perigo. O dolo será eventual, quando o agente pratica conduta omissiva e
assume o risco de manter o estado de perigo preexistente. O dolo de dano exclui o dolo
de perigo, porque se o agente queria a morte, responde por homicídio. Na omissão de
socorro não existe o elemento subjetivo especial do tipo.

Consumação: quando o agente (sujeito ativo) não presta socorro, ainda que
outrem o faça.

Tentativa: esse crime não admite tentativa.

Causas de aumento de pena: aumenta-se de metade se da omissão resultar lesão


grave, e é triplicada se resultar em morte.

Pena: detenção de 1 a 6 meses, e multa. Ação penal pública incondicionada.

Não admite-se a omissão de socorro na forma qualificada, pois é crime de


perigo, a lesão grave ou morte, caracterizam aumento de pena uma majorante e não
qualificadoras (presentes nos crimes de dano). Não há crime de omissão de socorro na
forma culposa, o erro quanto à existência do perigo exclui o dolo. Porém, sobrevindo
dano o agente responde pelo crime culposo (art. 20 § 1º).

Para Luiz Regis Prado, o código penal não limitou a omissão de socorro de sua
proteção aos menores de sete anos, incluindo no título “Da periclitação da vida e da
saúde”. Trata-se de um dever geral de prestação de socorro com extensão variada, dever
jurídico exigível para garantir a segurança individual.

Cezar Bitencourt também define como dever geral que se destina a todos, a fim
de assistir reciprocamente a todos. Se a omissão violar um dever especial constituirá
outro crime. Dever geral equipara-se a obrigação solidária. Se uma pessoa já prestou
assistência a outra está desobrigada a fazê-lo, contudo se não tiver eficácia ela
continuara vinculada, e sua abstenção caracterizará crime omissivo.

Damásio de Jesus caracteriza a omissão de socorro como um crime omissivo


próprio que pelo simples comportamento do sujeito, ao deixar de prestar auxílio ou
comunicar a autoridade pública competente, independentemente do resultado o crime se
consuma exclusivamente pela conduta omissiva. Admite-se que o sujeito responda por
omissão de socorro qualificada, se do comportamento negativo resulta lesão corporal de
natureza grave ou morte.

De acordo com Cleber Masson, trata-se de um crime comum, omissivo puro de


perigo abstrato ou concreto, de forma livre que admite qualquer meio de execução desde
que omissivo, em regra é unissubjetivo uma única pessoa pratica a conduta, porém é
possível o concurso eventual.

STJ, REsp 161.399/SP, Rel. Min. Anselmo Santiago, j. 24-22-1998 


Caracteriza-se omissão de socorro se o motorista atropelante foge do local sem se quer
tentar socorrer a vítima e sem provar que não o fez por ter sido impedido, ou ameaçado
por terceiros.

Art. 135–A: Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial:


Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o
preenchimento prévio de formulário administrativos, como condição para o atendimento
médico-hospitalar emergencial: Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Bem Jurídico tutelado: perigo a vida e a saúde humana

Sujeito Ativo: médico, enfermeiro, funcionário de hospital que exija qualquer


garantia para atender o doente.

Sujeito Passivo: qualquer pessoa que necessite de atendimento médico


emergencial.

Art. 136: Maus tratos: Expor a perigo a vida ou a saúde da pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,
quer privando0a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, e multa.

§1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão 1 a 4


anos.
§2º Se resulta morte: Pena – reclusão de 4 a 12 anos.

§3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor


de 14 anos. Acrescentado pela lei 8.069/90 ECA.

Bem Jurídico tutelado: integridade fisicopsiquica do ser humano. O pátrio poder


é o simples dever de proteção e direção da criança.

Sujeito Ativo: quem tenha autoridade, guarda ou vigilância para fins de


educação, ensino, tratamento ou custódia. Ex: Pai. Curador, tutor, professor.

Sujeito passivo: pessoa subordinada para fins de educação, ensino, tratamento


ou custódia.

Violência contra a mulher não configura o crime de maus tratos, pois o marido,
companheiro não exerce autoridade sobre ela para os fins denominados no tipo penal. O
mesmo ocorre para o filho maior que não tiver vinculo jurídico de subordinação.

Tipo Objetivo: privar de alimentação; privar de cuidados indispensáveis como


por exemplo atendimento médico, agasalho, higiene; sujeitar a trabalho excessivo ou
inadequado: ultrapasse os limites de capacidade da vítima; abusar de meios corretivos
ou disciplinares: castigos que arrisquem a vida ou a saúde da vítima, o fins não
justificam os meios, crime instantâneo.

É dever dos pais disciplinarem seus filhos porem o exercício abusivo desse
direito é vedado. É necessário que seja de forma moderada e com a finalidade educativa,
ius corriendi.

No caso dos curadores, tutores, professores, a produção e hematomas e


escoriações caracteriza maus tratos, pois eles não gozam das mesmas liberdades que os
pais.

Tipo Subjetivo: é indispensável a consciência do abuso cometido, a ausência da


consciência afasta o dolo (erro de tipo).

Elemento subjetivo: consciência e vontade de expor a vítima a grave e iminente


prerigo.

Dolo eventual: não é a vontade do agente contudo ele assume o risco de expor a
vítima a perigo, configurando dolo eventual,
Consumação: é suficiente a probabilidade de dano, desnecessário o resultado
material. Porém é inadmissível a mera presunção pois é crime de perigo concreto.

Tentativa: teoricamente é possível, desde que o eventus periculli não ocorra por
circunstancias alheias a vontade do agente. Quando houver o iter criminis será tentativa.

Formas qualificadas: lesão corporal de natureza grave ou morte, as vítimas


menores de quatorze anos há uma majorante, ECA elevação de 1/3 da pena em razão da
menoridade da vítima, o sujeito ativo tem que saber que é menor de quatorze anos. A
lesão corporal leve é irrelevante não respondendo o agente pela modalidade culposa.
Não admite-se modalidade culposa.

Penas: alternativa, detenção de dois meses a um ano ou multa no crime simples.


Já no qualificado reclusão de um a quatro anos, se resulta lesão corporal grave (§1 ), e
de quatro a doze anos, se resulta em morte, (§2º). Haverá majorante de um terço
se a vítima for menor de quatorze (§3º). Não incidem as agravantes previstas no
artigo 61, II, e, f e h.

Ação Penal: pública incondicionada.

Para Damásio de Jesus o crime de maus tratos é um delito próprio, de


ação múltipla ou conteúdo variado, plurissubsistente, comissivo ou omissivo,
permanente ou instantâneo. Preleciona ainda que a pratica de mais de um ato não
caracteriza concurso de crimes e sim delito único. É preciso que sua conduta gere
efetivo perigo de dano, seja por conduta positiva (trabalho excessivo) ou conduta
omissiva (privação da alimentação).

Segundo Cleber Masson é um crime próprio em que o sujeito ativo é


hierarquicamente superior ao sujeito passivo, de perigo concreto, comissivo ou
omissivo e de forma vinculada (modos de execução). É unilateral mas admite
concurso eventual, sua ação é múltipla ou de conteúdo variado, ou seja pode
cometer duas ou mais condutas contra a mesma vítima e caracterizar crime único.

Cezar Roberto Bitencourt, caracteriza o crime de maus tratos como


próprio, formal pois é crime de perigo concreto, de múltipla ação (pode ser
praticado por mais de uma conduta a mesma vítima), permanente quando da
privação de alimentos ou instantâneo quando ocorre abuso na correção. Em regra
é instantâneo mas pode ser permanente.

Já Luiz Régis Prado se atenta à evolução do crime de omissão de socorro


desde o direito canônico até os dias atuais, quando afirma que o legislador
respeitou a liberdade e a dignidade do ser humano ao estabelecer condições
gerais de assistência, incluindo os menores de sete anos.
BIBLIOGRAFIA

BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal comentado – 5ª edição atual – São


Paulo: Saraiva, 2009.

JESUS, Damásio de, Direito Penal, 2º volume: parte especial dos crimes contra a
pessoa e dos crimes contra o patrimônio. 21ª edição – São Paulo: Saraiva, 2011.

MASSON, Cleber Rogério. Direito Penal Esquematizado: parte especial volume


2 – 4ª edição revista atualizada e ampliada, São Paulo: Método, 2012.

PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: volume 2, 10ª ed. ver.
atual e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.

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