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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE; DA RIXA – ARTIGOS 130 A 137, CP

Fala galera, professor Wolner Sueyson na área. Vamos estudar dentro do título dos crimes
contra a pessoa, o capítulo dos crimes da periclitação da vida e da saúde. Pois bem, mas o que
significa? Estamos falando dos crimes de perigo, que são infrações penais que ofendem o bem
jurídico com a simples probabilidade de dano, não havendo lesão substancial.
Quando estudamos a teoria geral do crime, vimos que o Fato típico se divide em conduta,
resultado, nexo causal e tipicidade. Já o Resultado, divide-se em:
 Naturalístico: Crimes materiais, formais e de mera conduta.
 Jurídico/Abstrato: Crimes de perigo concreto e de perigo abstrato.
Aqui que devemos entrar. Os crimes de perigo concreto são aqueles que exige a comprovação
do risco de lesão. Já o crime de perigo abstrato (ou presumido) dispensa-se a constatação do
risco real, sendo absolutamente presumido por lei.
Portanto, vamos estudar artigo por artigo.

Perigo de contágio venéreo

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
de que sabe ou deve saber que está contaminado:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 2º - Somente se procede mediante representação.

O legislador quis proteger a incolumidade física e a saúde da pessoa, exposta por meio de
relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea. Qualquer pessoa,
portadora de moléstia venérea, seja homem ou mulher ok?!
Fato interessante, é que mesmo na constância do casamento se um dos cônjuges esconde do
outro a existência da doença o crime estará configurado.
Logicamente que o crime exige o contato sexual (corpóreo) entre o agente e vítima. Outro fato
importante, é que não teremos o crime no caso de relação sexual perigosa, envolvendo pessoa
enferma por venérea.
Estamos falando de um crime de perigo abstrato, que se consuma no momento da prática do
ato sexual capaz de transmitir a moléstia venérea. Lembrando que, mostra-se impossível a criação
do risco de contágio, a relação sexual mediante o uso de preservativos.

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Perigo de contágio de moléstia grave

Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir
o contágio:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

O sujeito Ativo, pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher, desde que contaminado de
moléstia grave contagiosa. Logo, é um crime próprio. Qualquer pessoa pode ser vítima, desde
que já não esteja contaminada pela mesma moléstia.
Quando o legislador trouxe moléstia grave, não importa se tenha cura ou não. Devendo ser
contagiosa, é claro. Por exemplo, tuberculose, febre amarela etc.
Este crime só é punível na modalidade dolosa, pois o agente deve buscar a transmissão da
moléstia.

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em
desacordo com as normas legais.

É um crime comum. Estamos diante de um crime de ação livre, pois pune qualquer tipo de
exposição a perigo de dano direto e iminente. Pune-se a omissão.
Em seu preceito secundário vemos que trata de um crime subsidiário. Muito importante para
sua PROVA!
Não temos a punição da forma culposa.

Abandono de incapaz

Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.

§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Aumento de pena

§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:

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I - se o abandono ocorre em lugar ermo;

II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.

III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos

É um crime próprio, onde o autor do abandono deve estar na posição de cuidado, guarda,
vigilância ou autoridade em relação a vítima. A incapacidade trazida no artigo trata da
impossibilidade de proteção ou preservação própria. Esse crime pode se dá de forma comissiva
ou omissiva.
O que muitos erram em prova é que não há crime se o responsável fica próximo da vítima,
vigiando para que alguém a recolha ou então deixa a vítima em lugar rodeado de assistência (Ex.:
Próximo a um hospital, asilo etc). Portanto, é um crime de perigo concreto, devendo estar provado
o perigo exposto ao “abandonado”.
Temos as qualificadoras no parágrafo 1º e 2º. Já as Majorantes do parágrafo 3º aplicável tanto
as modalidades simples e qualificada. Lugar ermo significa ambiente desabitado, sem frequência
de pessoas. Preste atenção, tome muito cuidado na hora da prova. Não basta o lugar ser ermo,
mas estar ermo no momento do abandono.

Exposição ou abandono de recém-nascido

Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - detenção, de um a três anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - detenção, de dois a seis anos.

A doutrina considera esse crime uma forma privilegiada do artigo 133. A doutrina majoritária
defende que somente a mãe pode ser sujeito ativo do crime. E lógico, somente o recém-nascido
poderá figurar como sujeito passivo kkkkkkk.
Para desonra própria deve estar ligado a algo sigiloso, onde o agente mantinha sigilo. Portanto,
é indispensável haver honra a salvar, não podendo o agente invocar o tipo privilegiado do art. 134
se desonrado.

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Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.

Qualquer pessoa pode praticar o crime, é um crime comum. Lógico que o agente esteja
presente com a vítima em perigo. Lembre-se, MUITO IMPORTANTE: É UM CRIME PRÓPRIO,
LOGO NÃO ADMITE TENTATIVA.

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653,


de 2012).

Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº
12.653, de 2012).

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza
grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).

Preste atenção, pois o crime é comum, mas só pode ser praticado por administradores e/ou
funcionários do hospital.

Maus-tratos

Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho
excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

§ 2º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

Estamos diante de um crime próprio, que só pode ser cometido por aquele que, em razão de
direito privado, público ou administrativo, tenha autoridade, guarda ou vigilância em relação à
vítima. Já o sujeito passivo é o empregado doméstico contratado para zelar pela saúde de pessoa
de alguma forma incapaz de fazê-lo (babá sobre a criança, enfermeira com o idoso etc).

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Maus-tratos é tratar a pessoa com violência, bater, espancar ou algo do gênero. Temos um
crime de ação múltipla.

CAPÍTULO IV
DA RIXA

Rixa

Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa,
a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

Para o crime de Rixa devemos levar das classificações dos crimes, pois é um crime de
concurso necessário, ou seja, é necessário no mínimo 03 pessoas. É um crime comum, mas
possui um aspecto muito importante, ao mesmo tempo o autor é vítima, devido as agressões
mútuas.
A conduta consiste em participar do tumulto. Cuidado que na Prova eles tendam dificultar
caracterizando o local da briga, pois este não influencia em nada.
Um detalhe importante é que a participação dos agentes pode ser:
 Material: Faz parte da luta.
 Moral: Incentiva os participantes a continuarem lutando.
É um crime de perigo presumido/abstrato, pois será punido mesmo não havendo ferimentos.
Trata-se de crime unissubsistente, não admitindo fracionamento da execução, isso significa
que não é admitido a tentativa.

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