CRIME DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Art. 130 a 136, CP

1. PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO (130)

Conceito: colocar alguém ao alcance de determinada situação de perigo (contaminação) mediante
a prática de relações sexuais ou qualquer outro ato libidinoso capaz de contagiá-lo com a moléstia
venérea, isto é, toda doença que se contrai pelo contato sexual;
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano ou multa;
Resumo! Quando o agente – sabendo ou devendo saber que está contaminado por doença venérea
– mantém relação sexual ou praticar ato libidinoso com alguém;
OBS! O crime é de perigo, porque é dispensável a efetiva transmissão da doença.
1.1. Crime qualificado (§ 1.°)
Conceito: quando o sujeito tem a intenção de transmitir a moléstia de que está contaminado, o
agente queria contaminar a vítima e o delito foi consumado com a simples prática da relação
sexual ou do ato libidinoso;
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa;

1.2. Ação penal (§ 2.°)

Conceito: ação pública (de responsabilidade do Ministério Público) condicionada à representação,
isto é, autorização da vítima para que o autor do delito seja processado;

2. PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE (131)

Conceito: praticar com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ou
seja, qualquer enfermidade que acarreta séria perturbação da saúde da vítima, ato capaz de
produzir o contágio, pode ser direto por meio de contato físico ou indireto por meio de objetos
em geral (copo de água, xícara de café);
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa;
OBS! É irrelevante que moléstia seja incurável ou não, mas precisa ser transmissível, é dizer,
contagiosa;

3. PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM (132)

Conceito: expor alguém a perigo direto (determinado) e iminente (atual), isto é, submeter uma
pessoa à situação em que um dano à sua saúde é de provável ocorrência, em razão do
comportamento do agente a vítima teve sua vida ou sua saúde submetida a risco de lesão;
Exemplo: empresário que não disponibiliza aos seus empregados os equipamentos de proteção
individual, daí resultando perigo no exercício das funções laborais, lançar uma pedra pesada na
direção da vítima;
Pena – detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constitui crime mais grave (ocorrências pela lei
que levam a causa de aumento de pena);
 4. ABANDONO DE INCAPAZ (133)
Conceito: quando pessoa responsável por zelar do incapaz desampara, descuida, no sentido de
deixar sozinho incapaz, sem a devida assistência, depende de separação física, distanciamento
entre o responsável e o incapaz, em perigo efetivo para a vítima em decorrência da conduta
criminosa;
Pena – detenção, de 6 meses a 3 anos;
4.1. Abandono qualificado (§ 1.°)
Conceito: em virtude da superveniência de um resultado agravador – lesão corporal grave – em
sentido amplo, para abranger tanto as lesões corporais graves (CP, art. 129, § 1.°) como as lesões
corporais gravíssimas (CP, art. 129, § 2.°);
Pena – reclusão, de 1 a 5 anos;
1.1. Abandono qualificado (§ 2.°)
Conceito: em virtude da superveniência de um resultado agravador – morte do incapaz;
Pena – reclusão, de 4 a 12 anos;
4.2. Aumento de pena (§ 3.°)
Conceito: causas que aumentam a pena em 1/3;
I. Se o abandono ocorre em lugar ermo – local habitual ou eventualmente ou
relativamente solitário, em maior dificuldade proporcionada ao incapaz para
encontrar socorro;
OBS! Não se aumenta a pena se no momento do abandono o local, que é habitualmente ermo,
está frequentado por outras pessoas.
Importante! Se local for em isolamento absoluto, complemente ermo, será crime de homicídio;

II. Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima

– maior reprovabilidade da conduta praticada quando presentes laços de parentesco
ou de maior proximidade entre o autor e a vítima, os quais devem ser provados, e
jamais presumidos;

III. Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos – em razão do número cada vez maior de
pessoas idosas abandonadas por parentes na fase de suas vidas em que mais
necessitam de cuidado e proteção;

5. EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO (134)

Conceito: figura privilegiada do abandono de incapaz, infração penal de menor potencial
ofensivo, admite transação penal, trata-se de expor, isto é, transferir a vítima para lugar diverso
daquele em que lhe é prestada a assistência, ou abandonar, ou seja, desamparar no tocante aos
cuidados necessários, recém-nascido é submetido a uma situação de perigo;
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos.
 5.1. Exposição ou Abandono qualificado (§ 1.°)
Conceito: crime de médio potencial ofensivo, pois comporta a suspensão condicional do processo,
se estiverem presentes os demais requisitos elencados, em virtude da superveniência de um
resultado agravador – lesão corporal grave – em sentido amplo, para abranger tanto as lesões
corporais graves (CP, art. 129, § 1.°) como as lesões corporais gravíssimas (CP, art. 129, § 2.°);
Pena – detenção, de 1 a 3 anos.

5.2. Exposição ou Abandono qualificado (§ 2.°)

Conceito: crime de elevado potencial ofensivo, incompatível com qualquer medida
despenalizadora, em virtude da superveniência de um resultado agravador – morte;
Pena – detenção, de 2 a 6 anos.

6. OMISSÃO DE SOCORRO (135)

Conceito: o agente, imediatamente, se puder fazê-lo sem risco pessoal, deve prestar socorro à
vítima, somente e quando não tiver condições de prestar diretamente o socorro, em face de risco
pessoal, deve pedir o auxílio da autoridade pública, se não o fazer comete crime;
Sujeito passivo/Vítimas – criança abandonada, criança extraviada, pessoa inválida e ao
desamparo, pessoa ferida e ao desamparo, e pessoa em grave e iminente perigo;
Pena – detenção, de 1 a 6 meses, ou multa;
6.1. Aumento de pena (caput, parágrafo único)
Conceito: aumentada a pena de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.
7. CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR
EMERGENCIAL (135-A)
Conceito: vetada a exigência de fornecimento de garantia ou ao preenchimento prévio de
formulários administrativos a pessoa a quem se condiciona o atendimento médico-hospitalar de
emergência, o sujeito ativo não pode deixar de prestar-lhe assistência, quando possível fazê-lo
sem risco pessoal;
Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados,
credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e
Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota
promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço;
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa;
7.1. Aumento de pena (caput, parágrafo único)
Conceito: a pena é aumentada de 1/6 até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão
corporal de natureza grave (sentido amplo) e até o triplo se resulta a morte.
8. MAUS-TRATOS (136)
Conceito: expor a perigo a vida ou a saúde da pessoa, sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, por meio de modos de execução
expressamente previstos em lei;
 Privação de alimentos ou cuidados indispensáveis – destituir, retirar, tolher alguém de um
bem ou objeto determinado indispensável para seu bem estar, seja esta comida ou
tratamento médico e odontológico ou roupas adequadas;

Sujeição a trabalho excessivo ou inadequado – abuso alheio, trabalho impróprio a

determinada pessoa em decorrência de produção de cansaço ou em elevado volume ou
em situação de perigo;

Abuso dos meios de correção ou disciplina – tratamento cruel ou degradante executado

por titular de direito;
Pena – detenção, de 2 meses a 1 ano, ou multa;
8.1. Qualificadora (§ 1.°)
Conceito: em virtude da superveniência de um resultado agravador – lesão corporal grave – em
sentido amplo, para abranger tanto as lesões corporais graves (CP, art. 129, § 1.°) como as lesões
corporais gravíssimas (CP, art. 129, § 2.°);
Pena – reclusão, de 1 a 4 anos;
8.2. Qualificadora (§ 2.°)
Conceito: em virtude da superveniência de um resultado agravador – morte;
Pena – reclusão, de 4 a 12 anos;
8.3. Aumento de pena (§ 3.°)
Conceito: aumenta-se a pena de 1/3 (um terço), se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) anos;