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Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está
contaminado:
Objeto material – É a pessoa que manteve a relação com quem estava contaminado.
Classificação – Próprio (há quem entenda como crime comum); formal; de forma
vinculada; comissivo; instantâneo; de perigo abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente.
Consumação – Se dá com o contato sexual entre agente e vítima, por relação sexual
ou ato libidinoso, independente do resultado naturalístico!
Forma qualificada
Obs2.: Contudo se a moléstia é transmitida e vem gerar lesão, poderá responder por
lesão corporal grave, gravíssima, ou até lesão corporal seguida de morte.
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Sujeito passivo – Qualquer pessoa, que não esteja com a mesma doença.
Praticar – Aqui é qualquer ato, não só relação sexual ou ato libidinoso como no artigo
anterior.
Moléstia grave – É qualquer doença grave contagiosa (curável ou não), não só doença
venérea. Não há um rol fechado sobre quais seriam essas moléstias.
Ato capaz de produzir o contágio – Se o ato não for capaz, temos crime impossível.
Obs.: Se pessoa usa objeto (seringa), para contaminar outrem de doença que não
está contaminado, teremos o crime do art. 132, ou mesmo lesão corporal.
Obs2.: Aqui o delito será consumado com o perigo de dano, não sendo necessário a
consumação da transmissão da moléstia. Crime formal.
Elemento subjetivo – Dolo de dano, pois o agente age com intenção de produzir a
infecção.
O ato pode ser direto (contato físico entre os sujeitos) ou indireto (sem contato
físico, transmitindo-se por objetos).
Sujeito passivo – Qualquer pessoa, desde que contra pessoa certa e determinada.
Obs.: É visível a natureza subsidiária desse delito, aplicando-se nas hipóteses em que o
comportamento do agente não constitui crime mais grave.
Perigo direto ou iminente - Risco palpável, deve haver situação de risco real (não
presumível).
Se o fato não constituir crime mais grave – Caráter subsidiário do crime, ocorrendo
outro mais grave, por este responderá.
Obs.: Pode ocorrer a forma omissiva. Ex.: Deixar de fornecer aparelhos de proteção a
funcionários.
Consumação – Ocorre com a prática do ato capaz de expor a perigo a vida ou a saúde,
independentemente do resultado naturalístico.
Obs.: Há quem entenda (Bitencourt e outros) que com ação única o agente criar
situação de perigo a várias pessoas determinadas, teríamos concurso formal de
crimes. Porém, se com mais de uma conduta, criar situação de perigo a mais de uma
pessoa, individualizáveis, teremos concurso material de crimes.
Causa de aumento de pena
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo
com as normas legais. (Acrescentado pela L-009.777-1998)
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono:
Sujeito ativo – Aquela pessoa que tem a vítima sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, também chamado de garantidor do incapaz.
Obs.: Caso o sujeito ativo não seja o garantidor, o crime é de omissão de socorro
(Art. 135, CP)
Obs.: Se o abandono é moral (não físico), podemos ter crime contra a assistência
familiar (Arts. 244 a 247 do CP).
Obs.: Se o incapaz tiver como se defender dos riscos que o cercam, inexistirá o
delito.
§ 2º - Se resulta a morte:
Sujeito ativo – Em regra, a mãe (filho fora do casamento), pois o tipo visa “ocultar
a desonra própria”. Mas entende-se que o pai (filho fora do casamento ou
incestuoso) também pode praticar o crime.
Objeto material – É o recém-nascido (ser humano que acabou de nascer com vida).
Obs.: Marido de mulher infiel que abandona recém-nascido adulterino não pratica o
crime do art. 134, visto que a desonra é da mulher (terceiro). Nesse caso o crime é o
abandono de incapaz (Art. 133 do CP).
§ 2º - Se resulta a morte:
§ 2º - Se resulta a morte:
Quando possível sem risco pessoal – Se houver risco, não há como ser punido pela
omissão. Contudo ainda deve comunicar a autoridade pública.
Grave e iminente perigo – O mais correto seria perigo atual, pois iminente conota
possibilidade de acontecer.
Tentativa – É inadmissível, por ser unissubsistente (aquele realizado por ato único).
Obs2.: Deixar de prestar assistência a idoso (60 anos ou mais), responde pelo crime do
Art. 97 do Estatuto do Idoso.
Causa especial de aumento de pena
1. Homicídio culposo em acidente de trânsito (Art. 302, PU, III, CTB) – Será
causa especial de aumento de pena.
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente;
2. Lesão culposa em acidente de trânsito (Art. 303, PU, CTB) – Será causa
especial de aumento de pena
Condutor de veículo não causador do acidente que não prestar assistência imediata
ou mediata.
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Sujeito ativo – Pessoa responsável por outra que é mantida sob sua autoridade, guarda
ou vigilância.
Sujeito Passivo – Pessoa que está sob autoridade, guarda ou vigilância de outrem, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia.
Objeto jurídico – A vida e a saúde.
Objeto material – É a pessoa sob autoridade, guarda ou vigilância de outrem.
Maus-tratos não se confunde com o crime de tortura (Art. 1º, II da Lei 9.455/97).
Na tortura é necessário submeter a vítima a “intenso sofrimento físico ou mental”, e
nos maus-tratos basta a provocação simples de perigo. Na tortura o agente visa gerar
sofrimento, nos maus-tratos temos uma situação de abuso do exercício de um direito
regular.
§ 2º - Se resulta a morte:
Obs.: Se a vítima for idoso (60 anos em diante), responde pelo Art. 99 do Estatuto do
Idoso.
rixa
Obs.: Entende a doutrina, que pessoa que não participara da rixa, limitando-se a
assistir o combate, pode figurar como sujeito passivo do tipo.
Salvo para separar contendedores – Aquele que visa separar a briga não responde
pelo crime.
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Para maioria da doutrina (mesmo não sendo pacífico sob pena de bis in idem)
entende-se que se participante da rixa que seja identificado como causador da
lesão corporal ou morte, responderá também pela lesão ou morte.
Obs.: O participante que sofreu a lesão também será punido pela qualificadora.
Obs.: Se agente tomou parte na rixa e saiu antes da morte da vítima, responde pelo
crime qualificado, pois sua condição anterior criou condições para o desfecho morte.
A regra é que não há legítima defesa, pois na rixa não há agressores e agredidos,
todos são agressores.
UNIDADE III
Capítulo V – Dos crimes contra a honra
Sujeito passivo – Qualquer pessoa, inclusive jurídica desde que a imputação seja
pela prática de crime ambiental.
Obs.: Pratica calúnia tanto quando o fato imputado nunca ocorreu (sobre o fato),
e se o fato ocorreu, mas a pessoa imputada não foi o autor (sobre autoria).
Obs2.: O §1º equipara quem cria a falsa imputação a conduta de quem sabe que é
falsa a imputação e a propaga ou divulga.
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível; É incabível imputar crime se nem há
sentença.
Exceção da verdade
Obs2.: Ocorre tanto por palavras (faladas ou escritas) como por gestos.
Obs.: Para maioria da doutrina o juiz não tem a faculdade em aplicar o perdão
judicial, mas a obrigatoriedade caso comprove um dos incisos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 14.532, de
2023)
Obs.: Parte da antiga tipificação passou a ser tratada como racismo (Lei 7.716/89),
quando a injúria é proferida contra raça, etnia e nacionalidade (Lei 14.532/23),
com pena de 2 a 5 anos.
Obs.: Se a ofensa for contra o funcionário, mas não em razão das suas funções, não
incide o aumento de pena.
Inciso III – Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação
da calúnia, difamação ou injúria – Fundamenta-se a majorante pela potencialização
do dano.
Obs.: Há divergência quanto seria essas várias pessoas, há quem sustente duas ou mais
(Bento de Faria), ou pelo menos três pessoas (Nelson Hungria), sem contar com autor
e vítima(s).
Inciso I - ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador – É a chamada “imunidade judiciária”, e atinge as partes e seus
procuradores (advogados e promotores) em discutir amplamente a causa sem incidir
nesses crimes.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.
Essa retratação não significa negar ou confessar a prática da ofensa, mas se desculpar
buscando retirar do mundo do aquilo que alegou, e demonstrar
arrependimento.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando, no caso do Art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal
(Injúria real).
Ação penal privada. Essa é a regra geral dos crimes contra a honra - Crimes que se
procedem mediante queixa (Art. 145, caput, primeira parte)
Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de
lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Obs.: Funcionário público agindo desta forma no exercício de sua função, pode-se
caracterizar o crime de abuso de autoridade (Art. 350, CP).
Mediante:
A:
• Não fazer o que a lei o que a lei permite – Coíbe a liberdade de agir
licitamente.
Consumação – Ocorre com a efetiva inibição da vítima a fazer ou deixar de fazer algo.
Causas de aumento de pena
Obs.: Armas se entende no sentido amplo. Tanto as fabricadas para fins bélicos
(próprias), quanto não bélicos (impróprias) mas usadas com a finalidade de agredir.
Obs2: A súmula 174 do STJ foi revogada. Não mais se utiliza como majorante o uso de
réplica de arma de fogo, mas pode ser utilizada para o cálculo da pena.
Coação exercida para impedir suicídio – Segue os mesmos moldes acima, gera
atipicidade de conduta.
Mal injusto e grave – Se a ameaça for de mal justo (legítimo), como entrar com ação,
protestar cheque, solicitar abertura de inquérito, não haverá crime. Quanto a
gravidade deverá ser analisada no caso concreto em relação a vítima.
Obs.: uma única vez seria atípico. Ex.: seguir durante uma mesma noite em
uma festa;
Obs.1: Seu maior objetivo é coibir as violações mais leves e reiteradas (slow
violence), que dificilmente seriam tipificadas como criminosas, que
cumulativamente vão restringindo a autonomia da mulher.
Obs.: Não exige uma habitualidade na conduta, uma reiteração, vários atos
distintos, desvinculados, ou mesmo um ato isolado por caracterizar a
consumação do crime.
Obs.: Essa privação deve perdurar por um lapso temporal razoável (crime
permanente)
Obs.: Por omissão pode ocorrer cárcere privado de médico que não libera paciente já
curado, dentre outros.
Formas qualificadas
Obs.: Este inciso foi adotado após a revogação do crime de rapto (Art. 219). Não
houve abolitio criminis, este apenas foi deslocado de tipo específico para uma
qualificadora de outro tipo penal.
Formas qualificada pelo resultado
Sujeito passivo – Somente pode ser o empregado. Antes da lei 10.803/03 era qualquer
pessoa.
Obs.: Nucci e Mirabete entendem que nesse caso o crime seria imprescritível e
inafiançável pois refere-se a uma discriminação de qualquer pessoa que faça
parte de um desses grupos.
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Elementos subjetivo do crime – É o dolo, não admite a forma culposa.
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016)
Obs.: O proprietário do imóvel pode ser sujeito ativo, desde que não esteja na posse
do imóvel naquele momento.
Permanecer – Inação. Deixar de sair. Fixar-se no domicílio. O agente sabe que deve
sair e fica no local por tempo além do permitido.
Conceito positivo
Conceito negativo
Obs.: Habitações coletivas quando abertas não são passíveis de violação. Ao serem
fechadas ao público, passa a se punir a violação.
Obs.: Quem invade casa desabitada, vazia, à venda, não pratica o crime.
Forma qualificada
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão
ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali
praticado ou na iminência de o ser.
Lei 6.538/78
Sujeito passivo – Qualquer pessoa. Contudo temos dupla subjetividade passiva, entre
o remetente e o destinatário.
Revogação do art. 151, caput, §1º e §2º - Ambos encontram-se disciplinados no art.
40 da Lei 6.538/78.
Obs.: Pode ocorrer sem “abrir” a correspondência, desde que consiga conhecer seu
conteúdo. Ex.: Colocar envelope contra luz.
Correspondência - Não abrange somente papéis, mas cds, dvds e quaisquer outras
mídias que contenham arquivos pessoais.
Obs.: A carta deve ser destinada a pessoa certa. Ex.: Carta lançada ao mar em
garrafa; Meros escritos achados.
Obs2.: Deve haver atualidade. Não haverá crime em carta devassada de décadas ou
centenas de anos atrás.
Tentativa – É admissível.
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular
ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
divulgação possa produzir dano a outrem:
Sujeito passivo – É a pessoa que pode ser prejudicada pela divulgação do segredo.
Obs.: Caso o documento esteja lacrado, e para divulgar o segredo o detentor o viole
(Art. 151), tal conduta será absorvida pela divulgação do segredo. (Art. 153)
Elemento subjetivo do crime – É o dolo.
Ação penal:
Forma qualificada
Nesse caso temos crime comum. A vítima é o Estado. Não necessitando que a
indevida divulgação do segredo cause dano a outrem, bastando sua mera revelação.
Sujeito ativo – É a pessoa que exerce uma função, ministério, ofício ou profissão,
sendo detentor de um segredo.
Que tenha ciência em razão de função – Particular, privada. Se for função pública o
crime é do art. 325 do CP.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Alterado pela Lei nº 14.155/2021)
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se da invasão resulta
prejuízo econômico.
Qualificadora
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante
representação, salvo se o crime é cometido contra a administração pública direta ou
indireta (incondicionada) de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal
ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos. (Acrescentado
pelo L-012.737-2012)