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Direito Penal III

Professor: Gilberto Jorge


Rio Branco-AC, 2023/1
Capítulo III – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Contrariamente ao que fez nos artigos anteriores, o legislador no presente capítulo


trata dos crimes de perigo, ou seja, aqueles em que a ocorrência do dano não é exigível,
basta a mera exposição do bem jurídico protegido a uma probabilidade de dano.
Crimes de perigo abstrato: São os que se consumam com a mera prática da conduta.
Não se exige a comprovação da produção do resultado de perigo.
Ex: Crime de tráfico de drogas.
Crimes de perigo concreto: São aqueles que se consumam com a efetiva
comprovação da situação de perigo.
EX: Crime de perigo de vida (art. 132 do CP)
Art. 130. Perigo de Contágio Venéreo.
Trata-se de infração de menor potencial ofensivo, onde a ação que o caracteriza é a de expor,
ou seja, colocar alguém ao alcance de determinada situação de perigo.
Prevê duas formas:
Simples: Prevista no caput;
Qualificada: Prevista no § 1º.
Moléstia venérea: É toda doença que se contrai pelo contato sexual.
A AIDS não é considerada doença venérea. De acordo com Cleber Masson, se um portador do
vírus ciente da contaminação, deliberadamente, efetua intencionalmente com terceira pessoa
relação sexual transmite a doença matando-a, responde por homicídio consumado, se a vítima não
falecer responde por homicídio tentado. Não e considerado uma doença venérea, adquire por
outra forma, configura lesão corporal gravíssima, stf adotou não e tentativa nem homicídio, (lesão
corporal gravíssimo, infermidade não curável)
De acordo com o STF não configura homicídio (consumado ou tentado), todavia limita-se a
afastar o crime doloso contra a vida.
Art. 131. Perigo de contágio de moléstia grave.
A ação que o caracteriza é praticar, admite qualquer meio de execução capaz de
transmitir a doença. (hepatite, tuberculose, AIDS, COVID, hanseniase)
Moléstia grave é a enfermidade que acarreta séria perturbação a saúde.
Trata-se de crime próprio (pessoa contaminada), bem como não admite a forma
culposa.
Consuma-se no momento da prática do ato capaz de produzir o contágio,
independentemente da efetiva transmissão. ( tuberculose, apenas tentativa de
contaminação, ex: perigo que espõe o bem jurídico)
Art. 132. Perigo para a vida ou a saúde de outrem.
A ação é expor, ou seja, submeter uma pessoa à situação em que o dano a sua
saúde é de provável ocorrência.
É necessário que reste provado que a vítima teve sua vida ou sua saúde
submetida a um risco de lesão.
E crime subsidiário. (delito subsidiário: punir mesmo que não ocorra o delito, anão,
ou soldado de reserva) art. 132
Paragrafo único: Prevê aumento de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou as saúde
decorre do transporte de pessoas para prestação de serviços em estabelecimentos de
qualquer natureza, em desacordo com normas legais.
Sua finalidade precípua é punir mais severamente o transporte de “boias frias” sem
as cautelas necessárias. Nada obstante, o transporte pode ser efetuado para empresas
públicas ou privadas, ou propriedades de qualquer natureza.
Art. 133. Abandono de Incapaz. (não precisa acontecer o delito, apenas
abandono).
A ação caracterizadora da conduta é abandonar, traduz a ideia de desamparar,
descuidar. O abandono é físico, no sentido de deixar o incapaz sozinho sem a devida
assistência. (deixar em perigo).
É necessário a comprovação do perigo efetivo em decorrência da conduta
criminosa.
É crime próprio (exige uma situação de fato ou de direito diferenciada por parte do sujeito ativo),
pois apenas pode ser dele sujeito ativo quem detenha vinculação com a vítima decorrente de
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade.
§ 1º. Forma qualificada: resultado lesão corporal grave.
§ 2º. Forma qualificada: resultado morte.
§ 3º. Causas de aumento da pena:
I. Abandono em lugar ermo;
II. Ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
III. Vítima maior de 60 (sessenta) anos.
Art. 134. Exposição ou abandono de recém-nascido.
Trata-se de figura privilegiada do abandono de incapaz, no entanto cometido por
motivo de honra.
As ações são expor e abandonar, a primeira consiste em ação e a segunda em omissão.
Trata-se de crime próprio, e o sujeito passivo é especial, qual seja, o
recém-nascido.
Prevê duas formas qualificadas pelo resultado e estritamente
preterdolosas.
§ 1º. Forma qualificada: resultado lesão corporal grave.
§ 2º. Forma qualificada: resultado morte.
Art. 135. Omissão de socorro.
As ações são deixar de prestar assistência ou não pedir, a primeira consiste
em não socorrer quem se encontra em perigo, e a segunda equivale a deixar de
solicitar auxílio da autoridade pública para socorrer quem está em perigo.
Não admite a forma tentada, por se tratar de crime omissivo próprio.
Paragrafo único: Prevê aumento de metade da pena, se a omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada se resulta a morte.
Art. 135-A. Condicionamento de atendimento médico hospitalar emergencial.
Introduzido no ordenamento jurídico com a Lei nº 12.653/12, trata-se de forma
de omissão de socorro praticada mediante o condicionamento de atendimento
médico hospitalar emergencial.
Embora crime comum somente pode ser praticado por funcionários de
hospitais particulares.
Figura como vítima do delito a vítima em estado de emergência.
Consuma-se o crime com a indevida exigência, sendo possível, em tese, a
tentativa.
Parágrafo único: causas de aumento da pena (lesão corporal e morte).
Art. 136. Maus tratos.
Trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido por aquele que tenha autoridade,
guarda ou vigilância em relação à vítima.
Somente pode figurar como sujeito passivo aquele s que se encontram sob poder
disciplinar do agente, pessoas subordinadas ao sujeito ativo para fins de educação, ensino,
tratamento ou custódia.
Este delito não se confunde com o crime de tortura previsto na Lei de Tortura, artigo 1º,
inciso II, pois naquele é exigível que a vítima seja submetida a intenso sofrimento físico e
mental, enquanto neste basta a submissão a perigo.
Formas de execução:
a) Privação de alimentos ou cuidados indispensáveis; (filhos)
b) Sujeição a trabalho excessivo ou inadequado;
c) Abuso de meio corretivo ou disciplinar.
Não confundir maus tratos com tortura, totura causa intenso sofrimento, maus tratos
mais brandos,
§ 1º. Forma qualificada: resultado lesão corporal de natureza grave.
§ 2º. Forma qualificada: resultado morte.
§ 3º. Causa de aumento da pena: praticado em face de pessoa menor de 14
anos.
Lei de tortura: O que diz a Lei: 9.455 97?
Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Art. 136. Maus tratos.
Trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido por aquele que tenha autoridade,
guarda ou vigilância em relação à vítima.

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