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Perigo de contágio venéreo. Art. 130. “Expor alguém, por meio de relações
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que
sabe ou deve saber que está contaminado: Pena – detenção, de 3 (três) meses
a 1 (um) ano, ou multa. § 1º. Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 2º.
Perguntas importantes:
É imprescindível contato físico direto entre os sujeitos? O beijo pode
transmitir moléstia venérea? A conduta exige contato corporal direto entre os
sujeitos do delito. Se a amante contagia o marido e este a mulher, a primeira
responderá pelo contágio do segundo, e este pelo da terceira. Ocorrendo
contágio por meio diverso do constato sexual, incide o do art. 131. O beijo
voluptuoso pode servir de meio à transmissão de algumas doenças venéreas,
tais como a sífilis.
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Consumação e tentativa. A consumação ocorre com a conjunção carnal ou a
prática libidinosa, sendo desnecessário efetivo contágio. Admite-se tentativa
na modalidade dolosa, mais facilmente detectável na forma do § 1º (dolo
direto de dano).
Art. 131: “Praticar, com o fim de transmitir moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir contágio: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4
(quatro) anos, e multa”.
Conceito. Forma genérica dos delitos do Capítulo IV, do Código Penal, que
inclui todas as formas de perigo para a vida ou a saúde não enquadráveis em
algum dos tipos precedentes. É delito eminentemente subsidiário, ou de
subsidiariedade expressa. denotada pela redação da norma: “se o fato não
constitui crime mais grave”.
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão
para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando
perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a
pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir
suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou
por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Abandono de incapaz. “Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de
defender-se dos riscos resultantes do abandono”. Pena: detenção, de seis
meses a três anos”.
Sujeito ativo: todo aquele que tem o dever de zelar pela vítima. É, portanto,
crime próprio, porque exige essa qualidade especial do agente, que é a
relação de dependência com a vitima e o garante ou garantidor.
Esse dever de garantia pode ser decorrente de vários atores:
1) lei, quando cria obrigações impostas a determina relação jurídica, tais
como ocorre nas relações de parentesco, na tutela ou curatela de incapazes,
e outras;
2) do contrato ou convenção, decorre de uma obrigação contratual assumida
por certas especiais como obrigações específicas: enfermeiros, médicos,
babás, diretores de colégio, guias de excursão, e outras;
3) qualquer fato, lícito ou ilícito, capaz de gerar a dependência. Consistem
em obrigação de cuida decorrente das situações normais da vida social, como
o ato de recolher criança abandonada ou se perdeu dos pais, a condução de
um incapaz em viagem, a carona dada a um desconhecido, convite a um
amigo para caçada, pescaria ou para acampar em lugares perigosos ou
simplesmente desconhecidos, e outras situações assemelhadas.
Sujeito Ativo. Trata-se de crime próprio, pois só quem é mãe pode cometê-lo
ou, excepcionalmente, o pai (no caso de filho adulterino ou incestuoso),
posição que é bastante controvertida. Contra ela se levantam, por exemplo,
Euclides Custódio da Silveira, Celso Delmanto, Cezar Bitencourt. São a favor
Magalhães Noronha, Mirabete e Damásio de Jesus.
Tipo objetivo. Expor significa remover a vítima para local diverso daquele
onde é assistido (Damásio); abandonar é omitir-se na prestação de assistência.
Alguns entendem, como Delmanto, que se tratam de expressões sinônimas.
Para Magalhães Noronha é redundância. Mirabete, mais pragmático, afirma
que o legislador procurou apenas evitar dúvidas. Trata-se de crime de perigo
concreto, exigindo demonstração de que a vítima ficou exposta a um perigo
plausível, capaz de comprometer a saúde ou a vida, por lapso de tempo
considerável.
Omissão de socorro
“Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, a criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida,
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos,
socorro à autoridade competente. Pena – detenção, de um a seis meses, ou
multa”.
Tipo objetivo. É crime omissivo puro, realizável por duas condutas: 1) deixar
de prestar assistência, quando seja possível fazê-lo sem risco pessoal. O dever
de assistência é limitado pela possibilidade e capacidade do sujeito ativo,
apuráveis caso a caso; 2) não pedir socorro à autoridade pública. O agente
não escolhe entre prestar socorro ou pedir auxílio: essas condutas são ditadas
pelas circunstâncias. O pedido de socorro (ao delegado de polícia, pronto-
socorro, corpo de bombeiros, etc.) só é admitido quando o agente, por si
próprio, não tem condições de prestar socorro, por estar acima de sua
capacidade. Não se exige ao sujeito arriscar sua vida ou integridade pessoal,
podendo eventualmente configurar-se o estado de necessidade. É comum, nos
delitos automobilísticos, alegar temor de linchamento como justificativa da
omissão. Isso deve ser demonstrado e provado em cada caso. Se várias pessoas
estiverem em condições socorrer, a ação de uma desobriga as demais.
Maus tratos. “Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
autoridade, guarda ou vigilância, para o fim de educação, ensino tratamento
ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina: Pena – detenção, de 02 (dois) meses a 1 (um) ano, ou
multa. § 1º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena –
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 2º. Se resulta morte: Pena – reclusão,
de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. §3º. Aumenta-se a pena de um terço, se o
crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos.”
Sujeito Ativo. Trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido por parte
de quem tenha autoridade, guarda ou vigilância sobre a vítima. É mister a
existência de prévia relação jurídica de natureza subordinante entre agente e
vítima, podendo essa relação ser natureza civil ou administrativa. Exs. Pais,
tutores, curadores, professores, patrões enfermeiras, carcereiros, etc. Essa
subordinação deve estar ligada a atividades educativas, tratamento ou
custódia.
Às vezes, a lei exige o perigo concreto, que deve ser comprovado (arts. 130, 134, etc.);
outras vezes refere-se ao perigo abstrato, presumido pela norma que se contenta com a
prática do fato e pressupõe ser ele perigoso (arts. 135, 253, 269, etc.).
Crime de dano
Crime de dano é aquele que não se consuma apenas com o perigo, é necessário que
ocorra uma efetiva destruição, a um bem jurídico penalmente protegido.