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UFMS/FADIR

DIREITO PENAL
Profa. Dra. Andréa Flores
Conceito de crime:

FATO FATO FATO


TÍPICO/TIPICIDADE ILÍCITO/ILICITUDE CULPÁVEL/CULPABILIDADE
(Art. 13 ao Art. 20, (Art. 23, Art. 24 e Art. (Art. 20, §1º, Art. 21, Art 22,
caput) 25) Art. 26, caput, Art. 27 e
Art.28, §1º)
CONDUTA EXCLUDENTES:
(culposa ou dolosa) ESTADO DE IMPUTABILIDADE
(AÇÃO OU OMISSÃO) NECESSIDADE CONHECIMENTO DA
RESULTADO (OFENSA LEGÍTIMA DEFESA ILICITUDE DO FATO
AO BEM JURÍDICO) ESTRITO EXIGIBILIDADE DE
NEXO CAUSAL CUMPRIMENTO DO CONDUTA DIVERSA
TIPICIDADE FORMAL + DEVER LEGAL
TIPICIDADE MATERIAL EXERCÍCIO REGULAR EXCLUDENTES:
DO DIREITO INIMPUTABILIDADE
DESCONHECIMENTO DA
ILICITUDE DO FATO
INEXIGIBILIDADE DE
CONDUTA DIVERSA

Elemento Subjetivo (arts. 18 e 19 do CP).

De acordo com o Código Penal (art. 18, I), o crime é doloso quando o agente quer o
resultado (dolo direto) ou quando assume o risco de produzir o resultado (dolo
eventual).

Em grande parte dos tipos penais, a diferenciação entre dolo direto e eventual será
feita no caso concreto e só terá relevância para efeito de dosimetria da pena.

Ex.: art. 121, caput, do CP - homicídio (dolo direto ou dolo eventual)

Matar alguém (matar alguém agindo com dolo direto) (matar alguém agindo com dolo
eventual)

Porém, em outros tipos penais a diferença pode ser típica, ou seja, vir expressa pelo
verbo ou expressão verbal utilizada.

Por exemplo, no art. 130 do CP o agente expõe a vítima, por meio de relações
sexuais, a perigo de contágio de moléstia venérea de que sabe (dolo direto) ou deve
saber (dolo eventual) que está contaminado.

Dolo direto de primeiro grau e dolo direto de segundo grau. Ex.: o agente ele quer
matar um político que viaja de avião com uma comitiva, pondo uma bomba no avião;
Ele sabe que todos morrerão, mas o dolo direto de primeiro grau é em relação ao
político.
O crime é culposo (art. 18, II) quando o agente dá causa ao resultado por
imprudência (ação), negligência (omissão) ou imperícia (falta de perícia/técnica). O
agente quer praticar a conduta, o que ele não quer é o resultado.

Culpa consciente - ocorre quando o agente prevê o resultado, mas acredita piamente
que conseguirá evitá-lo. No dolo eventual, o agente prevê o resultado e fica
indiferente à sua ocorrência.

Culpa inconsciente – ocorre quando o homem de inteligência mediana preveria o


resultado, mas o agente no caso concreto não o previu.

Culpa é exceção (art. 18, §ú)

Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.

Tipos penais culposos (21) no Código Penal:

Art. 121, §3º - homicídio culposo

Art. 129, §6º - lesão corporal culposa

Art. 180, §3º - receptação culposa

Art. 250, §2º - incêndio culposo

Art. 251, §3º - explosão culposa

Art. 252, §ú – uso de gás tóxico ou asfixiante culposo

Art. 254 (na pena há a ressalva da culpa) – inundação culposa

Art. 256, §ú – desabamento ou desmoronamento culposo

Art. 259, §ú – difusão de doença ou praga

Art. 260, §2º - perigo de desastre ferroviário culposo

Art. 261, §3º - atentado para a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo

Art. 262, §2º - atentado contra a segurança de outro meio de transporte

Art. 267, §2º - epidemia culposa

Art. 270, §2º - envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou


medicinal

Art. 271, §ú – corrupção ou poluição de água potável

Art. 272, §2º - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou


produtos alimentícios na modalidade culposa
Art. 273, §2º - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados
a fins terapêuticos ou medicinais culposa

Art. 278, §ú – outras substâncias nocivas à saúde pública culposa

Art. 280, §ú – medicamento em desacordo com receita médica culposo

Art. 312, §2º - peculato culposo

Art. 351, §4º - fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança culposa

Crime Preterdoloso ou Preterintencional ocorre quando há dolo no antecedente e


culpa no conseqüente. De acordo com o art. 19 do CP: Pelo resultado que agrava
especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente.

Exemplos de crimes preterdolosos no Código Penal: dolo + culpa

Aborto provocado por terceiro


Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante.
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é
alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violên
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Aborto seguido de lesão grave ou aborto seguido de morte (art. 125 c.c art. 127) ou (art. 126 c.c art.
127, in fini) dolo no aborto e culpa no resultado morte = preterdolo

Lesão corporal seguida de morte


Art. 129, §3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
(dolo na lesão e culpa na morte = preterdolo)

Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Dolo no abandono e culpa na lesão ou morte = preterdolo

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Dolo no abandono e culpa na lesão ou morte = preterdolo

Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial


Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal
de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para
fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção
ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

Sequestro e cárcere privado


Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou
moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 3º Se da violência resulta: (preterdolo ou seja dolo no roubo e culpa no resultado, quanto dolo no
roubo e também dolo no resultado)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (latrocínio)
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se
resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente.
Extorsão mediante seqüestro
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate
Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou


maior de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.

§ 2o Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

Estupro de vulnerável

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência.

§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.

§ 4o Se da conduta resulta morte:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Formas qualificadas de crime de perigo comum


Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa
de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato
resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao
homicídio culposo, aumentada de um terço.
Arremesso de projétil

Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte


público por terra, por água ou pelo ar:

Pena - detenção, de um a seis meses.

Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a
dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.

Epidemia
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a
quatro anos.

Crime preterdoloso qualificado pelo resultado ou majorado pelo resultado. Todo crime
preterdoloso é qualificado (ou majorado) pelo resultado, mas nem todo crime
qualificado pelo resultado é preterdoloso.

O crime qualificado pelo resultado pode se doloso, ou seja, pode haver dolo no
antecedente e dolo no conseqüente.

Exemplo: ocorre o latrocínio (roubo seguido de morte) seja com dolo no roubo e culpa
na morte quanto nos casos em que há dolo no roubo e dolo na morte. (art. 157, §3º, II
do CP).

Há divergência na doutrina se o crime de estupro qualificado pela lesão ou morte pode


ser advinda de dolo ou somente do preterdolo.

A diferença entre as seguintes tipificações em que há lesão da gestante e resultado aborto está
no Elemento Subjetivo:

Art. 129, caput, do CP: crime de lesão leve, o agente teve dolo na lesão da gestante e provoca o
aborto, mas desconhecia a gravidez.
Art. 129, §2º, V do CP: crime de lesão gravíssima, o agente teve dolo na lesão da gestante e
culpa no aborto, mas conhecia a gravidez.
Art. 129, §6º do CP: crime de lesão corporal culposa, o agente teve culpa na lesão da gestante e
resultou aborto.
Art. 129 e art. 125 c.c art. 70 do CP: o agente teve dolo na lesão da gestante e dolo no aborto.
Art. 125 c.c art. 127 do CP: o agente teve dolo no aborto e culpa na lesão da gestante.

Exercícios

Aponte o elemento subjetivos dos tipos penais abaixo arrolados (todos do Código Penal):

(dolo, culpa ou preterdolo)

Art. 124
Art. 155, caput

Art. 180, caput

Art. 180, §1º

Art. 180, §3º

Art. 312, §1º

Art. 312, §3º

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