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DIREITO PENAL
Profa. Dra. Andréa Flores
Conceito de crime:
De acordo com o Código Penal (art. 18, I), o crime é doloso quando o agente quer o
resultado (dolo direto) ou quando assume o risco de produzir o resultado (dolo
eventual).
Em grande parte dos tipos penais, a diferenciação entre dolo direto e eventual será
feita no caso concreto e só terá relevância para efeito de dosimetria da pena.
Matar alguém (matar alguém agindo com dolo direto) (matar alguém agindo com dolo
eventual)
Porém, em outros tipos penais a diferença pode ser típica, ou seja, vir expressa pelo
verbo ou expressão verbal utilizada.
Por exemplo, no art. 130 do CP o agente expõe a vítima, por meio de relações
sexuais, a perigo de contágio de moléstia venérea de que sabe (dolo direto) ou deve
saber (dolo eventual) que está contaminado.
Dolo direto de primeiro grau e dolo direto de segundo grau. Ex.: o agente ele quer
matar um político que viaja de avião com uma comitiva, pondo uma bomba no avião;
Ele sabe que todos morrerão, mas o dolo direto de primeiro grau é em relação ao
político.
O crime é culposo (art. 18, II) quando o agente dá causa ao resultado por
imprudência (ação), negligência (omissão) ou imperícia (falta de perícia/técnica). O
agente quer praticar a conduta, o que ele não quer é o resultado.
Culpa consciente - ocorre quando o agente prevê o resultado, mas acredita piamente
que conseguirá evitá-lo. No dolo eventual, o agente prevê o resultado e fica
indiferente à sua ocorrência.
Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.
Art. 261, §3º - atentado para a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 351, §4º - fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança culposa
Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Dolo no abandono e culpa na lesão ou morte = preterdolo
Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 3º Se da violência resulta: (preterdolo ou seja dolo no roubo e culpa no resultado, quanto dolo no
roubo e também dolo no resultado)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (latrocínio)
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se
resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente.
Extorsão mediante seqüestro
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate
Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a
dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.
Epidemia
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a
quatro anos.
Crime preterdoloso qualificado pelo resultado ou majorado pelo resultado. Todo crime
preterdoloso é qualificado (ou majorado) pelo resultado, mas nem todo crime
qualificado pelo resultado é preterdoloso.
O crime qualificado pelo resultado pode se doloso, ou seja, pode haver dolo no
antecedente e dolo no conseqüente.
Exemplo: ocorre o latrocínio (roubo seguido de morte) seja com dolo no roubo e culpa
na morte quanto nos casos em que há dolo no roubo e dolo na morte. (art. 157, §3º, II
do CP).
A diferença entre as seguintes tipificações em que há lesão da gestante e resultado aborto está
no Elemento Subjetivo:
Art. 129, caput, do CP: crime de lesão leve, o agente teve dolo na lesão da gestante e provoca o
aborto, mas desconhecia a gravidez.
Art. 129, §2º, V do CP: crime de lesão gravíssima, o agente teve dolo na lesão da gestante e
culpa no aborto, mas conhecia a gravidez.
Art. 129, §6º do CP: crime de lesão corporal culposa, o agente teve culpa na lesão da gestante e
resultou aborto.
Art. 129 e art. 125 c.c art. 70 do CP: o agente teve dolo na lesão da gestante e dolo no aborto.
Art. 125 c.c art. 127 do CP: o agente teve dolo no aborto e culpa na lesão da gestante.
Exercícios
Aponte o elemento subjetivos dos tipos penais abaixo arrolados (todos do Código Penal):
Art. 124
Art. 155, caput