Você está na página 1de 48

DIREITO PENAL

Marcelo Uzeda
CONSUMAÇÃO/TENTATIVA/ITER CRIMINIS

a) CONCEITO:

Iter Criminis ou caminho do crime é o conjunto de etapas que


se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito.

Trata-se de instituto exclusivo dos crimes dolosos.


FASES DO ITER CRIMINIS

b.1) COGITAÇÃO (COGITATIO) - passa-se na mente do


agente, quando este define a infração penal que
deseja praticar, representando e antecipando o
resultado almejado.
b.2) PREPARAÇÃO (ATOS PREPARATÓRIOS) -
selecionada a infração penal, o agente inicia a
preparação a fim de obter êxito na empreitada
criminosa (seleção de meios e do local apropriado
para realizar o ato)
FASES DO ITER CRIMINIS

• A cogitação e os atos preparatórios, em regra,


não são puníveis pois o inciso II do artigo 14 do
CP exige início de execução para que seja
punida a tentativa.
• Entretanto, em algumas hipóteses, o legislador
quis punir de forma autônoma condutas que
poderiam ser consideradas atos preparatórios,
criando figuras típicas específicas:
• Ex.: ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA - art. 288, CP;
petrechos para falsificação de moeda - art. 291,
CP.
FASES DO ITER CRIMINIS

• b.3) EXECUÇÃO (ATOS DE EXECUÇÃO) - o


agente ingressa nos atos executórios do
crime.
• Várias teorias disputam a caracterização
do ato executório:
Teoria Subjetiva
• há tentativa quando o agente, de modo
inequívoco, exterioriza sua conduta no
sentido de praticar a infração penal (não
distingue atos preparatórios dos atos de
execução).
• Ex.: Hungria - após ser agredido, o sujeito vai
até sua casa, pega uma arma e fica à espreita
do agressor, que segue por outro itinerário.
Teoria Objetiva-formal
(adotada pelo Código Penal)
• Somente há tentativa quando o agente
pratica a conduta descrita no tipo penal (tudo
que vier antes é ato preparatório).
• Ex.: no homicídio, a ação de matar começa com o
acionamento do gatilho da arma de fogo carregada e
apontada para a vítima; no furto, é ato de execução a
remoção da carteira do bolso da vítima.
Teoria Objetiva-material

• Atos executórios são aqueles vinculados


à conduta típica e que produzem
situação de risco para o bem jurídico.
• ex.: apontar a arma para a vítima, no
homicídio.
Teoria da Hostilidade ao bem jurídico
• Deve-se indagar se houve ou não agressão
direta ao bem jurídico.
• Ato executório é o que ataca efetiva e
imediatamente o bem jurídico enquanto
que preparatório é o ato que possibilita
aquele ataque.
FASES DO ITER CRIMINIS

• b.4) CONSUMAÇÃO (SUMMATUM OPUS):


• Diz-se consumado o crime quando nele se
reúnem todos os elementos de sua definição
legal (art. 14, I, CP).
• Diz-se tentado o crime quando, por motivos
alheios à vontade do agente, não chega a
consumar-se (art. 14, II, CP).
FASES DO ITER CRIMINIS

• b.5) EXAURIMENTO:
• é a fase posterior à consumação do
delito, esgotando-o completamente.
• Para Cezar Roberto Bitencourt, o iter
criminis termina com a consumação.
CONSUMAÇÃO
• Crimes materiais - ocorre no momento da
produção do resultado naturalístico -
modificação no mundo exterior (ex.: art. 121,
CP).
• Os crimes omissivos impróprios e os crimes
culposos são crimes materiais.
• Qualificados pelo resultado - com a
ocorrência do resultado agravador (art. 129,
§2º, V, CP)
CONSUMAÇÃO
• Omissivos Próprios - ocorre com a abstenção
do comportamento imposto ao agente (ex.
art. 135, CP - omissão de socorro).
• Crimes de Mera conduta - ocorre com a
realização do simples comportamento
previsto no tipo penal, não exigindo qualquer
resultado naturalístico (não há previsão). (ex.:
art. 150, CP - violação de domicílio).
CONSUMAÇÃO
• Crimes Formais (ou de consumação
antecipada) - ocorre com a prática da
conduta descrita no núcleo do tipo,
independentemente da obtenção do
resultado pretendido. Caso este venha a
ocorrer, é mero exaurimento. (ex.: art. 159,
CP - extorsão mediante seqüestro).
CONSUMAÇÃO
• Crimes Permanentes - enquanto durar a
permanência, pois a consumação se prolonga
no tempo.
• Ex.: art. 148, CP - seqüestro e cárcere
privado).
• Crimes Habituais – com a reiteração da
conduta criminosa.
• Ex.: exercício ilegal da medicina (art. 282, CP)
TENTATIVA
• ELEMENTOS DO CRIME TENTADO:
• conduta dolosa (vontade livre e consciente de praticar
a infração penal);
• ingresso obrigatório nos atos de execução; e
• não alcance da consumação, por circunstâncias alheias
à vontade do agente (qualquer fato externo que
influencie na interrupção da execução que levaria à
consumação da infração penal).
ESPÉCIES DE TENTATIVA:
1. TENTATIVA PERFEITA (OU TENTATIVA ACABADA OU
CRIME FALHO)
• O agente esgota, segundo seu entendimento, todos os
meios que tinha a sua disposição para alcançar a
consumação do crime, a qual não ocorre por
circunstâncias alheias à sua vontade ou em razão de
arrependimento eficaz.
• ex.: A dispara dois tiros contra B, atingindo-o em região
letal e entende que não há necessidade de prosseguir
por achar que os ferimentos são suficientes para causar
a morte da vítima, que é socorrida e sobrevive.
ESPÉCIES DE TENTATIVA:
2. TENTATIVA IMPERFEITA (OU INACABADA)
• O agente não exaure toda a sua potencialidade lesiva, ou
seja, não realiza todos os atos executórios necessários à
produção do resultado.
• O sujeito é interrompido durante os atos de execução ou
desiste voluntariamente de prosseguir, antes de esgotar
tudo que pretendia inicialmente para consumar o crime.
• Ex.: no mesmo exemplo acima, A é interrompido por C, sem que
tenha exaurido todos os meios que entendia necessários à
consumação do homicídio e a vítima acaba sobrevivendo.
ESPÉCIES DE TENTATIVA:
3. TENTATIVA BRANCA (OU INCRUENTA)
• o agente, apesar de ter esgotado todos os meios a
seu alcance (tentativa perfeita) para consumar o
crime, não consegue atingir a pessoa ou a coisa
contra a qual deveria recair a conduta.
• É preciso pesquisar o dolo do agente para
determinar o crime tentado.
• Ex.: A atira em direção a B, mas erra o alvo e a vítima sai ilesa.
Se agiu com animus necandi, responde pela tentativa de
homicídio. Se agiu com animus laedendi, há lesões corporais
tentadas.
NÃO SE ADMITE TENTATIVA
NAS CONTRAVENÇÕES PENAIS ( art. 4º, da LCP ):
• Por expressa previsão legal, não é punível a tentativa de
contravenção penal. O legislador entendeu por bem não
aplicar a norma de extensão do artigo 14, II, CP, assim,
afastando-se a adequação típica por subordinação
mediata, se não houver consumação da contravenção.
O fato é atípico (irrelevante penal).
NÃO SE ADMITE TENTATIVA
• NOS CRIMES HABITUAIS (MAJORITÁRIA):
• Exige-se que o agente pratique de forma reiterada e
habitual a conduta descrita no tipo penal (ex.: art.
229, 230, 284, CP).
• Mirabete admite a tentativa quando o agente é
impedido, por circunstâncias alheias à sua vontade,
de continuar a exercer o comportamento proibido
(ex.: sujeito que aluga o consultório e é detido na
primeira consulta - art. 282, CP).
NÃO SE ADMITE TENTATIVA

• NOS CRIMES PRETERDOLOSOS:


• há dolo na conduta antecedente e o resultado
agravador advém de culpa (ex.: art. 129, §3º,
CP).
• NOS CRIMES CULPOSOS:
• A tentativa é instituto específico de delitos
dolosos, pois na culpa não há vontade dirigida
finalisticamente a causar o resultado lesivo.
• Atenção para a “culpa imprópria” (20, §1º, CP)
NÃO SE ADMITE TENTATIVA

• NOS CRIMES UNISSUBSISTENTES:


• A conduta do agente é exaurida num único ato,
não havendo fracionamento do iter criminis. ex.:
injúria verbal (art. 140, CP).
• NOS CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS:
• a omissão configura a consumação. Se o sujeito
age de acordo com o comando da lei, não pratica
o fato típico (art. 135, CP - omissão de socorro).
NÃO SE ADMITE TENTATIVA
• NOS CRIMES DE ATENTADO:
• São crimes onde a tentativa é punida com a mesma
pena do crime consumado (delito autônomo).
• Note-se que, materialmente, a tentativa é factível,
porém o instituto da tentativa não é aplicado.
• O tipo penal exclui a incidência da norma de extensão
do art. 14, par. único, do CP ("Salvo disposição em
contrário"), afastando a causa de redução.
• Ex.: art. 352, CP "tentar evadir-se" mediante violência
contra a pessoa; art. 9º e 11, da lei 7170/83 - Lei de
segurança nacional - "tentar submeter" "tentar
desmembrar".
APLICAÇÃO DA PENA NA TENTATIVA
• Pune-se a tentativa comp.aúnico,
(art. 14, pena correspondente
CP) a do
crime consumado, diminuída de um a dois terços.
• Entende a doutrina que, quanto mais perto a conduta
chegar da consumação, menor a percentual de
diminuição. Quanto mais distante da consumação,
maior o percentual de redução.
• A Teoria Objetiva temperada (ou matizada) é
adotada pelo CP, pois prevê a causa de diminuição de
pena para crime tentado (art. 14, p. único), mas
permite exceções, quando a tentativa é punida com
as mesmas penas do crime consumado (ex. art. 352,
CP).
TENTATIVA E CRIME COMPLEXO
• No crime complexo, numa mesma figura típica há a fusão
de dois ou mais tipos penais) ex.: roubo (subtração de coisa
alheia móvel (art. 155) + violência (art. 129) ou grave
ameaça (art. 147).
• Consuma-se o crime quando o agente preenche todo o
tipo penal levando a efeito as condutas, que, unidas,
formam uma unidade complexa.
• Atenção! Súmula 610, STF - latrocínio consumado se
ocorre o resultado morte, ainda que não se leve a efeito a
subtração patrimonial:
• "Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma,
ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima".
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
(OU TENTATIVA ABANDONADA OU
"PONTE DE OURO"):
• É necessário que o agente já tenha ingressado
na fase dos atos de execução e, sem esgotar os
meios que tinha à disposição para consumar o
crime (tentativa imperfeita), desiste
voluntariamente de prosseguir na ação,
impedindo por novo ato a consumação da
infração penal. O agente já quer o crime, pois
mudou de propósito.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
FÓRMULA DE FRANK:
• Se o agente disser "posso prosseguir, mas não quero", há
desistência voluntária.
• Ex.: O agente entra na residência para praticar furto, mas
verificando que só há um monte de quinquilharias, deixa
o local sem nada subtrair.
• Se ele disser "quero prosseguir, mas não posso", há
tentativa (desistência forçada - circunstâncias alheias à
vontade do agente impedem a consumação).
• Ex.: durante a execução, o agente ouve uma sirene de
polícia e foge do local.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
VOLUNTARIEDADE X ESPONTANEIDADE
• Não importa se a decisão de desistir do
prosseguimento partiu do agente ou se ele foi
induzido a isso por circunstâncias externas.
• A lei requer que a desistência seja voluntária (sem
coação moral ou física), mas não espontânea (a idéia
inicial parte do próprio agente),
• ex.: A atira em B, com dolo de matá-lo, mas a vítima
ao cair alvejada, implora que o agressor poupe sua
vida. Esse, sensibilizado, interrompe a execução e
não realiza os demais disparos que pretendia fazer.
Não responde pela tentativa de homicídio, mas sim
pelas lesões corporais.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
• O agente, depois de esgotar todos os meios de
que dispunha para chegar à consumação da
infração penal (tentativa perfeita), arrepende-se e
atua em sentido contrário, evitando a produção do
resultado por ele pretendido inicialmente.
• ex.: A lança seu desafeto B ao mar, sabendo que esse não sabe
nadar, para que morra afogado. Depois, arrependido, resolve salvar
a vítima, atirando-lhe uma bóia. Se a vítima sair ilesa, A não
responde por crime algum.
• Se sofrer alguma lesão corporal, esta será atribuída ao agente. Se,
todavia, a vítima falecer, responde pelo homicídio.
DIFERENÇA entre desistência voluntária e
arrependimento eficaz:
• Na primeira, o processo de execução ainda está em
curso (o agente está diante de uma tentativa
imperfeita) e no segundo a fase de execução já foi
encerrada (tentativa perfeita).
• Na desistência voluntária, há uma omissão (o agente
se omite em prosseguir na execução), enquanto que
no arrependimento eficaz, há uma ação (esgotada a
execução, o sujeito age para evitar o resultado).
• Se houver a produção do resultado, ainda que o
agente tenha desistido de prosseguir na ação ou
mesmo tendo encerrado a execução, tenha
tentado evitá-lo, não será beneficiado pelos
institutos acima, mas responderá pelo crime
consumado.
• Contudo, esse comportamento, ainda que não
tenha evitado o resultado, é relevante para os
efeitos da culpabilidade, no momento da
dosimetria da pena.
• é a nomenclatura que a doutrina dá para a expressão:
"só responde pelos atos já praticados". Tanto na
desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz,
o agente responderá pelos atos já praticados que, de per
si, constituírem infração penal.
• Assim, ocorre a tentativa qualificada quando resultam
consumados atos que constituem delitos por si
mesmos. Desaparece a pena da tentativa, mas persiste a
pena dos delitos que foram consumados em seu curso.
• A finalidade é fazer com que o agente jamais responda
pela tentativa da infração penal por ele pretendida
inicialmente (mais grave). Ex.: Furto -> violação de
domicílio. Homicídio -> lesões corporais.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (art. 16, CP)
• "Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços".
• NATUREZA JURÍDICA - é causa especial e pessoal de
diminuição de pena (minorante). Trata-se de conduta
voluntária do agente, posterior à consumação, mas
anterior à deflagração da ação penal, que conduz a uma
redução da pena.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (art. 16, CP)
MOMENTO DA REPARAÇÃO:
• até o recebimento da denúncia, seja no curso
da investigação policial ou, encerrado o
inquérito, com sua remessa ao judiciário.
• A reparação do dano após o recebimento da
denúncia e antes da sentença funciona como
circunstância atenuante (art. 65, III, b, CP).
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (art. 16, CP)
• APLICAÇÃO - Só tem cabimento o arrependimento
posterior nas infrações penais cujos tipos não
prevejam como seus elementos violência ou grave
ameaça à pessoa. Via de regra, incidirá nos crimes
patrimoniais, bem como em outros que podem gerar
prejuízo patrimonial.
• ex.: furto (mesmo qualificado por rompimento de
obstáculo - art. 155, §4º, I, pois a violência
mencionada no artigo 16 é contra a pessoa, não
contra a coisa).
• ex.: dano - art. 163, CP, mas cuidado com a forma
qualificada do parágrafo único, I, do art. 163, que
implica emprego de violência ou grave ameaça
contra a pessoa.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
(art. 16,
• ex.: VOLUNTARIEDADE CP)
X ESPONTANEIDADE
• O ato do agente deve ser voluntário, não se
exigindo espontaneidade.
• Não se exige que a idéia tenha partido do
próprio agente, mas pode ter sido convencido
por terceiro para ser beneficiado pela redução.
• Todavia, se a coisa é apreendida na curso da
investigação e devolvida à vítima, não há
voluntariedade.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (art. 16, CP)
• REPARAÇÃO POR TERCEIROS:
• Admite-se que terceira pessoa restitua o bem ou repare
o dano em nome do agente, numa interpretação mais
liberal que atende tanto aos interesses da vítima quanto
aos do agente.
• Em sentido contrário, há quem entenda inviável a
aplicação do instituto, argumentando, numa
interpretação literal, que a lei exige a pessoalidade do
ato de reparação.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (art. 16, CP)
REPARAÇÃO TOTAL X PARCIAL
• Entende-se que a reparação do dano ou a
restituição da coisa devem ser totais e não
parciais para aplicação da redução da pena.
• Alberto Silva Franco entende que se a vítima
se satisfez com a reparação parcial admite-se
o arrependimento posterior.
CRIME IMPOSSÍVEL
(TENTATIVA INIDÔNEA OU
INADEQUADA OU QUASE-CRIME)
• Premissa: o agente ingressa nos atos de execução
(tentativa) mas a infração não se consuma por
circunstâncias alheias à sua vontade.
• O CP adotou a teoria objetiva temperada, que entende
somente puníveis os atos praticados pelo agente quando
os meios e os objetos são relativamente eficazes ou
impróprios, ou seja, quando há alguma possibilidade de
o agente alcançar o resultado pretendido.
CRIME IMPOSSÍVEL
(TENTATIVA INIDÔNEA OU INADEQUADA OU
QUASE-CRIME)
• MEIO é tudo aquilo empregado pelo agente capaz de ajudá-lo a
produzir o resultado pretendido.
• Absolutamente ineficaz é aquele meio que não possui a mínima
aptidão para produzir os efeitos pretendidos.
• ex.: revólver sem munição ou com munição já detonada; falsificação
grosseira destinada à obtenção de vantagem ilícita.
• Se o meio é relativamente ineficaz, haverá tentativa, pois sua
utilização pode vir a causar o resultado.
• Ex.: munição envelhecida no revólver que falha no momento do
disparo; remédio abortivo com a validade vencida, que acaba não
produzindo qualquer efeito.
CRIME IMPOSSÍVEL
(TENTATIVA INIDÔNEA OU INADEQUADA
OU QUASE-CRIME)
• OBJETO é tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta
do agente (pessoa ou coisa).
• Objetos absolutamente impróprios - o resultado
jamais seria alcançado.
• ex.: Hungria: atirar num cadáver; ingestão de
substância abortiva sem estar grávida; expor a
contágio de doença venérea quem já se encontra
contaminado ou apresente imunidade à doença.
CRIME IMPOSSÍVEL
(TENTATIVA INIDÔNEA OU INADEQUADA
OU QUASE-CRIME)
• O objeto é relativamente impróprio quando a pessoa
ou a coisa é colocada efetivamente em situação de
perigo. O resultado pode ser alcançado pelo agente.
• ex.: Há tentativa se o punguista enfia a mão no bolso
direito da vítima, mas o dinheiro estava no bolso
esquerdo. Se não houvesse qualquer dinheiro seria
crime impossível.
CRIME IMPOSSÍVEL
(TENTATIVA INIDÔNEA OU INADEQUADA
OU QUASE-CRIME)
• Em crimes complexos, não há que se cogitar em crime
impossível, apenas por absoluta impropriedade do
objeto. Nesse sentido: "tratando-se o crime de roubo de
delito complexo, tem-se por iniciada a execução tão-logo
praticada a violência ou grave ameaça à vítima.
• O fato de inexistir bens materiais em poder da vítima,
não desnatura a ocorrência do crime em sua modalidade
tentada". (STJ, REsp 897373/SP).
CRIME IMPOSSÍVEL
E FLAGRANTE PREPARADO
(OU PROVOCADO)
• SÚMULA 145, STF: "NÃO HÁ CRIME, QUANDO A
PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE PELA POLÍCIA TORNA
IMPOSSÍVEL A SUA CONSUMAÇÃO".
• O agente é estimulado pela vítima ou mesmo pela
autoridade policial (agentes provocadores) a cometer a
infração penal, com o escopo de prendê-lo.
• Torna impossível a consumação do delito, tanto pela
absoluta ineficácia do meio, quanto pela absoluta
impropriedade do objeto. Não há crime.
FLAGRANTE ESPERADO
• Não há estimulação por parte da vítima ou da polícia,
induzindo o agente a cometer o delito.
• Por sua própria iniciativa, o delinqüente concebe a idéia
do crime, realiza os atos preparatórios e começa a
executá-los e só não consuma seu intento porque a
autoridade policial, conhecendo previamente a intenção
do cometimento da infração penal, intervém e evita a
consumação do crime (tentativa).
• A presença da força policial é circunstância alheia à
vontade do agente, que impede a consumação.
AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO (art.

19, CP)
"Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só
responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente".
• A reforma da Parte Geral do Código Penal, realizada em
1984, consagrando o princípio de que não há pena sem
culpabilidade (nullum crimen sine culpa), previu que
ninguém pode ser punido por um resultado mais grave
se não o tiver causado pelo menos a título de culpa.
• Buscou-se afastar a odiosa responsabilidade penal
objetiva, decorrente do simples reconhecimento da
existência do nexo de causalidade entre a conduta do
agente e o resultado mais grave.
CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO
• 1) DOLO + DOLO: quando o agente atua com dolo
na conduta antecedente e dolo quanto ao
resultado qualificador.
• 2) DOLO + CULPA: dolo na conduta e culpa no
resultado agravador (PRETERDOLOSO) – ex.: art.
129, §3º, CP.
• 3) CULPA + CULPA: culpa na conduta e culpa no
resultado agravador (ex.: 250, §1º e 258, in fine,
CP)

Você também pode gostar