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1) Quais as fases do iter criminis? Quais delas têm relevância para o Direito Punitivo do
Estado? Fundamente.
1ª Cogitação: Significa pensar, imaginar, elaborar mentalmente a prática de algo. Sendo uma
etapa psíquica, que não afeta bem jurídico alheio, é absolutamente impunível, em face do
princípio da lesividade.
2ª Preparação ou atos preparatórios: É etapa concreta, no mundo fático, que visa propiciar,
preparar, instrumentalizar a realização do crime. Porém, por não ultrapassar a esfera do próprio
agente é, via de regra, também impunível.
Há exceções em que o legislador opta por criminalizar autonomamente atos que seriam de
mera preparação impunível, fazendo que esses atos passem a configurar crimes de forma
autônoma (ex.: arts. 288 e 291 do CP, Lei 13.260/16 - Terrorismo).
3ª Atos executórios ou execução: ocorrem quando o agente dá início à realização do crime,
passando a interferir na esfera do bem jurídico alheio e permitindo a intervenção do direito
penal, o que ocorre ao menos através da tentativa (art. 14, II e parágrafo único, do CP).
Não podemos deixar de ressaltar que de acordo com a maioria da doutrina, nosso ordenamento
adotou o critério objetivo individual para delimitar o início de execução, e possibilitar a
intervenção penal, punindo o crime. Para vocês entenderam a relevância desse critério,
percebam que, para ele, os atos executórios começam no momento imediatamente anterior à
concreta realização do verbo núcleo do tipo penal, quando o agente começa a se mover,
manifestando seu plano criminoso (dolo), passando assim a interferir na esfera do bem jurídico
alheio.
Por isso, afirmamos que, o Direito Penal só pode intervir, criminalizando condutas, a partir da
delimitação do início dos atos de execução, e isso ocorrerá através de um importante instituto
que todos vocês conhecem... a famosa TENTATIVA!!!
4ª Consumação: Vejam que esta etapa ocorre quando o crime está completo, ou seja, quando
o agente realiza tudo aquilo que o tipo penal proibiu, lesionando o bem jurídico tutelado pela
norma, e precisamos perceber que isso pode ocorrer de 3 formas:
a) Com a concreta produção, materialização do resultado previsto no mundo fático (crimes
materiais – ex.: art. 121 do CP – homicídio com o resultado morte);
b) Com a completa realização da conduta formalmente proibida, independentemente da
produção do resultado previsto (crimes formais – ex.: extorsão mediante sequestro; art. 159 do
CP – não há necessidade de obter a vantagem do resgate);
c) Com a completa realização da mera conduta proibida, já que não há sequer previsão de
resultados (crimes de mera conduta – ex:. arts. 135 e 330 do CP).
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2) Qual o conceito de crime consumado? Qual a sua importância?
Crime consumado ou crime pleno ou summatum opus, quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal (CP art 14 I). E, por isso, um crime completo ou perfeito, pois
a conduta criminosa se realiza integralmente.
Como vocês já puderam perceber, a tentativa nada mais é do que um iter criminis que não se
concluiu, e ocorre quando o agente inicia a execução, mas não chega à consumação por motivos
alheios à sua vontade, gerando assim um crime incompleto, que por isso terá sua pena
diminuída de 1/3 a 2/3.
Espécies de Tentativa
Fiquem atentos pois a classificação que vamos estudar a seguir é um dos temas preferidos do
examinador e um dos mais cobrados em provas em geral!!!
As tentativas podem ser classificadas de acordo com sua natureza e suas consequências, da
seguinte forma, e separamos essas especies de forma bastante simples para que você possa
gravar, e nunca mais esquecer:
Grupo 1:
a) Inacabada ou imperfeita: é aquela em que o agente inicia a execução e, por motivos alheios
a sua vontade, não consegue completar os atos executórios em curso, que por isso ficam
inacabados, ou seja, ainda havia atos a realizar e o crime não se consuma (ex.: possui seis
munições, atira somente uma e é preso em flagrante).
b) Acabada ou perfeita (crime falho): ocorre quando o agente inicia e completa todos os atos
executórios, não havendo mais nada a realizar. Porém, por motivos alheios a sua vontade, não
se chega a consumação, o resultado lesivo não se produz (ex.: dispara toda a munição da arma,
mas a vítima sobrevive).
Grupo 2:
a) Tentativa “branca” ou incruenta: é aquela em que o agente atua, mas não gera qualquer
lesão à vítima, ao bem jurídico tutelado, ou seja, não produz “derramamento de sangue” (ex.:
atira para matar e erra o tiro).
b) Tentativa cruenta ou “vermelha”: é aquela que produz um resultado concreto na vítima,
embora esse resultado não gere a consumação do crime (ex.: atira para matar e causa lesão
corporal).
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6) Qual o critério utilizado para se punir um crime tentado?
Tentativa abandonada, também chamada de tentativa qualificada, ocorre nos crimes em que o
resultado não ocorre por circunstâncias intrínsecas à vontade do autor do delito.
Com base no nosso Código Penal, a desistência voluntária ocorre quando o agente inicia os
atos executórios e, durante sua realização, voluntariamente desiste de prosseguir e abandona
a prática dos atos em curso. Dessa forma, diante de uma situação de desistência voluntária,
não há consumação e afasta-se a tentativa (tentativa abandonada), já que não há “motivos
alheios” para a não ocorrência do resultado, mas sim uma escolha voluntária do autor de
abandonar a execução em andamento, logo, o fato por ele iniciado será considerado atípico.
Porém, fiquem atentos, pois num caso concreto de desistência, nada impede que ele possa
responder por outros crimes que já tenham ocorrido durante a realização dos atos.
Vale a pena lembrarmos que, a desistência voluntária (e o arrependimento eficaz) são
chamados de “ponte de ouro” do direito penal, já que permitem ao agente voltar à legalidade
depois de ter iniciado a realização de um crime.
Ex.: Um agente abre a porta de um carro que está destrancado num estacionamento rotativo, e
quando está subtraindo o rádio resolve parar e ir embora, já que achou que o modelo do rádio
não valia a pena. Nesse caso, sua conduta será atípica, ou responderá apenas pelo crime de
dano (art. 163 do CP), caso tenha arrombado a porta do veículo.
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Para diferenciar, em um caso concreto, uma situação de desistência voluntária de uma tentativa,
evitando-se confusões relativas ao uso de temos como “desiste”, “abandona” (lato sensu) em
um enunciado, utiliza-se a famosa Fórmula de Frank:
“Se posso prosseguir e não quero, haverá desistência voluntária, mas se quero prosseguir
e não posso, haverá tentativa.”
Agora que já vimos a desistência voluntária, podemos estudar o arrependimento eficaz, que
ocorre quando o agente inicia e completa todos os atos executórios, não havendo mais nada a
realizar, porém, por sua própria escolha, atua eficazmente e impede a consumação, evitando
assim a produção do resultado.
Percebam que nesse caso, também afasta-se a tentativa (não há motivos alheios) e não
havendo consumação, o fato iniciado torna-se atípico, podendo apenas se imputar ao agente
outros crimes que eventualmente tenham ocorrido.
Vamos a um exemplo concreto de como isso pode aparecer na nossa prova!
Ex.: Um agente coloca veneno na bebida de seu desafeto e, após este ter tomado o veneno,
resolve que não quer mais que ele morra, ministrando um antídoto ou levando a vítima a um
hospital onde esta é salva. Logo, não responde pela tentativa de homicídio (que fica atípico),
podendo responder somente por eventuais lesões corporais que a vítima tenha sofrido.
Ex.: Um agente coloca veneno na bebida de seu desafeto e, após este ter tomado o veneno,
resolve que não quer mais que ele morra, ministrando um antídoto ou levando a vítima a um
hospital onde esta é salva. Logo, não responde pela tentativa de homicídio (que fica atípico),
podendo responder somente por eventuais lesões corporais que a vítima tenha sofrido.
Vamos a uma pequena DICA para você diferenciar a desistência voluntária do arrependimento
eficaz numa situação concreta, para isso você deverá utilizar a seguinte frase:
“Eu desisto apenas do que estou fazendo e me arrependo somente do que já fiz.”
Galera, vamos começar nosso estudo de mais este instituto defensivo do Iter criminis fazendo
a leitura do Art. 16 do CP, que ao tratar do Arrependimento Posterior, afirma:
Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída
a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
Vejam como fica fácil: o arrependimento posterior é assim chamado por acontecer
posteriormente à consumação, quando o agente repara o dano ou restitui a coisa, para receber
diminuição de pena de um terço a dois terços, desde que preenchidos os seguintes requisitos:
a) Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa;
b) A reparação do dano deve ser feita até o recebimento da denúncia.
Embora haja divergência, entende-se que a reparação parcial não impossibilita a aplicação do
arrependimento posterior, desde que seja razoável (STF: mínimo de 50%), obviamente
gerando uma diminuição menor que o máximo de 2/3, que será usado apenas para as reparações
que forem integrais.
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Obs.: CUIDADO!!! Nos crimes tributários a reparação integral do prejuízo poderá ser feita
a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado da sentença, e será causa de extinção da
punibilidade, não se aplicando, portanto, o arrependimento posterior.
4) O que é quase crime (crime impossível)? Qual a consequência jurídica que acarreta?
Muito bem pessoal, vamos entrar agora no último instituto defensivo relacionado ao Iter
Criminis, o famoso crime impossível, que tem exemplos clássicos de serem cobrados em prova,
e já adianto a vocês que o examinador adora esse tema!
De acordo com o Art. 17 do CP:
Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime.
O crime impossível é assim chamado por ser aquele que é impossível de se consumar, já que,
diante da situação concreta, a lesão do bem jurídico tutelado no tipo específico é absolutamente
impossível de ocorrer, embora o agente, que não sabe disso, realize a conduta e atue com dolo.
Isto ocorre de duas formas, quando o meio utilizado para gerar o resultado é absolutamente
ineficaz (ex.: matar com arma desmuniciada), ou ainda quando o objeto a ser atingido é
absolutamente impróprio de sofrer o resultado pretendido (ex.: matar o morto).
Em outras palavras, no crime impossível é impossível de se gerar o resultado pretendido pelo
agente, ou seja, diante da situação concreta a consumação jamais se produzirá, a lesão ao bem
jurídico é impossível, por isso, diz-se que o agente atua em situação conhecida como tentativa
inidônea, tentativa ineficaz ou tentativa imprópria, para gerar ao resultado pretendido, Logo,
vocês podem perceber que essa “tentativa”, por ser impossível o fato se consumar, terá como
consequência a atipicidade deste fato, e fiquem atentos pois essa consequência é o que
costuma ser perguntado em nossa prova.
Se o meio ou o objeto forem apenas relativamente incapazes de gerar o resultado lesivo, não
haverá crime impossível, mas sim tentativa punível. Logo, de acordo com a sumula 567 do
STJ a tentativa de furto em lojas com sistema de segurança, vigilância e câmeras será punida
normalmente, não gerando crime impossível, já que, por menor que seja, sempre existe uma
chance de o crime se consumar.
Ainda, de acordo com o STF, o flagrante preparado, também chamado de delito de ensaio, em
face da impossibilidade de consumação, configura crime impossível, e não será válido,
afastando assim a tentativa e tornando o fato atípico (Súmula 145 do STF).
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5) Qual a diferença entre flagrante preparado e esperado?
Em uma definição simplista pode-se dizer que o flagrante preparado (crime putativo por
obra do agente provocador) é aquele que a autoridade instiga ou de alguma forma auxilia a
prática de um crime. No flagrante esperado a autoridade sabendo que a conduta criminosa irá
ocorrer apenas aguarda a possível pratica delituosa.
https://pedromaganem.jusbrasil.com.br/artigos/481075527/flagrante-preparado-ou-provocado-
flagrante-forjado-flagrante-esperado-e-flagrante-diferido-ou-retardado
Em uma questão concreta que envolva uma excludente de ilicitude, o fato permanece sendo
Típico, apenas terá sua ilicitude afastada e por isso deixa de ser considerado crime, mas não se
confundam, pois exclusão de ilicitude não faz com que um fato se torne atípico.
Por sua vez, fora das hipóteses de exclusão de tipicidade, o consentimento do ofendido excluirá
a ilicitude da conduta, quando satisfeitos os requisitos para tanto. Em outras palavras, segundo
lições de Nucci (2012, p. 292), “trata-se de uma causa supralegal e limitada de exclusão de
antijuridicidade, permitindo que o titular de um bem ou interesse protegido, considerado
disponível, concorde, livremente, com a sua perda”.
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Isto posto, para configuração da excludente de ilicitude em questão, necessária a presença dos
seguintes requisitos:
Concordância do ofendido: é indispensável que seja livre de qualquer tipo de vício, fraude,
coação, etc. Pode ser dada tanto por pessoa física, quanto jurídica. Consentimento explícito ou
implícito: não poderá ser presumido. Exemplo: se o ofendido concorde uma vez com a lesão de
determinado bem jurídico, isso não significa que sempre o faça.
Capacidade para consentir: como a presente excludente de ilicitude não existe em nosso
ordenamento jurídico (supralegal), sugere Nucci (2012, p. 298) a idade de 18 anos, porquanto,
“aquele que tem capacidade para responder por seus atos, na esfera criminal, sem dúvida pode
dispor, validamente, de bens ou interesses seus”, contudo, segundo mencionado autor, “deve
haver flexibilidade na análise de capacidade de consentimento” em cada caso concreto.
O bem jurídico deve ser disponível. Exemplos: a honra, a inviolabilidade dos segredos e o
patrimônio.
Consentimento anterior ou durante a prática da conduta: não poderá ser dado após a
realização do ato, pois já consumado o injusto penal. O consentimento é revogável a qualquer
momento, ou seja, “embora aceita a prática da conduta inicialmente, pode o titular do bem
jurídico afetado voltar atrás a qualquer momento, desde que o ato não se tenha encerrado”
(NUCCI, 2012, p. 298).
Elemento subjetivo: assim como nas demais causas excludentes de ilicitude, deve o agente ter
conhecimento da situação fática, do consentimento da vítima.
- Excludente de ilicitude;
- Causas descriminantes;
- Causas Justificadoras
Legitima Defesa - Os requisitos objetivos são: defesa de bem jurídico próprio ou de terceiro,
contra agressão injusta, atual ou iminente, com meios necessários e com moderação. O requisito
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subjetivo é que o agente tenha consciência, no momento da conduta, de estar agindo contra uma
agressão injusta. (consciência dos requisitos objetivos).
Estado de Necessidade - Os requisitos objetivos são: sacrifício de um bem jurídico para salvar
outro, próprio ou de terceiro, de perigo atual inevitável. O requisito subjetivo é que o agente
tenha consciência, no momento da conduta, de estar agindo para afastar perigo atual.
(consciência dos requisitos objetivos).
5) Após leitura de artigo (BARBOSA, Adriano. Modificações no Código Penal pelo “Pacote
Anticrime”, através da Lei 13.964/2019: Análise das Inovações Relativas ao art. 25, CP –
enviado a representantes por e-mail), aponte eventual mudança significativa verificada no
instituto da Legítima defesa em decorrência da Lei Anticrime.
Do ponto de vista prático, nenhuma o parágrafo primeiro do artigo 25 do Código Penal em nada
acrescentou na sistemática da Legitima Defesa, isso porque qualquer pessoa e não apenas o
agente de segurança pública está autorizado a usar de meios de excludente de ilicitude para
repelir agressão ou risco de agressão.
1) O que é culpabilidade?
2) Quais são os elementos imprescindíveis para que haja culpabilidade, ou seja, para que o
agente de um fato típico e ilícito possa ser considerado punível?
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Critério Biológico, Biopsicologico e Biopsicologico.
- Doença Mental;
- Desenvolvimento mental retardado;
- Desenvolvimento mental incompleto;
- Embriaguez acidental completa.
8) Qual o significado de “actio libera in causa”? Qual a ressalva que tem sido feita pela
doutrina a respeito da responsabilidade objetiva nesses casos, e sob qual fundamento legal?
10) A imputabilidade pode ser afastada pelo fato do agente ter delinquido sob forte emoção
ou paixão? Fundamente.
Não, pois, no Código Penal em seu artigo 28 inciso I deixa claro que emoção ou paixão não
excluem a imputabilidade penal.
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