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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

31/01/2023

Número: 0004933-86.2022.8.13.0396
Classe: [CRIMINAL] AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Órgão julgador: 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Mantena
Última distribuição : 23/09/2022
Processo referência: 0
Assuntos: Decorrente de Violência Doméstica
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
Ministério Público - MPMG (AUTOR)
LEANDRO DUTRA OLIVEIRA (RÉU/RÉ)
MARCONI VALENTE TEIXEIRA ASSEF MILLEN
(ADVOGADO)
ONILTON SERGIO MATTEDI (ADVOGADO)
ROSIVALDO VIEIRA DE CASTRO (ADVOGADO)

Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9680052307 30/01/2023 18:26 Sentença Sentença
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Justiça de Primeira Instância

Comarca de MANTENA / 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Mantena

PROCESSO Nº: 0004933-86.2022.8.13.0396

CLASSE: [CRIMINAL] AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (283)

ASSUNTO: [Decorrente de Violência Doméstica]

AUTOR: Ministério Público - MPMG

RÉU/RÉ: LEANDRO DUTRA OLIVEIRA

SENTENÇA

I – RELATÓRIO

Vistos etc.

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais ofereceu denúncia contra Leandro D

utra Oliveira, brasileiro, nascido em 05/06/1992, já qualificado nos autos em epígrafe, pela prática dos

delitos previstos nos artigos 129, §13º, c/c art.147, caput, ambos do código Penal; art. 21 da Lei de

Número do documento: 23013018264948800009676145626


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contravenções penais e art. 24-A da Lei 11.340/06.

Narra a denúncia:

“FATO 01: No dia 23 de abril de 2022, em horário indeterminado, nesta cidade de

Mantena/MG, LEANDRO DUTRA OLIVEIRA, de forma voluntária e consciente, ofendeu a integridade

corporal de sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA, por razões da condição do

sexo feminino e no contexto de violência doméstica e familiar, causando-lhe as lesões descritas nas

imagens de fls. 30/31 e relatório médico de fl. 32.

FATO 02: No dia 28 de abril de 2022, por volta das 07:00 horas, na Rua Prefeito

Anastácio, n. 76, Centro, Município de Mantena/MG, LEANDRO DUTRA OLIVEIRA, voluntária e

conscientemente, no contexto de violência doméstica e familiar contra mulher, ameaçou, por palavras,

sua ex companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA, de lhe causar mal injusto e grave. Nas

mesmas condições de tempo acima descritas, por volta das 09:30 horas, enquanto a vítima prestava

depoimento da Delegacia de Polícia Civil de Mantena/MG, LEANDRO DUTRA OLIVEIRA, consciente

da prática do ilícito penal, no contexto de violência doméstica e familiar contra mulher, novamente

ameaçou, por escrito, sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA, de lhe causar mal

injusto e grave.

FATO 03: No dia 07 de agosto de 2022, por volta das 20:00 horas, na Avenida

Agostinho Anízio, n. 408, Bairro Vila Nova, Município de Mantena/MG, LEANDRO DUTRA OLIVEIRA,

de forma voluntária e consciente, ofendeu a integridade corporal de sua ex-companheira, KARLA

CAROLINE EDUARDO FIUZA, por razões da condição do sexo feminino e no contexto de violência

doméstica e familiar, causando-lhe as lesões descritas nas imagens de fls. 65v/66v. 24 e relatório médico

de fl. 68.

Nas mesmas condições de tempo e lugar acima descritas, LEANDRO DUTRA

OLIVEIRA, consciente da prática do ilícito penal, no contexto de violência doméstica e familiar contra

mulher, ameaçou, por palavras, sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA, de lhe

causar mal injusto e grave.

Do mesmo modo, nas mesmas condições de tempo e lugar acima descritas, LEANDRO

DUTRA OLIVEIRA, de forma voluntária e consciente, descumpriu decisão judicial que deferiu medidas

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protetivas de urgência em favor de sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA,

previstas na Lei n. 11.340/06 (em anexo).

FATO 04: No dia 16 de agosto de 2022, por volta de 22:30 horas, na Rua Doze, n. 90,

Bairro Esplanada, Município de Mantena/MG, LEANDRO DUTRA OLIVEIRA, voluntária e

conscientemente, praticou vias de fato contra sua esposa, MARIA JOSÉ PEREIRA SANTIAGO, no

contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Nas mesmas condições de tempo e lugar acima descritas, LEANDRO DUTRA

OLIVEIRA, consciente da prática do ilícito penal, no contexto de violência doméstica e familiar contra

mulher, ameaçou, por palavras, sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA, de lhe

causar mal injusto e grave.

Do mesmo modo, nas mesmas condições de tempo e lugar acima descritas, LEANDRO

DUTRA OLIVEIRA, de forma voluntária e consciente, descumpriu decisão judicial que deferiu medidas

protetivas de urgência em favor de sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA,

previstas na Lei n. 11.340/06 (em anexo).

FATO 05: No dia 19 de agosto de 2022, por volta de 11:30 horas, na Rua Prefeito

Anastácio, n. 76, Centro, Município de Mantena/MG, LEANDRO DUTRA OLIVEIRA, consciente da

prática do ilícito penal, no contexto de violência doméstica e familiar contra mulher, ameaçou, através

de uma imagem/foto de arma de fogo, sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA, de

lhe causar mal injusto e grave.

Também, no mesmo contexto fático acima narrado, LEANDRO DUTRA OLIVEIRA,

voluntária e conscientemente, descumpriu decisão judicial que deferiu medidas protetivas de urgência em

favor de sua ex-companheira, KARLA CAROLINE EDUARDO FIUZA, previstas na Lei n. 11.340/06 (em

anexo).

Conforme se extrai dos autos do presente inquérito policial, por ocasião dos primeiros

fatos, consta e KARLA e LEANDRO se desentenderam por questões desconhecidas, ocasião em que o

acusado agrediu fisicamente a vítima, mediante forte puxão do braço esquerdo, o que resultou em

hematomas, conforme consta das imagens de fls. 30/31 e laudo médico de fl. 32.

Já por ocasião dos segundos fatos, tem-se que KARLA se encontrava em casa, quando

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por lá apareceu LEANDRO querendo adentrar no imóvel, de modo que, não tendo conseguido, passou a

ameaçar a ex-companheira, dizendo a ela: “vou arrancar sua cabeça; vou arrumar alguém para fazer o

serviço”.

No mesmo dia, posteriormente, enquanto prestava declarações na Delegacia de Polícia

Civil, KARLA recebeu diversas mensagens de texto e de áudio, contendo teor ameaçador, nas quais ele

dizia o seguinte: “Vagabunda, você está com outro; vou gastar todo o meu dinheiro com você; essa

conversa é a última que vou ter com você; o meu negócio agora é você; se eu for preso vai vim outro por

mim; estou na porta da delegacia te esperando”.

Continuando, por ocasião dos terceiros fatos, consta que KARLA estava trabalhando em

seu estabelecimento comercial, quando por lá chegou LEANDRO, querendo conversar, ocasião em que

adentrou no carro do ex-companheiro. Contudo, no decorrer da conversa, o denunciado passou a agredir

fisicamente a vítima, desferindo nela socos na face, ao mesmo tempo em que a ameaçava, dizendo:

“Chama a polícia, que eu sei onde sua família mora”.

Além disso, na mesma ocasião, LEANDRO, ciente do deferimento de medidas protetivas

de urgência, descumpriu as proibições impostas, porque se aproximou e manteve contato com a vítima,

como descrito acima.

Registre-se que as medidas protetivas foram deferidas no dia 29/04/2022 e que o

agressor foi pessoalmente intimado delas, no dia 04/05/2022 (documentos em anexo).

Por ocasião dos quartos fatos, consta que KARLA retornava para sua residência,

quando LEANDRO apareceu e adentrou no veículo da vítima, ordenando que ela dirigisse até um motel.

Durante o trajeto, já próximos do motel, o acusado mudou de ideia e mandou que a vítima retornasse e

dirigisse até a residência dele.

Em seguida, tendo chegado no endereço do denunciado, pelo fato de KARLA ter se

recusado a entrar na residência dele, LEANDRO passou a agredi-la fisicamente, mediante chutes e

socos. Consta que, durante as agressões, o acusado também ameaçava de morte a ex- companheira,

dizendo a ela que, naquele dia, a sua vida chegaria ao fim.

Além disso, na mesma ocasião, LEANDRO, ciente do deferimento de medidas protetivas

de urgência, mas uma vez descumpriu as proibições impostas, porque se aproximou e manteve contato

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com a vítima, como narrado acima.

Registre-se que as medidas protetivas foram deferidas no dia 29/04/2022 e que o

agressor foi pessoalmente intimado delas, no dia 04/05/2022 (documentos em anexo).

Por fim, por ocasião dos quintos fatos, consta que KARLA recebeu nova mensagem de

LEANDRO, via celular, na qual o denunciado ordenava que a vítima apagasse uma foto dela que estava

em sua própria rede social, o que a ofendida não acatou.

Em razão da negativa da vítima, o acusado lhe encaminhou uma foto, cuja imagem

consta às fls. 117/118, na qual aparece um homem segurando uma arma de fogo, apagando-a, em

seguida, sendo que KARLA conseguiu salvar a imagem a tempo.

Além disso, na mesma ocasião, LEANDRO, ciente do deferimento de medidas protetivas

de urgência, mais uma vez descumpriu as proibições impostas, porque manteve contato com a vítima,

como narrado acima.

Registre-se que as medidas protetivas foram deferidas no dia 29/04/2022 e que o

agressor foi pessoalmente intimado delas, no dia 04/05/2022 (documentos em anexo).

Relatório Médico do dia 28 de abril de 2022 em ID 9613334075, pág. 18.

Termo de representação em ID 9613334075, p.11.

Relatório médico do dia 08 de agosto de 2022, ID 9613334077, pág. 14.

Termo de representação do dia 08 de agosto de 2022 em ID 9613334077, pág. 15.

Representação da autoridade policial pela prisão preventiva do acusado em ID

9613334079, pág. 03/05.

Decisão que fixou medidas protetivas em favor da vítima, ID 9613334082.

Certidão de intimação do acusado acerca das medidas protetivas em seu desfavor em ID

9613334083.

Decisão que decretou a prisão preventiva do acusado em ID 9587964954, pág. 29 e ID

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9587980498, pág. 01/04, exarada nos autos de nº 5003543-93.2022.8.13.0396.

A denúncia foi recebida em 29 de setembro de 2022, ID 9617277910.

Devidamente citado (ID 9627028053), o réu apresentou resposta à acusação no ID

9635931017, por meio de defensor constituído.

Em audiência de instrução e julgamento, foram colhidos os depoimentos da vítima, das

testemunhas, bem ainda interrogado o acusado.

Em sede de alegações finais em ID nº 9679428390, o Ministério Público pugna pela

condenação do réu nos termos da denúncia, bem como o reconhecimento das agravantes previstas nos

arts. 61, I e II, “f” do Código Penal.

A Defesa, por sua vez, apresentou alegações finais em ID nº 9682569626, sustentando,

preliminarmente, a nulidade dos prints acostados nos autos. No mérito, pugnou pela desclassificação da

qualificadora prevista no § 13 do art. 129 do Código Penal, sustentando que não há provas das supostas

agressões pelo fato de ser mulher. Com relação as ameaças e vias de fato, pugnou pela absolvição, ante a

ausência de provas. No tocante ao descumprimento de medida protetiva, requer o reconhecimento da

ausência de autoria delitiva, em virtude do relacionamento afetivo que possuiu com a vítima no período

de sua vigência. Subsidiariamente, em caso de condenação, pugnou pela aplicação do disposto no art. 71

do Código Penal.

Vieram os autos conclusos para julgamento.

É o breve relatório.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação penal movida em desfavor do acusado Leandro Dutra Oliveira,

imputando-lhe a prática dos delitos previstos nos artigos 129, §13º, c/c art.147, caput, ambos do código

Penal; art. 21 da Lei de contravenções penais e art. 24-A da Lei 11.340/06.

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II.I – DA PRELIMINAR DE NULIDADE

Em sede de alegações finais, a Defesa arguiu a preliminar de nulidade dos prints

advindos do aplicativo Whatsapp acostados aos autos, os quais foram apresentados pela vítima.

Não obstante os argumentos tecidos pelo causídico, verifico que a mencionada

preliminar já foi objeto de análise dos autos, conforme decisão de ID nº 9638462018.

Com efeito, não há que se falar em nulidade, vez que, conforme se percebe nos autos, as

provas que dão supedâneo para a peça acusatória são as palavras da vítima, os laudos periciais, bem ainda

as oitivas colhidas nos autos em sede extrajudicial e corroboradas em juízo, não sendo somente os "Prints

Screens" utilizados como elementos de provas nos autos.

Ademais, conforme mencionado na decisão de ID nº 9638462018, é ônus da defesa

provar que as mensagens foram manipuladas nos moldes por ela alegado, o que não restou comprovado

nos autos.

Assim, retomando os fundamentos da decisão de ID nº 9638462018, REJEITOa

nulidade arguida

II.II – DOS CRIMES PREVISTOS NO ARTIGO 129, §13, DO CÓDIGO PENAL

Constato que não se implementou nenhum prazo prescricional, nem foram arguidas

preliminares. Não existem nulidades a serem conhecidas de ofício, razão pela qual passo ao mérito.

Compulsando os autos, verifico que o réu foi denunciado pelo suposto cometimento do

crime acima descrito, nos dias 23/04/2022 e 07/08/2022.

Assim, para melhor compreensão desta sentença, procedo a análise probatória em tópicos

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distintos, de acordo com a data da respectiva ocorrência.

II.II.I – Do crime previsto no art. 129, §13, do CP, supostamente cometido em

23/04/2022

A materialidade delitiva e restou evidenciada pelo boletim de ocorrência de ID

9613334074, pág. 05/10, relatório médico de ID 9613334075, pág.18, bem ainda pelo depoimento da

vítima e testemunhas em sede policial, corroboradas em sede judicial.

Em relação à autoria, esta também revela-se induvidosa após a apresentação de


elementos probatórios, especialmente o depoimento da vítima e das testemunhas ouvidas na fase

extrajudicial e em juízo, vejamos.

Ao ser ouvido em juízo, o acusado Leandro Dutra negou a autoria e relatou que não

agrediu ou segurou a vítima, bem ainda que o fato ocorreu antes da medida protetiva. Acrescentou que foi

ao bar, conversou com a vítima e saiu quando chegou um cliente.

Em sede policial, a vítima Karla Karoline Eduardo Fiuza relatou que teve um

relacionamento com Leandro pelo período de quatro meses e no dia 23/04/2022 terminou com o acusado

em razão de uma agressão sofrida, um puxão no seu braço esquerdo ocasionando um roxidão no local,

conforme foto apresentada (ID nº 9613334075, páginas 09/10).

Por sua vez, ao ser ouvida em juízo em ID nº 9674661787, a vítima corroborou os fatos e

acrescentou que no dia dos fatos eles haviam saído e logo após discutiram e o réu a agrediu. Relatou,

ainda, que nesse dia, o acusado Leandro pegou no braço da depoente, deixando-o roxo. Por fim,

acrescentou que que nunca iniciou as agressões ou agrediu o réu, bem ainda que em nenhum dos fatos

houve testemunhas, pois os dois sempre estavam sozinhos e que antes de pedir providências, as agressões

eram apenas por xingamentos, mas que a partir de abril, começaram a virar ameaças e agressões

Soma-se a isso o depoimento da testemunha Hudson Rodrigues de Brito, que relatou em

juízo que viu a vítima machucada e que a vítima já tinha feito inúmeras ocorrências contra o réu.

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Não obstante a negativa de autoria levantada pelo acusado, tenho que, pelo que se colhe

da prova oral colhida em juízo, em especial a palavra da vítima, a prova produzida é firme, forte, segura e

não deixa dúvida de que o réu é autor do crime de tentativa lesão corporal em âmbito doméstico, devendo

responder pelo praticado.

Ademais, o relatório médico de ID 9613334075, pág. 18 confirma as lesões sofridas,

constando que a vítima “apresenta hematoma em membro superior esquerdo e direito”, corroborando a

agressão sofrida pela vítima.

Cumpre ressaltar a importância da palavra da vítima em crimes de violência doméstica,

cometidos na clandestinidade, averbe-se entendimento sufragado pelo egrégio Tribunal de Justiça de

Minas Gerais:

“APELAÇÃO CRIMINAL – CRIME PRATICADO NO ÂMBITO DOMÉSTICO –

LESÃO CORPORAL – PALAVRA DA VÍTIMA EM CONSONÂNCIA COM OS

DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA – RELEVÂNCIA – CONDENAÇÃO

MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Nos delitos que

envolvem violência doméstica, praticados, na maioria das vezes, sem a presença

de testemunhas, a palavra da vítima é de suma importância para a elucidação dos

fatos, sendo suficiente para alicerçar o decreto condenatório quando em

consonância com o restante do conjunto probatório (TJMG, Apelação Criminal

0019278-38.2014.8.13.0687. Julgado em 05/04/2016).Anoto que inexiste óbice

quanto a adoção dos depoimentos de policiais militares como elementos de

convicção do juízo, uma vez que, quando estes são seguros e coerentes,

constituem referência de grande valia para a fundamentação da sentença

condenatória. No mais, a orientação jurisprudencial é no sentido de que a

condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita, nem invalida o

seu depoimento, podendo constituir-se em elemento suficiente para formar o

convencimento do julgador.”

Portanto, tem-se que a prova produzida é firme, forte, segura e não deixa dúvida de que o

réu é autor do crime de lesão corporal em comento.

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Com efeito, a conduta praticada pelo denunciado foi tipificada na denúncia como aquela

inserta no artigo 129, § 13º, do Código Penal que dispõe, verbis:

“Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

(…)

§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo

feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).

De acordo com o artigo 5º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de

São José da Costa Rica), promulgada, no Brasil, pelo Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992 “toda

pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral”. Dessa forma, entende-se

por lesão corporal qualquer dano ocasionado à integridade física e à saúde fisiológica ou mental do

homem, desde que não esteja presente o animus necandi, isto é, a intenção de matar.

Já o artigo 226, caput, da Constituição Federal, prevê que a família, base da sociedade,

tem especial proteção do Estado e o §8º, por sua vez, dispõe que o Estado assegurará a assistência à
família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito

de suas relações. Com isso, os §§9º e 10 foram introduzidos pela Lei nº 10.886, de 17 de junho de 2004,

no artigo 129 do Código Penal, com o objetivo de conferir tratamento mais severo à chamada violência

doméstica. Não bastasse, recentemente, foi sancionada a Lei n. 14.188/2021, que trouxe a qualificadora

do § 13º, no artigo 129, trazendo mais rigidez aos delitos praticados no contexto de violência doméstica

contra a mulher.

Vale ressaltar que a qualificadora do § 13º, trata-se de nova qualificadora da lesão

corporal de natureza leve, mirando como vítima somente a mulher ferida no ambiente doméstico e

familiar, ou ainda por preconceito, menosprezo ou discriminação quanto ao sexo (CUNHA, Rogério

S a n c h e s :

https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2021/11/24/lei-14-24521-lei-mariana-ferrer-consideracoes-iniciais

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O caso em tela, amolda-se ao delito de lesão corporal leve, conforme depreende-se do

relatório médico de ID 9613334075, p. 18, corroborado pela, que comprova a lesão sofrida pela vítima,

ora ex – companheira do réu.

Dessa forma, vê-se que, do conjunto probatório, efetivamente restou comprovado que a

conduta do denunciado se subsome ao tipo penal sob comento.

Desta feita, diante das considerações acima expostas, faz-se necessário, no caso em

apreço, a condenação do réu como incurso nas sanções do artigo 129, § 13º, do Código Penal.

II.II.II – Do crime previsto no art. 129, §13, do CP, supostamente cometido em

07/08/2022

A materialidade delitiva exsurge cristalina por meio do boletim de ocorrência de ID

9613334074, pág. 05/10, relatório médico de ID 9613334075, pág. 18 e depoimento da vítima e

testemunhas em sede policial e judicial.

No que concerne à autoria, ao ser ouvido em juízo o acusado negou os fatos e

acrescentou:

“(…) que já tinha medida protetiva; que a vítima disse ao depoente que tinha

tirado as medidas protetivas; que para o depoente estava normal novamente; que

andava com a vítima para cima e para baixo; que estava com Danilo e a vítima em

um bar chamado Guina; que foi levar a vítima para o trabalho e foram comprar

cigarros; que passando perto do posto gentil a vítima passou a arrumar um

escândalo; que a vítima o mordeu e quando ele foi tentar tirar a mão para se

defender, acertou o olho esquerdo dela; que a vítima puxou o freio de mão e saiu

do carro; que o depoente saiu e não a viu mais”.

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Em sede policial, a vítima relatou o seguinte (ID 9613334078):

“(…) que no dia 07/08/2022, por volta de 20h00min, estava em seu

estabelecimento comercial na Rua Agostinho Anizio, 408, Vila Nova, Mantena;

que Leandro chegou no estabelecimento querendo conversar e a chamou para

entrar em seu carro, uma Saveiro Cross branca; que Leandro começou a surtar e

acusou quem passava na rua de estar ficando com a declarante; que a partir desse

momento perdeu os sentidos e não se recorda de ser socorrida; que Leandro

começou a acusar de estar com outra pessoa e desferiu um soco em seu rosto; que

só lembra de sair correndo e pedir por socorro; que ficou com o olho esquerdo

com hematomas e o olho direito com um roxo e marcas de unha no pescoço

(…) que nunca iniciou as agressões, que nunca agrediu o réu; que em

nenhum dos fatos houve testemunhas, pois os dois sempre estavam sozinhos;

que apenas no dia do celular, a vítima não permitiu que ele se aproximasse dela,

pois não estavam juntos; que mesmo separados, ainda conversavam pelo celular,

através de mensagens; que atualmente estão separados; que antes de pedir

providências, as agressões eram apenas por xingamentos; que a partir de

abril, começaram a virar ameaças e agressões(…)”

Ao ser ouvida em juízo (ID 9674661787), a vítima confirmou os fatos narrados e

acrescentou:

“(…) que o acusado a chamou para irem comprar cigarros, momento em

que, dentro do carro, o acusado a agrediu; que o acusado, em outra data, entrou

no comércio da depoente e quebrou o aparelho celular; que pediu medida protetiva

em abril, mas que em maio começaram a se entender; que ficaram bem até o mês

de julho, por volta de 3 meses; que depois disso, aconteceram os fatos do celular;

que em momento algum pediu desistência das medidas, mas a quebrou, pois se

relacionaram (…)”

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A testemunha Simone Matos Szablack relatou em juízo que a vítima apresentava

hematoma no olho, que levou a vítima para o hospital, bem ainda fotografou as lesões da vítima.

Soma-se a isso o depoimento da testemunha Alexandre Balmant, policial militar ouvido

em juízo que confirmou o reds e acrescentou:

“(…) que a vítima foi inserida no protocolo de acompanhamento, tendo em

vista a gravidade dos relatos apresentados; que em determinados momentos, a

vítima disse aos policias que havia voltado ao relacionamento como acusado; que

a vítima disse também que quando voltavam ela acabava sendo ameaçada ou

agredida; que não se recorda a data na qual a vítima foi inserida no protocolo de

acompanhamento, mas que, provavelmente, foi nos 4 primeiros meses do ano

(…)”.

Não obstante a versão apresentada pelo réu de que apenas tentou se defender, vê-se que a

prova é firme e segura quanto a autoria do delito, notadamente diante do depoimento da vítima que tem

especial relevância nos delitos de violência doméstica, não havendo dúvidas que o acusado é o autor do

crime de lesão corporal em âmbito doméstico, devendo responder pelo praticado.

Consigne-se que o relatório médico de ID 9613334077, pág. 14, confirma as lesões


sofridas, constando que a vítima “apresenta escoriações em região cervical à direita, hematoma periorbital

direito e hemorragia conjuntival à esquerda, sem demais sinais de lesões externas no momento da

avaliação”, de modo que a condenação é a medida que se impõe.

Em relação a qualificadora do §13º, o caso em tela amolda-se ao delito de lesão corporal

leve, conforme depreende-se do relatório médico de ID 9613334077, pág. 14, corroborado pela, que

comprova a lesão sofrida pela vítima, ora ex companheira do réu.

Dessa forma, vê-se que, do conjunto probatório, efetivamente restou comprovado que a

conduta do denunciado se subsome ao tipo penal sob comento.

Desta feita, diante das considerações acima expostas, faz-se necessário, no caso em

apreço, a condenação do réu como incurso nas sanções do artigo 129, § 13º, do Código Penal.

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Inexistem causas de exclusão da ilicitude.

Não há atenuantes. Incide no caso a agravante do artigo 61, inc. I, do Código Penal, vez

que o réu é reincidente em crime doloso (vide CAC de ID 9615192460). Deixo de aplicar a agravante do

artigo 61, inc. II, alínea “f”, do Código Penal, a fim de evitar bis in idem, vez que o próprio tipo penal

prevê que o crime é específico para os casos de violência doméstica e familiar.

Não há causas de diminuição ou aumento de pena.

II.III – DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 21 DA LEI DE CONTRAVENÇÕES

PENAIS

A materialidade restou evidenciada pelo boletim de ocorrência de ID 9613334078, págs.

09/10, e pela prova oral produzida nos autos.

No que concerne à autoria, ao ser interrogado em juízo, o acusado negou os fatos e

relatou:

“(…) que estava no bar da vítima e, ao sair, seu carro não funcionava; que

por isso, deixou o carro perto da casa dela; que a vítima levou o depoente em casa

pois o seu carro estava ‘‘fervendo’’, conforme se expressa; que pararam em frente

a casa do réu, conversaram, e a vítima o deixou em casa e foi embora, não

acontecendo agressões (…)”.

Contudo, a negativa do acusado está em descompasso com os demais elementos colhidos

em juízo.

Ao ser ouvida em juízo, a vítima confirmou as agressões sofridas e acrescentou:

“(…) ela estava de carro, chegando em casa e o réu entrou no carro e pediu

para que fossem até a casa dele; que naquele momento estava tudo bem; que ao

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chegarem, o réu começou a pedir algo que a depoente não tinha e que era dele;

que nesse dia foi agredida com dois socos e levou um ‘’pisão’’ no rosto após a

acusado a derrubar no chão (…)”

Soma-se a isso o depoimento da testemunha Hudson Rodrigues de Brito Paiva Correia,

policial militar ouvido em juízo emID 9674661787, que confirmou o histórico de ocorrência acerca dos

fatos (ID 9613334078, p. 09/10) e acrescentou:

“que registrou os relatos da vítima; que viu a vítima machucada; que a

vítima já tinha feito inúmeras ocorrências contra o réu; que em nenhuma das

ocorrências o autor do delito foi localizado; que a vítima afirmou que os filhos

viram as agressões sofridas; que a vítima não indicou testemunhas a ele; que nas

duas ocorrências que atendeu, ele estava no posto policial, não foi ao local dos

fatos; que só presenciou o rosto da vítima machucado, quando ela foi até a

delegacia”.

O depoimento da vítima e testemunhas são seguros e coesos no sentido de que o réu

agrediu a vítima, então companheira, de modo que não há motivos para desconsiderá-los. Assim, é certo

que, no dia dos fatos, o réu agrediu a vítima com socos no rosto.

Cumpre ressaltar que a doutrina define vias de fato como a contravenção penal referente

à pessoa, consistente em molestar fisicamente alguém, sem provocar ofensa à sua integridade física ou à

saúde. Necessário consignar que para se comprovar a materialidade em relação à contravenção de vias de

fato, o exame de corpo de delito é prescindível, vez que essa, em regra, não deixa vestígios.

Conforme disposto no artigo 158 do Código de Processo Penal, o exame pericial somente

é indispensável para as infrações que deixam vestígios materiais. No caso da contravenção de vias de fato,

a conduta praticada pelo agente não causou lesões à vítima, razão pela qual a materialidade pode ser

atestada por outros meios de prova. Nessa esteira de entendimento, observe-se o seguinte julgado do

egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

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VIAS DE FATO - ART. 21 DA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS -

MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS - SUFICIÊNCIA

PROBATÓRIA - PALAVRA DA VÍTIMA, QUE ENCONTRA CONFORTO

NOS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO DOS AUTOS, EM

CONTRAPOSIÇÃO À SOLTEIRA NEGATIVA DO RÉU - ABSOLVIÇÃO

EM PRIMEIRA INSTÂNCIA - RECURSO MINISTERIAL – REFORMA DA

SENTENÇA - NECESSIDADE. A contravenção penal de vias de fato prevista no

art. 21 do Decreto-Lei 3.688/41, pela sua natureza, não chega a ofender a

integridade física da pessoa, sendo dispensável perícia, ante a ausência de lesões

corporais, constituindo a palavra da ofendida importante elemento de prova,

mormente na espécie, que trata de contravenção praticada em contexto de

violência doméstica, sem a presença de testemunhas presenciais. Recurso provido.

(Apelação Criminal nº 1.0637.08.057541-7/001; Relator Desembargador Judimar

Biber; Julgado em 29/09/2009 e Publicado em 03/12/2009) (grifei)

Ademais, cumpre ressaltar que a palavra da vítima, nos crimes que envolvem violência

doméstica, na maioria das vezes ocorridos no interior do lar, longe dos olhos de testemunhas, possui

especial relevância, notadamente quando corroborado por outras provas produzidas nos autos, sendo este
o entendimento da jurisprudência:

VIAS DE FATO - ART. 21 DA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS -

MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS - SUFICIÊNCIA

PROBATÓRIA - PALAVRA DA VÍTIMA, QUE ENCONTRA CONFORTO

NOS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO DOS AUTOS, EM

CONTRAPOSIÇÃO À SOLTEIRA NEGATIVA DO RÉU - ABSOLVIÇÃO

EM PRIMEIRA INSTÂNCIA - RECURSO MINISTERIAL - REFORMA DA

SENTENÇA - NECESSIDADE. A contravenção penal de vias de fato prevista no

art. 21 do Decreto-Lei 3.688/41, pela sua natureza, não chega a ofender a

integridade física da pessoa, sendo dispensável perícia, ante a ausência de lesões

corporais, constituindo a palavra da ofendida importante elemento de prova,

mormente na espécie, que trata de contravenção praticada em contexto de

Número do documento: 23013018264948800009676145626


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violência doméstica, sem a presença de testemunhas presenciais. Recurso provido.

(Apelação Criminal nº 1.0637.08.057541-7/001; Relator Desembargador Judimar

Biber; Julgado em 29/09/2009 e Publicado em 03/12/2009) (grifei)

Assim, extrai-se claramente das provas dos autos que o acusado praticou a contravenção

de vias de fato contra a vítima, conforme consta do farto conjunto probatório.

Destarte, comprovados nos autos a materialidade e a autoria do delito, não havendo causa

excludente de antijuridicidade e culpabilidade, ou qualquer causa extintiva de punibilidade, a condenação

do acusado pela prática do delito tipificado no artigo 21 da LCP é medida que se impõe.

Inexistem causas de exclusão da ilicitude.

O réu é imputável, tinha plena consciência do ilícito perpetrado, não existindo causas de

exclusão da culpabilidade.

Não há atenuantes. Incide no caso as agravantes do artigo 61, inc. I, do Código Penal,

vez que o réu é reincidente em crime doloso (vide CAC de ID 9615192460) e inc. II, alínea “f”, do

Código Penal, haja vista ter sido cometido no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Não há causas de diminuição ou aumento de pena.

II.IV – DOS CRIMES PREVISTOS NO ARTIGO 147, DO CÓDIGO PENAL

O réu foi denunciado pelo suposto cometimento do crime acima descrito, nos dias

28/04/2022, 16/08/2022 e 19/08/2022.

Para melhor compreensão desta sentença, procedo a análise probatória em tópicos

distintos, de acordo com a data da respectiva ocorrência.

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II.IV.I – Do crime previsto no art. 147 do CP, supostamente cometido em

28/04/2022, às 07h.

A materialidade restou evidenciada pelo boletim de ocorrência de ID nº 9613334074,

págs. 05/10, termo de representação de ID 9613334075, pág. 11 e pela prova oral produzida nos autos.

No que concerne à autoria, ao ser ouvido em juízo o acusado negou a ameaça proferida

contra a vítima e acrescentou:

“(…) que nesse dia a vítima mandou mensagem e pediu ajuda financeira ao

acusado; que foi levar cheques para ajudar a vítima; que os cheques ainda não

chegavam no valor que a vítima precisava, assim, ele foi embora; que não tentou

arrebentar porta, nem nada; que não ameaçou a vítima enquanto ela prestava

depoimento na delegacia (…)”

Todavia, tal negativa não deve prosperar, pois isolada nos autos.

Ao ser ouvida em sede policial em ID nº 9613334075, página 09, a vítima relatou que no

dia dos fatos, dia 28/04/2022, às 07h, o acusado foi até a residência da vítima na tentativa de invadir o

imóvel, não logrando êxito e começou a proferir ameaças dizendo: “vou arrancar sua cabeça, vou

arrumar alguém para fazer serviço”, conforme se expressa".

Ao ser ouvida em juízo, a vítima relatou que foi até a delegacia e relatou tudo o que

estava acontecendo, bem anda acrescentou o réu sempre a ameaçava de morte. Acrescentou, ainda, que a

partir de abril, começaram a virar ameaças e agressões; que no início achava que as ameaças eram da boca

pra fora, mas que depois das fotos das armas, passou a ter medo que ele pudesse fazer algo.

A testemunha Simone Matos O. Szablack, policial civil ouvida sob o crivo do

contraditório e da ampla defesa, confirmou o histórico da ocorrência e acrescentou que teve conhecimento

de algumas ocorrências de fatos entre o casal (ID nº 9674661787).

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No mesmo sentido, o policial militar Hudson Rodrigues de Brito, em juízo (ID

9674661787), confirmou o histórico de ocorrência e relatou que se recorda dos atendimentos prestados à

vítima, bem ainda acrescentou que registrou exatamente o que a vítima disse.

Com efeito, consta no histórico de ocorrência de ID 9613334074, pág. 09 que “na data

de hoje, por volta das 07:00 horas, o autor foi até a sua residência e tentou adentrá-la, contudo, como

não conseguiu entrar no imóvel, o autor começou a ameaçar de morte a vítima, dizendo que arrancaria a

cabeça e que arrumaria alguém para fazer o serviço”.

Pelo que se vê, os relatos supratranscritos estão em sintonia com as demais provas dos

autos, tais como boletim de ocorrência e termo de representação.

Dessa forma, as declarações colhidas em sede judicial mostraram-se coerentes e

consistentes, razão pela qual entendo serem suficientes para amparar o decreto condenatório, ficando

afastada a alegação da defesa de inexistência de provas.

Cumpre ressaltar que a conduta do crime de ameaça significa intimidar alguém,

anunciando-lhe um mal futuro, ainda que próximo. O verbo isoladamente já nos fornece uma clara noção

do crime, embora haja o complemento, que se torna particularmente importante, visto não ser qualquer

tipo de ameaça relevante para o direito penal, mas apenas a que lida com um “ mal injusto e grave”.

(NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal comentado – 10. ed. rev., atual e ampl. - São Paulo: Editora

Revista dos Tribunais, 2010).

No que pertine ao mal injusto e grave, o citado autor, com maestria, prescreve que é

preciso ser algo nocivo à vítima, além de se constituir em prejuízo grave, sério, verossímil e injusto

(ilícito ou meramente iníquo, imoral). É indispensável que o ofendido efetivamente se sinta ameaçado,

acreditando que algo de mal lhe pode acontecer.

Ocorre que o temor da vítima, frente a ameaça injusta do agente, pode ser constatado

pelos depoimentos prestados no feito e outros elementos colhidos durante a instrução criminal. Note-se

que, em razão da ameaça proferida e da situação envolvendo os fatos, a vítima desejou realizar

representação criminal e pugnou por medidas protetivas da Lei 11.340.

Assim, vê-se que, do conjunto probatório, efetivamente restou comprovado que a

conduta do réu se subsome ao tipo penal sob comento (artigo 147, do Código Penal).

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II.IV.II – Do crime previsto no art. 147 do CP, supostamente cometido em

28/04/2022, às 09h30min

A materialidade restou evidenciada pelo inquérito policial, boletim de ocorrência ID

9613334074, termo de representação de ID 9613334075, p. 11 e pela prova oral produzida nos autos.

Em relação a autoria, ao ser ouvido em juízo o acusado negou a ameaça proferida contra

a vítima enquanto ela prestava depoimento na delegacia.

A vítima, em sede extrajudicial relatou (ID 9613334075, p. 09/10):

“que durante a oitiva, relata que seu telefone não parou de tocar, em razão de

ligações do autor e de mensagens contendo ameaças, inclusive, enviou uma foto

em frente a delegacia e diversos áudios com tons de ameaça, dizendo: ‘’

Vagabunda, você está com outro, vou gastar todo o meu dinheiro com você, essa

conversa é a última que vou ter com você, o meu negócio agora é você, se eu for

preso vai vim outro por mim, estou na porta da delegacia te esperando’’ ,

conforme se expressa (…).

Em juízo (ID 9674661787), a vítima confirmou a ameaça sofrida e acrescentou:

“que foi até a delegacia e relatou tudo o que estava acontecendo; que enquanto

estava na delegacia, ela recebeu uma mensagem do acusado dizendo que onde ela

fosse, ele estaria lá; que nesse dia pediu medida protetiva (…) que

encaminhou os prints das conversas, com as ameaças, para a delegacia (…)

que a partir de abril, começaram a virar ameaças e agressões; que no início achava

que as ameaças eram da boca pra fora, mas que depois das fotos das armas, passou

a ter medo que ele pudesse fazer algo (…)”.

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Assim, embora o réu ao ser interrogado tenha negado a autoria do delito, trata-se de

afirmação destoante das demais provas produzidas nos autos, razão que não merece credibilidade.

Deve, portanto, prevalecer a palavra da vítima sobre a negativa do réu, notadamente

diante da importância do depoimento da vítima nos casos de violência doméstica. Neste sentido, a

jurisprudência:

EMENTA: PENAL – AMEAÇA E VIAS DE FATO – AUTORIA E

MATERIALIDADE COMPROVADAS – PALAVRA DA VÍTIMA – ESPECIAL

VALOR PROBANTE -ABSOLVIÇÃO – IMPOSSIBILIDADE –

CONDENAÇÃO MANTIDA – SUBSTITUIÇÃO DA PENA NOS TERMOS DO


ARTIGO 44 DO CÓDIGO PENAL – INADMISSÍVEL – DELITO PRATICADO

COM EMPREGO DE VIOLÊNCIA – RECURSO DESPROVIDO. - Estando a

autoria e materialidade comprovadas pela palavra da vítima que nestes casos

possui especial valor probante, a manutenção da condenação é medida que se

impõe. - Inadmissível a substituição da pena aplicada por restritivas de direitos

nos termos do artigo 44 do Código Penal, posto que, o delito em análise foi

praticado com emprego de violência. (TJMG, APELAÇÃO CRIMINAL N°

1.0433.08.256436-3/001, Des. Pedro Vergara, j. 24/11/2009, p. 13/01/2010).

(grifei)

APELAÇÃO CRIMINAL – DELITO DE LESÃO CORPORAL – VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA – AUTORIA E MATERIALIDADE – COMPROVAÇÃO –

PALAVRA DA VÍTIMA – IMPORTÂNCIA – LEGÍTIMA DEFESA –

INOCORRÊNCIA – CONDENAÇÃO MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E

IMPROVIDO. 1 – Nos delitos que envolvem violência doméstica, praticados, na

maioria das vezes, sem a presença de testemunhas, a palavra da vítima é de suma

importância para a elucidação dos fatos, mormente quando a mesma é coerente e

encontra amparo no exame de corpo de delito. 2 – A excludente da legítima defesa

somente pode ser reconhecida quando o agente se utiliza moderadamente dos

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meios necessários para repelir injusta agressão, o que não ocorreu no presente

caso. (Apelação Criminal nº 1.0024.07.386955-4, 5ª Câmara – Rel. Adilson

Lamounier, julgamento 25 de Novembro de 2008). (grifei)

Também neste sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é pacífica no sentido de se

admitir a palavra da vítima como fundamento suficiente a ensejar a condenação,

especialmente em crimes praticados às escondidas. Precedentes (STJ – T6 –

Ag.Reg. 660408/MG – Rel. Min. Hamilton Carvalhido – j. 29 de Novembro de

2005). (grifei)

No caso em tela, o temor da vítima frente a ameaça injusta do agente pode ser constatado

pelos depoimentos prestados no feito e outros elementos colhidos durante a instrução criminal. Note-se

que, em razão das ameaças proferidas no dia dos fatos, a vítima sentiu-se temerosa e desejou realizar a

representação criminal e requerer medidas protetivas, existindo ainda histórico de pretéritas ameaças

cumuladas com agressões.

Assim, vê-se que, do conjunto probatório, efetivamente restou comprovado que a

conduta do réu se subsome ao tipo penal sob comento (artigo 147, do Código Penal), sendo a condenação

a medida que se impõe.

Não existem atenuantes a serem aplicada, na espécie. Todavia, incide no caso as

agravantes previstas do artigo 61, inc. I, do Código Penal, vez que o réu é reincidente em crime doloso

(vide CAC de ID 9615192460) e inc. II, alínea “f”, do Código Penal, haja vista ter sido cometido no

âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Não há causas de diminuição ou aumento de pena.

II.IV.III – Do crime previsto no art. 147 do CP, supostamente cometido em

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07/08/2022

De acordo com a denúncia, no dia 07/08/2022, o réu teria ameaçado a vítima com os

dizeres: “chama a polícia, que eu sei onde sua família mora”.

Todavia, tenho que não restou comprovado que o réu ameaçou a vítima no caso

supramencionado, de modo a caracterizar o delito previsto do artigo 147 do CP.

Com efeito, ao ser ouvida em juízo, a vítima nada disse acerca das supostas ameaças

perpetradas pelo réu no dia em comento.

Da mesma forma, as testemunhas ouvidas em juízo também não relataram nada acerca

do delito em análise. Além disso, o réu negou os fatos em juízo.

Com efeito, analisando as provas produzidas nos autos, não é possível concluir com juízo

de certeza que o acusado praticou o crime de roubo objeto dos autos, vez que são frágeis as provas

presentes nos autos, não podendo assim imputar o réu a conduta delituosa narrada na peça vestibular,

posto que para que haja condenação e preciso que esteja presente de forma cristalina, a comprovação da

materialidade delitiva e da autoria.

Portanto, tenho que, diante dos elementos colhidos, não há juízo de certeza acerca da

autoria do delito. Necessário consignar, outrossim, que a prova exclusivamente produzida na fase de

inquérito não é suficiente para a condenação, nos exatos termos do artigo 155 do CPP. Veja-se:

Artigo 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida

em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente

nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas

cautelares, não repetíveis e antecipadas.

Esclareço que o dispositivo possui especial relevância, sendo interpretado a contrário

sensu deixa entrever que é possível que o juízo forme sua convicção exclusivamente com base em 3 (três)

espécies de provas, ainda que produzidas na fase investigatória, portanto, os demais elementos

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informativos colhidos na fase de investigação usados para fundamentar determinada decisão deverão ser

corroborados em contraditório judicial.

Portanto, para a condenação, é imprescindível prova cabal da autoria. É necessário que se

demonstre de forma conclusiva que a pessoa acusada foi o autor dos delitos imputados na denúncia.

Enquanto para o recebimento da denúncia se contenta com o juízo de probabilidade, para a condenação é

indispensável o juízo de certeza, já que o Direito Penal lida com a liberdade do cidadão, que é

presumidamente não culpado, nos termos do artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal de 1988, que

prescreve que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal

condenatória”.

Dessa forma, se a prova colhida não traz uma certeza para a condenação, é imperioso que

se prevaleça o princípio in dubio pro reo.

Assim, a medida é a absolvição do acusado diante da fragilidade das provas amealhadas.

II.IV.IV – Dos crimes previstos nos arts. 147 do CP, supostamente cometido em

16/08/2022, às 22h30min e em 19/08/2022, às 11h30min

Inicialmente, cumpre esclarecer que o parágrafo único do art. 147 do Código Penal

dispõe que, para o processamento do presente delito exige-se representação da vítima.

In casu, analisando detidamente os autos, embora configurada a conduta de ameaça pelas

provas produzidas nos autos, verifico que não houve representação por parte da vítima em relação ao

delito em comento.

Neste ponto, assinalo que apenas consta nos autos o boletim de ocorrência de ID

9613334078, p. 09, em que os militares relataram que a vítima foi escoltada até sua residência, e foi

orientada a procurar a delegacia na primeira oportunidade, contudo, que a vítima possuía a intenção de

representar contra o réu acerca destes fatos.

Contudo, não nos autos representação da vítima quanto aos delitos de ameaça

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supostamente praticados nos dias 16/08/2022, às 22h30min e em 19/08/2022.

Portanto, considerando que o presente delito possui natureza de ação penal pública

condicionada a representação e não sendo possível extrair dos autos representação por parte da vítima ou

a sua intenção em representar contra o réu em relação ao crime de ameaça, é medida de rigor o

reconhecimento da nulidade parcial da decisão que recebeu a denúncia (ID 9617277910), no tocante ao

crime do artigo 147, caput, do Código Penal.

A propósito, é nesse sentido o entendimento jurisprudencial, in verbis:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - AMEAÇAS E DANO QUALIFICADO -

PRELIMINAR - RECONHECIMENTO DE NULIDADE PROCESSUAL

PARCIAL DE OFÍCIO - AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO DE UMA DAS

VÍTIMAS EM RELAÇÃO AO CRIME DO ARTIGO 147 DO CÓDIGO PENAL

- CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE DA AÇÃO PENAL -

ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO - EXTINÇÃO DA

PUNIBILIDADE - NECESSIDADE - PRAZO DECADENCIAL EXAURIDO -

MÉRITO - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA E

MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS - DOLO EXIGIDO

PELO TIPO PENAL DO ARTIGO 163, PARÁGRAFO ÚNICO, I, DO CÓDIGO

PENAL SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADO - INOCORRÊNCIA DE

LEGÍTIMA DEFESA QUANTO AOS CRIMES DE AMEAÇA - REDUÇÃO DA

PENA - PLEITO PREJUDICADO - QUANTUM JÁ FIXADO NO MÍNIMO

LEGAL. Ausente representação por parte de uma das vítimas, deve ser

declarado nulo o processo no tocante ao crime de ameaça contra ela

supostamente praticado, desde o recebimento da denúncia, por ausência de

condição de procedibilidade da ação penal e por ilegitimidade do Ministério

Público. Consequentemente, diante do exaurimento do prazo decadencial para

oferecimento de representação por um dos ofendidos, é de rigor a declaração da

extinção da punibilidade da autora no tocante ao respectivo fato. Devidamente

comprovadas a materialidade, a autoria e o elemento subjetivo exigido pelos tipos

penais, ausentes, ainda, causas excludentes de tipicidade, ilicitude ou

culpabilidade, a manutenção da condenação é medida que se impõe. Para a

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configuração da legítima defesa, é necessária a existência de injusta agressão,

atual ou iminente, repelida pelo uso moderado dos meios necessários, não

bastando, portanto, a mera alegação da apelante, especialmente quando em

desarmonia com as outras provas produzidas. Tendo em vista que a pena já foi

fixada no mínimo legal, resta prejudicado o pleito defensivo de redução.

(TJMG - Apelação Criminal 1.0708.18.003074-2/001, Relator(a): Des.(a)

Henrique Abi-Ackel Torres , 8ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em

24/06/2021, publicação da súmula em 29/06/2021)

Assim, devendo a denúncia ser rejeitada parcialmente neste ponto, nos termos do artigo

395, inciso II, do Código de Processo Penal.

II.V– DOS CRIMES CONTIDOS NO ARTIGO 24-A, DA LEI 11.340/06

O réu foi denunciado pelo suposto cometimento do crime acima descrito, nos dias

07/08/2022, 16/08/2022 e 19/08/2022.

Procedo a análise probatória em tópicos distintos, de acordo com a data da respectiva

ocorrência.

II.V.I – Do crime previsto no art. 24-A da Lei 11.340/2006, supostamente cometido

em 07/08/2022

A materialidaderestou evidenciada pela apresentação do incluso inquérito policial,

boletim de ocorrência de ID 9613334077, p. 04/07, pela decisão de ID 9613334082, a qual concedeu

medidas protetivas à vítima, certidão de intimação do acusado acerca das medidas protetivas em seu

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desfavor, ID 9613334083e depoimentos colhidos em audiência da vítima e testemunhas.

No que concerne à autoria, ao ser interrogado em juízo, o acusado confirmou a

existência das medidas protetivas, contudo, alegou que a vítima tinha retirado as medidas mencionadas, in

verbis:

“que já tinha medida protetiva; que a vítimadisse ao depoenteque tinha tirado as

medidas; que para ele estava normal novamente; que andava com a vítimapara

cima e para baixo; que estava com Danilo e a vítima num bar chamado Guina; que

foi levar a vítimapara o trabalho e foram comprar cigarros (…)”

Contudo, a versão só acusado está em descompasso com os demaiselementos

probatórios, especialmente o depoimento da vítima e das testemunhas ouvidas em juízo, vejamos.

Ao ser ouvida em juízo (ID nº 9674661787), avítima afirmou que em nenhum momento

pediu a desistência das medidas protetivas outrora fixadas e acrescentou:

“que pediu a medida protetiva em abril, mas que em maio a vítima e o acusado

começaram a se entender; que ficaram bem até o mês de julho, por volta de 3

meses; que depois disso, aconteceram os fatos do celular; que em momento

algum, pediu desistência das medidas, mas a quebrou, pois se relacionaram

(…) que o réu foi sempremuito possessivo, muito ciumento;que nos dias 07

e 16 de agosto, o acusado se aproximou da vítimasem a sua permissão”

Como se observa da prova supramencionada, o réu efetivamente descumpriu a medida

protetiva a que estava submetido – não poderá se aproximar da requerente, de seus familiares e das

testemunhas, devendo manter uma distância mínima de 300 (trezentos) metros.

Cumpre ressaltar que, embora o acusado tenha sustentado que a vítima afirmou que havia

retirado as medidas, a vítima foi categórica ao afirmar em juízo que em nenhum momento pediu a

desistência das medidas, embora tenha reconciliado com o acusado durante um curto período após o

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deferimento das medidas, bem ainda que no dia 07 de agosto o acusado se aproximou da vítima sem

permissão desta.

Consigne-se que o descumprimento da medida protetiva com anuência da vítima não

afasta os efeitos da decisão judicial. É nesse sentido o entendimento do Tribunal de Justiça de Minas

Gerais:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - LESÃO CORPORAL PRATICADA NO

ÂMBITO DOMÉSTICO E FAMILIAR (ART. 129, §9º, CP) E

DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA (ART.

24-A, LEI MARIA DA PENHA) - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE -

AUTORIA E MATERIALIDADE SUFICIENTEMENTE COMPROVADAS -

SUBSTITUIÇÃO DA PENA CORPORAL POR RESTRITIVAS DE DIREITO -


D E S C A B I M E N T O .

Restando comprovadas a autoria e materialidade não há que se falar em

absolvição por ausência de provas.

A jurisprudência do c. Superior Tribunal de Justiça "orienta que, em casos de

violência doméstica, a palavra da vítima tem especial relevância, haja vista que

em muitos casos ocorrem em situações de clandestinidade". (HC 615.661/MS,

Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 24/11/2020, DJe

30/11/2020). O art. 24-A da Lei Maria da Penha visa punir o descaso com a

determinação judicial de manter-se afastado da vítima. Nesse sentido,

eventual anuência da vítima ou mesmo reconciliação do casal não possui o

condão de afastar a caracterização do delito.


Na linha do enunciado da Súmula n. 588 do STJ, a "prática de crime ou

contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente

doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva

de direitos". (TJMG- Apelação Criminal 1.0338.20.001931-7/001, Relator(a):

Des.(a) Kárin Emmerich , 9ª Câmara Criminal Especializa, julgamento em

27/07/2022, publicação da súmula em 29/07/2022)

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Neste passo, assinalo que não há falar em ausência de dolo, pois o acusado tinha ciência

das medidas protetivas fixadas em seu desfavor e ainda assim as descumpriu por livre e espontânea

vontade, sendo possível extrair do depoimento do próprio réu, que demonstrou conhecimento das medidas

protetivas em seu desfavor.

Ademais, embora tenha narrado que a vítima lhe disse que havia retirado as medidas, em

momento algum informou que recebeu qualquer decisão judicial acerca de tal retirada, bem como não

trouxe aos autos qualquer prova que corroborasse tal situação.

Isso posto, a condenação pelo crime do art. 24-A da Lei 11.340/06 é medida que se

impõe.

II.V.II – Do crime previsto no art. 24-A da Lei 11.340/2006, supostamente cometido

em 16/08/2022

A materialidade delitiva exsurge cristalina por meio do boletim de ocorrência de ID

9613334078, p.06/11, e depoimento da vítima e testemunhas em sede policial e judicial.

No que concerne à autoria, esta também restou evidenciada pelas provas carreadas nos

autos.

Ao ser interrogado em juízo o acusado relatou:

“que estava no bar da vítima e, ao sair, seu carro não funcionava; que, por isso,

deixou o carro perto da casa da vítima; que a vítima levou o acusado em casa pois

o carro dele estava ‘‘fervendo’’; que a vítima e o acusado pararam em frente a sua

casa, conversaram, ela o deixou em casa e foi embora(…) que no dia 16/08,

não tiveram nenhum relacionamento, foi tudo com consentimento da vítima, ela o

levou em casa; que não agrediu a vítima nesse dia 16/08; que em momento algum,

teve intenção de bater na mulher, apenas se defendeu da mordida que levou; que

se soubesse se as medidas estavam vigentes, não teria se envolvido com ela”

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A vítima, por sua vez, relatou em juízo:

“que estava de carro, chegando em casa e o réu entrou no carro e pediu para que

fossem até a casa dele; que naquele momento estava tudo bem; que ao chegarem,

o réu começou a pedir algo que ela não tinha e que era dele (…) que nesse

dia 16 de agosto, permitiu que o acusado se aproximasse”

Soma-se a isso o depoimento do policial militar Hudson Rodrigues de Brito Paiva

Correia em juízo (ID 9674661787), que confirmou o boletim de ocorrência confeccionado em 18/08/2022

e acrescentou que a viu a vítima machucada.

Não obstante a negativa de autoria por parte do acusado, tenho que tal negativa não deve

prosperar, notadamente diante da prova oral acima discorrida.

Com efeito, o réu efetivamente descumpriu a medida protetiva a que estava submetido –

não poderá se aproximar da requerente, de seus familiares e das testemunhas, devendo manter uma

distância mínima de 300 (trezentos) metros, mesmo ciente das medidas deferidas.

Conforme discorrido no tópico anterior, não há falar em ausência de dolo, pois o acusado

tinha ciência das medidas protetivas fixadas em seu desfavor e ainda assim as descumpriu por livre e

espontânea vontade. Ademais, embora tenha narrado que a vítima lhe disse que havia retirado as medidas,

em momento algum informou que recebeu qualquer decisão judicial acerca de tal retirada, bem como não

trouxe aos autos qualquer prova que corroborasse tal situação.

Cumpre ressaltar que, embora o acusado tenha sustentado que tudo ocorreu com o

consentimento da vítima, esta por sua vez foi categórica ao afirmar em juízo que em nenhum momento

pediu a desistência das medidas, embora tenha reconciliado com o acusado durante um curto período após

o deferimento das medidas, bem ainda que no dia 16 de agosto o acusado se aproximou da vítima sem

permissão desta.

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Assim, forte nos fundamentos mencionados, a condenação pelo crime do art. 24-A da Lei

11.340/06 é medida que se impõe.

II.V.III – Do crime previsto no art. 24-A da Lei 11.340/2006, supostamente cometido

em 19/08/2022

A materialidade delitiva exsurge cristalina por meio do boletim de ocorrência de ID

9613334078, p. 12/15, e depoimento da vítima e testemunhas em sede policial e judicial.

No que concerne à autoria, ao ser interrogado em juízo o acusado negou a ciência da

medida protetiva, relatando que a vítima teria “cancelado” a medida e acrescentou:

“que desconhece esse fato; que não sabia sobre a medida protetiva, pois a vítima

disse que havia cancelado; que já está em união estável com outra pessoa; que o

dia que foi preso, a vítima havia o pedido para que pagasse uma conta de internet;

que com relação ao depoimento na delegacia, os policias afirmaram que o

depoente havia mandando mensagem para a vítima e que ele mesmo não havia
dito nada; que nega o depoimento prestado para a polícia civil”

A vítima, ao ser ouvida em juízo em ID 9674661787 confirmou o descumprimento da

medida, relatou que não havia formulado pedido de revogação das medidas e acrescentou:

“(…) que nesse dia já estavam afastados; que não havia pedido revogação

das medidas protetivas; que encaminhou os prints das conversas, com as

ameaças, para a delegacia; que nunca iniciou as agressões, que nunca agrediu o

réu; que em nenhum dos fatos houve testemunhas, pois os dois sempre estavam

sozinhos; que apenas no dia do celular, a vítima não permitiu que ele se

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aproximasse dela, pois não estavam juntos; que mesmo separados, ainda

conversavam pelo celular, através de mensagens; que atualmente estão separados;

que antes de pedir providências, as agressões eram apenas por xingamentos; que a

partir de abril, começaram a virar ameaças e agressões; que no início achava que

as ameaças eram da boca pra fora, mas que depois das fotos das armas, passou a

ter medo que ele pudesse fazer algo; que a última vez que se falaram, foi dia 25 de

agosto (…)”

Não obstante a negativa de autoria por parte do acusado, tenho que, pelo que se colhe da

prova oral acima discorrida, tal negativa não deve prosperar, pois isolada nos autos.

Como se observa da prova colhida, o réu efetivamente descumpriu a medida protetiva a

que estava submetido – não poderá se aproximar da requerente, de seus familiares e das testemunhas,

devendo manter uma distância mínima de 300 (trezentos) metros.

Conforme transcrito anteriormente, não há falar em ausência de dolo, pois o acusado

tinha ciência das medidas protetivas fixadas em seu desfavor e ainda assim as descumpriu por livre e

espontânea vontade.

Ademais, embora tenha narrado que a vítima lhe disse que havia retirado as medidas, em

momento algum informou que recebeu qualquer decisão judicial acerca de tal retirada, bem como não

trouxe aos autos qualquer prova que corroborasse tal situação.

Isso posto, a condenação pelo crime do art. 24-A da Lei 11.340/06 é medida que se

impõe.

Inexistem causas de exclusão da ilicitude.

O réu é imputável, tinham plena consciência do ilícito perpetrado, não existindo causas

de exclusão da culpabilidade.

Não há atenuantes. Incide no caso a agravante do artigo 61, inc. I, do Código Penal, vez

que o réu é reincidente em crime doloso (vide CAC de ID 9615192460). Deixo de aplicar a agravante do

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artigo 61, inc. II, alínea “f”, do Código Penal, a fim de evitar bis in idem, vez que o próprio tipo penal

prevê que o crime é específico para os casos de violência doméstica e familiar.

Não há causas de diminuição ou aumento de pena.

Inexistem causas de aumento de pena.

II.VI – DO CONCURSO DE CRIMES

Verifica-se o concurso material de crime quando o agente, mediante mais de uma ação

ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, devendo ser entendida a expressão crime lato

sensu (art. 69 do Código Penal).

Lado outro, na hipótese de o agente, mediante uma só ação ou omissão, praticar dois ou

mais crimes, idênticos ou não, será o caso de concurso formal (artigo 70 do Código Penal). Todavia,

haverá continuidade delitiva (artigo 71 do Código Penal), quando o agente, mediante mais de uma ação

ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de

execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.

In casu, forçoso reconhecer o concurso material entre os delitos de lesões corporais,

ameaças, descumprimento de medidas protetivas e vias de fato contra a vítima Karla Caroline Eduardo

Fiuza, porquanto o agente, mediante mais de uma ação, praticou dois ou mais crimes/delitos de natureza

distintas (artigo 69 do Código Penal).

Assim, diante da análise das provas coligidas forçoso concluir pela condenação do réu

como incurso nas sanções dos delitos previstos no artigo 24-A, da Lei 11.340/2006, artigo 21, do

Decreto-Lei 3.688/41, artigo 129, § 13º e 147 ambos do Código Penal, na forma do artigo 69 do referido

instituto, e por tal deverá ser punido criminalmente.

III – DISPOSITIVO

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Em face do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão punitiva

estatal formulada na denúncia em relação ao réu LEANDRO DUTRA OLIVEIRA, para:

a) ABSOLVER o réu no crime previsto no artigo 147, caput, do Código Penal,

supostamente ocorrido em 07/08/2022, nos termos do artigo 386, inc. VI, do Código de Processo Penal;

b) RECONHECER a nulidade parcial da decisão que recebeu a denúncia (ID

9617277910), no tocante ao crime do artigo 147, caput, do Código Penal, narrado como sendo quarto e

quinto fatos da denúncia, ocorridos em 16/08/2022 e 19/08/2022, devendo a denúncia ser rejeitada neste

ponto, nos termos do artigo 395, inciso II, do Código de Processo Penal;

c) SUBMETER o réu às disposições do artigo 129, § 13, do Código Penal, c/c artigo 61,

inciso I, do Código Penal, por duas vezes (23/04/2022 e 07/08/2022);

d) SUBMETER o réu às disposições do artigo 21 da Lei de Contravenções Penais, c/c

art. 61, incisos I e II, “f”, do Código Penal;

e) SUBMETER o réu às disposições do art. 147, c/c art. 61, incisos I e II, “f”, ambos do

Código Penal, por duas vezes (28/04/2022, às 07h:00 e 09h:30);

f) SUBMETER o réu às sanções do artigo 24-A da Lei 11.340/2006, c/c art. 61, inciso I,

do Código Penal, por três vezes (07/08/2022, 16/08/2022 e 19/08/2022).

Passo, pois, a dosar as reprimendas do acusado conforme o necessário e suficiente para

alcançar a tríplice função da pena, qual seja, promover a reprovação da conduta do agente, prevenção

geral e especial do crime, atento ao critério trifásico estabelecido pelo art. 68 do Código Penal.

III.I – DOS DOIS CRIMES DO ARTIGO 129, §13 DO CÓDIGO PENAL

COMETIDOS PELO RÉU

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Anoto que, a fim de evitar repetições desnecessárias, considerando a semelhança das

condutas sob análise, a dosimetria a seguir realizada será a mesma para cada crime praticado pelo réu.

A culpabilidade do acusado, consistente na reprovabilidade de sua conduta, não

ultrapassou aquela inerente ao tipo penal;

Em relação aos antecedentes, tal circunstância deve ser considerada favorável ao réu, vez

que a condenação anterior com trânsito em julgado será utilizada na segunda fase da dosimetria da pena

como agravante de reincidência.

Para a conduta social, deve ser analisado o conjunto do comportamento do agente em seu

meio social, na família, na sociedade e nos demais papéis exercidos. Como não há informação de

desajuste social, tal circunstância deve ser reputada favorável ao acusado;

A personalidade do agente é delineada pela síntese das qualidades morais e sociais do

indivíduo. Deve se analisar sua índole, maior ou menor sensibilidade ético-social, eventual desvio de

caráter, de forma a constatar se o crime é episódio acidental na vida do acusado. Como não há nos autos a

prova de que o acusado tenha personalidade desajustada, voltada para a prática de crimes, deixo de

valorar negativamente tal circunstância.

Os motivos do crime são as razões que levam o indivíduo a cometer o delito. Não

havendo demonstração de motivações outras, os motivos devem ser reputados como favoráveis.

As circunstânciasdo crime são a forma e a natureza da ação delituosa, os tipos de meio

utilizados, objeto, tempo, lugar, forma de execução e outras semelhantes. Busca-se verificar se a conduta

delitiva enseja maior reprovação diante da maneira que foi cometida. No caso dos autos, as circunstâncias

foram normais ao delito. Assim, tal circunstância deve ser considerada favorável ao acusado.

As consequências do crime devem ser consideradas como aquelas que extrapolam a

violação ao bem jurídico próprio do delito, e não as meras consequências naturais da prática da infração

penal. No caso, não gerou maiores consequências do que as naturais do delito.

O comportamento da vítimaem nada contribuiu para a prática do delito.

Assim, considerada a análise das circunstâncias judiciais e atendo-me ao mínimo e ao

máximo de pena ao crime cominado, considerando, ainda, o sistema misto adotado na parte final do artigo

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59 do Código Penal, bem como considerando que nenhuma circunstância foi desfavorável ao réu, fixo a

pena-base no mínimo legal, qual seja01 (um) ano de reclusão para cada crime.

Na segunda fase, inexistem circunstâncias atenuantes. No entanto, presente a agravante

de reincidência em razão da condenação anterior com trânsito em julgado nos autos de nº

0086018-76.2017.8.13.0394. Assim, agravo a pena em 1/6 (um sexto) e fixo a pena intermediária em 01

(um) anoe 2(dois) mesesde reclusãopara cada crime.

Na terceira fase, não há causas de diminuição, na forma da fundamentação supra, ou de

aumento de pena, ficando o réu definitivamente condenado à pena de 01 (um) ano e 02 (dois) meses de

reclusão para cada crime.

III.II – DO CRIME PREVISTO NO ARTIGO 21 DA LEI DE CONTRAVENÇÕES

PENAIS

A culpabilidade do acusado, consistente na reprovabilidade de sua conduta, não

ultrapassou aquela inerente ao tipo penal;

Em relação aos antecedentes, tal circunstância deve ser considerada favorável ao réu, vez

que a condenação anterior com trânsito em julgado será utilizada na segunda fase da dosimetria da pena

como agravante de reincidência.

Para a conduta social, deve ser analisado o conjunto do comportamento do agente em seu

meio social, na família, na sociedade e nos demais papéis exercidos. Como não há informação de

desajuste social, tal circunstância deve ser reputada favorável ao acusado;

A personalidade do agente é delineada pela síntese das qualidades morais e sociais do

indivíduo. Deve se analisar sua índole, maior ou menor sensibilidade ético-social, eventual desvio de

caráter, de forma a constatar se o crime é episódio acidental na vida do acusado. Como não há nos autos a

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prova de que o acusado tenha personalidade desajustada, voltada para a prática de crimes, deixo de

valorar negativamente tal circunstância.

Os motivos do crime são as razões que levam o indivíduo a cometer o delito. Não

havendo demonstração de motivações outras, os motivos devem ser reputados como favoráveis.

As circunstânciasdo crime são a forma e a natureza da ação delituosa, os tipos de meio

utilizados, objeto, tempo, lugar, forma de execução e outras semelhantes. Busca-se verificar se a conduta

delitiva enseja maior reprovação diante da maneira que foi cometida. No caso dos autos, as circunstâncias

foram normais ao delito. Assim, tal circunstância deve ser considerada favorável ao acusado.

As consequências do crime devem ser consideradas como aquelas que extrapolam a

violação ao bem jurídico próprio do delito, e não as meras consequências naturais da prática da infração
penal. No caso, não gerou maiores consequências do que as naturais do delito.

O comportamento da vítimaem nada contribuiu para a prática do delito.

Assim, considerada a análise das circunstâncias judiciais e atendo-me ao mínimo e ao

máximo de pena ao crime cominado, considerando, ainda, o sistema misto adotado na parte final do artigo

59 do Código Penal, bem como considerando que nenhuma circunstância foi desfavorável ao réu, fixo a

pena-base no mínimo legal, qual seja 15 (quinze) dias de prisão simples.

Na segunda fase, inexistem circunstâncias atenuantes. No entanto, há duas

circunstâncias agravantes a serem consideradas, quais sejam, a reincidência em razão da condenação

anterior com trânsito em julgado nos autos de nº 0086018-76.2017.8.13.0394, bem ainda em razão do

cometimento do crime prevalecendo-se da relação doméstica. Assim, agravo a pena em 1/6 (um sexto),

para cada agravante. Assim, fixo a pena intermediária em 20(vinte) dias de prisão simples.

Na terceira fase, não há causas de diminuição ou de aumento de pena. Assim, fica o réu

definitivamente condenado à pena de 20(vinte) dias de prisão simples.

III.III – DOS DOIS CRIMES DE AMEAÇA COMETIDOS PELO ACUSADO

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Anoto que, a fim de evitar repetições desnecessárias, considerando a semelhança das

condutas sob análise, a dosimetria a seguir realizada será a mesma para cada crime praticado pelo réu.

A culpabilidade do acusado, consistente na reprovabilidade de sua conduta, não

ultrapassou aquela inerente ao tipo penal;

Em relação aos antecedentes, tal circunstância deve ser considerada favorável ao réu, vez

que a condenação anterior com trânsito em julgado será utilizada na segunda fase da dosimetria da pena

como agravante de reincidência.

Para a conduta social, deve ser analisado o conjunto do comportamento do agente em seu

meio social, na família, na sociedade e nos demais papéis exercidos. Como não há informação de

desajuste social, tal circunstância deve ser reputada favorável ao acusado;

A personalidade do agente é delineada pela síntese das qualidades morais e sociais do

indivíduo. Deve se analisar sua índole, maior ou menor sensibilidade ético-social, eventual desvio de

caráter, de forma a constatar se o crime é episódio acidental na vida do acusado. Como não há nos autos a

prova de que o acusado tenha personalidade desajustada, voltada para a prática de crimes, deixo de

valorar negativamente tal circunstância.

Os motivos do crime são as razões que levam o indivíduo a cometer o delito. Não

havendo demonstração de motivações outras, os motivos devem ser reputados como favoráveis.

As circunstânciasdo crime são a forma e a natureza da ação delituosa, os tipos de meio

utilizados, objeto, tempo, lugar, forma de execução e outras semelhantes. Busca-se verificar se a conduta

delitiva enseja maior reprovação diante da maneira que foi cometida. No caso dos autos, as circunstâncias

foram normais ao delito. Assim, tal circunstância deve ser considerada favorável ao acusado.

As consequências do crime devem ser consideradas como aquelas que extrapolam a

violação ao bem jurídico próprio do delito, e não as meras consequências naturais da prática da infração

penal. No caso, não gerou maiores consequências do que as naturais do delito.

O comportamento da vítimaem nada contribuiu para a prática do delito.

Assim, considerada a análise das circunstâncias judiciais e atendo-me ao mínimo e ao

Número do documento: 23013018264948800009676145626


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máximo de pena ao crime cominado, considerando, ainda, o sistema misto adotado na parte final do artigo

59 do Código Penal, bem como considerando que nenhuma circunstância foi desfavorável ao réu, fixo a

pena-base no mínimo legal, qual seja 01 (um) mês de detenção para cada crime.

Na segunda fase, inexistem circunstâncias atenuantes. No entanto, há duas

circunstâncias agravantes a serem consideradas, quais sejam, a reincidência em razão da condenação

anterior com trânsito em julgado nos autos de nº 0086018-76.2017.8.13.0394, bem ainda em razão do

cometimento do crime prevalecendo-se da relação doméstica. Assim, agravo a pena em 1/6 (um sexto),

para cada agravante. Assim, fixo a pena intermediária em 01 (um) mês e 10 (dez) dias de detenção para

cada crime.

Na terceira fase, não há causas de diminuição ou de aumento de pena. Assim, fica o réu

definitivamente condenado à pena de 01 (um) mês e 10 (dez) dias de detenção para cada um dos

crimes.

III.IV – DOS TRÊS CRIMESDE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA

PROTETIVA PRATICADOS PELO ACUSADO

Anoto que, a fim de evitar repetições desnecessárias, considerando a semelhança das

condutas sob análise, a dosimetria a seguir realizada será a mesma para cada crime praticado pelo réu.

A culpabilidade do acusado, consistente na reprovabilidade de sua conduta, não

ultrapassou aquela inerente ao tipo penal;

Em relação aos antecedentes, tal circunstância deve ser considerada favorável ao réu, vez

que a condenação anterior com trânsito em julgado será utilizada na segunda fase da dosimetria da pena

como agravante de reincidência.

Para a conduta social, deve ser analisado o conjunto do comportamento do agente em seu

meio social, na família, na sociedade e nos demais papéis exercidos. Como não há informação de

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desajuste social, tal circunstância deve ser reputada favorável ao acusado;

A personalidade do agente é delineada pela síntese das qualidades morais e sociais do

indivíduo. Deve se analisar sua índole, maior ou menor sensibilidade ético-social, eventual desvio de

caráter, de forma a constatar se o crime é episódio acidental na vida do acusado. Como não há nos autos a

prova de que o acusado tenha personalidade desajustada, voltada para a prática de crimes, deixo de

valorar negativamente tal circunstância.

Os motivos do crime são as razões que levam o indivíduo a cometer o delito. Não

havendo demonstração de motivações outras, os motivos devem ser reputados como favoráveis.

As circunstânciasdo crime são a forma e a natureza da ação delituosa, os tipos de meio

utilizados, objeto, tempo, lugar, forma de execução e outras semelhantes. Busca-se verificar se a conduta
delitiva enseja maior reprovação diante da maneira que foi cometida. No caso dos autos, as circunstâncias

foram normais ao delito. Assim, tal circunstância deve ser considerada favorável ao acusado.

As consequências do crime devem ser consideradas como aquelas que extrapolam a

violação ao bem jurídico próprio do delito, e não as meras consequências naturais da prática da infração

penal. No caso, não gerou maiores consequências do que as naturais do delito.

O comportamento da vítimaem nada contribuiu para a prática do delito.

Assim, considerada a análise das circunstâncias judiciais e atendo-me ao mínimo e ao

máximo de pena ao crime cominado, considerando, ainda, o sistema misto adotado na parte final do artigo

59 do Código Penal, bem como considerando que nenhuma circunstância foi desfavorável ao réu, fixo a

pena-base no mínimo legal, qual seja em 03 (três) meses de detençãopara cada crime.

Na segunda fase, inexistem circunstâncias atenuantes. Presente a agravante de

reincidência, vez que o acusado ostenta condenação anterior com trânsito em julgado nos autos de nº

0086018-76.2017.8.13.0394. Assim, agravo a pena em 1/6 (um sexto), e fixo a pena intermediária em 03

(três) meses e 15 (quinze) dias de detenção para cada crime.

Na terceira fase, não há causas de diminuição ou de aumento de pena. Assim, fica o réu

definitivamente condenado à pena de 03 (três) meses de detenção e 15 (quinze) dias de detençãopara

cada crime.

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Em sendo aplicável ao caso a regra prevista no artigo 69 do CP (concurso material)

entre os crimes de lesão corporal (por duas vezes), ameaça (por duas vezes), vias de fato e

descumprimento das medidas protetivas (por três) vezes, fica o réu condenado, DEFINITIVAMENTE a

pena de 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão; 1 (um) ano, 1 (um) mês e 5 (cinco) dias de

detenção e 20 (vinte) dias de prisão simples.

Em observância ao artigo 33, §2º do Código Penal, bem ainda considerando a

reincidência do acusado, nos termos da súmula 269 do STJ, fixo o regime inicial SEMIABERTO para o

cumprimento da reprimenda.

Inviável a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, bem como

a concessão do sursis no caso concreto, em razão da reincidência do acusado.

Condeno o réu, ainda, ao pagamento das custas e despesas processuais, nos termos do

artigo 804 do CPP.

Deixo de fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, nos

termos do art. 387, IV, do CPP, já que inexistem nos autos elementos para tanto.

Verifico que o acusado foi preso em flagrante, e respondeu a todo o processo em prisão

preventiva, em razão da decisão que converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva a fim de

garantir a ordem pública. Nesse passo, a condenação corrobora os indícios que outrora ensejaram a

decretação da prisão preventiva. Ademais, diante da condenação do acusado e a fixação do regime

semiaberto em razão da reincidência do acusado, a manutenção da prisão preventiva demonstra-se

necessária, notadamente diante do grande número de crimes cometidos pelo acusado relacionados a

violência doméstica, que denotam a necessidade da prisão para a garantia da ordem pública.

OFICIE-SEao juízo da Execução de Penas desta Comarca, nos autos nº

0012152-98.2018.8.13.0394, acerca da presente condenação.

Determino a intimação pessoal do(s) réu(s), do Ministério Público e da (s) vítima (s), nos

termos do artigo 201, § 2º, do CPP. Intime-se o defensor constituído via Doej e/ou o dativo pessoalmente,

conforme o caso.

Após o trânsito em julgado: 1 – Comunique-se ao TRE, para fins do artigo 15, III da

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Constituição da República; 2 – Expeça-se CDJ, comunicando ao Instituto de Identificação; 3 – Expeça-se

guia de execução, remetendo ao juízo das execuções penais.

Em seguida, inexistindo requerimentos, arquive-se.

Expeça-se, desde já, guia de execução provisória para a acusada presa,

remetendo-se ao juízo das execuções penais, para aplicação da súmula 716 do STF.

Publique-se Registre-se. Cumpra-se. Intimem-se na forma da lei.

MANTENA, data da assinatura eletrônica.

DAVID MIRANDA BARROSO

Juiz(íza) de Direito em Substituição

2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Mantena

Praça Rômulo Campos, 2, Fórum José Alves Pereira, Centro, MANTENA - MG - CEP: 35290-000

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