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1ª Promotoria de Justiça de Limoeiro do Norte
EXA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DA _____ VARA DA COMARCA DE LIMOEIRO DO
NORTE - CE
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1. CARLOS MARCOS DE SOUSA NUNES, vulgo "BARÃO", brasileiro, vereador,
filho de Francisco Sousa Nunes e Homero de Castro Nunes, inscrito no CPF
sob o n.° 058.031.283-68, residente na Coronel JOSE NUNES, 508 CENTRO,
Limoeiro do Norte;
I – DA LEGITIMIDADE PASSIVA
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II -DOS FATOS
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Consta dos autos, mais precisamente à fl.13, uma mídia na qual consta um
áudio gravado pelo vereador JOSÉ VALDIR DA SILVA, VULGO “VALDIR DO SUBURBÃO”,
em uma conversa com o vereador CARLOS MARCOS DE SOUSA NUNES, vulgo “BARÃO”,
na qual o assunto era a eleição para mesa diretora da Câmara Municipal de Limoeiro do
Norte/CE.
A análise do áudio e sua transcrição indicaram a prática de atos que
implicou, em tese, Improbidade Administrativa e crime, pelo que o referido
Procedimento Preparatório fora convertido em Inquérito Civil Público
(nº06.2019.00000374-9).
Concluiu-se que a chapa liderada por FRANCISCO JUSSIER BALTAZAR COSTA,
vulgo “CHICO BALTAZAR”, foi apoiada por JOSÉ JAILTON OLIVEIRA BATISTA (JAILTON
DOS POSTOS SÃO MATEUS) e o atual Prefeito JOSÉ MARIA LUCENA; e a chapa liderada
por ÂNGELA MARIA PEREIRA DA SILVA, vulgo ÂNGINHA” foi apoiada por ANTÔNIO
IBERNON MAIA (Empresário do Milho) e a Primeira-Dama MARIA ARIVAN DE HOLANDA
LUCENA.
Extraiu-se do citado áudio (mídia de fl. 13 e transcrição de fl. 17/19), que
dias antes das eleições houve uma reunião entre o candidato CHICO BALTAZAR, os
vereadores apoiados e supostamente “comprados” por JAILTON, o próprio JAILTON,
EDERSON CLEYTON, vulgo “PIMPÃO”, o qual é Secretário Municipal de Agricultura, para
tratarem da eleição que se aproximava, possivelmente sobre a venda dos votos e/ou
troca de favores.
Do mesmo modo, a candidata “ANGINHA”, e os vereadores apoiados e/ou
“comprados” por ANTÔNIO IBERNON MAIA, fizeram, em grupo, uma viagem com
destino a Mossoró/RN, para tratarem do mesmo assunto. De lá, foram a uma praia,
onde ocorreram as tratativas e combinações de votos, retornando a esta cidade apenas
no dia em que ocorreu a eleição.
Como se não bastasse tamanha imoralidade, verificou-se, ainda, do referido
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áudio, a corrupção “escancarada”, vez que BARÃO diz a VALDIR DO SUBURBÃO que lhe
dará dinheiro, isso no intuito de que ele desista da sua candidatura, pois ele sendo
candidato correria o risco da chapa de ANGINHA perder a disputa (vide fl. 19).
Vale salientar a parte final do áudio onde BARÃO diz “ele disse que ajeitava
pra você”, ele possivelmente seria IBERNON, apoiador e interessado na vitória de
ANGINHA.
Pelo contexto acima descrito é fácil inferir que a aludida eleição, em
realidade, feriu os princípios Constitucionais da legalidade, moralidade e
impessoalidade, além da corrupção, devendo todos que participaram da farsa serem
punidos pelos seus atos.
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III – DO DIREITO
1 Marcelo Caetano, apud José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo. 9ª ed., São Paulo:
Malheiros, p. 571.
2 Apud MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Constitucional, Malheiros, 5ª ed., 1994,
p.260.
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neles se insere se exprime em graus distintos. Os
princípios, enquanto valores fundamentais, governam
a Constituição, o regímen, a ordem jurídica. Não são
apenas a lei, mas o Direito em toda a sua extensão,
substancialidade, plenitude e abrangência”.
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BANDEIRA DE MELLO4:
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ilegal ou ilegítimo. Aliás, o STJ deixou assentado que
“o desvio de poder pode ser aferido pela ilegalidade
explícita (frontal ofensa ao texto da lei) ou por
censurável comportamento do agente, valendo-se de
competência própria para atingir finalidade alheia
àquela abonada pelo interesse público, em seu maior
grau de compreensão e amplitude. Análise da
motivação do ato administrativo, revelando um mau
uso da competência e finalidade despojada de
superior interesse público, defluindo o vício
constitutivo, o ato aflige a moralidade administrativa,
merecendo inafastável desfazimento”. (Resp
21.156-0-SP, reg. 92.0009144-0, rel. Min. Milton Luiz
Pereira, j. 19.9.94). A norma em foco autoriza a
pesquisa do ato administrativo a fim de revelar se o
mesmo está íntegro ou, ao contrário, apenas
aparentemente atende à lei, se os motivos e seu
objeto têm relação com o interesse público, se houve
algum uso ou abuso do administrador, se a finalidade
foi atendida de acordo com o sistema jurídico; e
assim por diante”.
6 MELLO, celso antônio bandeira de. Curso de Direito Administrativo, Malheiros Editores, 5ª edição,
1994, p. 48.
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DOS PRINCÍPIOS DA MORALIDADE, IMPESSOALIDADE, HONESTIDADE E LEALDADE ÀS
INSTITUIÇÕES
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que o agente administrativo, como ser humano
dotado de capacidade de atuar, deve,
necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto
do desonesto. E, ao atuar, não poderá desprezar o
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
e o inoportuno, mas também entre o honesto e o
desonesto. Por considerações de Direito e de Moral,
o ato administrativo não terá que obedecer
somente à lei jurídica, mas também à lei ética da
própria instituição, porque nem tudo que é legal é
honesto, conforme já proclamavam os romanos:
“non omne quod licet honestum est”. A moral
comum, remata Hauriou, é imposta ao homem para
sua conduta externa; a moral administrativa é
imposta ao agente público para sua conduta interna,
segundo as exigências da instituição a que serve e a
finalidade de sua ação: o bem comum”.
9 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, 4a. ed., 1994, Atlas, p. 70.
10 CARDOZO, José Eduardo Martins. Princípios Constitucionais da Administração Pública (de acordo com a
Emenda Constitucional n.º 19/98). In MORAES, Alexandre. Os 10 anos da Constituição Federal. São Paulo:
Atlas, 1999
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Pública devam estar inteiramente conformados aos
padrões éticos dominantes na sociedade para a
gestão dos bens e interesses públicos, sob pena de
invalidade jurídica.
Há de ser pontuado, também, que qualquer agente público, seja ele eleito,
concursado, indicado, etc., ocupa seu posto para servir aos interesses da população.
Assim, seus atos obrigatoriamente deverão ter como finalidade o interesse público, e
não próprio ou de um conjunto pequeno de amigos. Ou seja, deve ser impessoal. Deve o
servidor público, em todos seus atos, sempre observar o princípio da impessoalidade.
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Desde que o princípio da finalidade exige que o ato
seja praticado sempre com finalidade pública, o
administrador fica impedido de buscar outro objetivo
ou de praticá-lo no interesse próprio ou de terceiros.
12 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 8 ed., São Paulo:Malheiros
Editora, 1996, p. 68.
13 FREITAS, Juarez. O controle dos atos administrativos e os princípios fundamentais. São Paulo: Malheiros,
1997, p. 64-65.
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que o seu norte sempre haverá de ser o interesse público; o segundo sentido a ser
extraído da vinculação do princípio à administração pública é o da abstração da
pessoalidade dos atos administrativos, pois que a ação administrativa, em que pese
ser exercida por intermédio de seus servidores, é resultado tão somente da vontade
estatal”.
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A Lei nº 8.429/92 criou um subsistema jurídico impondo como elementos da
responsabilidade por ato de improbidade, apenas e tão-somente, a simples prática de
conduta definida como ato ímprobo, lesivo, ao menos potencialmente, que exponha a
sociedade a risco decorrente de administração temerária, dispensando-se, destarte, o
dano efetivo. Há que se compreender que o objetivo colimado não é ressarcimento de
um único indivíduo, como rotineiramente pretende-se nas demandas de natureza civil,
mas evitar as práticas ímprobas.
Os atos de improbidade administrativa, tipificados pela Lei 8.429/1992, são
classificados em três categorias: os que importam em enriquecimento ilícito (artigo 9º),
os que causam prejuízo ao erário (artigo 10) e os que afrontam os princípios da
Administração Pública (artigo 11).
Comprovado também está o prejuízo ao erário e, o mais importante: a
vontade consciente dos denunciados em agir incorretamente, ao arrepio da lei. Vejamos
julgado Apelação Cível 5003488-40.2012.4.04.7102/RS.
"No tocante ao elemento subjetivo da conduta irregular,
oportuno reiterar que, para os atos enquadráveis no artigo 10
da Lei n.º 8.429/1992, basta a culpa em qualquer de suas
modalidades, somada ao dano ao erário, e, para os casos
previstos nos art. 9º e 11, é exigível o dolo genérico, para cuja
configuração é suficiente a simples vontade consciente de aderir
à conduta, produzindo os resultados vedados pela norma jurídica
– ou, ainda, a simples anuência aos resultados contrários ao
Direito quando o agente público ou privado deveria saber que a
conduta praticada a eles levaria".
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IV – DA MULTA CIVIL
Segundo o entendimento jurisprudencial e doutrinário, a multa tem como
pressuposto a prática de um ilícito, pressuposto este que restou perfeitamente
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demonstrado em todas as suas circunstâncias no presente caso.
É que a multa civil tem como função sancionar o comportamento ilícito
praticado, independente da ocorrência de perda patrimonial do erário, com nítida
função de caráter punitivo individual e preventivo em geral.
Em face das circunstâncias e da participação de cada promovido no esquema
fraudulento demonstrado acima, o Ministério Público entende adequada a aplicação de
multa (indenização por dano moral) civil de até 100 vezes a remuneração percebida
pelo requerido no cargo que exercia na data do fato e duas vezes o valor do dano.
V – DOS PEDIDOS
Em razão de todo o exposto, requer-se:
1. A notificação dos Demandados para, querendo, apresentarem
manifestação por escrito, nos termos do art. 17, parágrafo 7º, da Lei nº
8.429/92, com a observância de prioridade de tramitação no
expediente por se tratar de tutela coletiva envolvendo interesse difuso
de Defesa do Patrimônio Público (artigo 5º, LXXVIIII, da CF), com a
devida anotação na capa e rosto dos autos;
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dispensa dilação probatória;
Dá-se à causa, para fins meramente fiscais e por exigência legal, o valor de
R$ 1.000,00 (mil reais).
Termos em que,
Espera deferimento.