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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/02/2024

Número: 0811911-20.2023.8.10.0000
Classe: DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Órgão julgador colegiado: Órgão Especial
Órgão julgador: Gabinete Des. Jamil de Miranda Gedeon Neto (ORES)
Última distribuição : 31/05/2023
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes
Procurador/Terceiro vinculado ESTADO DO MARANHAO - PROCURADORIA GERAL DA
JUSTICA (AUTOR)
ESTADO DO MARANHAO - PROCURADORIA GERAL DA
JUSTICA (AUTOR)
MUNICIPIO DE BACABEIRA (REU) MUNICIPIO DE BACABEIRA (REU)
MUNICIPIO DE BACABEIRA - CAMARA MUNICIPAL (REU)
MUNICIPIO DE BACABEIRA - CAMARA MUNICIPAL (REU) MURIAH ALVES SANTOS (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
31926 13/12/2023 10:39 Acórdão (expediente) Acórdão (expediente)
474
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 0811911-20.2023.8.10.0000 – SÃO LUÍS

Relator : Desembargador Jamil de Miranda Gedeon Neto

Requerente : Procurador-Geral de Justiça do Estado do Maranhão

Proc.Ger. Justiça : Eduardo Jorge Hiluy Nicolau

Interessado 1 : Prefeito do Município de Bacabeira

Procurador : Sem Procurador constituído

Interessado 2 : Câmara de Vereadores do Município de Bacabeira

Advogados : Isis Caroline Barros Santos (OAB/MA 13.712) e outro.

Interessado 3 : Município de Bacabeira

Proc-Geral : Não habilitado nos autos

EMENTA

MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS Nºs 413/2019 E


448/2022, DO MUNICÍPIO DE BACABEIRA/MA. CONTRATAÇÃO DE PESSOAL POR TEMPO
DETERMINADO PARA ATENDER A NECESSIDADE TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL
INTERESSE PÚBLICO. OFENSA AO DISPOSTO NO ART. 19, II E IX, DA CONSTITUIÇÃO DO
ESTADO DO MARANHÃO, QUE REPRODUZ O ART. 37, II E IX, DA CF/88, E VIOLAÇÃO AO
ART. 206, V, DA CF/88. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº O7 DO TJMA. PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA ARGUIDA PELA CÂMARA DE VEREADORES DO MUNICÍPIO DE
BACABEIRA. FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA DEMONSTRADOS. CAUTELAR
CONCEDIDA.

1 - Em se tratando de ação direta de inconstitucionalidade impugnando lei municipal, a Câmara


de Vereadores do respectivo Município, enquanto Órgão responsável pela emanação da lei,
acha-se legalmente autorizada, e pois, legitimada, a participar da relação processual, contribuindo
para que Órgão competente do Poder Judiciário resolva a questão posta, ou seja, declare se a lei
questionada é ou não compatível com a Constituição, prestando as suas informações, como se
infere do disposto nos arts. 6º e 10, da Lei Federal nº 9.868/99.

Número do documento: 23121310390885900000030252335


https://pje2.tjma.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23121310390885900000030252335
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2 - Afiguram-se inconstitucionais as Leis nºs. 414/2019 e 448/2022, do Município de
Bacabeira/MA, que autorizam o Poder Executivo a contratar pessoal por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, considerando que as
mesmas apresentam disposições genéricas e abrangentes que não especificam as contingências
fáticas das situações que demonstrariam a emergencialidade necessária para a contratação,
dando margem a contratações para serviços ordinários permanentes do Município, em violação à
cláusula constitucional do concurso público, chegando inclusive a autorizar a contratação de
estagiários para assumirem cargos de professor, quando estes cargos só poderão ser ocupados,
mediante concurso público de provas e títulos, por pessoas que preencham o requisito de
conclusão de curso superior, estando as referidas Leis, portanto, em evidente afronta ao disposto
no art. 19, II e IX, da Constituição do Estado do Maranhão, que reproduz as regras do art. 37, II e
IX, da CF/88, e violando ainda o disposto no art. 206, V, da CF/88.

3 - Ao caso tem inteira aplicação a Súmula nº 07, do TJMA, que ase acha assim redigida: “É
inconstitucional lei municipal que autoriza a contratação de pessoal para serviços de caráter
permanente no âmbito administrativo, sem concurso público de provas ou de provas e títulos,
quando não delimitado o prazo, nem demonstrado o interesse público excepcional e de urgência”.

4 - A contratação temporária de servidores públicos, nos termos do art. 37, IX, da CF/88 (que se
acha repetido no art. 19, IX, da CEMA), para que se considere válida, reclama que: a) os casos
excepcionais estejam previstos em lei; b) o prazo de contratação seja predeterminado; c) a
necessidade seja temporária; d) o interesse público seja excepcional; e) a contratação seja
indispensável, sendo vedada para os serviços ordinários permanentes do Estado que estejam
sob o espectro das contingências normais da Administração”. Neste sentido: RE 658.026, Rel.
Min. Dias Toffoli, Plenário, DJe de 31/10/2014 – Tema 612 da Repercussão Geral.

5 - O periculum in mora se faz presente na espécie, considerando que, caso o Requerente tenha
que aguardar o julgamento da ação sem o deferimento da medida cautelar pleiteada, não há
dúvida de que até lá poderá ocorrer mais contratações com a indevida dispensa das exigências
constitucionais, podendo resultar inclusive em contratações de pessoas próximas daqueles que
administram o Município de Bacabeira, em detrimento de terceiros, violando, assim,
seguidamente, o princípio da impessoalidade e causando maiores prejuízos ao interesse público.

6 - Demonstrados que se encontram o fumus boni iuris e o periculum in mora, impõe-se a


concessão da medida cautelar pleiteada.

7 - Medida cautelar concedida.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os Senhores Desembargadores


integrantes do Órgão Especial, em sessão realizada no dia 29 de novembro a 06 de
dezembro de 2023, por votação unânime e de acordo com o parecer do Ministério Público,
por votação unânime, em conceder a medida cautelar, nos termos do voto do
Desembargador Relator.

Acompanharam o voto do Desembargador Relator os Senhores Desembargadores


SEBASTIÃO JOAQUIM LIMA BONFIM, SÔNIA MARIA AMARAL FERNANDES RIBEIRO,
GERVÁSIO PROTÁSIO DOS SANTOS JÚNIOR, RAIMUNDO MORAES BOGÉA, FRANCISCO
RONALDO MACIEL OLIVEIRA, JOSÉ GONÇALO DE SOUSA, JOSÉ JORGE FIGUEIREDO
DOS ANJOS, JOSÉ DE RIBAMAR CASTRO, VICENTE DE PAULA GOMES DE CASTRO,
JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA, LOURIVAL DE JESUS SEREJO SOUSA, MARIA DAS
GRAÇAS DE CASTRO DUARTE MENDES, NELMA CELESTES SOUZA SILVA SARNEY
COSTA e CLEONES CARVALHO CUNHA.

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Não registraram o voto no sistema os Senhores Desembargadores LUIZ GONZAGA
ALMEIDA FILHO, ANGELA MARIA MORAES SALAZAR, RAIMUNDO JOSÉ BARROS DE
SOUSA, RICARDO TADEU BUGARIN DUAILIBE, JOSÉ DE RIBAMAR FRÓZ, MARCELO
CARVALHO SILVA e PAULO SÉRGIO VELTEN PEREIRA.

Impedimento do Senhor Desembargador JOSÉ JORGE FIGUEIREDO DOS ANJOS (art. 50


do RITJMA).

Presente o Senhor Procurador de Justiça, Dr. DANILO JOSE DE CASTRO FERREIRA.

São Luís/MA, data da assinatura eletrônica.

Desembargador JAMIL DE MIRANDA GEDEON NETO

Relator

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