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TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL (11549) Nº 0600078-27.2020.6.14.0104 (PJe) - BELTERRA - PARÁ

RELATOR: MINISTRO CARLOS BASTIDE HORBACH


RECORRENTE: PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) - MUNICIPAL
Advogados do(a) RECORRENTE: OLIVIOMAR SOUSA BARROS - PA0006879, CLEBE RODRIGUES ALVES -
PA0012197, EMANUEL PINHEIRO CHAVES - PA0011607, ENOCK DA ROCHA NEGRAO - PA0012363, SAMUEL
ESPINDOLA DOS ANJOS - PA24862
RECORRIDO: JOCICLELIO CASTRO MACEDO
Advogados do(a) RECORRIDO: MILENA BRAGA SARDINHA - PA0026483, JOSE ARTUR MACHADO LIMA - PA28380,
RAFAEL DE SOUSA REGO - PA22818, EDNA CARNEIRO SILVA - PA0015975, WALMIR HUGO PONTES DOS SANTOS
NETO - PA0023444, SIDNEY SA DAS NEVES - BA0019033, NADJA GLEIDE SA DAS NEVES - BA0045779, GEORGEA
MICHELE LARANJEIRA FAISLON HUGHES - DF0038987, FERNANDO DE OLIVEIRA HUGHES FILHO - BA0018109-A

DECISÃO:

Ementa: DIREITO ELEITORAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM RECURSO ESPECIAL


ELEITORAL. ELEIÇÕES 2020. REGISTRO DE CANDIDATURA. 3º MANDATO NÃO
CARACTERIZADO. ADMISSÃO.
1. Recurso extraordinário contra acórdão do TSE, que reformou
parcialmente decisão do TRE/PA, a fim de deferir registro de
candidatura de vereador nas Eleições 2020.
2. Na origem, o Tribunal Regional concluiu pelo indeferimento do registro
de candidatura ao fundamento de que caracterizado 3º mandato
consecutivo, por ter o candidato assumido o cargo de prefeito em razão
de decisão judicial, em duas oportunidades, que totalizaram 18 (dezoito)
dias, ainda que fora do período crítico referente aos 6 (seis) meses que
antecederam o pleito de 2016.
3. Hipótese em que o recorrente alega violação ao art. 14, § 5º, da CF,
ao argumento de que a interpretação dada pelo TSE não está alinhada à
jurisprudência do STF.
4. Inexistência de óbices que justifiquem a inadmissão do recurso.
5. Recurso extraordinário admitido.

1. Trata-se de recurso extraordinário interposto pelo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores –
Belterra/PA contra acórdão proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, reformando parcialmente o acórdão regional,
deferiu o registro de candidatura do ora recorrido, Jociclelio Castro Macedo.

2. Na origem, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE/PA) indeferiu o registro de candidatura do recorrido ao
cargo de prefeito do município de Belterra/PA ao fundamento de que caracterizado o terceiro mandato vedado pela
Constituição Federal. O acórdão ora recorrido contou com a seguinte ementa (ID 117927788):

“ELEIÇÕES 2020. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. INDEFERIMENTO NA


ORIGEM. INELEGIBILIDADE FUNCIONAL. ART. 14, § 5º, DA CRFB. SUBSTITUIÇÃO PRECÁRIA E EFÊMERA
PELO LAPSO TEMPORAL DE 18 (DEZOITO) DIAS FORA DO PERÍODO DE 6 (SEIS) MESES QUE
ANTECEDEU O PLEITO DE 2016. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À ALTERNÂNCIA DE PODER. NÃO
OCORRÊNCIA DE TERCEIRO MANDATO. PRECEDENTES. MULTA APLICADA NA ORIGEM. HIGIDEZ.
PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO.

3. O recurso extraordinário fundamenta-se no art. 102, III, a, da Constituição Federal. A parte recorrente alega,
em síntese: (i) violação ao art. 14, § 5º, da CF, ao argumento de que é vedado o exercício de terceiro mandato consecutivo,
pois, na hipótese, o candidato assumiu, ainda que temporariamente, o cargo de prefeito por provocação judicial motivada por
seus próprios interesses em assumir o poder; e (ii) contrariedade ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, fixado no
RE nº 6374-85, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 01.08.2012, segundo o qual é inelegível para o cargo de chefe do Poder
Executivo aquele que já exerceu dois mandatos consecutivos em cargo da mesma natureza, como no caso dos autos, em que
a primeira assunção se deu com intenção de continuidade administrativa.

4. Contrarrazões ID 129413488.

5. É o relatório. Decido.

6. De início, verifico que o recurso é tempestivo, tendo em vista a observância do prazo de 3 dias – publicação
da decisão em 18.03.2021, quinta-feira (ID 118948888), e interposição do recurso em 22.03.2021, segunda-feira (ID
128326738). Ademais, a parte está devidamente representada nos autos (ID 67609388), há interesse recursal e a preliminar
de repercussão geral foi formulada nos termos dos art. 102, § 3º, da Constituição Federal e art. 1.035, § 2º, do CPC.

7. Além disso, as questões aduzidas no recurso extraordinário foram devidamente prequestionadas.

8. Consta dos autos que o ora recorrido assumiu o cargo de prefeito, por ser segundo colocado no pleito, de
forma efêmera e por força de decisão judicial, em duas oportunidades, que totalizaram 18 (dezoito) dias, fora do período
crítico referente aos 6 (seis) meses que antecederam o pleito de 2016, razão pela qual se concluiu ser admissível sua
reeleição no pleito de 2020. O acórdão do TSE, ora impugnado, assentou, consoante a jurisprudência do STF, que, “antes do
interstício de seis meses e até que ocorra a eleição, a substituição do prefeito, nos casos de dupla vacância, tem natureza
temporária, a afastar a causa de inelegibilidade prevista no art. 14, § 5º, da CRFB’ (STF, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda
Turma, DJe de 1º.7.2019)”.

9. Tendo em vista que as questões suscitadas referem-se à matéria constitucional e não havendo, em análise
preliminar, óbice ao conhecimento do recurso, submeto-o à apreciação do Supremo Tribunal Federal.

10. Diante do exposto, com fundamento no 1.030, V, do CPC, admito o recurso extraordinário.

11. Remetam-se os autos ao Supremo Tribunal Federal.

Publique-se.

Brasília, 13 de maio de 2021.

Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO


Presidente
Assinado eletronicamente por: LUÍS ROBERTO BARROSO
13/05/2021 21:26:08
https://pje.tse.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento:

21051321260835100000133125184
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