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DECISÃO:
1. Trata-se de recurso extraordinário interposto pelo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores –
Belterra/PA contra acórdão proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, reformando parcialmente o acórdão regional,
deferiu o registro de candidatura do ora recorrido, Jociclelio Castro Macedo.
2. Na origem, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE/PA) indeferiu o registro de candidatura do recorrido ao
cargo de prefeito do município de Belterra/PA ao fundamento de que caracterizado o terceiro mandato vedado pela
Constituição Federal. O acórdão ora recorrido contou com a seguinte ementa (ID 117927788):
3. O recurso extraordinário fundamenta-se no art. 102, III, a, da Constituição Federal. A parte recorrente alega,
em síntese: (i) violação ao art. 14, § 5º, da CF, ao argumento de que é vedado o exercício de terceiro mandato consecutivo,
pois, na hipótese, o candidato assumiu, ainda que temporariamente, o cargo de prefeito por provocação judicial motivada por
seus próprios interesses em assumir o poder; e (ii) contrariedade ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, fixado no
RE nº 6374-85, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 01.08.2012, segundo o qual é inelegível para o cargo de chefe do Poder
Executivo aquele que já exerceu dois mandatos consecutivos em cargo da mesma natureza, como no caso dos autos, em que
a primeira assunção se deu com intenção de continuidade administrativa.
4. Contrarrazões ID 129413488.
5. É o relatório. Decido.
6. De início, verifico que o recurso é tempestivo, tendo em vista a observância do prazo de 3 dias – publicação
da decisão em 18.03.2021, quinta-feira (ID 118948888), e interposição do recurso em 22.03.2021, segunda-feira (ID
128326738). Ademais, a parte está devidamente representada nos autos (ID 67609388), há interesse recursal e a preliminar
de repercussão geral foi formulada nos termos dos art. 102, § 3º, da Constituição Federal e art. 1.035, § 2º, do CPC.
8. Consta dos autos que o ora recorrido assumiu o cargo de prefeito, por ser segundo colocado no pleito, de
forma efêmera e por força de decisão judicial, em duas oportunidades, que totalizaram 18 (dezoito) dias, fora do período
crítico referente aos 6 (seis) meses que antecederam o pleito de 2016, razão pela qual se concluiu ser admissível sua
reeleição no pleito de 2020. O acórdão do TSE, ora impugnado, assentou, consoante a jurisprudência do STF, que, “antes do
interstício de seis meses e até que ocorra a eleição, a substituição do prefeito, nos casos de dupla vacância, tem natureza
temporária, a afastar a causa de inelegibilidade prevista no art. 14, § 5º, da CRFB’ (STF, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda
Turma, DJe de 1º.7.2019)”.
9. Tendo em vista que as questões suscitadas referem-se à matéria constitucional e não havendo, em análise
preliminar, óbice ao conhecimento do recurso, submeto-o à apreciação do Supremo Tribunal Federal.
10. Diante do exposto, com fundamento no 1.030, V, do CPC, admito o recurso extraordinário.
Publique-se.
21051321260835100000133125184
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