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EXMO. SR. CORREGEDOR ELEITORAL DO TRIBUNAL REGIONAL


ELEITORAL DO ESTADO DE

Autos nº .........

XXXXXXX e XXXXXXXXXXXXX, qualificados nos autos identificados


no preâmbulo, AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELEITIVO,
aforada COLIGAÇÃO .........., por meio do advogado que subscreve a peça
e nos termos do anexo mandato, vem respeitosamente à douta presença de
Vossa Excelência apresentar sua CONTESTAÇÃO, com base nos
argumentos ora articulados.

TEMPESTIVIDADE

O prazo de 07 dias previsto para a apresentação da resposta foi


corretamente observado pelos contestantes/impugnados, eis que receberam
a notificação no dia .../.../......

PRELIMINAR. DECADÊNCIA

Não há como permitir a regular instauração da instância, com o


desenvolvimento do feito para a captação de provas, eis que o direito do
impugnante se encontra fulminado pela decadência, sendo o aforamento
apenas uma aventura judiciária e meio para se produzir uma instabilidade
no cenário político local, com grave prejuízo a toda a sociedade.

Ora, o prazo de 15 dias depois da diplomação, previsto no art. 14, § 10,


Constituição Federal, como termo fatal para o manejo da AIME, foi
totalmente ignorado pelo impugnante. É que, nos termos da inclusa
certidão, a cerimônia de diplomação dos impugnados ocorreu em .../.../......
Desse modo, visível que decorreu o prazo cogitado, considerando que tal
prazo não se suspende nem se interrompe pela superveniência de feriados,
sábados e domingos. Como prazo de direito material, a decadência deve ser
tratada conforme a regra do art. 132, Código Civil, e apenas se permite, na
forma do § 1º daquele dispositivo, a prorrogação do vencimento se ocorrer
em feriado.

Mesmo com a casuística da jurisprudência eleitoral ao estabelecer a forma


de contagem do prazo decadencial da AIME, consoante o art. 184, § 1º,
CPC, houve o transcurso de todo o período.

A esse propósito consta da seleta coletânea:

“AgR-AC - Agravo Regimental em Ação Cautelar nº


428581 - Timóteo/MG Acórdão de 15/02/2011Relator(a)
Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA
Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data
14/03/2011, Página 13/14 Ementa:

AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO CAUTELAR.


NEGATIVA DE SEGUIMENTO. CASSAÇÃO.
PREFEITO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO
ELETIVO. EFEITO IMEDIATO. DECADÊNCIA DO
DIREITO. INEXISTÊNCIA. FUMUS BONI JURIS.
AUSÊNCIA. DEMONSTRAÇÃO.

1. O prazo para a propositura da AIME, conquanto tenha


natureza decadencial, submete-se à regra do art. 184, § 1º,
do CPC, segundo a qual se prorroga para o primeiro dia
útil seguinte se o termo final cair em feriado ou dia em que
não haja expediente normal no Tribunal. Precedentes.

2. As decisões proferidas em sede de AIME têm efeito


imediato, ante a falta de previsão de efeito suspensivo
recursal.

3. A ausência de demonstração da viabilidade do recurso


inviabiliza a concessão de efeito suspensivo em sede
cautelar.

4. Agravo regimental a que se nega provimento.


Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao
agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Vencido
o Ministro Marco Aurélio.”

Com essa conclusão, deve ser acatada a preliminar de decadência, para que
Vossa Excelência assim proclame, decretando a extinção do processo com
resolução do mérito, com suporte no art. 269, IV, primeira figura, do CPC.

FATOS ATRIBUÍDOS AOS IMPUGNADOS. AUSÊNCIA DE


CONFIGURAÇÃO DE FRAUDE

Reportando-se aos pontos de mérito, em respeito a esse juízo, se,


eventualmente, não acolhida a preliminar, o que não acreditam os
impugnados, a imperiosa solução deve ser pela improcedência do pedido.

A parte impugnante se refere a elementos fáticos totalmente desconexos


com o conceito de fraude eleitoral para balizar sua pretensão. Alude a uma
aproximação dos impugnados com a comunidade local, recentemente,
apenas para viabilizar a candidatura e a vitória nas eleições.

Contudo, não há como admitir tal estado de coisas, eis que os impugnados
há tempos já se integraram à comunidade, e como moradores e cidadãos
cumpriram todos os prazos e requisitos da legislação eleitoral, para serem
elegíveis no pleito que disputaram.

Ora, o 1º impugnado, mesmo estando no município com seu comércio há


menos de 03 anos, mudou-se visando a  melhores perspectivas  de vida e se
integrou ao meio local, sendo legítimo o seu interesse na participação
política. Já o 2º colocado, embora tenha presença mais recente na
comunidade, também apresenta o mesmo perfil, totalmente adaptado e
inserido ao contexto local.

Nessas condições, é impossível falar de fraude eleitoral, que nessa versão


se equipara ao ato espúrio, praticado sob o prisma engenhoso de enganar o
eleitor.

REspe - Recurso Especial Eleitoral nº 36643 -


Bertolínia/PI - Acórdão de 12/05/2011 - Relator(a) Min.
ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES Publicação:
DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 28/06/2011,
Página 54 - Ementa:

Ação de impugnação de mandato eletivo. Fraude.


Inelegibilidade.

1. A fraude objeto da ação de impugnação de mandato


eletivo diz respeito a ardil, manobra ou ato praticado de
má-fé pelo candidato, de modo a lesar ou ludibriar o
eleitorado, viciando potencialmente a eleição.

2. O fato de o prefeito reeleito de município transferir seu


domicílio eleitoral e concorrer ao mesmo cargo em
município diverso, no mandato subsequente ao da
reeleição, pode ensejar discussão sobre eventual
configuração de terceiro mandato e, por via de
consequência, da inelegibilidade do art. 14, § 5º, da
Constituição Federal, a ser apurada por outros meios na
Justiça Eleitoral, mas não por intermédio da ação de
impugnação de mandato eletivo, sob o fundamento de
fraude.

Recurso especial provido. Decisão: O Tribunal, por


unanimidade, proveu o recurso, nos termos do voto do
Relator.”

AUSÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA OU GRAVIDADE


DOS FATOS

Apenas por respeito ao debate e a este augusto juízo, os impugnados


enfatizam que a circunstância de estarem há menos de 04 anos radicados no
Município de ................/... não lhes retira a condição de disputa eleitoral,
nem se afigura como ato potencialmente possível para desequilibrar o
resultado eleitoral. Se assim fosse, restaria impedido ou, no mínimo,
dificultado o fluxo migratório entre as cidades brasileiras, constituindo
grave violência aos direitos fundamentos de ir e vir, permanecer e estar.

Da mesma maneira, não subsiste qualquer concepção de que tal projeção se


encaixe em ato de gravidade, à luz do art. 22, XVI, Lei Complementar
64/90 (redação dada pela Lei da Ficha Limpa – Lei Complementar
135/2010), com capacidade para cancelar os diplomas conferidos aos
impugnados.

SIGILO JUDICIAL

Os impugnados, firmes no propósito de pouparem os efeitos deletérios da


ação em curso, com repercussão negativa à Administração Pública
municipal, em face das especulações e conturbações derivadas de uma
pretensa alteração de poder, pugnam pela estrita observação do disposto no
art. 14, § 11, da Constituição Federal, impondo-se o segredo de justiça ao
presente feito eleitoral.

ISSO POSTO, requerem o acatamento da preliminar arguida, extinguindo-


se o processo com resolução do mérito, e, se superada, a improcedência do
pedido.

Requerem, ainda, a produção de todas as provas lícitas em direito, como a


testemunhal, documental, pericial, requisição de documentos, etc.

Pedem e esperam deferimento.

(Local e Data)

...................................

Advogado

OAB/... – nº .............

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