Você está na página 1de 6

COLENDA CÂMARA DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO

ESTADO DE ..........

EGRÉGIO TRIBUNAL:

COLENDA CÂMARA:

Contrarrazões Recursais Impugnação de Registro nº .......

Autor: .....................

Impugnado: ..............

O recorrido, por seu representante, in fine assinado, nos autos da presente ação de
impugnação, vem com fulcro no art. 8º § 1º da LC nº 64/90, apresentar
CONTRARRAZÕES RECURSAIS, pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir
expostos:

PRELIMINAR DE NÃO CABIMENTO DE RECURSO ORDINÁRIO

Preliminarmente, o recorrido requer o não recebimento do recurso, pois


entendemos, data venia, que não existe nenhuma hipótese em a decisão do Juiz Eleitoral
a quo ensejar a interposição de RECURSO ORDINÁRIO.

Denota-se, com meridiana clareza, que o recurso ordinário é cabível contra as


decisões do TRE e nas hipóteses previstas na Constituição Federal quando: Art. 121.
Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes
de direito e das juntas eleitorais. § 4º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais,
somente caberá recurso quando: I - forem proferidas contra disposição expressa desta
Constituição ou de lei; II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais
tribunais eleitorais; III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas
eleições federais ou estaduais; IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de
mandatos eletivos federais ou estaduais; V - denegarem habeas-corpus, mandado de
segurança, habeas-data ou mandado de injunção.
Entendemos, data venia, e em conformidade com amplo entendimento
jurisprudencial, que não é possível aplicar o princípio da fungibilidade por se tratar de
erro grosseiro.

A título de ilustração, colacionamos quatro julgados do TSE.

A oposição de embargos de declaração a despacho do relator que dá provimento


a respe (yitse art. 36, § 7°), quando cabível o agravo regimental, constitui erro grosseiro.
O erro grosseiro afasta a aplicação do princípio da fungibilidade. 3. Embargos não
conhecidos. (TSE – RESPED 19076 – (19076) – Santo André – SP – Rel. Min. Nelson
Azevedo Jobim – DJU 31.08.2001 – p. 158).

A interposição de recurso extraordinário contra acórdão de tribunal regional


eleitoral constitui erro grosseiro, o que afasta a aplicação do princípio da fungibilidade
recursal. Não se presta o recurso especial para o reexame do conjunto probatório dos
autos. (TSE – RESPE 21188 – SP – Osasco – Rel. Juiz Francisco Peçanha Martins –
DJU 19.09.2003 – p. 115)

A oposição de embargos de declaração a despacho do relator que nega


seguimento a recurso especial (Ritse, art. 36, § 6º), quando cabível o agravo regimental,
constitui erro grosseiro. O erro grosseiro afasta a aplicação do princípio da
fungibilidade. Precedentes. Embargos não conhecidos. (TSE – EAG 4202 – RJ – Rio de
Janeiro – Rel. Juiz Luiz Carlos Madeira – DJU 19.09.2003 – p. 114/115).

É inadmissível desistência de recurso que versa sobre matéria de ordem pública.


2. A oposição de embargos de declaração a despacho que deu provimento ao respe,
quando cabível, seria a interposição de agravo regimental, constitui erro grosseiro. Por
se tratar de erro grosseiro, é inaplicável o princípio da fungibilidade dos recursos. Os
crimes de resistência e desobediência não estão no elenco relativo à proteção da
probidade administrativa e da moralidade para exercício de mandato. Não incide o art.
1º, I, “e” da LC 64/90. 5. Incidência da Súmula nº 13 do TSE. Embargos não
conhecidos. Agravo improvido. (TSE – RAREG 17111 – (17111) – Pedro Afonso – TO
– Rel. Min. Nelson Azevedo Jobim – DJU 27.04.2001 – p. 234).

Em caso de não acolhimento da preliminar levantada pelo Ministério Eleitoral,


passamos à análise de mérito.

DO TESTE DE ELEGIBILIDADE
Ao contrário de algumas Comarcas do Estado de ....., foi realizado um teste
muito fácil, inclusive, em atendimento ao princípio democrático, o teste de
elegibilidade, que foi elaborado em comum acordo entre o Ministério Público Eleitoral
e as coligações.

O critério para escolha dos candidatos que iriam fazer os testes também foi
objeto de um acordo entre Ministério Público Eleitoral e as coligações, em total
obediência ao princípio da transparência. (Vide ata do teste de elegibilidade, à fl. 23).

Para evitar futuras alegações de complexidade no teste de elegibilidade, as frases


do “ditado” foram escolhidas pelas coligações e pelo Ministério Público Eleitoral. (Veja
fls. 22).

O julgamento do teste de elegibilidade foi realizado pelas partes que têm


legitimidade de ofertar a impugnação ao registro de candidatura, ou seja, as coligações e
o Ministério Público. Os candidatos que faltaram aos testes tiveram nova chance e
foram notificados para uma data futura. O impugnado, por duas vezes, “fugiu do teste”.
Insta acentuar que o impugnado foi escolhido para fazer o teste, com base nos critérios
relatados à fl. 22.

O autor o registro de candidatura porque o recorrente, além de não ter realizado


o teste, não apresentou nenhum diploma de escolaridade. Existe apenas uma declaração
de uma professora (fl. 11), atestando que o impugnado cursou a 2ª série do Ensino
Fundamental. Pela condição de não alfabetizado do recorrente, que é pública e notória,
suspeitou o Ministério Público Eleitoral que a declaração fosse falsa.

A falsidade da declaração é evidenciada pelo próprio depoimento do impugnado


e também pelas demais provas insertas nos autos, INCLUSIVE, A PRÓPRIA
DECLARANTE, APÓS A PROLAÇÃO DA SENTENÇA, PROCUROU O JUIZ
ELEITORAL A QUO PARA OFERTAR A RETRAÇÃO, o que não foi possível pois o
entendimento doutrinário dominante aduz que a mesma só pode ser realizada antes da
sentença.

DOS FATOS E DAS PROVAS

Denota-se da análise dos autos que ficaram plenamente provados os fatos


alegados. As testemunhas e precisamente o próprio depoimento do impugnado deixam
clara a condição inelegibilidade.
Conforme demonstrado na audiência, o impugnado NÃO CONSEGUIU LER
UMA PALAVRA, nem ESCREVER DUAS PALAVRAS.

Chamo a atenção de V. Exª. para o conteúdo da fl. 130, no lado esquerdo


superior, onde foi solicitado que o impugnado escrevesse “DE ACORDO” e
“APROVADO”.

Em uma análise ainda que perfunctória, chegamos à ilação lógica de que o


impugnado escreveu RABISCOS INDECIFRÁVEIS.

DO CONCEITO DE ANALFABETO

Assevera EDSON DE RESENDE CASTRO:

Aqueles que não sabem ler e escrever, embora tenham capacidade eleitoral
ativa (direito de voto), não podem candidatar-se. Fixou-se, no texto constitucional, a
exigência de um mínimo de conhecimento da linguagem escrita como forma de garantir
o exercício independente do mandato. Embora a Constituição Federal e a Lei
Complementar não exijam escolaridade formal dos candidatos, a Justiça Eleitoral
exige a apresentação de certificado de conclusão de curso, ainda que seja o primário, a
partir de quando se pode concluir pela ausência da inelegibilidade.

Em boa síntese, insta transcrever importantíssimas conclusões do TSE sobre o


conceito de “analfabetismo”, extraídas da obra de JOSÉ JAIRO GOMES: (...) a Corte
Superior Eleitoral considerou analfabeto e, pois, inelegível: a) candidato que, submetido
a teste de alfabetização, não demonstrou possuir habilidades mínimas para ser
considerado alfabetizado (REspe n. 13.180, de 23/09/1996); b) candidato que se mostra
incapaz de esboçar um mínimo de sinais gráficos compreensíveis (REspe n. 12.804, de
25/09/1992); c) candidato que não mostre aptidão para leitura (REspe n. 12.952, de
1º/10/1992); d) candidato que não logre sucesso na prova a que se submeteu, mesmo
que já tenha ocupado a vereança (REspe n. 13.069, de 16/09/1996). Além disso,
considerou-se que a mera assinatura em documentos é insuficiente para provar a
condição de alfabetizado do candidato (REspe n. 21.958, de 03/09/2004).

DA CONTESTAÇÃO

A condição de alfabetizado não foi comprovada, e também não pode subsistir a


alegativa de sucessivos mandatos do impugnado, pois, em conformidade com a Súmula
n.º 15 do TSE;
“O exercício de cargo eletivo não é circunstância suficiente para, em recurso
especial, determinar-se a reforma da decisão, mediante a qual o candidato foi
considerado analfalbeto”.

Nessa esteira, posiciona-se reiteradamente o TSE, sendo clássico o Acórdão nº


13.069, de 16/09/1996, que, inclusive, reconheceu a inelegibilidade de pré-candidato,
que já havia exercido o mandato de vereador. A saber: Inelegibilidade. Analfabetismo.
Não se admite o registro de candidato que, embora já tenha ocupado a vereança,
declarou-se analfabeto, não tendo sucesso na prova a que se submeteu, na presença do
juiz. É inelegível para qualquer cargo o analfabeto (CF, Art. 14 e LC 64/90 art. 1º I, a).
Recurso especial não conhecido.

DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL

A propósito, colocam-se em evidência alguns julgados dos quais não se pode


olvidar:

REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. ANALFABETISMO


CARACTERIZADO. IMPROVIMENTO DO RECURSO. 1. Tendo restado
comprovado nos autos que o candidato não possui a mínima capacidade de ler e
escrever um pequeno texto simples, é de ser considerado como não alfabetizado. 2.
Ademais, não possuindo noções de leitura e escrita, para o exercício de cargos que
exigem conhecimento de língua pátria, pode ser considerado analfabeto o candidato,
incorrendo assim na inelegibilidade prevista na Constituição Federal, artigo 14, § 4º, da
Constituição Federal e no artigo 1º, I, “a”, da Lei Complementar nº 64/90. 3. Recurso
improvido. (Recurso Cível nº 20879 (149477), TRE/SP, São Pedro, Rel. Suzana de
Camargo Gomes,, unânime).

RECURSO ELEITORAL - INDEFERIMENTO DE REGISTRO DE


CANDIDATURA - CANDIDATO OCUPANTE DO CARGO DE VEREADOR -
ANALFABETISMO - TESTE. 1. Não constitui direito adquirido, para os fins previstos
pelo artigo 14, § 4º, da Constituição Federal, c/c o artigo 1º, letra “a” da Lei
Complementar nº 64/90, a ocupação de cargo de vereador. 2. Submetido a teste e não
ficando comprovado que o candidato sabe ler e escrever, ainda que precariamente, deve
o pedido de registro ser indeferido, nos termos do artigo 28, VII da Resolução TSE nº
21.608/04 e art. 14, § 4º da Constituição Federal. 3. Recurso conhecido e improvido.
(Recurso Eleitoral nº 2550, TRE/GO, Corumbá, Rel. Amélia Netto Martins de Araújo,
unânime).

RECURSO - INDEFERIMENTO DE REGISTRO DE CANDIDATURA -


TESTE DE ALFABETIZAÇÃO - NÃO COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO DE
ALFABETIZADO - INELEGIBILIDADE - ART. 14, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ‘A QUO’ - DESPROVIMENTO. É
inelegível, a teor do art. 14, § 4º, da Constituição Federal, postulante a cargo de
vereador que, submetido a teste de alfabetização, não comprove que sabe ler e escrever,
devendo ser indeferido seu registro de candidatura. (Recurso em Registro de Candidato
nº 1208 (19084), TRE/SC, Entre Rios, Rel. José Gaspar Rubik, maioria)..

DO DIREITO:

Ser alfabetizado é uma condição de elegibilidade absoluta, na forma dos artigos


infracitados: Art. 14 § 4º da Constituição Federal: São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos. Art. 1º, inc. I da LC Nº 64: São inelegíveis: I - para qualquer cargo: a) os
inalistáveis e os analfabetos;

AD CONCLUSIO “Ex positis”, o recorrido pugna que NÃO seja dado


provimento ao recurso, com escopo dessa Ínclita Corte da Justiça Eleitoral, confirmar
“in totum” a Sentença do Juiz a quo, que INDEFERIU O PEDIDO DE REGISTRO DE
CANDIDATURA, ANTE A EXISTÊNCIA DE INELEGIBILIDADE ABSOLUTA,
EXPRESSA NO ART. 14 § 4º C.C. ART. 1º, INC. I DA LC Nº 64.

Local,

data e ano.

Assinatura....................................................

Você também pode gostar