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Ao Juízo de Direito da 70ª Vara Criminal da Comarca da Capital Estado Estado do Rio

de Janeiro

Proc. Nº

Ricardo da Silva, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de


identidade nº ,CPF nº ,(filiação), e-mail, telefone, residente e domiciliado na rua
Nº, bairro, CEP, cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, vêm, por seu
advogado infra assinado, com procuração em anexo, apresentar, com fundamento nos
artigos 396 e 396-A do CPP, RESPOSTA PRELIMINAR, pelos fatos e fundamentos
narrados a seguir:

DOS FATOS

No dia 10 de agosto de 2022, o seu Réu, foi citado para responder à acusação no prazo
de dez dias. Em síntese, a denúncia, endereçada ao juízo da 70ª Vara Criminal da
comarca da capital do estado do Rio de Janeiro, aduziu que o Réu teria praticado
estelionato previdenciário.

A autoridade policial no inquérito policial descreveu a dinâmica dos fatos de forma


minuciosa, tendo, ao final, opinado pelo arquivamento do feito em relação ao Réu e
indiciado Jorge Pereira como autor do fato, uma vez que ele se utilizou dos documentos
furtados do Réu para a prática do ilícito.

Ministério Público ofereceu a Denúncia, mas deixou de descrever os fatos de forma


pormenorizada e limitou-se a dizer que Réu se beneficiou de aposentadoria de forma
indevida, estando incurso nas penas do artigo 171,§3º do Código Penal.
DO DIREITO

I – Da Incompetência do Juízo

Competência consiste em um pressuposto de desenvolvimento válido do processo, e


importa no âmbito onde um determinado órgão jurisdicional exerce validamente a
jurisdição do Estado.

A Análise da competência deve sempre ter inicio na Constituição da República


Federativa do Brasil de 1988, verifica-se a competência do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça e demais tribunais superiores, a competência da
Justiça do Trabalho, da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral e da Justiça Federal, o fato
não se enquadrando em nenhuma dessas competências caberá à justiça estadual fazer
o julgamento, tendo em vista que a sua competência é residual.

O Ministério Público estadual ofereceu Denúncia na justiça estadual imputando ao


acusado o delito descrito no artigo 171, § 3º do Código Penal, estelionato
previdenciário. Ocorre que o INSS tem natureza jurídica de Autarquia Federal, e está
ligada ao Ministério da Previdência Social, portanto, o crime foi praticado contra o
patrimônio da União, e, por força do artigo 109, IV da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, a competência pertence à justiça federal.

O Supremo Tribunal Federal abriu uma exceção para fixar a competência da justiça
estadual, em casos de fraude contra o INSS, nas hipóteses em que na localidade não
exista justiça federal:

“O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a competência da Justiça comum


estadual para julgar causas contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ocorre
apenas quando não houver vara federal na comarca em que reside o segurado ou
beneficiário. A decisão, por maioria de votos, foi tomada no Recurso Extraordinário
(RE) 860508, com repercussão geral (Tema 820), e servirá de parâmetro para a
resolução de pelo menos 187 processos com a mesma controvérsia. O julgamento
ocorreu na sessão virtual encerrada em 5/3..”
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=462343&ori=1#:~:text=O%20Supremo%20Tribunal%20Federal
%20(STF,reside%20o%20segurado%20ou%20benefici%C3%A1rio. Consulta em
19/03/2024

Não é o caso da cidade do Rio de Janeiro onde existem diversas Varas Federais,
portanto, torna-se imperioso o reconhecimento da incompetência do juízo para o
julgamento do Réu, pelo crime imputado na Denúncia do Ministério Público estadual.
II- Da Inépcia da Inicial

As petições iniciais, no caso do processo penal, Denúncia nas ações penais públicas e
Queixa-Crime nas ações penais privadas devem observa obrigatoriamente os requisitos
essenciais, os quais sejam: endereçamento, qualificação das partes, descrição dos fatos,
imputação penal especificada da conduta, pedidos e fechamento.

A doutrina majoritária sustenta que no processo penal o Réu se defende dos fatos e não
exclusivamente do artigo de lei. Dessa maneira, torna-se necessário que a acusação
descreva de forma pormenorizada e individualizada as condutas praticadas. A
inobservância da descrição minuciosa e individualizada dos fatos gera o que se
convencionou chamar de Denúncia Genérica. O Supremo Tribunal Federal, em alguns
julgados já se manifestou pela inépcia da inicial, conforme se observa da seguinte
ementa:

“Habeas Corpus. Direito penal e processual penal. Denúncia genérica.


Responsabilidade penal objetiva. Inépcia. Acusação não descreve, de forma
minimamente satisfatória, os elementos do tipo penal que imputa ao
paciente. Narrativa manifestamente precária no que diz respeito à necessária
individualização da conduta do paciente para que se possa verificar sua
autoria e, consequentemente, a devida subsunção de seu comportamento ao
mencionado tipo penal em termos objetivos e subjetivos. Respeito ao
contraditório e ao direito à comunicação prévia e pormenorizada ao acusado
da acusação formulada (art. 8.2.b, CADH). Ordem concedida para trancar o
processo penal”. HC182458 AgR. Segunda Turma do STF. Min. Relator Edson
Fachin. Julgamento 27/09/2021. Publicação 08/11/2021.

Dessa maneira, será necessário que Vossa Excelência, caso não entenda pela
incompetência do juízo, reconheça a inépcia da inicial, rejeitando a Denúncia oferecida
pelo ilustre membro do Parquet, na forma do artigo 395, I do Código de Processo Penal,
tendo em vista que o fato delituoso não foi exposto de forma pormenorizada pela
acusação.

III – Da Falta de Justa Causa

Justa causa, no processo penal, representa o lastro probatório mínimo necessário para o
inicio de um procedimento penal. Consiste em indício suficientes de autoria e provas da
existência de uma infração penal, ou como mencionado por alguns doutrinadores,
provas da materialidade.

“Outrossim, consoante a doutrina de Aury Lopes Junior (2019), a justa causa, para
além de condição da ação penal, mostra-se como uma limitadora ao abuso do direito
de ação. É ´´uma condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar´´
(LOPES JR., 2019)”. A justa causa como condição da ação penal. Jeferson Freitas Luz.
Jusbrasil. https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-justa-causa-como-condicao-da-acao-
penal/1505877005. Consulta em 19/03/2024.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no artigo 5º, inciso LVII,
estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória. Dessa maneira, para o ordenamento jurídico brasileiro,
todas as pessoas, em princípio são inocentes, sendo inadmissível, portanto, que
alguém possa vir a responder criminalmente sem que haja um mínimo probatório
demostrando que a sua conduta, se amolda a um tipo penal, configurando, em tese,
uma infração penal.

O Delegado de Polícia no relatório do inquérito policial, opinou pelo arquivamento


em relação ao Réu, tendo a acusação, sem demonstrar outras fontes do prova oferecido
a Denúncia, sem observar o disposto no artigo 395, III do Código de Processo Penal,
motivo pelo qual a exordial acusatória merece ser rejeitada, conforme determinação
legal.

CONCLUSÃO (pedido)

Diante de todo o exposto, merece ser reconhecida a nulidade por incompetência do


Juízo, com remessa do processo para o órgão jurisdicional com competência
originária, não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, a Denúncia deve ser
rejeitada por configura-se inepta e por falta de justa causa. Não sendo admissível
qualquer outra decisão, por tratar-se de medida da mais lídima

JUSTICA

Nesses termo

pede deferimento.

Rio de Janeiro, data

Assinatura do Advogado

Rol de Testemunhas

Testemunha 1: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº (filiação), e-mail, telefone,
residente e domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.

Testemunha 2: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº (filiação), e-mail, telefone,
residente e domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.

Testemunha 3: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº (filiação), e-mail, telefone,
residente e domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.
Testemunha 4: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº e-mail, telefone, residente
e domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.

Testemunha 5: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº ,e-mail, telefone, residente
e domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.

Testemunha 6: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº e-mail, telefone, residente
e domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.

Testemunha 7: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº e-mail, telefone, residente
e domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.

Testemuha 8: nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº CPF nº e-mail, telefone, residente e
domiciliado na rua Nº, bairro, CEP, cidade, Estado.

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