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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

Órgão 1ª Turma Criminal

Processo N. APELAÇÃO CRIMINAL 0702408-16.2021.8.07.0001

WELLINGTON BRANDAO CABRAL e MARCOS JUNIO MONTEIRO


APELANTE(S)
TAVARES

APELADO(S) MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS


Relatora Desembargadora SIMONE LUCINDO
Revisor Desembargador ESDRAS NEVES

Acórdão Nº 1668282

EMENTA

APELAÇÕES CRIMINAIS. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. FURTO


QUALIFICADO. CONCURSO DE AGENTES E FRAUDE. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO. REQUISITOS
NÃO PREENCHIDOS. CONCURSO DE AGENTES. COMPROVAÇÃO. DOSIMETRIA. NON
REFORMATIO IN PEJUS. MANUTENÇÃO. PENA PECUNIÁRIA. PROPORCIONALIDADE
COM A PENA CORPORAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
NÃO CABIMENTO. RÉUS REINCIDENTES. SENTENÇA MANTIDA.

1. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância incide quando presentes,
cumulativamente, as seguintes condições objetivas: (i) mínima ofensividade da conduta do agente, (ii)
nenhuma periculosidade social da ação; (iii) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento; e,
(iv) inexpressividade da lesão jurídica provocada. Ademais, para o Superior Tribunal de Justiça, o
valor da res furtiva, para fins de aplicação do princípio da insignificância, não pode superar 10% (dez
por cento) do salário mínimo vigente à época dos fatos.

2. Nos termos da jurisprudência do c. Superior Tribunal de Justiça, não se aplica o princípio da


insignificância ao furto praticado mediante fraude. (AgRg no HC n. 705.654/SP, relator Ministro
Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 7/12/2021, DJe de 14/12/2021.)

3. Demonstrado nos autos que os réus agiram em conjunto, de forma consciente e voluntária, visando
a prática do delito de furto mediante fraude, não há como afastar a qualificadora do art. 155, §4º, II, do
Código Penal.

4.Analisada a dosimetria da pena por força do efeito devolutivo em profundidade da apelação criminal,
sua revisão não pode conduzir à pena superior àquela aplicada na sentença, por força do princípio da
non reformatio in pejus.
5.A reincidência dos réus implica a fixação do regime inicial semiaberto (art. 33, §2º, do Código
Penal), e impede a substituição da pena privativa de liberdade por restrititvas de direito e a suspensão
da pena (art. 44 e 77 do Código Penal).

6.Apelações conhecidas e não providas.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 1ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e dos Territórios, SIMONE LUCINDO - Relatora, ESDRAS NEVES - Revisor e ASIEL
HENRIQUE DE SOUSA - 1º Vogal, sob a Presidência da Senhora Desembargadora SIMONE
LUCINDO, em proferir a seguinte decisão: NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS. UNÂNIME,
de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 03 de Março de 2023

Desembargadora SIMONE LUCINDO


Presidente e Relatora

RELATÓRIO

Tratam-se de apelações criminais interpostas por Wellington Brandão Cabral e por Marcos Junio
Monteiro Tavares contra a r. sentença ao ID 38792208, em que o douto Juízo de origem julgou
procedente a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, para
condenar os réus como incursos nas penas do artigo 155, §4º, incisos II e IV, e do artigo 155, § 4º,
incisos II e IV, c/c artigo 14, II, do Código Penal, na forma do artigo 71, do mesmo diploma legal, à
penas de 3 (três) anos e 1 (um) mês de reclusão cada um, em regime semiaberto, além de 45 (quarenta
e cinco) dias-multa, calculados à razão de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato.

Em suas razões recursais (ID 39972555), a defesa do réu Wellington Brandão Cabral requer a reforma
parcial da sentença. Para tanto, defende que a palavra do acusado merece credibilidade, pois não restou
comprovado nos autos que os acusados atuavam em conjunto. Afirma que o argumento de que os
vídeos demonstrariam unidade de desígnios parte, unicamente, de uma presunção. Alega que, além da
palavra parcial de um policial, não há qualquer outra prova que demonstre a união de esforços dos
acusados. Acrescenta que os acusados não foram vistos juntos e a esposa do ora apelante também
nunca ouviu falar em Marcos. Sustenta que, conforme alegações do réu em seu depoimento, ele
instalou o dispositivo no dia 14/09/2019 e compareceu no dia seguinte para retirá-lo, e questiona o que
ele teria ido fazer na agência se não fosse para retirar o dispositivo que instalou. Acrescenta que, da
forma como exposto na sentença, os acusados precisariam fazer prova de fato negativo – o fato de não
se conhecerem, o que constituiria o chamado ônus diabólico. Dessa forma, afirma que só há como
reconhecer que o réu tenha praticado um furto tentado, sem a qualificadora do concurso de agentes,
afastando, inclusive, a condenação pelo furto consumado. Também requer o redimensionamento da
pena pecuniária, a fim de que seja aplicado o mesmo critério de exasperação da pena corporal, qual
seja, 1/6 (um sexto) para cada circunstância.

Sem contrarrazões formais da acusação (ID 40241006).

Parecer da d. Procuradoria de Justiça Criminal ao ID 40584004, pelo conhecimento e não provimento


do recurso.

O réu Marcos Junio Monteiro Tavares apresentou seu termo de apelação tempestivamente ao ID
38792215. Os autos vieram a este Tribunal de Justiça sem as razões do apelo, razão pela qual esta
Relatoria intimou a Defesa do réu para oferecimento das razões recursais (ID 40781598).

Em resposta, a defesa do réu apresentou suas razões ao ID 41634101. Nela, pugna pela absolvição do
réu com base no princípio da insignificância, uma vez que o valor apreendido foi de R$ 540,00, o qual
foi logo restituído à vítima que, portanto, não teve prejuízo material. Subsidiariamente, requer a
substituição da pena corporal pela pena de multa, ou, ainda, a fixação do regime aberto, com
substituição da pena corporal por sanções restritivas de direitos.

Sem contrarrazões formais da acusação (ID 41647667).

Parecer da d. Procuradoria de Justiça Criminal ao ID 41952595, pelo conhecimento e não provimento


da apelação.

É o relatório.

À d. Revisão.

VOTOS

A Senhora Desembargadora SIMONE LUCINDO - Relatora

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço da apelação.

Na origem, os apelantes Wellington Brandão Cabral e por Marcos Junio Monteiro foram denunciados
pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios como incursos nas penas do art. 155, §4º, II e
IV, do CP e art. 155, §4º, II e IV, do CP c/c art. 14, II, do Código Penal, consoante os fatos delineados
na peça acusatória, in verbis:

1º Fato

Entre os dias 14/09/2019 e 15/09/2019, em uma agência do Banco Itaú, localizada na Quadra 504, W3
Sul, Asa Sul, Brasília/DF, os denunciados WELLINGTON e MARCOS, em unidade de desígnios,
subtraíram, para ambos, mediante fraude e concurso de pessoas, alguns envelopes contendo valores
em seu interior, os quais haviam sido depositados nos caixas eletrônicos da referida instituição
financeira por clientes.

Consta dos autos que, no dia 14/09/2019, os denunciados WELLINGTON e MARCOS compareceram
na referida agência bancária, onde instalaram em um dos terminais de auto-atendimento um aparelho,
conhecido como "pescador de envelopes".

No mesmo dia, 14/09/2019, o denunciado MARCOS compareceu na mencionada agência bancária,


oportunidade em que "pescou" e subtraiu alguns envelopes que haviam sido depositados por clientes
no terminal de caixa eletrônico fraudado pelos denunciados, no valor de R$ 540,00.

Posteriormente, no dia 15/09/2019, policiais civis compareceram na agência bancária e desinstalaram


o dispositivo espúrio que havia sido instalado pelos denunciados.

2º Fato

Entre os dias 14/09/2019 e 15/09/2019, em uma agência do Banco Itaú, localizada no SIA, Trecho 3,
Brasília/DF, os denunciados WELLINGTON e MARCOS, em unidade de desígnios, tentaram
subtrair, para ambos, mediante fraude e concurso de pessoas, alguns envelopes contendo valores em
seu interior, os quais haviam sido depositados nos caixas eletrônicos da referida instituição financeira
por clientes, não consumando o delito por circunstâncias alheia as suas vontades.

Consta dos autos que, no dia 14/09/2019, os denunciados WELLINGTON e MARCOS compareceram
na referida agência bancária, onde instalaram, no último terminal de auto-atendimento um aparelho,
conhecido como "pescador de envelopes".

Note-se que, ainda no dia 14/09/2019, o setor de segurança do Banco Itaú informou a policiais civis
que os denunciados ainda não haviam retirado os dispositivos "pescadores" e que, provavelmente, os
desinstalariam no dia seguinte, assim que as agências abrissem. O Setor de Segurança do Banco Itaú
acrescentou que os autores estavam utilizavam um veículo VW/Virtus, cor cinza.

Dessa forma, no dia 15/09/2019, equipes de policiais civis compareceram nas agências bancárias e
aguardaram o momento em que os denunciados desinstalariam os dispositivos criminosos.

Assim, por volta de 7:20hs, o denunciado WELLINGTON compareceu na agência do Trecho 3 do


SIA, com o veículo VW/Virtus, cor cinza, de propriedade de sua namorada, para retirar o dispositivo
"pescador", todavia ao notar a presença dos policiais no local empreendeu fuga, sendo seguido e preso
em seguida.

(ID 38792080, p. 1/3)

Cumprido o itinerário processual, os réus foram condenados pela prática das condutas delituosas que
lhe foram imputadas, a penas de 3 (três) anos e 1 (um) mês de reclusão cada um, em regime
semiaberto, além de 45 (quarenta e cinco) dias-multa, calculados à razão de 1/30 do salário mínimo
vigente à época do fato.

Inconformados com a sentença, os dois réus apelaram.

O réu Wellington pugna, em síntese, pela exclusão da qualificadora do concurso de agentes e


consequentemente, pela condenação apenas pelo furto mediante fraude, na modalidade tentada.
Também requer o redimensionamento da pena pecuniária.

Por sua vez, o réu Marcos Junio requer sua absolvição pelo princípio da insignificância.
Subsidiariamente, requer a substituição da pena corporal pela pena de multa, ou, ainda, a fixação do
regime aberto, com substituição da pena corporal por sanções restritivas de direitos.

Brevemente delineados os fatos, passa-se à análise do mérito dos apelos, com a ressalva de que, por
força do efeito devolutivo em profundidade conferido ao recurso da defesa, os pontos não abordados
nos recursos também serão objeto de análise.

1. Da autoria e materialidade

A autoria e a materialidade delitivas são incontroversas nos autos, conforme provas produzidas ao
longo da instrução processual, mormente: Auto de Prisão em Flagrante (ID 38791786, p. 3/11); Auto
de Apresentação e Apreensão (ID 38791786, p. 13); Comunicação de Ocorrência Policial (ID
38791786, p.15/20); Relatórios policiais (ID 38791787, p. 43/57; e ID 38792077, p. 01/04); Vídeos
das câmeras de segurança (ID 38791791); bem como pelas provas orais produzidas judicialmente,
inclusive a confissão dos réus, ainda que parcial (ID 38792180).

2. Da absolvição por atipicidade da conduta - incidência do princípio da insignificância

Conforme relatado, a defesa do réu Marcos Junio alega que deve ser reconhecida a atipicidade da
conduta, ante a incidência do princípio da insignificância ao caso em comento.

Sobre o tema, impende esclarecer que o entendimento do excelso Supremo Tribunal Federal é firme
no sentido de que o princípio da insignificância incide quando presentes, cumulativamente, as
seguintes condições objetivas: (i) mínima ofensividade da conduta do agente, (ii) nenhuma
periculosidade social da ação; (iii) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento; (iv)
inexpressividade da lesão jurídica provocada, ressaltando, ainda, que a contumácia na prática delitiva
impede a aplicação do princípio.

O Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, tem entendimento firmado no sentido de que o valor da
res furtiva, para fins de aplicação do princípio da insignificância, não pode superar 10% (dez por
cento) do salário mínimo vigente à época dos fatos.

Nesse sentido, veja-se:

PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. FURTO. PRINCÍPIO DA


INSIGNIFICÂNCIA. HABITUALIDADE CRIMINOSA. VALOR DA RES FURTIVA SUPERIOR
A 10% DO SALÁRIO MÍNIMO EM VIGOR À ÉPOCA DOS FATOS. INAPLICABILIDADE.
CRIME IMPOSSÍVEL. SÚMULA 567/STJ. AGRAVO DESPROVIDO.

1. O "princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os postulados da


fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou
de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. [...] Tal
postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de
certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma periculosidade
social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a
inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no
reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos
próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público."

(HC n. 84.412-0/SP, STF, Rel. Ministro CELSO DE MELLO, DJU 19.11.2004.) 2. Resta clara a
contumácia delitiva do réu, em especial crimes patrimoniais, já que ostenta maus antecedentes e é
reincidente, o que demonstra seu desprezo sistemático pelo cumprimento do ordenamento jurídico.

3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, "a reiteração delitiva afasta a incidência do princípio da
insignificância, pois, "apesar de não configurar reincidência, a existência de outras ações penais,
inquéritos policiais em curso ou procedimentos administrativos fiscais, é suficiente para caracterizar a
habitualidade delitiva e, consequentemente, afastar a incidência do princípio da insignificância"
(AgRg no REsp 1.907.574/PR, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 24/8/2021, DJe 31/8/2021).

4. Nos termos da sentença condenatória, considerando que a res furtiva foi avaliada em R$
305,65, restando superado o critério jurisprudencialmente adotado de 10% do salário-mínimo à
época do fato, em 2019, descabe falar em inexpressividade da lesão ao bem jurídico.

5. A vigilância e observação do agente por empregado do estabelecimento não tornam,


necessariamente, a consumação do crime impossível, pois é factível que o agente, por habilidade ou
rapidez, burle o sistema ou despiste o funcionário e consiga empreender fuga do local, bem como
pode ocorrer do próprio sistema vir a falhar por problemas técnicos, conforme a inteligência da
Súmula 567/STJ.

6. Os sistemas de vigilância apenas reduzem a possibilidade de consumação dos furtos. Trata-se de


medidas preventivas dos empresários na proteção de seus estabelecimentos, ante a ineficiência estatal,
sendo completamente descabido cogitar conferir o benefício da excludente de tipicidade à
criminalidade ocorrida contra aqueles que investem na segurança de seu patrimônio e, reflexamente,
dos próprios clientes.

7. Agravo desprovido.

(AgRg no HC n. 764.177/SP, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 28/11/2022,
DJe de 2/12/2022.)

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. FURTO QUALIFICADO. ART. 155, §4º, INCISOS I E IV, DO CP. ATIPICIDADE.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. ACUSADO
MULTIRREINCIDENTE. OFENSIVIDADE DA CONDUTA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO.

1. A lei penal não deve ser invocada para atuar em hipóteses desprovidas de significação social, razão
pela qual os princípios da insignificância e da intervenção mínima surgem para atuar como
instrumentos de interpretação restrita do tipo penal. Entretanto, a ideia não pode ser aceita sem
restrições, sob pena de o Estado dar margem a situações de perigo, na medida em que qualquer
cidadão poderia se valer de tal princípio para justificar a prática de pequenos ilícitos, incentivando,
por certo, condutas que atentem contra a ordem social.

2. O princípio da insignificância deve ser analisado em conexão com os postulados da


fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal, no sentido de excluir ou
afastar a própria tipicidade penal, observando-se a presença de "certos vetores, como (a) a mínima
ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo
grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada" (HC
n. 98.152/MG, Relator Ministro CELSO DE MELLO, Segunda Turma, DJe 5/6/2009).

3. Salienta-se que, quanto ao tema, o Plenário do eg. Supremo Tribunal Federal, ao examinar,
conjuntamente, o HC n. 123.108/MG, o HC n. 123.533/SP e o HC n. 123.734/MG, todos de relatoria
do Ministro ROBERTO BARROSO, definiu que a incidência do princípio da insignificância deve ser
feita caso a caso (Informativo n. 793/STF).
4. Nessa linha, a Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp n. 221.999/RS, de MINHA
RELATORIA, DJe 10/12/2015, estabeleceu que a reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do
princípio da insignificância, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, a verificação que a
medida é socialmente recomendável, como no presente caso. Precedentes.

5. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou-se no sentido de ser incabível a


aplicação do princípio da insignificância quando o montante do valor da res furtiva superar o
percentual de 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos. Precedentes.

6. Ademais, a prática do delito de furto qualificado por escalada, arrombamento ou rompimento de


obstáculo ou concurso de agentes, caso dos autos, indica a especial reprovabilidade do comportamento
e afasta a aplicação do princípio da insignificância (HC n. 351.207/RS, Relatora Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 28/6/2016, DJe 1/8/2016)" (HC n.
459.407/SC, Relator Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado em 18/10/2018, DJe
23/10/2018).

7. Na hipótese em análise, trata-se de situação que não atrai a incidência excepcional do princípio da
insignificância, uma vez que, mesmo o bem subtraído (1 fogareiro de duas bocas, marca Ramos,
avaliado em R$ 70,00) não superar o percentual de 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos
(R$ 954,00 em 2018), o acusado é multirreincidente, além do delito ter sido praticado mediante
rompimento de obstáculo e concurso de pessoas, o que afasta o reduzido grau de reprovabilidade da
conduta e não configura a mínima ofensividade do comportamento do acusado.

8. Agravo regimental não provido.

(AgRg no AgRg no AREsp n. 2.181.925/PR, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, julgado em 22/11/2022, DJe de 28/11/2022.)

A jurisprudência deste Tribunal de Justiça caminha no mesmo sentido. Veja-se:

APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO MEDIANTE CONCURSO DE PESSOAS


(ART. 155, §4º, INCISO IV, DO CP). MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
CONDENAÇÃO MANTIDA. CRIME PATRIMONIAL. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL
CREDIBILIDADE. PALAVRA DOS POLICIAIS. FÉ PÚBLICA. CONCURSO DE AGENTES.
IDENTIFICAÇÃO DO COMPARSA. INEXIGÍVEL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. FURTO
PRIVILEGIADO (ART. 155, §2º, DO CP). SÚMULA Nº 511 DO STJ. SUPENSÃO
CONDICIONAL DO PROCESSO (ART. 89 DA LEI Nº 9.099/95). EXISTÊNCIA DE AÇÃO
PENAL EM CURSO. IMPEDIMENTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Comprovadas
a autoria e a materialidade do crime de furto qualificado mediante o concurso de pessoas (art. 155,
§4º, inciso IV, do CP), a condenação é medida que se impõe. 2. Nos crimes patrimoniais, confere-se à
palavra da vítima especial credibilidade, sobretudo quando seu depoimento na Delegacia e em Juízo
forem seguros e coerentes e vierem confirmados por outros elementos probatórios. 3. As palavras dos
agentes policiais gozam de fé pública quando produzidas no exercício de suas funções, máxime
quando se mostrarem coerentes e harmônicas com as demais provas contidas nos autos. 4."A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que a caracterização do concurso
de agentes não exige a identificação do comparsa, sendo suficiente a concorrência de duas ou mais
pessoas na execução do crime"(AgRg no HC 556.720/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 4/8/2020, DJe 12/8/2020). 5. Segundo a jurisprudência
oriunda do e. STF, os requisitos objetivos para se aplicar o princípio da insignificância são: a) a
mínima ofensividade da conduta do agente; b) a ausência de periculosidade social da ação; c) o
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento, e; d) a inexpressividade da lesão jurídica
provocada. Para averiguar a inexpressividade da lesão jurídica provocada, o c. STJ utiliza-se de
um critério objetivo, também abraçado pela jurisprudência oriunda deste egrégio TJDFT, qual
seja, o de que ares furtivanão ultrapasse o montante de 10% (dez por cento) do salário mínimo
vigente ao tempo dos fatos. O crime de furto qualificado pelo concurso de pessoas evidencia o
elevado grau de reprovabilidade do comportamento da acusada, circunstância que afasta a aplicação
do referido princípio. 6. Por se tratar deres furtivade pequeno valor, aliado à primariedade da
apelante, e ainda sendo a qualificadora "concurso de pessoas" de ordem objetiva, é mister o
reconhecimento do furto privilegiado na espécie, nos termos do art. 155, §2º, do CP, c/c, Súmula nº
511/STJ. 7. A existência de ações penais em curso contra o réu impede, por força legal, a concessão
dosursisprocessual, traduzindo-se em condição objetiva para a concessão do benefício, nos termos do
art. 89 da Lei nº 9.099/95. 8. Recurso parcialmente provido.
(Acórdão 1638679, 07245261420208070003, Relator: J.J. COSTA CARVALHO, 1ª Turma Criminal,
data de julgamento: 10/11/2022, publicado no PJe: 30/11/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS.


ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
IMPOSSIBILIDADE. VALOR DO BEM SUPERIOR A 10% DO SALÁRIO-MÍNIMO VIGENTE À
ÉPOCA DO DELITO. HABITUALIDADE. TENTATIVA. IMPOSSIBILIDADE. TEORIA DA
"AMOTIO". QUALIFICADORA DO ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. AFASTAMENTO.
DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. FURTO EM PERÍODO NOTURNO.
MANTIDA. QUANTUM DE FIXAÇÃO DA PENA. MULTIRREINCIDÊNCIA. FRAÇÃO. PENA
PECUNIÁRIA. PROPORCIONALIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O
Supremo Tribunal Federal, a partir do julgamento do "Habeas Corpus" nº 84.412/SP, de relatoria do
Ministro Celso de Mello, passou a adotar o entendimento de que o princípio da insignificância tem
como vetores: a mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação,
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica
provocada. 2. o Plenário do Supremo Tribunal Federal definiu, no exame conjunto do HC n.
123.108/MG, HC n. 123.533/SP e HC n. 123.734/MG, todos de relatoria do Ministro Roberto
Barroso, que a incidência do princípio da insignificância deve ser analisada caso a caso (Informativo
n. 793 do STF). 3. O valor dos bens subtraídos pelo acusado (carrinho de bebê, bebê conforto e
estepe do veículo) ultrapassam 10% (dez por cento) do salário-mínimo vigente à época dos fatos,
além disso o réu possui condenações por crimes patrimoniais, mostrando-se correto o
afastamento da atipicidade por insignificância. 4. Para a consumação do crime de furto não se
exige a posse mansa e pacífica do bem, tampouco que ele saia da esfera de vigilância da vítima, de
modo que basta a simples inversão da posse, mesmo que por breve período, segundo a teoria da
"amotio" ou "apprehensio", o que ocorreu na hipótese, não havendo falar em desclassificação da
conduta para a modalidade tentada. 5 O decreto condenatório não pode se afastar dos limites dos
fatos descritos da denúncia, sob pena de ofensa aos princípios da correlação, do contraditório e da
ampla defesa, razão pela qual afasta-se da condenação a qualificadora do inciso I do §4º do artigo 155
do Código Penal, uma vez que adenúncia descreveu a qualificadora inerente ao rompimento de
obstáculo por arrombamento da porta dianteira do veículo, enquanto o laudo pericial constatou o
arrombamento do porta-malas. 6. Inobstante o precedente vinculante estabelecido no Tema Repetitivo
nº 1087, do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que a causa de aumento relativa ao
cometimento do crime de furto durante o repouso noturno (artigo 155, § 1º, do Código Penal), não
incide nas hipóteses de furto qualificado, expressas no § 4º, do aludido dispositivo, no caso em apreço
os réus praticaram o delito entre 2h30min e 3h da madrugada. Sendo assim, não há qualquer óbice que
tal circunstância seja sopesada negativamente quando do estabelecimento da pena-base, pois
indubitavelmente o furto cometido durante o repouso noturno enseja maior repreensão do fato
criminoso. 7. O colendo Superior Tribunal de Justiça tem considerado proporcional a fração de 1/6
(um sexto) de aumento da pena-base, a partir da pena mínima em abstrato, salvo se houver
fundamento para a elevação em fração superior. 8. Nos termos do artigo 64, inciso I, do Código
Penal, o marco inicial do período depurador dos efeitos da reincidência é a data do cumprimento ou
extinção da pena. 9. A multirreincidência caracterizada por 3 (três) condenações penais definitivas
anteriores (já descontadas aquelas empregadas para os antecedentes) demonstra maior reprovabilidade
da conduta a justificar o aumento na fração de 1/4 (um quarto), para que se possa adequar a resposta
estatal para cada crime, conforme suas particularidades. 10. A pena de multa deve ser fixada de forma
adequada e proporcional à pena corporal aplicada. 11. Tratando-se de reincidência e maus
antecedentes, inviável asubstituição da pena corporal por restritivas de direitos. 12. Recurso
parcialmente provido.
(Acórdão 1641509, 07036182920228070014, Relator: SILVANIO BARBOSA DOS SANTOS, 2ª
Turma Criminal, data de julgamento: 17/11/2022, publicado no PJe: 29/11/2022. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

Partindo, então, das premissas fixadas tanto pelo Supremo Tribunal Federal como pelo Superior
Tribunal de Justiça, não há como reconhecer, nesse caso, a atipicidade material por força da aplicação
do princípio da insignificância.

Ressai dos autos que os réus praticaram o crime de furto mediante fraude, consistente na instalação de
dispositivos retentores de envelopes bancários em caixas eletrônicos, vulgarmente conhecidos como
pescadores de envelopes.

O modus operandi utilizado pelos réus demonstra, além de um grau elevado de reprovabilidade, a
periculosidade social da ação, que, embora tenha como vítima direta a instituição bancária, atinge
inúmeros consumidores que se utilizam dos caixas eletrônicos para o depósito de dinheiro.

Além disso, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de rechaçar a


aplicação do princípio ora em debate aos casos de furto mediante fraude.

Nesse sentido, veja-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. SÚMULA N. 691 DO STF. SUPERAÇÃO


IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.

1. De acordo com o explicitado na Constituição Federal (art. 105, I, "c"), não compete a este Superior
Tribunal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão denegatória de liminar, por
desembargador, antes de prévio pronunciamento do órgão colegiado de segundo grau.

2. Em verdade, o remédio heroico, em que pesem sua altivez e sua grandeza como garantia
constitucional de proteção da liberdade humana, não deve servir de instrumento para que se afastem
as regras de competência e se submetam à apreciação das mais altas Cortes do país decisões de
primeiro grau às quais se atribui suposta ilegalidade, salvo se evidenciada, sem necessidade de exame
mais vertical, a apontada violação ao direito de liberdade do paciente.

Somente em tal hipótese a jurisprudência, tanto do STJ quanto do STF, admite o excepcional
afastamento do rigor da Súmula n. 691 do STF.

3. A prisão preventiva é compatível com a presunção de não culpabilidade do acusado desde que não
assuma natureza de antecipação da pena e não decorra, automaticamente, da natureza abstrata do
crime ou do ato processual praticado (art. 313, § 2º, CPP). Além disso, a decisão judicial deve
apoiar-se em motivos e fundamentos concretos, relativos a fatos novos ou contemporâneos, dos quais
se se possa extrair o perigo que a liberdade plena do investigado ou réu representa para os meios ou os
fins do processo penal (arts. 312 e 315 do CPP).

4. O Juiz de primeira instância apontou, de forma idônea, a presença dos vetores contidos no art. 312
do Código de Processo Penal, indicando motivação suficiente para decretar a prisão preventiva, ao
salientar a reincidência do paciente.
5. No que tange à alegada incidência do princípio da insignificância, "esta Corte entende que a
prática do delito de furto qualificado pelo concurso de agentes e mediante fraude, caso dos
autos, indica a especial reprovabilidade do comportamento, sobretudo quando se trata de agente
reincidente, o que afasta a aplicação do princípio da insignificância".

6 . Agravo regimental não provido.

(AgRg no HC n. 705.654/SP, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em
7/12/2021, DJe de 14/12/2021.)

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO TENTADO


QUALIFICADO PELA FRAUDE (CP, ART. 155, § 4º, II, C/C O 14, II, DO CÓDIGO PENAL CP).
SENTENÇA CONDENATÓRIA. PLEITO DE RECONHECIMENTO DA ATIPICIDADE DA
CONDUTA. CRIME IMPOSSÍVEL. IMPROPRIEDADE DO OBJETO. CHEQUE NOMINAL.
CONTEÚDO ECONÔMICO. CONDUTA TÍPICA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INVIABILIDADE. POSSÍVEL UTILIZAÇÃO DA CÁRTULA. CRIME
MEDIANTE FRAUDE. POTENCIALIDADE LESIVA. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE
ILEGALIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. O acórdão impugnado decidiu no sentido de que a cártula (cheque nominal) possui valor
econômico, sendo passível de se obter vantagem ilícita por parte do agente ou de outrem, o que afasta
a alegada atipicidade da conduta. Ademais, o cometimento do crime mediante fraude inviabiliza a
aplicação do princípio da insignificância.

2. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no HC n. 624.632/SC, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em
23/11/2021, DJe de 26/11/2021.)

Outrossim, o envelope subtraído pelo réu Marcos continha o valor de R$ 540,00 (quinhentos e
quarenta reais), o que ultrapassa de modo considerável o limite aceito pelo Superior Tribunal de
Justiça, já mencionado.

Não bastasse, os réus são reincidentes em crimes desta natureza.

Dessa forma, sob qualquer ótica que se analise, incabível cogitar a aplicação do princípio da
insignificância ao caso.

3. Da qualificadora do concurso de agentes

Defende o réu Wellington, no ponto, que não existem provas nos autos capazes de comprovar que os
réus agiram em unidade de desígnios.

Contudo, razão não lhe assiste.

Pelo que se extrai dos autos, os réus são monitorados pela segurança do Banco e pela polícia há um
tempo, existindo indícios que a prática delituosa remonta ao ano de 2018 (relatório policial ao ID
38791787, p. 43/56).

Especificamente quanto aos dois fatos ora denunciados, observa-se que o réu Wellington, no dia
14/09/2019, instala os dispositivos nos caixas eletrônicos das agências do Banco Itaú da Av. W3 Sul e
do Sia, sendo que, horas depois, o réu Marcos se dirige exatamente aos mesmos caixas eletrônicos,
conseguindo resgatar o envelope de um desses caixas, com o valor de R$ 540,00.

O relatório policial é minucioso quanto à prática delitiva e as imagens colacionadas tornam indene de
dúvidas que os réus agiam em conluio.

Não se mostra crível a versão dos réus de que não se conheciam, não sendo razoável cogitar que os
dois réus, de forma independente e desvinculada, agiam nas mesmas agências, nos mesmos caixas
eletrônicos e nos mesmos intervalos de tempo.

Dessa forma, correta a r. sentença ao reconhecer a qualificadora do concurso de agentes.

4. Da dosimetria da pena

Neste tópico, convém esclarecer que, em relação à primeira fase da dosimetria, considerando que
não há quantum de aumento de pena previsto em lei, adota-se o entendimento jurisprudencial que
considera a fração de 1/8 a ser aplicada sobre o intervalo entre a pena máxima e a pena mínima
prevista em abstrato.

Já na segunda fase da dosimetria, pelo fato de também não haver previsão legal em relação ao
quantum de pena a ser majorado para cada agravante, ou para ser reduzido para cada atenuante,
utiliza-se a fração de 1/6, a ser aplicada sobre a pena-base fixada na primeira fase , conforme
orientação jurisprudencial.

Feitos tais esclarecimentos, passa-se à análise da dosimetria da pena, de forma individualizada.

4.1 Réu Wellington Brandão Cabral

4.1.1 – Furto qualificado consumado

Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:

A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações anteriores em sua
folha penal (ID 89717208), sendo que uma será valorada para fins de reincidência (furto na 3ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (furto na 6ª Vara Criminal de Brasília).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As conseqüências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.

A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.

Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.

Todavia, em obediência ao princípio da non reformatio in pejus, mantenho a pena-base fixada em


sentença, correspondente a 2 (dois) anos e 8 (oito) meses.

Na segunda fase, foram adequadamente compensadas a agravante da reincidência com a atenuante da


confissão espontânea, sendo mantida, dessa forma, a pena-base.

Por fim, na terceira fase, não foram verificadas causas de aumento ou diminuição da pena.

Assim, a pena foi definitivamente fixada em 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão.

Além disso, foi imposta a pena pecuniária de 30 dias-multa, calculados na razão de 1/30 do salário
mínimo vigente à época dos fatos, quantidade que se revela adequada a proporcional à pena corporal,
não merecendo reparos.

4.1.2 – Furto qualificado tentado

Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:

A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações anteriores em sua
folha penal (ID 89717208), sendo que uma será valorada para fins de reincidência (furto na 3ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (furto na 6ª Vara Criminal de Brasília).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As conseqüências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.

A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.

Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.

Todavia, em obediência ao princípio da non reformatio in pejus, mantenho a pena-base fixada em


sentença, correspondente a 2 (dois) anos e 8 (oito) meses, além de 30 (trinta) dias-multa.

Na segunda fase, foram adequadamente compensadas a agravante da reincidência com a atenuante da


confissão espontânea, sendo mantida, dessa forma, a pena-base.

Na terceira fase, incide a causa de diminuição correspondente à tentativa.

Como cediço, a tentativa é punida com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços, observado o iter criminis percorrido pelo réu.

No caso dos autos, como bem pontuado em sentença, o réu instalou dispositivos que ficaram nos
caixas eletrônicos por longas horas, aumentado, assim, as chances de êxito da empreitada, que
somente não ocorreu pela ação dos policiais.

Dessa forma, correta a redução da pena em ½, de tal sorte que a reprimenda definitiva imposta ao réu
foi de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de reclusão, e 15 (quinze) dias multa.

4.1.3 – Unificação das penas

Sobre a unificação das penas, correta a r. sentença ao reconhecer a continuidade delitiva, haja vista
que as condutas foram praticadas sob as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução.

Assim, a pena do furto consumado foi majorada em 1/6, totalizando 3 (três) anos e 1 (um) mês de
reclusão.

As penas de multa foram somadas, a teor do disposto no artigo 72 do Código Penal, totalizando 45
(quarenta e cinco) dias multa, à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato.

Em razão da reincidência, correta a aplicação do regime semiaberto, a teor do disposto no art. 33, §2º,
do Código Penal.

Também em razão da reincidência, o réu não faz jus aos benefícios constantes nos artigos 44
(substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos) e 77 (suspensão da pena) do
Código Penal.

4.2 – Réu Marcos Junio Monteiro Tavares

4.2.1 – Furto qualificado consumado

Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:

A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações em sua folha
penal (ID 89717207), sendo que a primeira será valorada para fins de reincidência (furto na 6ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (roubo na 2ª Vara Criminal de Luziânia).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As consequências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.

A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.

Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.
Todavia, em obediência ao princípio da non reformatio in pejus, mantenho a pena-base fixada em
sentença, correspondente a 2 (dois) anos e 8 (oito) meses.

Na segunda fase, foram adequadamente compensadas a agravante da reincidência com a atenuante da


confissão espontânea, sendo mantida, dessa forma, a pena-base.

Por fim, na terceira fase, não foram verificadas causas de aumento ou diminuição da pena.

Assim, a pena foi definitivamente fixada em 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão.

Além disso, foi imposta a pena pecuniária de 30 dias-multa, calculados na razão de 1/30 do salário
mínimo vigente à época dos fatos, quantidade que se revela adequada a proporcional à pena corporal,
não merecendo reparos.

4.2.2 – Furto qualificado tentado

Na primeira fase, o magistrado entendeu pela valoração negativa dos antecedentes e das circunstâncias
do delito, nos seguintes termos:

A culpabilidade foi normal a essa espécie de delito. O réu possui duas condenações em sua folha
penal (ID 89717207), sendo que a primeira será valorada para fins de reincidência (furto na 6ª Vara
Criminal de Brasília) e a segunda como maus antecedentes (roubo na 2ª Vara Criminal de Luziânia).
Não há, nos autos, elementos que permitam analisar sua conduta social e personalidade. Os motivos
do crime são os inerentes à espécie, confundindo-se com o elemento subjetivo do tipo, qual seja, a
intenção de lucro fácil, por intermédio da prática do crime. As circunstâncias do delito também são
negativas, uma vez que o réu fazia a instalação de diversos dispositivos em cada agência, aumentando,
portanto, as chances de êxito em cada empreitada criminosa. As consequências foram as comuns ao
tipo penal. O comportamento da vítima, nas circunstâncias, em nada contribuiu para o evento
criminoso.

A análise das circunstâncias se revela adequada e não merece reparos. Contudo, conforme elucidado
anteriormente, esta Relatoria entende pela exasperação da pena-base em 1/8 sobre o intervalo entre a
pena máxima e a pena mínima prevista em abstrato, para cada circunstância.

Nesse sentido, a pena-base do réu deveria ser fixada no patamar de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.

Todavia, em obediência ao princípio da non reformatio in pejus, mantenho a pena-base fixada em


sentença, correspondente a 2 (dois) anos e 8 (oito) meses, além de 30 (trinta) dias-multa.

Na segunda fase, foram adequadamente compensadas a agravante da reincidência com a atenuante da


confissão espontânea, sendo mantida, dessa forma, a pena-base.

Na terceira fase, incide a causa de diminuição correspondente à tentativa.

Como cediço, a tentativa é punida com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um
a dois terços, observado o iter criminis percorrido pelo réu.

No caso dos autos, como bem pontuado em sentença, o réu instalou dispositivos que ficaram nos
caixas eletrônicos por longas horas, aumentado, assim, as chances de êxito da empreitada, que
somente não ocorreu pela ação dos policiais.
Dessa forma, correta a redução da pena em ½, de tal sorte que a reprimenda definitiva imposta ao réu
foi de 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de reclusão, e 15 (quinze) dias multa.

4.2.3 – Unificação das penas

Sobre a unificação das penas, correta a r. sentença ao reconhecer a continuidade delitiva, haja vista
que as condutas foram praticadas sob as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução.

Assim, a pena do furto consumado foi majorada em 1/6, totalizando 3 (três) anos e 1 (um) mês de
reclusão.

As penas de multa foram somadas, a teor do disposto no artigo 72 do Código Penal, totalizando 45
(quarenta e cinco) dias multa, à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato.

Em razão da reincidência, correta a aplicação do regime semiaberto, a teor do disposto no art. 33, §2º,
do Código Penal.

Também em razão da reincidência, o réu não faz jus aos benefícios constantes nos artigos 44
(substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos) e 77 (suspensão da pena) do
Código Penal.

5. Dispositivo

Ante o exposto, CONHEÇO das apelações dos réus Wellington Brandão Cabral e Marcos Junio
Monteiro Tavares e NEGO-LHES PROVIMENTO, mantendo intacta a r. sentença.

É como voto.

O Senhor Desembargador ESDRAS NEVES - Revisor


Com o relator
O Senhor Desembargador ASIEL HENRIQUE DE SOUSA - 1º Vogal
Com o relator

DECISÃO

NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS. UNÂNIME

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