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RAZÕES DA APELAÇÃO
Termos em que,
Pede deferimento.
Brasília/DF, 23 de setembro de 2019.
RAZÕES DE APELAÇÃO
Nos termos do art. 593, inc. I, do CPP, o apelante tem interesse recursal, visto que
não concorda com a sentença condenatória proferida.
2. DOS FATOS
O recorrente foi acusado pela prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei n.
11.343/2006, conforme a denúncia (fl. 02).
Em 03 de outubro de 2018, a denúncia foi recebida (fl. 86).
O acusado foi devidamente citado (fl. 89), ocasião em que a defesa ofereceu a
defesa prévia do réu (fl. 84).
Na instrução, o depoimento das testemunhas foi colhido e, por fim, o acusado foi
interrogado.
Intimados as partes, o Ministério Público apresentou suas alegações finais (fls.
132/134), pleiteando a condenação do recorrente nos termos da denúncia, com a hipótese de
diminuição de pena prevista no art. 33, §4º, da Lei 11.343/06.
A defesa, por sua vez, apresentou seus memorais (fls. 137/140), aduzindo a
absolvição do réu, a desclassificação do crime e a dosimetria conforme os parâmetros legais.
Por fim, o magistrado de primeiro grau proferiu a sentença (fls. 142/146v.), na
qual condenou o recorrente à pena definitiva de 01 (um) ano e 08 (oito) meses de reclusão e
multa em regime inicial aberto para o cumprimento de pena, sendo substituída por duas
restritivas de direitos.
“[...] Assim, a meu ver, embora não se tenha imagens do momento da venda da
droga ao usuário abordado, foi captado o momento em que o Réu se dirigiu ao beco,
da forma como testemunhada pelos policiais e narrado pelo usuário na Delegacia.
Destaque-se ainda que é incontroverso que, com o usuário, havia uma pedra de
"crack", tudo a corroborar suas declarações na fase inquisitorial, em especial com
relação ao traficante que lhe atendera.
Ademais, o usuário reconheceu formalmente o Acusado como a pessoa que lhe
vendera a porção de "crack" que trazia consigo no momento de sua abordagem,
conforme auto de reconhecimento de pessoa de fl. 54.
Aliás, neste tocante, cumpre registrar que a eventual não observação das
formalidades previstas no artigo 226 do Código de Processo Penal, não causa a
nulidade do reconhecimento.
[...]
Em sendo assim, a meu ver, o cotejo do conjunto probatório não permite dúvidas de
que o Réu vendeu uma porção de "crack" para o usuário Luiz Cezar Ribeiro de
Sousa.
No que se refere à maconha, tendo em conta a pequena quantidade e o fato de estar
guardada no interior da residência do Acusado, pela informação da testemunha no
sentido de que o Réu guardava as drogas que vendia em uma lixeira, além de não ter
sido afastada a possibilidade de ser usuário, como informara aos policiais, deve ser
considerada que era destinada ao consumo pessoal do Denunciado.
Enfim, como sabido, o tráfico de drogas é um delito praticado na clandestinidade e é
tipificado pela prática de várias condutas por ser um exemplo dos chamados crimes
de ação múltipla, ou seja, aquele em que o tipo faz referência a várias modalidades
de ação, bastando que uma dessas modalidades seja praticada para estar
caracterizada a conduta delituosa.
Ora, pelo tipo penal que o Acusado responde, tem-se que trafica entorpecentes quem
importa ou exporta, remete, prepara, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda
ou oferece, tem em depósito, transporta, traz consigo, guarda, prescreve, ministra ou
entrega, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar.
Diante desse contexto e pela prova colhida nos autos, não há como se negar à prática
pelo Acusado da conduta criminosa em uma das modalidades indicadas na denúncia,
qual seja venda de substância proibida (crack).” (fls. 144v./145v.)
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Dessa forma, o recorrente, em tese, apenas seria responsabilizado por ser usuário
de drogas, conforme prevê o art. 28, § 2º, da Lei 11.343/06, uma vez que o agente foi
encontrado com pequena quantidade de drogas em sua residência e sem utensílios para a
prática da traficância, como balança de precisão e outros objetos.
Inicialmente, importa esclarecer que a defesa está satisfeita com a dosimetria feita
na sentença condenatória pelo magistrado de primeiro grau.
Assim, insurge-se a defesa apenas para que seja suspensa a condenação dos
dias-multa e custas processuais nos autos. Isso porque o recorrente é hipossuficiente, sendo
patrocinado pelo Núcleo de Prática de Assistência Jurídica do UniCEUB, o que faz presumir
sua carência econômica e financeira.
4. DOS PEDIDOS
a) Absolver o recorrente pelo princípio in dubio pro reo, nos termos do art.
386, VII, do CPP;
b) Desclassificar o crime de tráfico de drogas para usuário de entorpecentes,
previsto no art. 28, § 2º, da Lei 11.343/06;
c) Suspender a multa e das custas processuais.