1. Os assistidos foram condenados por roubo majorado pelo concurso de pessoas após abordarem as vítimas simulando estar armados. A defesa recorreu alegando desclassificação para furto qualificado.
2. O recurso especial é inviável porque a jurisprudência do STJ entende que a simulação de arma configura ameaça grave suficiente para caracterizar roubo. O reexame das provas também é vedado pela Súmula 7 do STJ.
1. Os assistidos foram condenados por roubo majorado pelo concurso de pessoas após abordarem as vítimas simulando estar armados. A defesa recorreu alegando desclassificação para furto qualificado.
2. O recurso especial é inviável porque a jurisprudência do STJ entende que a simulação de arma configura ameaça grave suficiente para caracterizar roubo. O reexame das provas também é vedado pela Súmula 7 do STJ.
1. Os assistidos foram condenados por roubo majorado pelo concurso de pessoas após abordarem as vítimas simulando estar armados. A defesa recorreu alegando desclassificação para furto qualificado.
2. O recurso especial é inviável porque a jurisprudência do STJ entende que a simulação de arma configura ameaça grave suficiente para caracterizar roubo. O reexame das provas também é vedado pela Súmula 7 do STJ.
Número do processo: 2018.01.1.013120-2 (0002823-45.2018.8.07.0001)
Origem: 1ª Turma Criminal do TJDFT
Nome do assistido: Divino Santos da Silva e Otacilio da Silva Lima
Nome da parte contrária: Ministério Público do Distrito Federal
Recurso cabível: Embargos de Declaração, Recurso Especial e Recurso Extraordinário.
Início do prazo recursal: 08/11/2019
Fim do prazo recursal: 25/11/2019
EMENTA: APELAÇÃO. DESPROVIMENTO. RECURSO
ESPECIAL. INVIÁVEL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO QUALIFICADO. INAPLICÁVEL. AFASTAMENTO DO CONCURSO DE PESSOAS. INCABÍVEL. PROVA DOS AUTOS. SUMULA 07/STJ. 1. A interposição de recurso especial é inviável em face do acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que confirmou a sentença condenatória por roubo circunstanciado praticado em concurso de pessoas, tendo sido fixada a pena definitiva 05 anos e 04 meses a ser cumprida em regime inicial semiaberto. 2. As teses discutidas nos autos quanto à desclassificação para furto qualificado estão em conformidade com a posição jurisprudencial do STJ, nos seguintes termos: “É pacífico o entendimento deste Tribunal de que a simulação do emprego de arma de fogo configura grave ameaça, elementar do crime de roubo” (AgRg no AREsp 1059203/MG). 3. O afastamento da causa de aumento de concurso de pessoas esbarra no reexame de fatos e provas, o que é vedado pelo enunciado de Súmula nº 7 do STJ. 4. Diante do posicionamento majoritário atual e o óbice do enunciado de Súmula nº 7/STJ, opina-se pela não interposição recurso especial.
1. SÍNTESE DO PROCESSO.
Os assistidos foram denunciados como incursos nas penas previstas no
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Em 24 de maio de 2018, a denúncia foi recebida pelo juízo
competente (fl. 42). Os acusados foram devidamente citados (fls. 86/101) e apresentaram resposta à acusação nos autos do processo (fls. 93/104). Em 07 de novembro de 2018, foi feita a audiência. Na instrução, as testemunhas da acusação foram ouvidas (terceiro e policial militar) e foi decretada a revelia de Divino. Após isso, foi designada nova audiência. Em 06 de novembro de 2018, a nova audiência foi realizada, momento em que foram colhidos os depoimentos da vítima e, por último, foi feito o interrogatório do réu Otacilio da Silva Lima. Intimados, o membro do Ministério Público apresentou as alegações finais, requerendo a condenação nos termos da denúncia (fls. 144/146). Por sua vez, a Defesa apresentou seus memoriais, oportunidade em que alegou a nulidade da revelia do réu Divino e a desclassificação para o crime de furto qualificado (fls. 148/151). Na sentença, o Juiz de direito rejeitou a preliminar de nulidade e condenou aos réus por roubo majorado pelo concurso de pessoas à pena definitiva de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão e multa a ser cumprida em regime inicial semiaberto. Insatisfeita, a defesa interpôs apelação (fl. 174) alegando a desclassificação do delito de roubo circunstanciado para o crime de furto qualificado (fls. 178/181). Assim, a 1ª Turma Criminal do TJDFT negou provimento a apelação e manteve a sentença em seus próprios termos.
2. DA INVIABILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL
E RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
Como dito, a apelação interposta apresentou o seguinte argumento
para reformar a sentença: a desclassificação de roubo majorado pelo concurso de
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pessoas para furto qualificado por concurso de agentes em razão da ausência de
grave ameaça ou violência à pessoa. Proferido o acórdão, a 1ª Turma Criminal do TJDFT se posicionou conforme a ementa da decisão colegiada abaixo:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. CONCURSO DE AGENTES. SIMULAÇÃO DE ARMA DE FOGO. GRAVE AMEAÇA. PROVA SUFICIENTE DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. A simulação de emprego de arma de fogo configura grave ameaça, assim como o fato de o autor emanar ordem de entrega do bem. 2. É pacífico na jurisprudência deste e. Tribunal de Justiça que, nos crimes contra o patrimônio, a palavra da vítima ganha particular importância, mormente quando corroborada por outros elementos constantes dos autos, ainda mais quando a vítima, logo após o crime, reconheceu os acusados. 3. Recurso conhecido e não provido.
Em face do referido acórdão, são cabíveis embargos de declaração,
recurso extraordinário e recurso especial. No tocante aos embargos de declaração, não se verificam omissões, obscuridades, contradições ou erro material na decisão colegiada que justifiquem sua oposição. Apesar de desfavorável, o acórdão enfrentou todos os argumentos relacionados à desclassificação do crime. A respeito do Recurso Extraordinário, é inviável sua interposição, uma vez que não há fundamento constitucional expresso no acórdão, tendo apenas, em tese, violado a constituição de forma reflexa, não havendo, portanto, violação direta ao texto constitucional. Dessa forma, a interposição de Recurso Extraordinário se torna inócua no presente caso. Em relação ao recurso especial, o seu cabimento é previsto no artigo 105, III, da Constituição Federal e sua interposição no presente caso seria viável pelas alíneas ‘a’ e ‘c’.
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No entanto, ocorre que a tese de desclassificação do crime de roubo
circunstanciado para o delito de furto qualificado por concurso de agentes não pode prosperar no caso sob exame. Isso porque a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) diz que a simulação de arma de fogo junto com o anúncio do assalto são suficientes para configurar a elementar da grave ameaça à pessoa do crime de roubo circunstando. Desse modo, a jurisprudência da 5 Turma Criminal do STJ:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. ROUBO MAJORADO. GRAVE AMEAÇA CONFIGURADA. REVALORAÇÃO DE FATOS INCONTROVERSOS. SÚMULA 7/STJ. NÃO INCIDÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. (...) 2. "É pacífico o entendimento deste Tribunal de que a simulação do emprego de arma de fogo configura grave ameaça, elementar do crime de roubo, (...)" (HC 229.221/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015.) 3. O anúncio do assalto pelos agentes, feito em circunstâncias suficientes para intimidar a vítima, pode configurar a grave ameaça, suficiente para tipificar o crime de roubo. Precedentes. 4. Na espécie, consoante extraído da moldura fática delineada no acórdão, os agentes, simulando estarem armados, abordaram as mulheres, à noite, de surpresa, pelas costas e anunciaram o assalto. Nesse contexto, resta suficientemente caracterizada a grave ameaça tipificada no art. 157, caput, do Código Penal. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 1059203/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 23/05/2017, DJe 26/05/2017)
Além disso, tal argumento claramente esbarra no reexame do conjunto
probatório, uma vez que a análise da alegação passa pelo exame dos documentos e provas colhidos durante o processo, o que encontra o óbice da súmula 07/STJ, conforme a jurisprudência da 5 Turma Criminal do STJ:
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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
ROUBO EM CONTINUIDADE DELITIVA. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA E GRAVE AMEAÇA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA OU EM CRIME MENOS GRAVE - ART. 29 DO CP. LEI 9.807/1999. COLABORAÇÃO PREMIADA. EXAME APROFUNDADO DE PROVA. SÚM. 7/STJ. I - Entendendo as instâncias ordinárias, soberanas na análise das circunstâncias fáticas da causa, que houve grave ameaça, consistente na simulação de uso de arma de fogo, bem como a presença de liame subjetivo entre os agentes, concluir de forma diversa implica exame aprofundado do material fático-probatório, inviável em recurso especial, a teor da Súmula n. 7/STJ. II - Igualmente, esbarra no óbice da Súm. n. 7/STJ a pretensão defensiva relativa à participação de menor importância (art. 29, §l°do CP) ou em crime menos grave - furto (art. 29, §2°, do CP). (...) IV - Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 1306750/MA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2018, DJe 24/08/2018)
Quanto à dosimetria da pena, a única alegação a ser possível em sede
de recurso especial é o afastamento da causa de aumento de concurso de pessoas. Contudo, conforme os depoimentos colhidos nos autos, a prática delituosa foi perpetrada por dois agentes que agiram com liame subjetivo durante a execução do roubo majorado, tendo a conduta de cada um relevância na dinâmica do crime. Nesse sentido, destaque-se o depoimento da vítima (fl. 199v.) que afirmou que a abordagem criminosa foi feita por dois agentes, exigindo dela seu aparelho de celular e também para que não olhasse. Dessa forma, os requisitos do concurso de agentes foram atendidos no caso e análise desses elementos pelo Tribunal Superior está impedida pelo enunciado da súmula 07/STJ (AgRg no AREsp 1306750/MA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2018, DJe 24/08/2018). Sendo assim, as teses de desclassificação para o crime de furto qualificado e o afastamento do concurso de pessoas estão em consonância com a jurisprudência do STJ e esbarram no óbice da súmula 07 do STJ.
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3. CONCLUSÃO
Considerando todo o exposto, o entendimento do v. acórdão em
consonância com o entendimento fixado pelo STJ e encontra o óbice do enunciado de Súmula nº 7 do STJ no tocante à desclassificação do crime de furto qualificado e ao afastamento do concurso de agentes.
Brasília, 17 de novembro de 2019
Daniel Maranhão Gomes Tiago dos Santos Nascimento
Advogado NPJ/UniCEUB Estagiário NAJ Recursal/CEUB OAB/DF n° 47.312 RA 21508835