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NAJ Recursal

Justificativa para não interposição de recurso

Número do processo: 2018.01.1.013120-2 (0002823-45.2018.8.07.0001)

Origem: 1ª Turma Criminal do TJDFT

Nome do assistido: Divino Santos da Silva e Otacilio da Silva Lima

Nome da parte contrária: Ministério Público do Distrito Federal

Recurso cabível: Embargos de Declaração, Recurso Especial e Recurso Extraordinário.

Início do prazo recursal: 08/11/2019

Fim do prazo recursal: 25/11/2019

EMENTA: APELAÇÃO. DESPROVIMENTO. RECURSO


ESPECIAL. INVIÁVEL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO QUALIFICADO.
INAPLICÁVEL. AFASTAMENTO DO CONCURSO DE PESSOAS.
INCABÍVEL. PROVA DOS AUTOS. SUMULA 07/STJ.
1. A interposição de recurso especial é inviável em face do acórdão do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que confirmou
a sentença condenatória por roubo circunstanciado praticado em concurso
de pessoas, tendo sido fixada a pena definitiva 05 anos e 04 meses a ser
cumprida em regime inicial semiaberto.
2. As teses discutidas nos autos quanto à desclassificação para furto
qualificado estão em conformidade com a posição jurisprudencial do STJ,
nos seguintes termos: “É pacífico o entendimento deste Tribunal de que a
simulação do emprego de arma de fogo configura grave ameaça, elementar
do crime de roubo” (AgRg no AREsp 1059203/MG).
3. O afastamento da causa de aumento de concurso de pessoas esbarra no
reexame de fatos e provas, o que é vedado pelo enunciado de Súmula nº 7
do STJ.
4. Diante do posicionamento majoritário atual e o óbice do enunciado de
Súmula nº 7/STJ, opina-se pela não interposição recurso especial.

1. SÍNTESE DO PROCESSO.

Os assistidos foram denunciados como incursos nas penas previstas no


art. 157, § 2, inciso II, do Código Penal (CP).
1

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Em 24 de maio de 2018, a denúncia foi recebida pelo juízo


competente (fl. 42).
Os acusados foram devidamente citados (fls. 86/101) e apresentaram
resposta à acusação nos autos do processo (fls. 93/104).
Em 07 de novembro de 2018, foi feita a audiência. Na instrução, as
testemunhas da acusação foram ouvidas (terceiro e policial militar) e foi
decretada a revelia de Divino. Após isso, foi designada nova audiência.
Em 06 de novembro de 2018, a nova audiência foi realizada, momento
em que foram colhidos os depoimentos da vítima e, por último, foi feito o
interrogatório do réu Otacilio da Silva Lima.
Intimados, o membro do Ministério Público apresentou as alegações
finais, requerendo a condenação nos termos da denúncia (fls. 144/146).
Por sua vez, a Defesa apresentou seus memoriais, oportunidade em
que alegou a nulidade da revelia do réu Divino e a desclassificação para o crime
de furto qualificado (fls. 148/151).
Na sentença, o Juiz de direito rejeitou a preliminar de nulidade e
condenou aos réus por roubo majorado pelo concurso de pessoas à pena
definitiva de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão e multa a ser cumprida
em regime inicial semiaberto.
Insatisfeita, a defesa interpôs apelação (fl. 174) alegando a
desclassificação do delito de roubo circunstanciado para o crime de furto
qualificado (fls. 178/181).
Assim, a 1ª Turma Criminal do TJDFT negou provimento a apelação e
manteve a sentença em seus próprios termos.

2. DA INVIABILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL


E RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

Como dito, a apelação interposta apresentou o seguinte argumento


para reformar a sentença: a desclassificação de roubo majorado pelo concurso de

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pessoas para furto qualificado por concurso de agentes em razão da ausência de


grave ameaça ou violência à pessoa.
Proferido o acórdão, a 1ª Turma Criminal do TJDFT se posicionou
conforme a ementa da decisão colegiada abaixo:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO


CIRCUNSTANCIADO. CONCURSO DE AGENTES. SIMULAÇÃO
DE ARMA DE FOGO. GRAVE AMEAÇA. PROVA SUFICIENTE DA
MATERIALIDADE E DA AUTORIA. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.
1. A simulação de emprego de arma de fogo configura grave ameaça,
assim como o fato de o autor emanar ordem de entrega do bem.
2. É pacífico na jurisprudência deste e. Tribunal de Justiça que, nos crimes
contra o patrimônio, a palavra da vítima ganha particular importância,
mormente quando corroborada por outros elementos constantes dos autos,
ainda mais quando a vítima, logo após o crime, reconheceu os acusados.
3. Recurso conhecido e não provido.

Em face do referido acórdão, são cabíveis embargos de declaração,


recurso extraordinário e recurso especial.
No tocante aos embargos de declaração, não se verificam omissões,
obscuridades, contradições ou erro material na decisão colegiada que justifiquem
sua oposição. Apesar de desfavorável, o acórdão enfrentou todos os argumentos
relacionados à desclassificação do crime.
A respeito do Recurso Extraordinário, é inviável sua interposição, uma
vez que não há fundamento constitucional expresso no acórdão, tendo apenas, em
tese, violado a constituição de forma reflexa, não havendo, portanto, violação
direta ao texto constitucional. Dessa forma, a interposição de Recurso
Extraordinário se torna inócua no presente caso.
Em relação ao recurso especial, o seu cabimento é previsto no artigo
105, III, da Constituição Federal e sua interposição no presente caso seria viável
pelas alíneas ‘a’ e ‘c’.

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No entanto, ocorre que a tese de desclassificação do crime de roubo


circunstanciado para o delito de furto qualificado por concurso de agentes não
pode prosperar no caso sob exame. Isso porque a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) diz que a simulação de arma de fogo junto com o
anúncio do assalto são suficientes para configurar a elementar da grave ameaça à
pessoa do crime de roubo circunstando.
Desse modo, a jurisprudência da 5 Turma Criminal do STJ:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. ROUBO MAJORADO. GRAVE AMEAÇA
CONFIGURADA. REVALORAÇÃO DE FATOS INCONTROVERSOS.
SÚMULA 7/STJ. NÃO INCIDÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO.
(...)
2. "É pacífico o entendimento deste Tribunal de que a simulação do
emprego de arma de fogo configura grave ameaça, elementar do crime
de roubo, (...)" (HC 229.221/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,
QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015.)
3. O anúncio do assalto pelos agentes, feito em circunstâncias suficientes
para intimidar a vítima, pode configurar a grave ameaça, suficiente para
tipificar o crime de roubo. Precedentes.
4. Na espécie, consoante extraído da moldura fática delineada no acórdão, os
agentes, simulando estarem armados, abordaram as mulheres, à noite, de
surpresa, pelas costas e anunciaram o assalto.
Nesse contexto, resta suficientemente caracterizada a grave ameaça tipificada
no art. 157, caput, do Código Penal.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 1059203/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS,
QUINTA TURMA, julgado em 23/05/2017, DJe 26/05/2017)

Além disso, tal argumento claramente esbarra no reexame do conjunto


probatório, uma vez que a análise da alegação passa pelo exame dos documentos
e provas colhidos durante o processo, o que encontra o óbice da súmula 07/STJ,
conforme a jurisprudência da 5 Turma Criminal do STJ:

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


ROUBO EM CONTINUIDADE DELITIVA. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA
E GRAVE AMEAÇA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA OU EM CRIME MENOS
GRAVE - ART. 29 DO CP. LEI 9.807/1999. COLABORAÇÃO
PREMIADA. EXAME APROFUNDADO DE PROVA. SÚM. 7/STJ.
I - Entendendo as instâncias ordinárias, soberanas na análise das
circunstâncias fáticas da causa, que houve grave ameaça, consistente na
simulação de uso de arma de fogo, bem como a presença de liame
subjetivo entre os agentes, concluir de forma diversa implica exame
aprofundado do material fático-probatório, inviável em recurso especial,
a teor da Súmula n. 7/STJ.
II - Igualmente, esbarra no óbice da Súm. n. 7/STJ a pretensão defensiva
relativa à participação de menor importância (art. 29, §l°do CP) ou em crime
menos grave - furto (art. 29, §2°, do CP).
(...)
IV - Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 1306750/MA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2018, DJe 24/08/2018)

Quanto à dosimetria da pena, a única alegação a ser possível em sede


de recurso especial é o afastamento da causa de aumento de concurso de pessoas.
Contudo, conforme os depoimentos colhidos nos autos, a prática delituosa foi
perpetrada por dois agentes que agiram com liame subjetivo durante a execução
do roubo majorado, tendo a conduta de cada um relevância na dinâmica do
crime.
Nesse sentido, destaque-se o depoimento da vítima (fl. 199v.) que
afirmou que a abordagem criminosa foi feita por dois agentes, exigindo dela seu
aparelho de celular e também para que não olhasse.
Dessa forma, os requisitos do concurso de agentes foram atendidos no
caso e análise desses elementos pelo Tribunal Superior está impedida pelo
enunciado da súmula 07/STJ (AgRg no AREsp 1306750/MA, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
16/08/2018, DJe 24/08/2018).
Sendo assim, as teses de desclassificação para o crime de furto
qualificado e o afastamento do concurso de pessoas estão em consonância com a
jurisprudência do STJ e esbarram no óbice da súmula 07 do STJ.

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3. CONCLUSÃO

Considerando todo o exposto, o entendimento do v. acórdão em


consonância com o entendimento fixado pelo STJ e encontra o óbice do
enunciado de Súmula nº 7 do STJ no tocante à desclassificação do crime de furto
qualificado e ao afastamento do concurso de agentes.

Brasília, 17 de novembro de 2019

Daniel Maranhão Gomes Tiago dos Santos Nascimento


Advogado NPJ/UniCEUB Estagiário NAJ Recursal/CEUB
OAB/DF n° 47.312 RA 21508835

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