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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DA COMARCA DE

CHAPADA DOS GUIMARÃES/MT.

NOME, devidamente qualificado na denúncia oferecida pelo Ministério


Público, por intermédio de seu advogado in fine assinado, com escritório profissional sito ao rodapé,
onde recebe as intimações de praxe, vem à ilustre presença de Vossa Excelência, apresentar a
RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com supedâneo nos artigos 396 e 396-A do CPP, pelos fundamentos de
fato e de direito a seguir expostos:

PRÓLOGO

O Acusado fora denunciado pela suposta pratica do delito previsto no artigo


129, parágrafo 9º, do Código Penal Brasileiro, c/c artigo 5, inciso III da Lei 11.340/06.

Narra a denúncia que “(...)consciente da ilicitude e reprovabilidade de sua


conduta ofendeu a integridade corporal de sua namorada Natalia(...)”.

A suposta vitima, narra em suas declarações que o Denunciado lhe


empurrou, vindo a mesma cair sobre o solo e bater a cabeça, “levantando um galo” ainda, lhe arranhou
e esta com hematoma na perna. (ID N.º 47522300 - Pág. 13/14)

O Denunciado, narra em suas declarações que na discussão acalorada, um


empurrou o outro e que a Vítima lhe arranhou. (ID N.º 47522300 - Pág. 19/20)
Exame de corpo de delito da suposta Vítima ID N.º 47522300 - Pág. 27/30,
do Denunciado ID N.º 47522300 - Pág. 33/37, onde é possível vislumbrar no mapa topográfico para
localização de lesões que, não consta nenhum hematoma em sua perna, tampouco em seu crânio
como alegado... Já no mapa do Denunciado está com escoriações NOS BRAÇOS e no antebraço...

A testemunha Henrique Fagundes dos Santos não viu qualquer agressão


física. (ID N.º 47522300 - Pág. 23/24)

É o relato necessário, passamos a postular.

DA REJEIÇÃO DA DENÚNCIA
DA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA

Para que o Estado possa conhecer e julgar a pretensão deduzida em juízo,


será preciso que aquele que invoca o seu direito subjetivo à tutela jurisdicional preencha determinadas
condições, sem as quais a ação se reconhecerá natimorta, ou seja, embora já exercitada, não
conseguirá alcançar a sua finalidade, pois perecerá logo após o seu exercício. 1

As condições necessárias para o deslinde do feito de natureza penal, são:


Legitimidade das partes, interesse de agir, possibilidade jurídica do pedido e justa causa.

Conforme preconiza o artigo 395, inciso III, a denúncia será rejeitada quando
houver a ausência de justa causa para o exercício da ação, senão vejamos:

Art. 395. A denúncia ou queixa será


rejeitada quando:
(...)
III - faltar justa causa para o exercício
da ação penal.(grifei)

A justa causa é um lastro probatório mínimo que dê suporte aos fatos

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal- 17. ed. Rio de Janeiro: lmpetus, 2015. Pag. 766
1
narrados na peça vestibular da acusação.

Sobre este assunto, é a lição do Ilustre Doutrinador Afrânio Silva Jardim:

"esse suporte probatório mínimo se


relaciona com os indícios da autoria,
existência material de uma conduta típica e
alguma prova da antijuridicidade e
culpabilidade. Somente diante de todo este
conjunto probatório é que, a nosso ver, se
coloca o princípio da obrigatoriedade do
exercício da ação penal[...].”2

As obrigações de quem quer provar a inocência são muito mais restritas que
as obrigações de quem quer provar a criminalidade” (F. MALATESTA – A lógica das Provas – Trad. De
Alves de Sá – 2ª Edição, págs. 123 e 124).

A prova carreada aos autos é extremamente frágil, notadamente pelos


depoimentos da vítima, colhidos na fase inquisitorial, que se contradizem de maneira gritante, ou seja,
juridicamente, não é preciso mais do que extrair a síntese da tese da acusação ante a antítese da
defesa do contraditório elementar.

Diante dos fatos acima descritos, não há elementos probatórios mínimo da


imputação veiculada na denúncia, assim, ausente a justa causa, o processo deve ser anulado ab initio
com fundamento no artigo 564, inciso IV c/c artigo 395, inciso III, ambos CPP.

DA LEGITIMA DEFESA

É importante destacar que o Denunciado estava com mais escoriações que a


“vitima”, a qual entra em contradição o seu depoimento e o exame de corpo de delito, bem como, em
momento algum relata que também agrediu o Denunciado...

Assim, mesmo que não houvesse fundamentos para a rejeição da denúncia,

2
JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal - Estudos e pareceres, p. 131.
o Denunciado deve ser absolvido sumariamente, haja vista os fatos descritos não constituírem ato
criminoso por ausência do elemento do crime, uma vez que se desvencilhou das agressões
perpetradas pela “vitima”.

Vejamos o artigo 25 do Código Penal, que preceitua a legitima defesa, in


verbis:

Art. 25 – Entende-se em legitima defesa


quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Sobre o tema leciona o Ilustre Doutrinador Professor Bitencourt, que:

Define-se a agressão como a conduta humana


que lesa ou põe em perigo um bem ou
interesse juridicamente tutelado. (…) A
reação deve ser imediata à agressão, posto
que a demora na repulsa descaracteriza o
instituto da legitima defesa.

Assim, o Denunciado deve ser absolvido por ausência de elemento do crime


(antijuridicidade) nos termos dos artigos 23, inciso II do Código Penal Brasileiro.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer seja anulado o processo ab initio, nos termos do


artigo 564, inciso IV do CPP ou, caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, requer seja
reconhecida a absolvição sumaria do acusado nos moldes do artigo 397, inciso III do CPP.

Por fim, se não forem acolhidos os pedidos supracitados, pugna pela oitiva
das testemunhas arroladas pelo Ministério Público e as ofertadas no rol abaixo, que comparecerão
independente de intimação.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Chapada dos Guimarães (MT), 08 de novembro de 2021.

DIEGO REIS CARMONA


OAB/MT 20.889

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