O documento apresenta uma defesa prévia em um processo disciplinar contra uma advogada. A defesa alega que a representação que instaurou o processo é inepta por não tipificar a conduta punível, violando o direito de defesa da advogada. Cita jurisprudência do STJ e STF que determinam a necessidade de descrição precisa dos fatos na instauração do processo para garantir o contraditório e a ampla defesa. Requer o arquivamento da representação.
O documento apresenta uma defesa prévia em um processo disciplinar contra uma advogada. A defesa alega que a representação que instaurou o processo é inepta por não tipificar a conduta punível, violando o direito de defesa da advogada. Cita jurisprudência do STJ e STF que determinam a necessidade de descrição precisa dos fatos na instauração do processo para garantir o contraditório e a ampla defesa. Requer o arquivamento da representação.
O documento apresenta uma defesa prévia em um processo disciplinar contra uma advogada. A defesa alega que a representação que instaurou o processo é inepta por não tipificar a conduta punível, violando o direito de defesa da advogada. Cita jurisprudência do STJ e STF que determinam a necessidade de descrição precisa dos fatos na instauração do processo para garantir o contraditório e a ampla defesa. Requer o arquivamento da representação.
KELLY CRISTIANE MACIEL MENEZES, brasileira, casada, advogada inscrita na OAB/RS.45.381, com escritrio profissional em Tramanda/RS., na Avenida: Emancipao N.1242 Centro, vem, respeitosamente presena de Vossa Senhoria, nos autos do processo em epgrafe - Representao pelo Conselho de tica e Disciplina desta Subseo de Tramanda, apresentar DEFESA PRVIA nos termos do art.52 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB, aduzindo e requerendo o que segue:
DA TEMPESTIVIDADE DA DEFESA PRELIMINAR
Conforme preceitua o artigo: 52 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB o prazo para apresentao da defesa preliminar de representado na OAB o de 15 dias.
A Representada foi notificada no dia 09.04.2014 atravs dos correios - com aviso de recebimento, findando o prazo para apresentao desta defesa no dia 24.04.2014.
Assim, tempestiva a presente defesa preliminar, pelo que requer seu recebimento e processamento at seus ulteriores termos.
P RE L I M I N A R M E N T E
1- DA INPCIA DA REPRESENTAO POR AUSNCIA DE TIPIFICAO DA CONDUTA PUNVEL NO DESPACHO QUE DETERMINA A INSTAURAO DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
CERCEAMENTO DE DEFESA - NULIDADE INSANVEL
Primeiramente, cabe referir que ao se fazer uma representao se est a imputar fato ofensivo, que poder macular o maior bem que um Advogado possui, ou seja, a sua tica.
Assim, por respeito dignidade humana, o mnimo que se espera a descrio precisa do comportamento supostamente antitico e, sobretudo, do oferecimento de um mnimo lastro probatrio, o que no ocorreu no presente caso.
Consoante o artigo 41 do Cdigo de Processo Penal, aplicvel de forma subsidiria ao Processo Disciplinar da OAB (artigo 68 do EAOAB), a fase preliminar do processo disciplinar contra advogado dever conter a exposio do fato tido como ilcito ou ilegal, com todas as suas circunstncias, vejamos, ad litteram:
Art. 41. A denncia ou queixa conter a exposio do fato criminoso, com todas as suas circunstncias, a qualificao do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identific-lo, a classificao do crime e, quando necessrio, o rol de testemunhas. (sic-grifei).
A ausncia de tipificao em processo administrativo ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa considerada a centralidade desse princpio essencial (Art. 1, III, CF) significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor- fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pas e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre ns, a ordem republicana e democrtica consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. Sem a devida tipificao, data vnia, ausente na INSTAURAO, o Advogado representado no poder exercitar o devido e necessrio contraditrio, mesmo em fase preliminar, tendo em vista que ela s verificada quando o acusado sabe do que ter que se defender, o que gera prejuzo insanvel defesa, eis que o Conselheiro Relator, assim como o representante, poder se utilizar de toda e qualquer afirmao contrariamente ao representado.
A tipificao da instaurao de processo disciplinar, mesmo anterior da manifestao da Comisso de Admissibilidade, tem o objetivo de identificar, com preciso, a indicao dos fatos que desencadearam os trabalhos da comisso, descrevendo as irregularidades a serem apuradas, justamente para quem vai se defender, possa saber do que est se defendendo.
No caso concreto, diante da ausncia da capitulao legal dos fatos, assim como sem qualquer descrio das circunstncias do suposto fato criminoso, h afronta ao ordenamento jurdico vigente, tendo-se uma denncia inepta, que obstrui o exerccio da ampla defesa e do contraditrio.
O colendo STJ j analisou questes anlogas no que pertine a ausncia de tipificao em portaria instauradora de PAD, vejamos:
ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA. PROCESSO DISCIPLINAR. OMISSO DOS FATOS IMPUTADOS AO ACUSADO. NULIDADE. PROVIMENTO.1. A PORTARIA INAUGURAL E O MANDADO DE CITAO, NO PROCESSO ADMINISTRATIVO, DEVEM EXPLICITAR OS ATOS ILICITOS ATRIBUIDOS AO ACUSADO. 2. NINGUEM PODE DEFENDER-SE EFICAZMENTE SEM PLENO CONHECIMENTO DAS ACUSAES QUE LHE SO IMPUTADAS. 3. APESAR DE INFORMAL, O PROCESSO ADMINISTRATIVO DEVE OBEDECER AS REGRAS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. 4. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.(RMS 1074/ES, Rel. Ministro FRANCISCO PEANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/12/1991, DJ 30/03/1992, p. 3968) - (sic-grifei).
ADMINISTRATIVO - SERVIDOR - ESCRIVO DE CARTORIO - ATO DEMISSORIO - PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - PORTARIA INSTAURADORA - INEPCIA - NULIDADE.- NULA A PORTARIA INSTAURADORA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR QUE NO DESCREVE, SATISFATORIAMENTE, OS FATOS ILICITOS A SEREM APURADOS, APRESENTANDO-SE DE FORMA GENERICA E IMPRECISA, NO PROPORCIONANDO AO ACUSADO CONHECIMENTO PLENO DAS ACUSAES QUE LHE SO IMPUTADAS, IMPOSSIBILITANDO-O DE PROMOVER SUA DEFESA.- NULIDADE DA PORTARIA, POR INEPCIA, SEM PREJUIZO DE QUE OUTRA VENHA SER OFERECIDA, COM OBEDIENCIA AS DETERMINAES LEGAIS CONCERNENTES.- RECURSO PROVIDO. (RMS 7186/GO, Rel. Ministro JOS ARNALDO DA FONSECA, Rel. p/ Acrdo Ministro CID FLAQUER SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 08/04/1997, DJ 19/05/1997, p. 20650)- (sic-grifei).
MANDADO DE SEGURANA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. - Imprescindibilidade de descrio e qualificao, na portaria de instaurao do procedimento, dos fatos imputados ao servidor.- Ausncia de animus especfico de abandono do cargo. Mandado de segurana concedido. (MS 7176/DF, Rel. Ministro FONTES DE ALENCAR, TERCEIRA SEO, julgado em 13/12/2000, DJ 19/02/2001, p. 134). (sic-grifei).
ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA. PROCESSO DISCIPLINAR. OMISSO DOS FATOS IMPUTADOS AO ACUSADO. NULIDADE. PROVIMENTO. 1. A portaria inaugural e o mandado de citao, no processo administrativo, devem explicitar os atos ilcitos atribudos ao acusado. Precedentes. 2. O servidor no pode defender-se de forma eficaz se lhe falta o conhecimento pleno e cabal das acusaes que lhe so imputadas. 3. Embora dotado de informalismo, o processo administrativo deve obedecer s regras do devido processo legal, em virtude do princpio da legalidade, ao qual a Administrao se encontra submetida, por expressa determinao constitucional. (...) Recurso conhecido e provido. (MS 10756/DF,Rel. Ministro PAULO MEDINA, TERCEIRA SEO, julgado em 24/05/2006, DJ 30/10/2006, p. 237) (sic- grifei)
Ainda, Hely Lopes Meirelles, na obra intitulada Direito Administrativo Brasileiro, 31 edio, Malheiros, So Paulo, p. 690, nos ensina, vejamos, verbo ad verbum:
O processo disciplinar deve ser instaurado por portaria da autoridade competente na qual se descrevem os atos ou fatos a apurar e se indiquem as infraes a serem punidas, designando-se desde logo a comisso processante, a ser presidida pelo integrante mais categorizado. A comisso especial ou permanente h que ser constituda por funcionrio efetivo, de categoria igual ou superior do acusado, para que no se quebre o princpio hierrquico, que o sustentculo dessa espcie de processo administrativo" (sic-grifei).
Para Srgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari, na obra intitulada Processo Administrativo, 1 edio, 3 tiragem, editora Malheiros, p. 130, a falta de indicao das infraes causa o cerceamento de defesa, incompatvel com o Estado de Direito, vejamos, in verbis:
Acusado no apenas aquele a quem feita uma acusao formal: a imputao do cometimento de uma ao tipificada como delituosa. Por acusado, para fazer jus garantia do devido processo legal, deve-se entender tambm aquele a quem irrogado um comportamento correspondente a uma qualidade negativa e quem se encontre em situao da qual lhe possa resultar um dano econmico, moral ou jurdico. Muitas vezes, para burlar o direito de defesa, o acusador usa de subterfgios ou eufemismos destinados a mascarar uma acusao implcita. Tal comportamento incompatvel com o Estado de Direito.
O douto Ministro Gilmar Mendes, no HC 84.409/SP, 2 T., do STF, deixou bem explcito que: Denncias genricas, que no descrevem os fatos na sua devida conformao, no se coadunam com os postulados bsicos do Estado de Direito. (...) quando se fazem imputaes vagas, dando ensejo persecuo criminal injusta, est a se violar, tambm, o princpio da dignidade da pessoa humana que, entre ns, tem base positiva no art. 1, III, da Constituio. (sic-grifei).
A ausncia de tipificao em processo administrativo ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa considerada a centralidade desse princpio essencial (Art. 1, III, CF) significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso Pas e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre ns, a ordem republicana e democrtica consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo.
Ainda, vale referir o ensinamento de Joo Mendes em relao elaborao da denncia: A denncia uma exposio narrativa e demonstrativa. Narrativa, porque deve revelar o fato com todas as suas circunstncias, isto , no s a ao transitiva, como a pessoa que a praticou (quis), os meios que empregou (quibus auxiliis), o malefcio que produziu (quid), os motivos que o determinaram a isso (cur), a maneira porque a praticou (quomodo), o lugar onde a praticou (ubi), o tempo (quando). Demonstrativa, porque deve descrever o corpo de delito, dar as razes de convico ou presuno, e nomear testemunhas e informantes. (sic-grifei)
Assim, embora o processo disciplinar da OAB no exija um formalismo exacerbado, no possvel que representaes sejam instauradas sem um mnimo de descrio das circunstncias do suposto delito cometido e sua tipificao legal. Para instaurao do processo administrativo disciplinar, tem-se o dever de descrever uma conduta que, em tese, possa ser enquadrada num dos tipos do artigo 34 da Lei 8.906/94, ou em algum dos dispositivos do Cdigo de tica e Disciplina, o que no ocorreu no caso concreto, eis que no h qualquer linha explicativa sobre a instaurao do presente processo, sendo apenas mencionado o prazo para apresentao de defesa preliminar e jogado folhas que constam publicaes realizadas pela Representada na rede social Facebook.
Ao Tribunal de tica e Disciplina da OAB foi atribuda a competncia para instaurar processo sobre fato ou matria que configurar infrao a princpio ou norma de tica profissional, vejamos:
Art. 50. Compete tambm ao Tribunal de tica e Disciplina:
I instaurar, de ofcio, processo competente sobre ato ou matria que considere passvel de configurar, em tese, infrao a princpio ou norma de tica profissional;
Nesse sentido, a representao, ou a instaurao de ofcio, deve ser recebida:
Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofcio ou mediante representao dos interessados, que no pode ser annima.
1 Recebida a representao, o Presidente do Conselho Seccional ou da Subseo, quando esta dispuser de Conselho, designa relator um de seus integrantes, para presidir a instruo processual. (sic-grifei).
O objetivo do legislador com o termo RECEBIDA A REPRESENTAO importa dizer que deve-se, precipuamente, se atribuir uma tipificao representao ou instaurao ex oficio do processo disciplinar.
Nessa orientao, podemos afirmar que: a tipicidade utilizada, no campo do Direito Penal e Tributrio, com mais freqncia, em sentido oposto, como sinnimo de legalidade material rgida da hiptese da norma, do pressuposto ou fato gerador.
Nessa acepo, o princpio ganha conotao de previsibilidade, certeza e segurana.
Mesmo em se tratando de fase preliminar do processo disciplinar, se faz necessria a devida tipificao e motivao da sua instaurao, como utilizado na sindicncia, introduzida pela Lei 8.112/90, em seus artigos 153 e seguintes.
Esse princpio serve, antes de mais nada, para impedir que se instaure procedimentos incuos, perseguitrios, aviltantes ou at mesmo, "denuncismo puro", os quais somente prestam para devassar a vida de algum, muitas vezes, por motivao poltica e imbuda de cunho pessoal, como no presente caso.
A instaurao de procedimento disciplinar atrai a TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES, plenamente conceituada pelo doutrinador Hely Lopes Meirelles, na obra intitulada Direito Administrativo Brasileiro, 31 edio, Malheiros, So Paulo, p. 101, vejamos:
Em outros atos administrativos, porm, que afetam o interesse individual do administrado, a motivao obrigatria, para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa. A motivao ainda obrigatria para assegurar a garantia da ampla defesa e do contraditrio prevista no art. 5, LV, da CF de 1988. Assim, sempre que for indispensvel para o exerccio da ampla defesa e do contraditrio, a motivao ser constitucionalmente obrigatria.
A motivao, portanto, deve apontar a causa e os elementos determinantes da prtica do ato administrativo, bem como o dispositivo legal em que se funda. Esses motivos afetam de tal maneira a eficcia do ato que sobre eles se edificou a denominada teoria dos motivos determinantes, delineada pelas decises do Conselho de Estado da Frana e sistematizada por Jze.
Nesse mesmo sentido a Lei 9.784/99, a qual determina, especificamente no seu artigo 50, I, 1, que os atos administrativos devero ser motivados, ad verbo:
Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; (...) 1o A motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir em declarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decises ou propostas, que, neste caso, sero parte integrante do ato.
Dessa forma, nula, por inepta, a INSTAURAUO de processo disciplinar, a qual no descreve os fatos ilcitos a serem apurados, diante da ausncia de qualquer tipificao legal ou, ao menos, descrio das circunstncias e do que basicamente a Representada est sendo acusada, no proporcionando Representada nenhum conhecimento das acusaes que lhe so imputadas, eis que ausentes as regras insertas no Cdigo de tica que, em tese, o que a Representada infringiu, impossibilitando-a de promover sua defesa, acarretando em total cerceamento de defesa, por ofensa ao devido processo legal ao princpio da legalidade e da transparncia que deve pautar-se todo e qualquer processo administrativo disciplinar.
Meras conjecturas sequer podem conferir suporte material a qualquer acusao ou representao, pois dados conjecturais no se revestem de idoneidade jurdica quer para efeito de formulao de imputao quer para fins de prolao de um juzo condenatrio, razo pela qual a presente representao nasceu maculada pelo vcio insanvel da inpcia da pea representativa, ao passo que no descreveu a ao praticada pela Representada e nem os fatos especificamente infringidos, no os tipificando; e nesse contexto, impossvel aplicao de uma sano, pois para que se possa sancionar algum no estado democrtico de direito pelo devido processo legal preciso que ela possa se defender da conduta que lhe imputada e sem conduta empiricamente imputvel, verificvel e refutvel como no presente caso, inexiste contraditrio e sem contraditrio, ausente devido processo legal.
Dessa forma, MM. Julgador, o PRINCPIO BASILAR DA AMPLA DEFESA ficou prejudicado em razo dos fatos acima alegados, INPCIA DA REPRESENTAO POR AUSNCIA DE TIPIFICAO, eis que no indica a conduta imputvel representada, em afronta expressa legislao constitucional e infraconstitucional, especialmente ao princpio da ampla defesa, do contraditrio, do devido processo legal, e ao artigo: 41 do CPP. Logo, pela denncia no estar revestida dos mnimos pressupostos de admissibilidade, urge proceder ao seu arquivamento liminar, nos termos do artigo: 51, 2 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB.
ANTE O EXPOSTO requer o acolhimento e provimento da preliminar de inpcia por no estar revestida dos pressupostos mnimos de admissibilidade nos termos supra, para o fim de ser declarada a nulidade absoluta da presente representao, determinando seu arquivamento, nos termos do artigo: 51, 2 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB, eis que em total afronta ao princpio da ampla defesa, contraditrio, devido processo legal e artigo:41 do CPP.
DO MRITO
No foi cometida nenhuma infrao disciplinar pela Representada, eis que no violou nenhum enunciado elencado no artigo 34 do EAOAB, exercendo sua profisso de advogada legalmente, com tica e respeito s normas legais.
As postagens feitas pela Representada na rede social Facebook e que foram jogadas nessa representao sem nenhuma descrio ou narrativa de fatos, no demonstram qualquer violao s normas da OAB, eis que foram comentrios feitos no dia 31 de Maro de 2014 e nos meses de junho, julho e agosto de 2013, referente a dois processos pblicos que envolviam questes de interesse coletivo e foram feitos a pedido das partes, sendo apenas esclarecido algumas questes jurdicas, sem qualquer exagero e/ou exibicionismo.
De fato, o que se tem nessa representao apenas denuncismo puro, totalmente infundado, motivadas com o nico intuito de denegrir, desacreditar e macular a imagem da Representada, a fim de tirar vantagem pessoal da situao, eis que tal Representao tambm tem cunho poltico, considerando que coincidentemente as nicas postagens da Representada que incomodaram de alguma forma foram justamente as que envolviam processos de carter poltico: em um a parte tratou-se do PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO DE CIDREIRA (2013), e no outro a parte foi o mdico SALEH ASAD ABDALLA JUNIOR, o qual obteve judicialmente a anulao do ato administrativo que havia o exonerado de cargo pblico do municpio de Tramanda.
No h como condenar a Representada pela publicao das postagens na rede social Facebook, eis que foram espordicas, apenas em dois casos especficos, a pedido de seus clientes e sem nenhum intuito de angariar clientes, promover debates e/ou fazer propaganda de seu escritrio profissional.
Junta-se Escritura Pblica Notarial firmada por SALEH ASAD ABDALLA JUNIOR, cliente da Representada no processo N.073/1.12.0009406-0 da 1a. Vara Cvel de Tramanda - AO ANULATRIA DE ATO ADMINISTRATIVO movida pelo declarante em face do MUNICPIO DE TRAMANDA, em que o mesmo declara que a Representada publicou na rede social facebook informaes a respeito da sentena judicial proferida no referido processo, a seu pedido, eis que no possui cadastro em nenhuma rede social, nem mesmo facebook, e muitas pessoas estavam lhe pedindo informaes, sendo uma maneira fcil de atingir um maior nmero de pessoas, eis tratar-se de uma ao de interesse pblico da comunidade de Tramanda que teve um mdico do servio pblico municipal que prestava atendimento no posto de sade 24 horas, exonerado irregularmente conforme sempre declarou e agora o judicirio reconheceu as nulidades, o que vem sendo acompanhado h anos pela comunidade e com esse intuito que pediu que fosse informado inicialmente atravs da rede social facebook pela advogada, pois passaria as informaes exatas, com seriedade e credibilidade.
Assim, a declarao pblica firmada pelo cliente da Representada no processo que foi comentado na rede social facebook, declara publicamente que possua cincia daquela postagem, foi a seu pedido e o texto com sua concordncia em nada sentindo-se prejudicado ou violado o sigilo em relao a sua exonerao e nulidade da exonerao por tratar-se de fato pblico e notrio na comunidade de Tramanda que acompanha desde 2009 a "saga poltica perseguitria" dos Partidos Polticos de Oposio sua pessoa, com manchetes e matrias em todos os jornais locais, no havendo que se falar em segredo ou sigilo quanto a sua exonerao e nem quanto a ao anulatria promovida por ele em face do Municpio de Tramanda, fato de conhecimento geral desde sua propositura.
O Partido Trabalhista de Cidreira/RS., tambm prestou Declarao afirmando que as postagens na rede social facebook em junho, julho e agosto de 2013 pela Representada, prestando informaes quanto ao andamento processual foi com a cincia e concordncia do PTB de Cidreira, que solicitou fossem prestadas as informaes na rede social, pois assim atingiria um nmero maior de interessados naquele municpio, uma vez que no estavam dando conta de atender tanta gente, pois aquela ao de interesse pblico no tramitando em segredo de justia, sendo todas as postagens com autorizao prvia do PTB de Cidreira que concordou com todas elas, eis que outras pessoas, inclusive alguns tambm profissionais do direito, comentaram na poca o assunto na rede social facebook, exatamente por ser um processo pblico.
Assim, resta claro e comprovado que a matria jurdica que foi postada pela Representada era de interesse s pessoas de um modo geral da comunidade, ganhando projeo da mdia inclusive, e como um grande nmero de pessoas ainda no tm acesso a servios jurdicos e acabam por busc-los na internet, os prprios clientes da Representada, tendo interesse em divulgar as informaes corretas, assim pediram e consentiram que a mesma fizesse atravs de sua pgina pessoal no facebook, no ocorrendo qualquer ato infracional tipificado, eis que foram prestadas informaes conforme a necessidade do momento, sendo em casos especficos, a fim de satisfazer a vontade do cliente, sem qualquer cunho de autopromoo ou publicidade do escritrio, o que se verifica atravs de uma simples leitura das postagens, eis que so apenas textos informativos, dentro da tica que a OAB exige e permite, sem ultrapassar qualquer limite, tanto que os clientes declararam sua satisfao.
Ademais, vale ressaltar que ambos os casos no foram comentados apenas pela Representada, e sim por um nmero grande de pessoas, inclusive outros profissionais do direito, eis que realmente foram casos de ordem pblica, com interesses coletivos de uma comunidade. Ainda de referir, que h outros casos jurdicos semelhantes em que atuam colegas da Representada e os mesmos tambm esclarecem questes jurdicas, inclusive nas redes sociais, e no respondem a processo administrativo disciplinar algum, pois tambm so comentrios cautelosos e informativos, como os da Representada, que hoje somente est respondendo a este processo, repita-se mais uma vez: por "denuncismo puro", bem como, questes polticas que levaram a desejarem prejudicar a Representada, razo pela qual a nica medida que se impe nesse caso o arquivamento da presente representao.
As postagens realizadas pela Representada visaram objetivos exclusivamente informativos e instrutivos, no havendo qualquer infrao tica cometida ou conduta praticada incompatvel com a profisso, pelo que requer o arquivamento do processo administrativo disciplinar. No houve, no caso concreto, nenhuma conduta por parte da Representada, incompatvel com sua profisso, ocorrendo apenas um denuncismo puro, sem nem ao menos haver descrio da suposta infrao cometida ou sua tipificao legal, razo pela qual esta Representao deve ser indeferida, com que se estar sendo imparcial e fazendo Justia.
ANTE O EXPOSTO, requer:
1) O recebimento desta Defesa Prvia e dos documentos anexos, como expresso da verdade, declarando cumprida a notificao recebida em 09.04.2014, tempestivamente, com base no art.52 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB;
2) A PROCEDNCIA DA PRELIMINAR de INPCIA eis que a representao no est revestida dos pressupostos mnimos de admissibilidade para seu recebimento, e em total afronta ao princpio da ampla defesa, contraditrio, devido processo legal e artigo:41 do CPP, eis que no apresenta descrio da possvel infrao e sua tipificao legal, pelo que deve ser declarada a nulidade absoluta da presente representao, determinando seu arquivamento, nos termos do artigo: 51, 2 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB;
3) Ao final, a total IMPROCEDNCIA da representao nos termos das razes acima expostas, eis que a Representada no cometeu nenhuma conduta incompatvel com sua profisso, restando claro que se trata de "denuncismo puro", intimao sem descrio da suposta infrao cometida ou sua tipificao legal, razo pela qual esta representao deve ser indeferida liminarmente, o que requer em homenagem ao princpio da imparcialidade, moralidade e justia com que devem ser conduzidos todos os processos administrativos e disciplinares;
4) Por fim, sendo superada a preliminar de inpcia e o indeferimento liminar da representao, requer a intimao das testemunhas abaixo indicadas, pessoalmente, para prestarem depoimento em data que ser aprazada por Vossa Senhoria;
5) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente a prova testemunhal, o depoimento pessoal do representante e a juntada de novos documentos.
ROL DE TESTEMUNHAS: 1- Saleh Asad Abdalla Junior Rua: Ubatuba de Farias N.178 - Bairro: Barra Tramanda/RS.
2- Deolmiro Jesus de Freitas Rua: Osvaldo Aranha N.4315 - Centro - Cidreira/RS.
3- Gilmar da Costa Silva Rua: Osvaldo Aranha N.4315 - Centro- Cidreira/RS.