Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Indice
CAPA
FOLHA DE ROSTO
DEDICAÇAO
CAPITULO 1 OBTENDO O DIREITO DE NOSSAS ES TORIAS
CAPITULO 2 A CTOS DE C ONTRIÇAO: OS D EEPESTOS R OOTS DE P
ENANCE
CAPITULO 3 UM O RDER NA CORTE: O ABRIGAMENTO DO S
ACRAMENTO
CAPITULO 4 C ONFISSOES DA VERDADE: S EALED COM AS ACRAMENT
CAPITULO 5 O QUE ESTA COM O MUNDO: COMO INTESE
CAPITULO 6 C ONFECÇAO S ACRAMENTAL: O QUE OS ESSES PODEMOS
ENCONTRAMOS?
CAPITULO 7 OS TEMAS DA D ELIVERANCIA: C ONFESSAO COMO
CONVENIENTE
CAPITULO 8 C APRENDENDO O SEU: S ECRETOS DO S ON P RODIGAL
CAPITULO 9 E XILES NA ARVORE PRINCIPAL: NAO RUE H OME DE
FORMA DA H OME
CAPITULO 10 K NOW P AIN, K NOW G AIN: OS S ECRETOS DO
VENCIMENTO
CAPITULO 11 PENSANDO FORA DA CAIXA: H ABITOS DE P ENITENTES
HIGIHLY E FECTIVOS
CAPITULO 12 O H OME F RONT: C ONFESSION AS C OMBAT
CAPITULO 13 O OOR DO PEN
ANEXOS
A PPENDICE A: R ITE PARA R ECONCILIAÇAO DE P ENITENTES I
NDIVIDUAIS
A PPENDICE B: P RAYERS
A PPENDICE C: E XAMINAÇAO DE C ONSCIENCIA
FONTES E R EFERENCIAS
O UTROS OBSERVAÇOES DE S COTT H AHN
C OPYRIGHT P AGE
CONTEUDO
C OVER P AGE
T ITLE P AGE
D EDICAÇÃO
Capı́tulo 1
L CONFIGURAR O UR S CIAS S TRAIGHT
Capı́tulo 2
Um CTS DE C ONTRITION : T HE D EEPEST R OOTS DE P enance
Capı́tulo 3
UM EW O rDer IN THE C RIBUNAL : T HE F ULL F REDUÇAO DA DO S ACRAMENT
CAPITULO 4
T RUE C ONFESSIONS : S EALED COM A S ACRAMENT
CAPITULO 5
W HAT ' S W RONG COM O W ORLD : AS INTHESIS
Capı́tulo 6
S ACRAMENTAL C ONFECTION : W HAT ' S S S S weet Um ATAQUE S VEZ ?
Capı́tulo 7
T HE t hemes DE D ELIVERANCE : C ONFESSION AS C OVENANT
Capı́tulo 8
C Learing O H EIR : S ECRETS DE OS P RODIGAL S NO
Capı́tulo 9
E XILES EM M AIN S TREET : N S T RUE H OME Um MANEIRA DE H OME
Capı́tulo 10
K AGORA P AIN , K AGORA L AIN : T HE S ECRETS DE W VEZ P enance
Capı́tulo 11
t hinking O utside A B OX : H ABITS DE H IGHLY E FICAZ P ENITENTS
Capı́tulo 12
T HE H OME F Ront : C ONFESSION AS C Ombat
Capı́tulo 13
T HE O PEN D OOR
APÊNDICES Um PÊNDICE A:
R ITE PARA R ECONCILIATION DE I NDIVIDUAL P ENITENTS Um PÊNDICE B:
P RAYERS Um PÊNDICE C: E XAME DE C ONSCIENCE
S ONTES E R EFERÊNCIAS
O THER B ooks POR S COTT H AHN
C OPYRIGHT P AGE
Pittsburgh Stealer
Eu tenho uma con issã o a fazer. No inı́cio da minha adolescê ncia, corri
com o tipo de multidã o que é o pesadelo de todos os pais. Fizemos
algumas travessuras menores antes de passar para o crime
mesquinho. Por um tempo, roubar uma loja no shopping foi nosso
passatempo no sá bado à tarde. Um dia, fui pego roubando á lbuns de
discos. Nã o vou cansar você com os detalhes agora. Direi apenas que fui
mais há bil como mentiroso do que como ladrã o.
Dois detetives da loja, ambas mulheres de meia-idade, me arrastaram
para a sala de interrogató rio da loja de departamentos. Devo ter
parecido lamentá vel. Eu era o ilho mais novo da minha turma da oitava
sé rie. Eu tinha treze anos, mas parecia ter dez. Um dos detetives olhou
para mim e disse: “Você parece muito jovem para roubar…. Você roubou
aqueles á lbuns para você ? ”
Ela nã o sabia, mas com essas palavras ela me deu meu
á libi. Trabalhando a partir de sua mera sugestã o, inventei uma histó ria
sobre como um grupo de crianças locais - delinquentes conhecidos e
usuá rios de drogas - ameaçou bater em mim e em meu amigo, a menos
que roubá ssemos á lbuns para eles.
O rosto do interrogador enrubesceu com uma indignaçã o
maternal. “Como eles puderam fazer tal coisa? Por que você nã o contou
para a sua mã e? "
“Eu estava com medo,” eu disse humildemente.
Um policial de Pittsburgh logo chegou e, em pouco tempo, consegui -
com a ajuda dos detetives da loja! - persuadi-los de que a verdadeira
culpa estava em outro lugar alé m de mim. A polı́cia, por sua vez, me
ajudou a apresentar o caso de maneira convincente para minha mã e.
Scott-Free
Logo eu estava, literalmente, sem casa. Quando mamã e estacionou o
carro em nossa garagem, murmurei algo sobre estar cansado. Ela foi
simpá tica. Fui direto para o meu quarto e fechei a porta.
Imediatamente ouvi uma conversa abafada lá embaixo. Eu nã o
conseguia distinguir as palavras, mas sabia que a voz suave era da
minha mã e e que a voz que aumentava gradualmente de volume e tom
era do meu pai. Isso nã o era um bom pressá gio.
Logo o som de pé s pesados veio subindo os degraus e depois pelo
corredor até o meu quarto. Eu senti mais do que ouvi a batida na porta.
Era papai, claro, e eu o deixei entrar.
Ele ixou seus olhos nos meus, que imediatamente mudaram para um
ponto distante no tapete.
"Sua mã e me contou o que aconteceu hoje."
Eu concordei.
Ele continuou olhando para mim. “Você foi feito para roubar aqueles
discos?”
"Sim."
Ele olhou para mim com irmeza e repetiu: "Você foi feito para roubar
discos?"
Quando eu balancei a cabeça novamente em resposta, pude ver seus
olhos se voltando para a pilha enorme de discos ao lado do meu
aparelho de som.
Ele olhou para trá s em minha direçã o. "E onde você deixou os registros,
depois de roubá -los?"
“No toco de uma á rvore”, respondi, “na loresta perto do shopping”.
"Você pode me mostrar aquele toco de á rvore?"
Eu balancei a cabeça novamente.
"Tudo bem", disse ele. “Vista seu casaco, Scottie. Vamos dar um
passeio."
Forest Clump
A loresta icava a cerca de trezentos metros de nossa casa, e o shopping
icava a cerca de oitocentos metros de caminhada pela loresta. A
folhagem era densa, entã o eu tinha certeza que veria muitos tocos de
á rvore. Tudo que eu preciso fazer é escolher um.
Com certeza, enquanto caminhá vamos, vi muitas á rvores, muitas folhas,
muitos galhos, até mesmo alguns galhos caı́dos - mas uma notá vel
ausê ncia de tocos. Meu pai me deixou liderar, entã o ele nã o podia ver
meus olhos escaneando de um lado para o outro, com desespero
crescente. Senti um certo pâ nico ao ver a clareira à frente. A loresta
estava acabando e eu nã o tinha visto um toco.
Bem na beira do bosque, com o shopping bem na nossa frente, eu disse:
“Ali. E onde os caras estavam cheirando cola. ”
"OK", respondeu papai, "onde está o toco?"
“E aquele grande monte de terra ali. Essa moita. ”
Ele olhou de volta para mim. "Você disse toco de á rvore."
Eu me contorci. "Bem, clump, stump ..."
“Clump ... stump,” ele repetiu, pausando dolorosamente entre as
palavras. Eu esperava que seu temperamento explodisse, que ele se
virasse furioso e me chamasse de mentirosa - mas tudo o que ele disse
foi: “Vamos para casa”.
Na eternidade que levamos para caminhar pela loresta, meu pai nunca
disse uma palavra. Descobri que nã o temia mais a explosã o, mas quase
ansiava por ela. Seu silê ncio estava me matando.
Chegamos em casa. Ele fechou a porta. Ele tirou o paletó , tirou os
sapatos, subiu as escadas.
Em um momento, eu també m subi para o meu quarto sozinho e fechei a
porta. Você pensaria que eu estaria comemorando uma vitó ria. Eu tinha
conseguido manter minha histó ria distorcida o su iciente para enganar
dois detetives de loja, um policial da cidade e minha mã e! Mas eu nã o
estava comemorando nada. Eu estava experimentando uma coisa
totalmente nova. Foi nesse momento que comecei a perceber o que
signi icava ter um coraçã o humano. Senti uma enorme vergonha
porque meu pai nã o acreditou na minha histó ria, porque ele sabia que o
garoto que amava havia mentido e roubado.
O que aconteceu comigo nã o foi apenas o despertar de uma
consciê ncia. Foi a descoberta de um relacionamento. Sempre vi esse
homem em minha vida como juiz, jú ri e carrasco. Sempre que eu fazia
algo errado, temia ser pego, ser julgado e punido. Mas naquele dia,
descobri que havia algo pior do que incitar a ira de papai, e isso estava
partindo o coraçã o de papai. Eu tinha feito isso e odiava.
CAPITULO 2
Um CTS de contriçã o: T HE D EEPEST R OOTS DE P enance
M qualquer pessoas PENSAM da con issã o como algo que foi introduzido pela
Igreja Cató lica. Isso é verdade, em certo sentido, porque a con issã o é
um sacramento da Nova Aliança e, portanto, nã o poderia ser
estabelecida até que Jesus selasse essa aliança com Seu sangue (Mt
26:27). Mas na tradiçã o de Israel, à qual Jesus foi iel, a promulgaçã o da
aliança sempre continha disposiçõ es para a remissã o de pecados.
A con issã o, entã o, era nova; mas apenas no sentido de que uma lor é
nova. Ela esteve presente quase desde o inı́cio dos tempos - como uma
lor está em suas sementes, brotos e botõ es - e aparece em muitas
pá ginas do Antigo Testamento. Enquanto o pecado existe no mundo,
també m existe a con issã o, a penitê ncia e a reconciliaçã o.
Abra sua Bı́blia, comece do inı́cio, e você nã o precisa ir muito longe
antes de encontrar os primeiros prenú ncios do confessioná rio. Na
verdade, você os encontra com o pecado original, o primeiro pecado do
primeiro homem e da primeira mulher.
A verdade nua
Adã o e Eva pecaram. No momento, nã o precisamos entrar na natureza
de seus pecados. (Estudaremos isso em profundidade em um capı́tulo
posterior.) Se tudo o que soubé ssemos de seus pecados fosse que eles
desobedeceram ao Senhor Deus, isso seria o su iciente. Ele era o seu
Criador; Ele era o Pai deles; e eles haviam violado Seu ú nico
mandamento: “Você pode comer livremente de todas as á rvores do
jardim; mas da á rvore do conhecimento do bem e do mal nã o comereis,
porque morrerá s no dia em que dela comerdes ”(Gn 2: 16–17).
Tentados por uma serpente mortal, eles tocaram e comeram - e
imediatamente souberam que tudo havia mudado. De repente, eles
icaram com vergonha de sua nudez. De repente, eles icaram com
medo. “E ouviram o som do Senhor Deus caminhando no jardim na
viraçã o do dia, e o homem e sua mulher esconderam-se da presença do
Senhor Deus entre as á rvores do jardim” (Gn 3: 8). Esse é o
comportamento de que falei no capı́tulo anterior. Eles se escondem
atrá s dos arbustos, como se pudessem se esconder de um Pai que tudo
sabe, tudo vê e amoroso.
O que Deus faz entã o? Você e eu podemos esperar que Ele troveje: "Eu
vi isso!" dos cé us. Mas ele nã o faz. Em vez disso, Ele joga junto com o
engano de Adã o e Eva. Deus clama a Adã o: "Onde você está ?" (Gê nesis
3: 9) - como se Ele precisasse ser informado do paradeiro de algué m!
Adam responde com uma declaraçã o evasiva: “Ouvi o teu som no jardim
e tive medo, porque estava nu; e me escondi ”(Gn 3:10). Notá vel: em
poucas palavras, ele consegue expressar medo, vergonha, atitude
defensiva, autopiedade - mas nã o arrependimento. Na verdade, ele
parece estar transferindo a culpa para Deus, cujo poder Adã o
repentinamente considera intimidante.
Deus novamente responde com uma pergunta: “Quem te disse que
estavas nu? Comeste da á rvore da qual te ordenei que nã o comesses?
” (Gê nesis 3:11).
Adam nã o hesita em colocar a culpa diretamente em sua esposa. “A
mulher que deste para estar comigo, ela me deu o fruto da á rvore e eu
comi” (Gn 3:12).
Deus ainda nã o pronuncia julgamento, mas faz mais uma pergunta,
desta vez dirigida à mulher: “O que é isto que izeste?” (Gê nesis 3:13).
O Deus Todo-Poderoso fez quatro perguntas em quatro versı́culos
curtos. O que ele está fazendo aqui? Se Deus sabe tudo, entã o Ele já
sabe a resposta para cada uma dessas perguntas, e Ele sabe melhor do
que este casal autoiludido e como uma serpente iludida. O que Deus
quer deles?
Está claro, a partir do texto, que Ele deseja que eles confessem seus
pecados com verdadeira tristeza. Ele começa com perguntas abertas
que convidam gentilmente a uma explicaçã o; Ele passa a ser mais
especı́ ico, até que, por im, pergunta à mulher à queima-roupa o que
ela fez. Por tudo isso, no entanto - da persuasã o ao interrogató rio -
nenhuma con issã o surge. Em vez de assumir a responsabilidade por
sua açã o, Adã o primeiro culpa sua companheira e depois culpa Deus:
" Você me deu esta mulher, e ela me deu o fruto!"
Como disse no inı́cio do capı́tulo anterior: quanto mais precisamos da
con issã o, menos parecemos desejá -la. Foi tã o verdadeiro para Adã o e
Eva como para todos os seus descendentes na raça humana.
Arrepender-se ou ressentir-se
O comportamento de Caim pode nos parecer familiar. Todos esses
sé culos depois, homens e mulheres nã o estã o mais ansiosos para
reconhecer suas falhas. E o padrã o de evasã o nã o é diferente. Pessoas
que nã o se arrependem vã o icar ressentidas. Aqueles que se recusam a
se acusar encontrarã o maneiras bizarras de se desculpar. Eles - nó s -
culparemos nossas circunstâ ncias, limitaçõ es, hereditariedade, meio
ambiente. Em ú ltima aná lise, entretanto, quando fazemos isso, estamos
seguindo nossos primeiros ancestrais. Estamos culpando a Deus e
fazendo dele o objeto de nosso ressentimento; porque foi Ele quem
criou nossas circunstâ ncias, nossa hereditariedade e nosso ambiente.
Quanto mais escolhemos pecar, menos queremos discutir nossos
pecados. Quanto mais precisamos da con issã o, menos parecemos
desejá -la. Como Caim, Adã o e Eva, falaremos sobre quase tudo - causas
e consequê ncias, culpa e puniçã o - mas nã o sobre con issã o.
O luto acabou
Com o tempo, o povo de Deus desenvolveu um vocabulá rio rico para
contriçã o, con issã o e penitê ncia, em palavras e hinos, mas també m em
gestos e açõ es. A con issã o, entã o como agora, nã o era apenas uma
questã o espiritual; era algo que o pecador personi icava. As vezes era
algo que ele usava na pele. Era um sinal externo de uma realidade
interna. Foi um sacramento da Antiga Aliança. Isso nã o signi ica que foi
um mero ritual. Os pecadores mostraram sua tristeza e seu amor, nã o
apenas com palavras doces, mas com açõ es difı́ceis e sangrentas; e seus
atos, por sua vez, contribuı́ram para aprofundar sua tristeza e
humildade.
Novamente, essas con issõ es nã o eram meramente exercı́cios
mentais; eles foram incorporados de maneiras vı́vidas. Eles nã o eram
simplesmente privados; eles aconteceram na presença da Igreja, a
assemblé ia de Israel, ou seus delegados, os sacerdotes.
“E quando Acabe ouviu essas palavras, rasgou as suas vestes, e pô s saco
sobre a sua carne, e jejuou e se deitou sobre saco, e andou abatido” (1
Rs 21:27).
“Entã o Davi e os anciã os, vestidos de saco, caı́ram com o rosto em
terra. E Davi disse a Deus: 'Nã o fui eu quem ordenou [o pecado,
convocando um recenseamento]? Fui eu que pequei e agi de maneira
muito inı́qua '”(1 Cr 21: 16–17).
“Ora, o povo de Israel estava reunido com jejum e pano de saco e terra
sobre a cabeça. E os israelitas se separaram de todos os estrangeiros e
se levantaram e confessaram seus pecados e as iniqü idades de seus pais
”(Ne 9: 1-2).
Pano de saco e cinzas, choro, prostrado no chã o - todos esses eram
sinais comuns de luto no mundo antigo. Os israelitas os usaram, de
forma bastante espontâ nea, para expressar tristeza por seus pecados. E
a metá fora é perfeita, pois o pecado causa a morte - uma perda real da
vida espiritual, que é muito mais mortal do que qualquer morte
fı́sica. Os pecadores, entã o, tê m bons motivos para lamentar.
Nó s, pecadores modernos, podemos aprender muito com nossos
antepassados, como certamente izeram os primeiros cristã os.
CAPITULO 3
AN EW O rDer IN THE C RIBUNAL :
T HE F ULL F REDUÇAO DA DO S ACRAMENT
I srael ' S atos de contriçã o foram profunda e pessoal. Eles foram
certamente memorá veis; e devem ter produzido um efeito duradouro
na vida de muitas pessoas. Assim, quando encontramos Jesus e Seus
apó stolos falando de con issã o e perdã o, devemos ter em mente o que
essas palavras signi icam para eles, e devemos ter em mente as açõ es
que essas palavras signi icam.
Pois nã o podemos apreciar o Novo Testamento de forma alguma se nã o
tivermos compreensã o dos sacramentos do Antigo Testamento. Jesus
nã o veio para substituir algo mau por algo bom; Ele veio, ao contrá rio,
para tomar algo já grande e santo - algo que o pró prio Deus já havia
começado - e trazê -lo a um cumprimento divino.
Veja a Pá scoa, por exemplo. A festa do antigo Israel marcava a noite em
que cada famı́lia do povo de Deus sacri icava um cordeiro para que seu
ilho primogê nito fosse salvo do anjo da morte (Ex 12). A Pá scoa do
primogê nito representa um dos eventos centrais da histó ria de
Israel; ainda assim, empalidece quando comparada à Pá scoa de Cristo, o
Cordeiro de Deus, que veio para salvar o mundo inteiro. A renovaçã o de
Israel de sua aliança com Deus acontecia anualmente na festa da
Pá scoa. Mas a Pá scoa de Cristo - Seu sofrimento, morte e ressurreiçã o -
é reapresentada todos os dias na missa.
A Antiga Aliança nã o morreu, se exauriu e se esgotou, mas sim veio para
uma nova vida com a Nova Aliança de Jesus Cristo. Em sua forma antiga,
os sacrifı́cios da Antiga Aliança nunca eram su icientes e sempre
apontavam para algo maior do que eles pró prios. Deus os estabeleceu
para pre igurar seu cumprimento futuro. Eles izeram isso, de uma
maneira, insinuando a grandeza por vir; mas, em outro, mostrando sua
pró pria inadequaçã o.
Mesmo com os sacrifı́cios e os antigos sacramentos da con issã o, o
homem caiu no pecado repetidamente; e nenhuma oferta poderia
compensar suas ofensas contra um Deus in initamente perfeito, um Pai
perfeitamente amoroso. O sumo sacerdote em Jerusalé m, diz a Carta
aos Hebreus, icava todos os dias “oferecendo repetidamente os
mesmos sacrifı́cios, que nunca podem tirar os pecados” (Hb 10,11).
Os velhos mé todos nã o funcionariam. Se os sacramentos fossem para
tirar os pecados do mundo e os pecados dos indivı́duos, o pró prio Deus
teria que administrar os sacramentos. E foi o que Ele fez.
Coxo de deus
"Errar é humano, perdoar é divino." Milhares de anos antes de
Alexander Pope escrever essas palavras, o princı́pio era a religiã o de
Israel. Pessoas pecaram; e até mesmo “o justo cai sete vezes ao dia” (Pv
24:16). Perdoar esses pecados, no entanto, era competê ncia exclusiva
de Deus. As con issõ es e sacrifı́cios humanos nã o obrigavam o perdã o
de Deus. Errar era humano; mas perdoar era divino, um ato soberano
de Deus.
Assim, quando Jesus pronunciou o perdã o dos pecados, vemos que Ele
apresentava um dilema à s pessoas: ou usurpava uma autoridade que
pertencia a Deus, ou era Deus encarnado. Em nenhum lugar isso é
mostrado de forma tã o dramá tica como na histó ria do encontro de
Jesus com um homem paralı́tico, que aparece em trê s dos quatro
evangelhos.
Cânones Soltos
E uma marca do crente, entã o, colocar fé no poder de Cristo para
perdoar pecados. Alé m disso, devemos reconhecer que Ele escolheu
exercer esse poder de uma maneira particular. No dia em que
ressuscitou dos mortos, Jesus apareceu aos discı́pulos e disse-lhes: “A
paz seja convosco. Assim como o Pai me enviou, eu també m te envio.
” Entã o ele fez algo curioso. Ele compartilhou com eles - os primeiros
sacerdotes da Nova Aliança - Sua pró pria vida e Seu pró prio poder. “E,
dizendo isso, soprou sobre eles e disse-lhes: 'Recebei o Espı́rito
Santo. Se você perdoa os pecados de qualquer um, eles sã o
perdoados; se você reté m os pecados de algué m, eles sã o retidos '”(Jo
20: 22-23).
Ele os estava estabelecendo como sacerdotes, para administrar um
sacramento, mas també m como juı́zes, para pronunciar julgamento
sobre as açõ es dos crentes. Ele, assim, deu-lhes um poder superior ao
que antes pertencera aos sacerdotes de Israel. Os rabinos se referiam a
esse antigo poder sacerdotal em termos de “ligar e desligar”, e Jesus
usou essas mesmas palavras para descrever o que estava dando aos
Seus discı́pulos. Para os rabinos, ligar ou desligar signi icava julgar
algué m por estar em comunhã o com o povo escolhido, ou cortado da
vida e adoraçã o desse grupo. Segundo os rabinos, os padres tinham o
poder de reconciliar e excomungar.
Jesus, poré m, nã o estava apenas transferindo autoridade. Ao levar este
antigo ofı́cio ao seu cumprimento, Ele estava adicionando uma nova
dimensã o. As autoridades nã o mais dariam uma sentença meramente
terrena. Visto que a Igreja compartilhava o poder do Deus encarnado,
seu poder se estenderia até o poder de Deus. “Em verdade vos digo que
tudo o que ligardes na terra será ligado no cé u, e tudo o que desligardes
na terra será desligado no cé u” (Mt 18,18).
Antes que os apó stolos pudessem exercer esse poder sobre as almas,
eles precisariam ouvir os pecados confessados em voz alta (ou
denunciados publicamente). Caso contrá rio, eles nã o poderiam saber o
que amarrar ou soltar.
Em terreno comum
Jesus era um judeu, um ilho iel de Israel; assim foram Seus
apó stolos. Como judeus, eles compartilhavam uma herança comum,
memó rias comuns e uma linguagem comum de experiê ncia
religiosa. Quando Jesus falou sobre perdã o e con issã o, Ele se valeu
dessas memó rias, dessa linguagem e dessa experiê ncia, sabendo muito
bem o que Suas palavras signi icariam para os judeus que O ouvissem.
Quando os apó stolos ouviram Jesus falar de perdã o e con issã o, eles O
compreenderam à luz do que sabiam - os sacramentos da Antiga
Aliança, que consideramos no ú ltimo capı́tulo. Novamente, Jesus nã o
apenas concluiu a Antiga Aliança; Ele o cumpriu. Ele investiu as
armadilhas da Antiga Aliança com maiores capacidades. De uma forma
misteriosa, a Antiga Aliança é concluı́da - e incluı́da na - Nova Aliança.
Com isso em mente, devemos voltar e reler o que os apó stolos tinham a
dizer sobre o assunto, tentando entender seus termos como eles os
teriam entendido - compartilhando com eles o vocabulá rio e a memó ria
que compartilharam com Jesus.
“Se confessarmos os nossos pecados, [Deus] é iel e justo”, disse Sã o
Joã o, “e nos perdoará os pecados e nos puri icará de toda injustiça” (1
Jo 1, 9). Sã o Paulo esclarece ainda que a con issã o é algo que você faz
“com a boca”, nã o apenas com o coraçã o e a mente (Rm 10:10).
A quem, entã o, devemos confessar? Para Deus, é claro, mas da maneira
que Ele ordenou por meio de Jesus Cristo - para um sacerdote. Sã o
Tiago retoma a questã o da con issã o no inal de sua discussã o sobre os
deveres sacramentais do clero. O termo que ele usa para clé rigos é o
grego presbuterous, que signi ica literalmente "anciã os", mas que é a
raiz da palavra sacerdote em inglê s :
Sempre que você vê a palavra portanto nas Escrituras, você tem que se
perguntar para que ela existe. Nesta passagem, Tiago está claramente
estabelecendo a prá tica da con issã o em conexã o com o ministé rio de
cura do sacerdote. Porque os sacerdotes sã o curadores, nó s os
chamamos para ungir nossos corpos quando estamos
doentes; e, portanto , ainda mais ansiosamente, vamos a eles para o
sacramento de cura do perdã o quando nossa alma está doente com o
pecado.
Observe que Sã o Tiago nã o exorta sua congregaçã o a confessar seus
pecados apenas a Jesus; nem lhes diz para confessar seus pecados
silenciosamente, em seus coraçõ es. Eles podem fazer todas essas coisas,
e tudo a seu favor, mas eles ainda nã o serã o ié is à palavra de Deus
pregada por Sã o Tiago - nã o até que eles confessem seus pecados em
voz alta para "outro", e especi icamente para um presbítero , um
sacerdote . A igura do pai está sempre à vista.
Desde o tempo de Adã o, Deus orienta Seu povo a fazer suas con issõ es
de maneira certa e e icaz. Agora, na plenitude do tempo, na era da
Igreja de Jesus Cristo, eles poderiam.
Desenvolvimento Lapse-Sided
Embora o sacramento esteja conosco desde o dia da ressurreiçã o de
Jesus, os cristã os o praticam de vá rias maneiras. A doutrina da
penitê ncia da Igreja també m se desenvolveu ao longo do tempo. Em
essê ncia, o sacramento permanece o mesmo, embora em
particularidades possa parecer diferente de é poca para é poca.
Por exemplo: Em alguns lugares, no inı́cio, os bispos ensinaram que
certos pecados - a saber, assassinato, adulté rio e apostasia - podiam ser
confessados, mas nã o absolvidos nesta vida. O cristã o que cometeu
esses pecados nunca mais poderia receber a comunhã o, embora
pudesse esperar pela misericó rdia de Deus na hora da morte. Em
outros lugares, os bispos absolviam esses pecados, mas somente depois
que os pecadores realizavam pesadas penitê ncias, que poderiam levar
anos de difı́cil trabalho diá rio para serem concluı́das. Com o tempo, a
Igreja modi icou essas prá ticas para torná -las menos pesadas, para
encorajar os cristã os a encontrar forças na Eucaristia para vencer o
pecado e para evitar que pecadores arrependidos caiam no desespero.
Nem todos os cristã os estavam ansiosos para receber os pecadores de
volta ao redil. Alguns argumentaram que a Igreja estava melhor sem
esses fracos e desajustados. A questã o veio à tona no norte da Africa,
quando um homem chamado Cipriano foi bispo de Cartago ( AD . 248-
258). Foi uma é poca de perseguiçã o; alguns cristã os corajosamente
foram para a morte, enquanto outros, é triste dizer, renunciaram a
Cristo quando enfrentaram a ameaça de morte ou tortura. Alguns dos
que “caı́ram” na fé mais tarde se arrependeram de sua decisã o e
buscaram readmissã o na Igreja. Eles encontraram forte oposiçã o,
entretanto, de outros cristã os que sobreviveram à tortura sem
renunciar a Cristo.
Cipriano insistiu que pecadores arrependidos deveriam ser
readmitidos à Eucaristia, depois de realizar as penitê ncias prescritas
pela Igreja. Ele implorou a todos os pecadores, grandes e pequenos, que
aproveitassem o sacramento da con issã o; pois, em tempos de
perseguiçã o, eles nã o sabiam nem o dia nem a hora em que poderiam
ser chamados. (Na verdade, em todos os momentos, nã o sabemos nem
o dia nem a hora em que enfrentaremos nosso julgamento inal.) Disse
Sã o Cipriano:
L IKE todos os ritos da Igreja, a con issã o mudou sua aparê ncia ao longo
dos sé culos de adaptaçã o à s diferentes necessidades e diferentes
climas morais, de diferentes culturas. Mas a con issã o sempre
permaneceu a mesma em essê ncia. Permaneceu o que Cristo pretendia
que fosse: a continuaçã o, atravé s de todos os tempos, de Seu ministé rio
de perdã o e cura.
O rito tem variado de muitas maneiras. Em algumas vezes e em alguns
lugares, os cristã os confessaram seus pecados publicamente perante a
congregaçã o; em tempos como o nosso, a con issã o é assunto privado
entre o penitente e o sacerdote. Na Igreja primitiva, alguns bispos
permitiam que um crente batizado confessasse nã o mais do que uma
vez no decorrer da vida. Em tempos como o nosso, a Igreja recomenda
que vamos pelo menos uma vez por mê s e exige que o façamos pelo
menos uma vez por ano.
Outro elemento que tem variado é a severidade das penitê ncias
impostas pela Igreja. Nos primeiros dias, aqueles que confessavam
pecados graves - como assassinato, adulté rio ou apostasia - eram
readmitidos à comunhã o somente depois de muito tempo na Ordem
dos Penitentes. Esses pecadores podem passar anos em oraçã o
rigorosa, realizando obras de penitê ncia e esmola antes de receberem
novamente a Eucaristia. Na verdade, eles nem mesmo foram
autorizados a permanecer no pré dio da igreja durante toda a
missa; eles foram dispensados, junto com qualquer pessoa nã o
batizada, antes do inı́cio da Oraçã o Eucarı́stica.
Os monges dos desertos orientais geralmente obtê m cré dito por
desenvolver a prá tica da con issã o privada frequente. No Ocidente,
essas prá ticas encontraram promotores zelosos em monges irlandeses
que viajaram como missioná rios por toda a Europa. Por volta do sé culo
VII, o sacramento tinha, em sua maior parte, assumido a aparê ncia que
conhecemos hoje.
Mesmo agora, poré m, o sacramento pode mudar de forma. A Igreja
permite mais lexibilidade para este rito do que para quase qualquer
outro. O “lugar comum e adequado para ouvir con issõ es sacramentais
é uma igreja ou um orató rio”, em uma cabine confessional com uma
“grade ixa” ou tela. As vezes, o penitente prefere o anonimato de se
confessar atrá s de uma tela a um padre que nã o pode ver seu
rosto; outras vezes, ele pode preferir fazer sua con issã o cara a cara,
como entre velhos amigos. As vezes, os homens fazem sua con issã o em
um campo de batalha em meio a tiros de morteiro; em outras ocasiõ es,
a cura espiritual vem em uma cama de hospital durante uma longa
enfermidade. Posso testemunhar a variedade de experiê ncias
confessionais. Nos momentos em que nã o havia confessioná rio
disponı́vel, recebi o sacramento de muitas maneiras diferentes: ao
caminhar pelas ruas da cidade, ao andar de carro e ao esperar no
portã o de um aeroporto.
No entanto, quanto mais as coisas mudam, mais o sacramento
permanece o mesmo. Neste capı́tulo, examinaremos primeiro o cerne
essencial do ensino da Igreja e, em seguida, a doutrina em açã o,
conforme a Igreja celebra o sacramento hoje.
Condições da Tradição
Como a con issã o faz isso? Os detalhes do rito à s vezes mudam; mas, diz
o Catecismo da Igreja Católica ( CCC ), “Por trá s das mudanças na
disciplina e na celebraçã o ..., deve-se discernir a mesma estrutura
fundamental ” (n. 1448). O sacramento da penitê ncia é composto por
dois elementos igualmente essenciais. Por um lado, está a nossa obra, a
obra do pecador arrependido; e, por outro lado, há o trabalho que Deus
faz por meio da Igreja.
E tudo obra de Deus, em certo sentido, porque até as obras que fazemos
sã o açõ es de um pecador “que se converte pela ação do Espírito Santo ”
( Catecismo , n. 1448, grifo do autor). Nó s, entretanto, devemos dar
consentimento e lutar para cumprir a vontade de Deus. Que açõ es,
entã o, constituem nossa parte do sacramento? A tradiçã o nomeia trê s:
contriçã o, con issã o e satisfaçã o. Em outras palavras, o sacramento
exige (1) que devemos nos arrepender de nossos pecados, (2) que
devemos declarar nossa tristeza claramente, nomeando nossos
pecados, e (3) que devemos completar a obra de penitê ncia ou
restituiçã o designada a nó s pelo nosso padre confessor. Vejamos um
por um.
1. Devemos nos arrepender de nossos pecados. A palavra té cnica para
essa tristeza é contrição. Sem essa tristeza, nã o podemos receber este
sacramento; pois a essê ncia do sacramento, de nossa parte, é nosso
pedido de desculpas a Deus, a quem ofendemos. Nossa contriçã o nã o
precisa ser perfeita; nã o precisa brotar de um motivo de amor
puro. Podemos, por exemplo, ser motivados pelo medo do castigo de
Deus. E um bom começo, e a graça de Deus completará a obra em nó s e
compensará o que está faltando em nossa tristeza. Devemos,
entretanto, oferecer alguma resoluçã o para mudar nossas vidas e evitar,
no futuro, os pecados que confessamos em nosso passado. Devemos até
mesmo decidir evitar as empresas e os lugares que podem nos levar a
pecar. A tradiçã o chama esta resoluçã o de " irme propó sito de emenda",
e é bem formulada em muitas das oraçõ es que chamamos de Atos de
Contriçã o: "Decidi irmemente, com a ajuda de Tua graça, nã o pecar
mais e evitar as ocasiõ es pró ximas do pecado. ”
Algumas pessoas pensam: “Bem, enquanto os cató licos contarem seus
pecados aos padres, eles podem continuar cometendo pecados quando
quiserem”. E esta nã o é apenas uma questã o cató lica; é verdade para
qualquer religiã o que enfatiza o arrependimento. O arrependimento
deve ser genuı́no, assim como o irme propó sito de emenda. O iló sofo
de Harvard William James disse certa vez: “Eu pecaria como Davi, se ao
menos pudesse me arrepender como Davi” (ver Sal 51). Isso, no
entanto, é uma ilusã o total. A verdade é que, a menos que o pecador
esteja verdadeiramente arrependido - a menos que esse pecador se
aproxime do sacramento com contriçã o e confesse todos os pecados
graves conhecidos com sinceridade, humildade e completamente - o
sacramento nã o confere a absolviçã o - os pecados nã o sã o
perdoados. Alé m do mais, o pecador cometeu o pecado adicional de
sacrilé gio.
O pró prio Jesus insistiu em uma mudança de vida quando pronunciou a
absolviçã o. Ele enfrentou a mulher apanhada em adulté rio e disse-lhe
que nã o a condenaria. Mas entã o Ele acrescentou: “Vá e nã o peques
mais” (Jo 8:11). Hoje, por meio de Sua Igreja, Ele nã o pede menos.
2. Devemos confessar nossos pecados. A Escritura faz uma distinçã o
entre dois tipos de pecado: pecado mortal e pecado venial (ver 1 Jo 5:
16–17). O pecado mortal é , como seu nome indica, o mais mortal dos
dois, pois sufoca a vida de Deus na alma. O pecado mortal nos mata
espiritualmente. O pecado mortal sempre envolve “maté ria grave” - as
coisas mais importantes da vida. Mesmo os descrentes muitas vezes
reconhecerã o a gravidade dessas ofensas. Assim, por exemplo, o
assassinato é um pecado mortal e é universalmente reconhecido como
um crime; o mesmo vale para roubo, perjú rio e adulté rio. Outros
assuntos graves, entretanto, só podem ser vistos com os olhos da
fé . Assim, por exemplo, é um pecado mortal faltar à missa no domingo.
Cada vez que vamos ao sacramento da penitê ncia, devemos confessar
todo e qualquer pecado mortal cometido desde nossa ú ltima
con issã o. Devemos declarar claramente os tipos de pecado mortal que
cometemos e o nú mero de vezes que os cometemos. Se retermos
quaisquer pecados mortais, nã o izemos uma con issã o vá lida. Na
verdade, reter deliberadamente a con issã o de um pecado mortal é em
si um pecado mortal. Visto que um sacramento é um juramento perante
Deus, tal sigilo representa uma espé cie de perjú rio.
Nã o somos estritamente obrigados a confessar nossos pecados veniais -
o Catecismo os chama de “faltas cotidianas” -, mas a Igreja, os santos e
os mı́sticos sempre recomendaram isso (cf. CIC , n. 1458).
E importante lembrar, em nossa con issã o, que nã o estamos dizendo a
Deus nada que ele já nã o saiba. Ele conhece nossos pecados melhor do
que nó s. Ele conhecia o pecado de Adã o quando o convidou a
confessar. Ele conheceu o de Caim quando o convidou a confessar. Ele
quer que confessemos nã o para o seu bem, mas para o nosso, porque
sabe que a con issã o é um passo necessá rio em nosso processo de cura
para a santidade.
A con issã o é necessá ria, mas existem algumas circunstâ ncias muito
limitadas nas quais um padre pode dispensar a con issã o e conceder a
absolviçã o de qualquer maneira. Em tempos de emergê ncia terrı́vel,
quando vá rias pessoas estã o em perigo imediato de morte - no calor da
batalha ou se um aviã o está prestes a cair - um sacerdote pode
pronunciar uma "absolviçã o geral". Mesmo isso requer que os
penitentes tenham pena de seus pecados, embora dispensa a
necessidade de confessá -los. Mesmo assim, o penitente, se quiser
sobreviver, deve ir o mais rá pido possı́vel para fazer uma con issã o
sacramental comum.
3. Devemos completar a obra de penitência ou restituição. Depois de
receber a absolviçã o do padre, praticamos algum ato de penitê ncia
designado pelo nosso padre-confessor. Pode ser uma oraçã o, uma obra
de misericó rdia, um ato de esmola ou um ato de abnegaçã o, como o
jejum (cf. CIC , n. 1460). Geralmente, eles sã o medidos para
corresponder à gravidade e à natureza de nossos pecados.
E importante que façamos isso prontamente, para nã o esquecer. Se nos
esquecermos, a absolviçã o ainda é vá lida; mas perdemos uma tremenda
oportunidade de crescer espiritualmente e talvez també m tenhamos
cometido um pecado venial.
Visto que nossos pecados sã o ofensas contra Deus todo-poderoso,
nossas pequenas obras de penitê ncia nunca poderiam ser totalmente
restituı́das, pois nossas ofensas sã o mais graves quando cometidas
contra pessoas de maior dignidade. No contexto de uma analogia da
sociedade civil: uma coisa é você tentar socar seu vizinho de
porta; outra bem diferente é tentar dar um soco no presidente do
paı́s. Para a primeira ofensa, você pode ser esbofeteado com um terno
ou uma queixa; mas para o ú ltimo, você certamente cumpriria pena e
pode até levar um tiro. Ningué m tem maior dignidade do que Deus; Sua
dignidade é in inita; e assim nunca poderı́amos realmente compensar
nossas ofensas a ele.
Mas Cristo pode compensar o que nos falta, e Ele o faz no
sacramento. Na verdade, essa é a razã o do sacramento. O trabalho de
reconciliaçã o nã o é principalmente nosso. E de Cristo e foi cumprido na
cruz. Por meio dos sacramentos, passamos a participar de Sua obra, por
Sua graça, e a conhecer Seus benefı́cios.
Fazemos penitê ncia, entã o, para restituir e reparar os danos causados
pelo pecado, mas també m para restaurar e fortalecer nosso vı́nculo de
amor com Cristo e o povo de Deus. Neste contexto, nã o posso deixar de
citar novamente o Catecismo : “Tais penitê ncias ajudam a con igurar-
nos a Cristo, o ú nico que expiou os nossos pecados de uma vez por
todas. Eles permitem que nos tornemos co-herdeiros com Cristo
ressuscitado, 'desde que com ele soframos' [Rm 8,17] ”( Catecismo , n.
1460).
CAPITULO 5
W HAT ' S W RONG COM O W ORLD : AS INTHESIS
W HAT ' de errado com o mundo?” é uma pergunta que leva muito bem a
sermõ es longos e pesados ou a grandes volumes sobre o declı́nio da
civilizaçã o. GK Chesterton respondeu com duas palavras curtas: “Eu
sou”. E a essê ncia da con issã o que todos nó s fazemos o
mesmo. Confessar nossos pecados é aceitar a responsabilidade por
nossas açõ es e suas consequê ncias, assumir a culpa diretamente sobre
nossos pró prios ombros, admitir que a decisã o de pecar foi somente
nossa e fazer tudo isso - da melhor maneira que pudermos - sem
desculpas, renú ncias ou eufemismos.
Isso nã o é fá cil para nó s. Embora ocasionalmente admitamos alguma
relaçã o tangencial com delitos menores, geralmente seguimos
rapidamente com "mas ..." e, em seguida, descrevemos a circunstâ ncia
de exoneraçã o. "Eu estava apenas fazendo o que fulano fazia." "Eu
estava apenas cumprindo ordens." "Como eu ia saber ...?" “E assim que
fui criado.” Ou até mesmo a famosa acusaçã o do comediante Flip
Wilson: “O diabo me fez fazer isso”.
O que há de errado com o mundo? E fá cil sondar os males da naçã o, da
Igreja e do planeta e chegar a um diagnó stico grave: é o colapso dos
valores familiares, a destruiçã o do ecossistema ou a ú ltima crise moral
na Igreja. Mas é necessá ria toda a força que podemos reunir para nos
levantarmos na missa e dizer honestamente: “Pequei por minha pró pria
culpa, em meus pensamentos e em minhas palavras, no que iz e no que
deixei de fazer”.
Sinceridade
E preciso mais coragem ainda para ajoelhar-se no confessioná rio e
acusar-nos de cada pecado pelo nome. No entanto, esse sempre foi o
corolá rio inevitá vel de um relacionamento ı́ntimo com Deus. Todos nó s
queremos saber a proximidade de Deus, Sua ajuda, Seu amor
paternal. No entanto, tudo isso vem, inevitavelmente, com uma maior
consciê ncia de Sua bondade, Sua pureza e Seu julgamento perfeito. O
profeta Isaı́as de repente se encontrou na presença de Deus, rodeado de
gló ria, assistido por anjos. O que ele fez? Ele fez sua con issã o: “Ai de
mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lá bios impuros e
habito no meio de um povo de lá bios impuros; pois meus olhos viram o
Rei, o Senhor dos Exé rcitos! ” (Is 6: 5). O apó stolo Pedro testemunhou
um ú nico pequeno milagre e imediatamente se lançou aos pé s de Jesus,
implorando: “Afasta-te de mim, porque sou homem pecador, ó Senhor”
(Lc 5,8).
O pecado nã o está lá fora; está bem dentro de você e de mim. “Porque
do coraçã o procedem os maus pensamentos, assassinato, adulté rio,
fornicaçã o, roubo, falso testemunho, calú nia. Isso é o que contamina o
homem ”(Mt 15: 19-20).
O que há de errado com o mundo? Eu sou, porque eu peco, e meus
pecados brotam das trevas em meu pró prio coraçã o.
E uma questã o simples, realmente, tã o simples quanto duas palavras,
um total de trê s letras. O pecado em si, entretanto, é um assunto
complicado, que exige que façamos muitas distinçõ es. Existem muitos
tipos de pecado. “Os pecados podem ser distinguidos de acordo com
seus objetos ... ou de acordo com as virtudes a que se opõ em, por
excesso ou por defeito; ou de acordo com os mandamentos que eles
violam. Eles també m podem ser classi icados de acordo com se dizem
respeito a Deus, ao pró ximo ou a si mesmo; podem ser divididos em
pecados espirituais e carnais, ou ainda como pecados de pensamento,
palavra, açã o ou omissã o ”( CIC , n. 1853). Existem muitas maneiras de
fatiar essa torta de sabor desagradá vel.
Neste capı́tulo, tentaremos fazer um catá logo bá sico dos tipos de
pecado. E um negó cio desagradá vel, mas algué m tem que fazer isso, e
esse algué m é você e eu.
Hábitos Graciosos
E impossı́vel entender o pecado a menos que primeiro entendamos a
graça. Nã o podemos entender o que perdemos, a menos que primeiro
entendamos o que temos. Pois graça é o que perdemos quando
pecamos; e nã o há perda maior que possamos sofrer.
Com o batismo, somos feitos “participantes da natureza divina” (2
Pedro 1: 4). Somos incorporados a Cristo, que é o Filho unigê nito de
Deus, e assim compartilhamos Sua iliaçã o. Compartilhamos sua vida
trinitá ria. O efeito essencial do batismo, entã o, é nossa adoçã o na
famı́lia de Deus. Como ilho ou ilha adotiva, o cristã o pode chamar
Deus de “Pai”, em uniã o com o Filho ú nico.
Essa vida divina que recebemos é chamada de graça santi icadora. A
palavra graça em inglê s vem da palavra grega charis , que signi ica
"presente". Santi icar vem das palavras latinas para "tornar sagrado". Só
Deus é santo; mas, por meio de um dom gratuito, Ele nos permite
compartilhar Sua santidade. Nã o há maior presente que possamos
receber. (Ver CCC , n. 1997.)
A tradiçã o nos diz que esse dom é “habitual” - isto é , é um estado de
equilı́brio, “uma disposiçã o está vel e sobrenatural que permite à alma
viver com Deus, agir por seu amor” ( CCC , glossá rio
complementar). Viver esta vida é viver em estado de graça.
Nó s, entretanto, somos livres para aceitar o presente ou rejeitá -lo pelo
pecado. Pecado é qualquer açã o - qualquer pensamento, palavra, açã o
ou omissã o - que ofende a Deus, viola Sua lei ou desonra a ordem de
Sua criaçã o.
A Grande Omissão
Observe que podemos até pecar por omissã o - por inaçã o, por silê ncio,
por não fazer algo que deverı́amos ter feito corretamente. As vezes,
esses pecados resultam de negligê ncia e à s vezes de escolha; de
qualquer forma, é pecado. A Carta aos Hebreus nos diz: “Se a mensagem
declarada pelos anjos era vá lida e toda transgressã o ou desobediê ncia
recebeu uma justa retribuiçã o, como escaparemos nó s
se negligenciarmos tã o grande salvaçã o?” (2: 2-3). De fato, quando Jesus
fala de julgamento e fogo do inferno em Mateus 25, Ele fala quase
exclusivamente em termos de pecados de omissã o e
negligê ncia. “Senhor, quando te vimos com fome ou com sede, ou
estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisã o, e nã o te servimos?” (v.
44). A resposta de Jesus nã o permite omissõ es: “Em verdade vos digo
que, como nã o o izestes a nenhum destes, nã o o izestes a mim” (v. 45).
A negligê ncia di icilmente é um pecado desprezı́vel. Na verdade, pode
ser mortal. Nã o é desculpa, por exemplo, dizer que perdemos a missa
no domingo porque nos esquecemos que era domingo. A “mensagem
declarada pelos anjos” nos ordena que devemos nos lembrar do Dia do
Senhor e santi icá -lo. Esquecer é uma violaçã o direta do comando para
lembrar. Assim, em nossa vida moral, como em nossa vida cotidiana, a
negligê ncia pode matar.
Assim como podemos dani icar nossa vida natural pela mutilaçã o, ou
acabar com nossa vida humana pelo suicı́dio, també m podemos
dani icar ou acabar com nossa vida sobrenatural pelo pecado. E assim
como recebemos esta vida de graça por meio de um sacramento,
devemos restaurá -la por meio de um sacramento - o sacramento da
con issã o.
Taxas de mortalidade
Isso nos leva à primeira distinçã o entre os tipos de pecado, uma divisã o
que abordamos brevemente no ú ltimo capı́tulo. Existe pecado venial e
existe pecado mortal. Simpli icando, os pecados veniais prejudicam
nossa vida sobrenatural; os pecados mortais acabam com nossa vida
sobrenatural. Os pecados veniais marcam a doença espiritual; pecado
mortal signi ica morte espiritual.
O pecado mortal destró i a vida com mais certeza do que qualquer arma
ou doença. Um homem que cometeu pecado mortal está mais morto do
que um cadá ver de uma semana - embora sua mente e corpo continuem
a mostrar todos os sinais de vida bioló gica.
Essa morte é a ú nica coisa que Jesus aconselhou Seus seguidores a
temer: “Nã o temais os que matam o corpo, mas nã o podem matar a
alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a
alma como o corpo ”(Mt 10,28). Inferno - o “lago de fogo” no livro do
Apocalipse - é a conseqü ê ncia inal quando algué m escolhe cometer um
pecado mortal. Pois se a vida divina é sufocada em uma pessoa, essa
pessoa nã o pode compartilhar a vida de Deus no cé u. Se nã o temos
comunhã o com Cristo, somos incapazes de viver na Trindade.
O que torna um pecado mortal em vez de venial? Existem trê s
condiçõ es necessá rias: assunto grave, conhecimento total e
consentimento deliberado.
A tradiçã o da Igreja e as Escrituras deixam claro quais tipos de pecados
sã o mortais. As vezes, a culpa de um indivı́duo pode ser reduzida
porque ele nã o sabia que determinada açã o era pecaminosa - talvez ele
estivesse mal informado - ou porque nã o tinha total posse de sua
vontade - talvez ele fosse forçado ou manipulado. Devemos, no entanto,
evitar a tentaçã o de aplicar essas condiçõ es excessivamente, visto que
temos certa responsabilidade por nossa pró pria ignorâ ncia da
moralidade cristã ou pelas circunstâ ncias particulares que provam,
para nó s, uma ocasiã o de pecado.
Para que nossa con issã o sacramental seja vá lida, devemos confessar
todos os pecados mortais (pelo menos aqueles que conhecemos) que
foram cometidos desde nossa ú ltima con issã o.
Nã o devemos apenas icar ali. Quando as pessoas estã o pecando, somos
moralmente obrigados a fazer algo. Santo Ambró sio escreveu: “Nã o
apenas por cada palavra ociosa, mas por cada silê ncio ocioso seremos
chamados a prestar contas”. Lembre-se de que o modelo bı́blico para
cuidar da pró pria vida é Caim, que perguntou: "Sou o guardiã o do meu
irmã o?" A pró pria pergunta trai seu pensamento desordenado. Ele era
irmã o de seu irmão , e isso deveria ser o su iciente para justi icar sua
preocupaçã o. Se somos ilhos de Deus, devemos começar a ver os
outros como nossos irmã os e irmã s; e por isso devemos corrigi-los
quando precisam de correçã o e ajudá -los a crescer. Alé m disso,
devemos contar com nossos irmã os em Cristo para nos corrigir quando
estivermos perdidos. E assim que a vida continua em uma famı́lia
totalmente funcional.
Os pecados que confessamos sã o pecados pessoais e pecados reais. Os
meus sã o meus. Seus sã o seus. Cada um de nó s assume a
responsabilidade por eles. No entanto, eles nã o sã o os ú nicos pecados
que nos afetam e nos enfraquecem. Visto que vivemos em sociedade,
como vivemos em famı́lias, nã o podemos deixar de ser in luenciados
pelos pecados dos outros. Embora todo pecado tenha apenas um pai - o
pecador individual que escolhe pecar - todos os pecados podem traçar
uma genealogia comum. Todos os pecados sã o, em certo sentido,
descendentes do pecado original.
Completamente errado
Qual foi esse pecado? Vejamos a histó ria de como tudo começou, no
livro dos primó rdios, o livro do Gê nesis. Deus criou o primeiro homem,
Adã o, em estado de graça. Ele estava em um estado de iliaçã o divina
em virtude da graça que lhe foi conferida quando Deus “soprou em suas
narinas o fô lego da vida” (Gn 2: 7). Alé m da vida sobrenatural, Adã o
possuı́a poderes naturais perfeitos e dons sobrenaturais: a
imortalidade, por exemplo, e uma inteligê ncia dotada de poderes sobre-
humanos. Alé m do mais, ele viveu no paraı́so ao lado da esposa perfeita,
com quem compartilhou o domı́nio sobre toda a terra.
Deus pediu apenas uma coisa em troca. “E o Senhor Deus ordenou ao
homem, dizendo: 'Você pode comer livremente de todas as á rvores do
jardim; mas da á rvore do conhecimento do bem e do mal nã o comereis,
porque no dia em que dela comeres morrerá s '”(Gn 2: 16–17). Em
retrospecto, parece pouco a pedir - todas as riquezas do mundo mais a
vida eterna, em troca da abstinê ncia de um certo tipo de fruta! Parece
quase fá cil demais. Mas, para Adã o e Eva, seria a provaçã o mais severa.
Antes de prosseguir, devo apontar uma estranheza no texto hebraico do
Gê nesis. A passagem traduzida acima como “você morrerá ” nã o
representa com precisã o o original. O hebraico realmente repete a
palavra morrer , de modo que se lê "você deve morrer, morrer". Agora,
em hebraico, a repetiçã o serve para intensi icar uma palavra (para
torná -la “mais” ou “certamente”); mas nos parece estranho encontrar
uma repetiçã o da palavra morrer. A inal, você nã o pode icar mais
morto do que morto.
O que isso poderia signi icar? O maior dos antigos comentaristas
judeus, Filo de Alexandria, explicou que existem dois tipos de morte: a
morte do corpo e a morte da alma. “A morte do homem é a separaçã o da
alma do corpo”, escreveu ele. “Mas a morte da alma é a decadê ncia da
virtude e a introduçã o da maldade. E por esta razã o que Deus diz nã o
apenas 'morrer', mas 'morrer a morte', indicando nã o a morte comum a
todos nó s, mas aquela morte especial, que é aquela da alma se
sepultando em paixõ es e maldades de todos os tipos. E esta morte é
praticamente a antı́tese da morte que nos espera a todos. ”
No entanto, essa morte é precisamente o que Adã o escolheu.
Serpentine Slide
Sua escolha parece insana ou estú pida; mas nã o foi nenhum dos
dois. Adam enfrentou apenas um ú nico adversá rio no jardim. Na arte,
essa “serpente” é geralmente retratada como uma cobra de jardim
pouco imponente, mas nã o é isso que o texto de Gê nesis (3: 1) sugere. A
palavra em hebraico é nahash , que possui um amplo espectro de
signi icados. E usado com mais frequê ncia para denotar uma cobra (ver
Nm 21: 6–9), mas també m é usado em referê ncia aos dragõ es malignos
(ver Is 27: 1; cf. Ap 12: 3, 9). Em todo esse espectro de uso, a
palavra nahash geralmente se refere a algo que pica (veja Pv 23:32),
com veneno (veja Sal 58: 4).
O que está claro é que Adam enfrentou uma força formidá vel com risco
de vida. Alé m disso, a serpente agarrou-se a algo que seria natural a
qualquer criatura com corpo fı́sico: o pavor instintivo de morrer. A
serpente seduz Adã o com promessas, mas ele també m representa uma
ameaça implı́cita. O Catecismo da Igreja Católica identi ica a serpente
como Sataná s (ver n. 391) e explicita o poder que ela tinha para seduzir
Adã o (n. 391) e para prejudicá -lo fı́sica e espiritualmente (n. 395 e
394).
Adã o temia a besta e temia a morte. Na verdade, ele temia por sua vida
mais do que temia por sua esposa; pois ele nã o deu um passo à frente
para protegê -la. Ele temia a morte mais do que ofender a Deus pelo
pecado. Ele nã o daria um passo à frente com a coragem de um
má rtir. Ele nã o conseguia nem mesmo clamar a Deus por ajuda. Com
orgulho e medo, ele se calou. Entã o, com sua esposa, ele desobedeceu
ao comando do Senhor. Eles comeram o fruto proibido. E o resto é
histó ria da salvaçã o.
Ele e Eva morreram? Se por morte você quer dizer a morte espiritual
discutida por Filo, entã o, sim, eles falaram. Se por morte você quer
dizer pecado mortal e a perda da graça divina, entã o, sim, eles
morreram - mais verdadeira e completamente do que se seus corpos
tivessem sido destruı́dos por uma granada diabó lica.
Eles tinham morrido a morte. Por que Deus sujeitaria Adã o e Eva a tal
prova? Porque algo maior estava do outro lado. Adã o e Eva receberam a
vida da graça, mas foi apenas a penú ltima. Deus pretendia que essa
graça fosse uma semente de gló ria. Adã o foi feito no paraı́so, mas para
o cé u. Deus queria que Adã o compartilhasse a vida interior da
Trindade, que é doaçã o completa: o Pai se entrega em amor ao Filho; o
Filho retribui esse amor completamente com o dom da pró pria vida; e
esse amor compartilhado pelo Pai e pelo Filho é em si uma pessoa
divina, o Espı́rito Santo. Para que Adã o pudesse compartilhar essa vida,
ele teria que começar a vivê -la na terra, no paraı́so. Ele teria que se
oferecer completamente em sacrifı́cio. E isso é o que ele falhou em
fazer.
Adã o nã o estava disposto a dar sua pró pria vida por amor a Deus ou
para salvar a vida de sua amada. Essa recusa em sacri icar foi o pecado
original de Adã o.
Linhas de falha
Pecado original é o termo que usamos para descrever a primeira
transgressã o da humanidade - a queda de Adã o. E també m o termo que
usamos para descrever as consequê ncias ou efeitos dessa queda. Para
Adã o, o pecado original era um pecado pessoal real. Para nó s, é um
pecado impessoal, nã o um pecado real. Mas aqui nó s distinguimos; nã o
nos separamos, porque tudo é uma só peça. Existe um vı́nculo que une
o pecado em todas as suas formas.
Quando os professores discutem o misté rio do pecado original, eles
costumam usar a metá fora de uma "mancha na alma". Mas isso é
apenas uma metá fora. O pecado nã o é essencialmente uma
mancha; nã o é uma substâ ncia espiritual. Nã o é uma coisa
absolutamente. E, antes, a falta de algo, a ausê ncia de algo, ou seja, a
graça santi icadora. A vida interior da Trindade foi evacuada da
natureza humana pelo pecado de Adã o. Isso é o pecado
original. Precisamos chegar a isso explicando o que nã o é . E a ausê ncia
de algo necessá rio para que os seres humanos alcancem seu im
divinamente designado. A ausê ncia da graça santi icadora certamente
nos mergulha nas trevas, na cegueira e na morte.
Mas é extremamente importante para nó s reconhecer que o pecado
original nã o é algo que é transmitido bioló gica ou psicologicamente. No
entanto, ao mesmo tempo, podemos falar do pecado original como algo
hereditá rio. O Papa Pio XI escreveu que “O pecado original é uma falha
hereditá ria, mas impessoal, dos descendentes de Adã o”.
Mesmo essa escolha de palavras - culpa - pode levar você a acreditar
que o pecado original é algo que nos torna culpados. Mas nã o é . Pense
na falha aqui no sentido da Falha de San Andreas, a fratura na crosta
terrestre que torna a Califó rnia vulnerá vel a terremotos devastadores. E
isso que a falha do pecado original faz na alma. Nã o é minha culpa , mas
é como uma falha que percorre minha alma e me inclina a me separar
de Deus.
O pecado original é a falha hereditá ria, mas impessoal dos
descendentes de Adã o: “A transgressã o de um homem levou à
condenaçã o de todos os homens ... [Pela desobediê ncia de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, que pecaram nele” (Rm 5: 18-
19).
O misté rio, é claro, é como pecamos em Adã o. Pecamos em Adã o, em
certo sentido, porque há uma solidariedade mı́stica que
compartilhamos com ele, baseada em duas realidades: biologicamente ,
somos seus descendentes; e teologicamente , ele é o nosso cabeça da
aliança. Como nosso pai, ele é nosso representante em fazer a aliança
com Deus. Desde que ele quebrou a aliança, nó s, sua progê nie,
herdamos as consequê ncias. Considere uma analogia com as relaçõ es
humanas: se eu administrasse mal meus negó cios e acabasse
declarando falê ncia antes de passar minha propriedade para meus
ilhos e minha ilha, meus credores poderiam perseguir meus ilhos,
agora devedores por meio de nosso vı́nculo familiar.
Com efeito, o pecado original signi ica a perda da graça santi icadora e,
portanto, a perda da vida eterna. A vida eterna nã o é apenas vida
eterna. A alma é imortal, e as pessoas no inferno viverã o para sempre,
embora miseravelmente. A vida eterna é mais do que eterna. E a vida de
Deus, vida divina. Só Deus é eterno porque Ele transcende totalmente o
tempo. Portanto, quando falamos de vida eterna, estamos falando sobre
compartilhar o pró prio ser e a comunhã o do Pai, Filho e Espı́rito
Santo. E foi isso que a humanidade perdeu com o pecado original.
O pecado original é hereditá rio, mas impessoal. Está contraı́do, nã o
comprometido; e contraı́mos o pecado original sem consentimento. E
por isso que Deus pode remover o pecado original sem consentimento
pessoal, como Ele faz com os bebê s recé m-nascidos no dia do batismo.
A mesma coisa nã o pode ser dita para o pecado real. O pecado real só
pode ser cometido por meio do consentimento informado. E, portanto,
só pode ser removido por meio do consentimento informado. E por isso
que precisamos de con issã o.
Graças a Deus
Essa é a parte que escandaliza alguns cristã os. Como ele pode dizer que
os pecadores nã o escolhem o mal quando pecam? Agostinho rebate que
os seres humanos só podem desejar coisas boas. Queremos o que é
doce ao paladar, o que é confortá vel, o que nos torna mais livres, o que
tira as di iculdades da nossa vida. Alé m disso, todas as coisas que
desejamos sã o boas porque Deus as criou assim. “E Deus viu tudo o que
tinha feito e eis que era muito bom” (Gn 1:31). Todas as coisas no
mundo compartilham, de alguma forma, a gló ria de Deus. Cada obra de
arte carrega a marca distintiva de seu artista, entã o cada criatura é uma
manifestaçã o de um sacramento natural do criador. E é essa amostra da
gló ria divina que torna as coisas deste mundo tã o atraentes para nó s.
O que é , entã o, que pega o desejo de algo bom e o transforma em
pecado? Agostinho expressa isso de forma bela: “Os pecados sã o
cometidos quando, por um gosto imoderado pelas coisas - visto que sã o
os menores bens - abandonamos os melhores e mais elevados bens”,
que sã o Deus, Sua verdade e Sua lei. “Esses bens inferiores tê m suas
delı́cias”, continua ele, “mas nenhum como o meu Deus, que fez todas as
coisas; porque nele o justo se deleita, e Ele é a alegria dos retos de
coraçã o ”.
Agostinho conclui que roubou as peras pelo bem da companhia de seus
amigos e pelas risadas que eles compartilhariam. A amizade, a
camaradagem e as risadas eram coisas boas, presentes de Deus e boas
para desejar. Mesmo assim, o menino errou ao colocar o desejo por
essas coisas antes do desejo de agradar e obedecer ao Senhor Deus.
Nó s també m pecamos nã o porque queremos o que é mau, mas porque
queremos o que nã o é bom o su iciente. Entregamos nossos coraçõ es,
nossos corpos e nossas almas a ninharias e sensaçõ es passageiras
quando deverı́amos ir, em vez disso, ao cume de todos os prazeres, o
criador eterno de toda alegria. Ao nos ixarmos nas dá divas de Deus,
damos as costas ao doador.
Efeitos nocivos
“Assim como muitos foram feitos pecadores pela desobediê ncia de um
só homem, assim també m pela obediê ncia de um homem muitos serã o
constituı́dos justos” (Rm 5:19). Assim como Adã o extinguiu a vida
divina em sua alma e nas almas de seus descendentes, Cristo veio para
restaurar essa vida divina e nos capacitar a compartilhá -la. A maioria
de nó s recebe essa vida divina, quando somos bebê s, por meio do
sacramento do batismo.
O batismo tira a mancha do pecado original, mas a concupiscê ncia
permanece conosco. Nossos impulsos e paixõ es, embora bons em si
mesmos, estã o fora de ordem, e isso não é bom.
A concupiscê ncia se autoperpetua e nos puxa para baixo. Achamos as
criaturas atraentes porque Deus as fez assim, como amostras de Sua
gló ria, para nos levar a agradecê -Lo, louvá -Lo e amá -Lo ainda mais. Mas
tendemos a pegar essas coisas criadas e torná - las os objetos inais de
nosso desejo - seja um cô njuge ou amigo, chocolate ou á lcool, livros ou
carros. Quanto mais satisfazemos nossos desejos apaixonados, mais
eles se apoderam de nó s e mais aumentam nossa necessidade
deles. Quanto mais precisamos desses bens criados, menos sentimos a
necessidade de Deus - embora seja Ele quem nos deu os bens do
mundo!
A concupiscê ncia nos torna vulnerá veis, tentá veis. Somos tentados por
este mundo por meio de nossa concupiscê ncia. Mas só porque
alimentamos pensamentos errados, nã o signi ica que somos
culpados. Só quando permitimos que esses pensamentos comecem a
nos entreter é que cometemos um pecado real por dentro - e, a menos
que nos arrependamos rapidamente, em breve os cometeremos
externamente.
Para superar os efeitos da concupiscê ncia, devemos primeiro saber o
que sã o. A tradiçã o nomeia trê s.
1. Nossos intelectos estão obscurecidos. Nossa faculdade de raciocı́nio
agora recebe orientaçã o de nossas glâ ndulas e intestinos. E somente
com a graça de Deus, a verdade revelada e nosso pró prio esforço que
podemos pensar alé m dos sussurros de nossa carne.
2. Nossas vontades estão enfraquecidas. A vontade só pode desejar o
bem. Mas a vontade atua sobre os dados fornecidos pelo intelecto, que
agora está trabalhando nas trevas. Assim, nossa vontade é
freqü entemente mal direcionada - nã o para com Deus como nosso im
ú ltimo, mas para com as criaturas como nosso im pró ximo. A vontade
ainda escolhe coisas boas; ela apenas escolhe bens inferiores, bens
aparentes. Ningué m sempre escolhe o mal como mal, mesmo a pessoa
que comete suicı́dio ou assassinato. Hitler achava que estava fazendo o
bem ao livrar o mundo dos judeus, ciganos e padres cató licos. E assim
que a natureza humana pode se tornar distorcida, uma vez que a
concupiscê ncia tenha ré dea solta.
3. Nossos apetites estão desordenados. Nosso desejo por comida,
sono, intimidade sexual - tudo isso é bom em si mesmo, quando é
ordenado a Deus, como foi criado para ser. Mas, por causa da
concupiscê ncia, eles se tornam desordenados; e assim nossos corpos
tê m a tendê ncia de nos arrastar para a gula, preguiça, luxú ria e outros
pecados habituais.
Você pode ver os estragos da concupiscê ncia agora. O intelecto está
obscurecido, por isso nã o está alimentando a vontade. Assim, a vontade
ica ainda mais enfraquecida. Finalmente, os desejos da carne se
tornaram desordenados porque a alma nã o está mais governando o
corpo como deveria.
Verdade e Conseqüências
A ira de Deus foi de inida como "os maiores desastres e golpes que
podem atingir as pessoas como resultado do pecado, como 'puniçã o'
que está ligada ao pecado porque Deus o quis." Sã o Paulo disse:
“Sabemos que o juı́zo de Deus recai sobre aqueles que fazem tais
coisas” - isto é , sobre os que pecam (Rm 2, 2).
Deus freqü entemente nos pune de maneiras que nã o esperamos. Mas
Suas puniçõ es nunca sã o vingativas ou arbitrá rias; eles sã o as
consequê ncias inevitá veis de nossas escolhas livres. Na verdade, Suas
puniçõ es - mesmo a puniçã o inal e eterna do inferno - sã o as pró prias
salvaguardas da liberdade humana e da certeza do amor divino. Pois
nenhum amor pode ser coagido. Devemos ser livres para escolher o
amor de Deus ou - tragicamente, em ú ltima instâ ncia - para rejeitá -
lo. Se nã o tivé ssemos a opçã o de escolher o pecado e o inferno, nã o
poderı́amos ter a liberdade de verdadeiramente escolher e amar a
Deus. Se Deus nã o nos permitisse dizer nã o a Ele, nosso sim seria inú til,
a resposta programada de uma má quina.
Precisamos enfrentar o fato de que, quando pecamos e optamos por
algo em vez de Deus, obteremos o que escolhemos.
Infelizmente, porque devemos fazer nossa escolha usando faculdades
enfraquecidas pela concupiscê ncia, será sempre uma luta. A
concupiscê ncia só pode nos arrastar em uma direçã o: para baixo, para
longe de Deus. Alé m disso, sua gravidade é avassaladora, dominando-
nos de corpo e alma.
Podemos começar a superar a concupiscê ncia por meio do autodomı́nio
e da abnegaçã o - na verdade, devemos fazer isso - mas mesmo isso nã o
é su iciente. Precisamos da ajuda que só Deus pode dar: a graça que Ele
dispensa gratuitamente no sacramento da penitê ncia. Essa graça opera
com poder divino e criativo; ele cria de novo o coraçã o que o pecado
desordenado, des igurado, e desgraçado.
CAPITULO 7
T HE t hemes DE D ELIVERANCE : C ONFESSION AS C OVENANT
W HO SERA ENTREGUE me do corpo desta morte?” (Rom 7:24). Sã o Paulo
deu voz a um grito que ecoou milê nios, desde o tempo do pecado
original. Aqueles que tinham fé em Deus també m tinham fé que Deus
os “libertaria”, de alguma forma, da “lei do pecado e da morte” (Rm 7:
2) - a consciê ncia - que governava seus corpos despoticamente.
O perdã o sacramental é uma maneira poderosa de experimentar essa
libertaçã o tã o esperada.
"Quem me livrará deste corpo de morte?" Paulo respondeu à sua
pró pria pergunta sem hesitar, sabendo que Deus havia enviado Jesus
como seu libertador. "Quem me livrará deste corpo de morte?" (Rom
7:24). “Cristo Jesus me libertou da lei do pecado e da morte” (Rm 7:
2). “Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor!” (Rom 7:25).
Qual a forma dessa libertaçã o? As Escrituras e a Tradiçã o Cristã usam
uma sé rie de termos para o evento e o fato. Eles falam de expiação,
redenção, salvação, justi icação e santi icação, entre outros termos. A
maioria dos cristã os, talvez, trate essas palavras como sinô nimos
intercambiá veis. As palavras sã o, ao mesmo tempo, excessivamente
familiares para nó s, por sua repetiçã o em oraçõ es e frases piedosas, e
ainda assim nã o sã o familiares para nó s em relaçã o à realidade
cotidiana e rotineira. Para o cristã o mé dio, essas palavras signi icam
pouco fora de seu contexto religioso. Assim, a mente tende a se desligar
sempre que as sı́labas latinas começam a se acumular.
Aqueles que reservam um tempo para re letir sobre cada termo à s
vezes icam um pouco melhor. Pois as palavras representam uma
confusã o de realidades que parecem estar em con lito ou contradiçã o
mú tua: militar, religiosa, mercantil, legal. Nossa libertaçã o começa a
parecer uma mistura imprová vel de metá foras.
No entanto, nã o foi assim para aqueles que primeiro experimentaram
sua libertaçã o. Nã o era assim com Sã o Paulo, para quem todas aquelas
metá foras representavam uma ú nica experiê ncia unitá ria. Foi uma
experiê ncia comum a ele, aos outros apó stolos, a Jesus, a seus
ancestrais em Israel e a seus vizinhos no mundo antigo.
Deus sempre explica o que é desconhecido em termos do que é
conhecido. E todos esses termos - redenção, salvação, justi icação,
santi icação - vê m juntos em uma ú nica realidade que era conhecida
por toda a Igreja e Israel antigos. Eles vieram juntos na noçã o
de aliança .
Casa do pacto
Para entender a noçã o de aliança, devemos primeiro entender a cultura
do antigo Israel, na qual a grande e extensa famı́lia de inia o mundo de
um determinado indivı́duo. A famı́lia - a tribo, o clã - constituı́a a
identidade primá ria de um homem ou mulher, ditando onde eles
viveriam, como trabalhariam e com quem deveriam se
casar. Freqü entemente, as pessoas usavam um sinal conspı́cuo de sua
identidade familiar, como um anel de sinete ou uma marca distintiva no
corpo.
Uma naçã o no antigo Oriente Pró ximo era em grande parte uma rede
dessas famı́lias, visto que Israel compreendia as doze tribos nomeadas
em homenagem aos ilhos de Jacó . Uni icar cada famı́lia era o vı́nculo da
aliança, com todos os seus direitos, deveres e lealdades
concomitantes. Quando uma famı́lia dava as boas-vindas a novos
membros por meio de casamento, adoçã o ou alguma outra aliança,
ambas as partes - os novos membros e a tribo estabelecida - selavam o
vı́nculo do convê nio, geralmente jurando solenemente um juramento
sagrado, compartilhando uma refeiçã o em comum e oferecendo um
sacrifı́cio . O grande estudioso da Bı́blia Dennis J. McCarthy, SJ, escreveu:
“Nã o há dú vida de que os convê nios, até mesmo os tratados, eram
considerados como estabelecendo uma espé cie de unidade quase
familiar. No vocabulá rio té cnico desses documentos, um parceiro
superior era chamado de 'pai', seu ' ilho' inferior, e parceiros iguais
eram 'irmã os'. ”
Cada uma dessas famílias extensas era uma unidade econômica . Na
verdade, era literalmente uma economia. A palavra economia vem do
grego oikonomia , que signi ica "lei da casa". O mercado, com sua
compra e venda, era um assunto de famı́lia. A pro issã o de um homem
nã o era tanto uma questã o de escolha pessoal, mas sim de necessidade
familiar.
Cada família extensa era uma unidade militar . A famı́lia cuidava de si
mesma e estava preparada para defender seu povo, suas terras e seu
comé rcio. Se um membro da famı́lia estivesse em perigo de alguma
forma, a famı́lia enviaria um parente-redentor - em hebraico, go 'el -
para resgatar a vı́tima ou vingar o crime (ver Gn 14: 14–16).
Cada família extensa era uma unidade religiosa . A famı́lia estava unida
na pro issã o de religiã o e na prá tica do sacrifı́cio. Os pais
desempenhavam um papel sacerdotal, oferecendo sacrifı́cios por sua
famı́lia e passando o ofı́cio para seus ilhos primogê nitos. O deus da
famı́lia era o deus de seus ancestrais, os patriarcas: “O Deus de Abraã o e
de Isaque e de Jacó , o Deus de nossos pais” (Atos 3:13).
Cada família extensa era governada por seus próprios tribunais . A
famı́lia tendia a julgar suas pró prias disputas e processar crimes
cometidos por seus membros, contra seus membros ou em suas
terras. Os anciã os tribais serviam como juı́zes (ver Ex 18: 21–26; Dt 1:
12–17; e Dt 21:19).
Em outras palavras
O relacionamento de Deus com Seu povo escolhido foi de inido por uma
aliança. Portanto, a Escritura freqü entemente descreve sua interaçã o,
como podemos esperar, em termos familiares. Mas,
por familiar, devemos incluir també m o leque de atividades descritas
acima: econô micas, militares, religiosas e jurı́dicas. Assim, chegamos ao
vocabulá rio usado para a libertaçã o de Deus.
Econômico. A libertaçã o aqui encontra expressã o na linguagem do
mercado: “Fostes comprados por preço” (1 Cor 7:23). A palavra
també m pode descrever a compra de um escravo ou o resgate de um
cativo. O Novo Testamento usa desta forma, mas com uma reviravolta
familiar: “Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
para redimir os que estavam sob a lei, a im de que possamos receber
adoçã o de ilhos” ( Gal 4: 4-5). Sã o Paulo també m relaciona a redençã o
com o perdã o dos pecados e a cura da concupiscê ncia: “Nosso grande
Deus e Salvador Jesus Cristo… se entregou por nó s para nos redimir de
toda iniqü idade e puri icar para si um povo Seu zeloso pelo bem obras
”(Tit 2: 13-14).
Militares. As vezes, as Escrituras retratam nossa libertaçã o na
terminologia do campo de batalha: o vingador-parente libertando seu
povo de seus captores ou inimigos. No ato de initivo de resgate, Jesus
nos salva do pecado: “O Senhor me livrará de todo mal e me salvará
para o seu reino celestial” (2 Tim 4,18). Ouvimos ecos disso també m na
Oraçã o do Senhor, onde Jesus nos ensinou a orar: “livra-nos do Maligno”
(Mt 6,13). O tema aparece, mais tarde, em Efé sios (6: 10-17), no qual
Paulo fala longamente sobre a guerra espiritual e nossa necessidade de
“revestir a armadura de Deus” (ver també m Is 59: 15-21).
Religioso (ou litúrgico). A palavra se refere literalmente ao ato de
tornar santo. No Antigo Testamento, o encontramos usado para
descrever os ritos de puri icaçã o relacionados com o Templo de
Jerusalé m e seu sacrifı́cio sacerdotal. Homens e mulheres puri icaram-
se na preparaçã o para o sacrifı́cio do Templo e, por sua vez, tornaram-
se mais puros com o sacrifı́cio do Templo. No Novo Testamento, é o
sacrifı́cio de Jesus Cristo - mediado pelos sacramentos - que puri ica a
Igreja e seus membros: “Lavaram as suas vestes e as branquearam no
sangue do Cordeiro” (Ap 7:14). “Mas fostes lavados, fostes santi icados,
fostes justi icados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espı́rito do
nosso Deus” (1 Cor 6,11). Nossa puri icaçã o, nossa santi icaçã o,
acontece por meio de nosso batismo.
Jurídico. Aqui vemos a salvaçã o descrita em termos legais, como a
exoneraçã o de nossos muitos pecados diante de Deus como nosso
juiz. Esta també m é a obra de Jesus Cristo, que ganhou nossa absolviçã o
permitindo-nos compartilhar Sua pró pria vida irrepreensı́vel. “Eles sã o
justi icados pela sua graça como um dom, pela redençã o que há em
Cristo Jesus” (Rm 3:24). “E o dom gratuito nã o é como o efeito do
pecado [de Adã o]. Pois o julgamento apó s uma transgressã o trouxe
condenaçã o, mas o dom gratuito apó s muitas transgressõ es traz
justi icaçã o. Se, por causa da transgressã o de um homem, a morte
reinou por esse homem, muito mais aqueles que recebem a abundâ ncia
da graça e o dom gratuito da justiça reinarã o em vida por meio de um
homem Jesus Cristo ”(Rm 5: 16-17).
Ensino Substituto
Redenção, salvação, santi icação, justi icação - embora todos esses
termos possam entregar a palavra salvadora de Deus, precisamos
redescobrir como eles convergem na ú nica realidade da aliança.
Nenhum estudioso ou leitor sé rio da Bı́blia nega que a aliança era uma
ideia central - na verdade, a ideia central - no antigo Israel. Todos
aceitam a palavra; temos menos certeza, no entanto, sobre o que a
palavra representa. Estamos tã o distantes no tempo e no espaço que é
difı́cil superar a distâ ncia conceitual. E á rduo para nó s reconstruir o
que parecia tã o natural para os escritores bı́blicos, mas que agora
parece nã o natural para nó s.
No entanto, quando começamos a juntar as peças da experiê ncia
israelita de aliança, logo nos encontramos descrevendo a realidade
vivida nesses quatro conjuntos de
termos: militar , mercantil , legal e litúrgico . E isso nã o é apenas uma
curiosidade histó rica. Pois quando aplicamos nossas descobertas
histó ricas ao raciocı́nio teoló gico, descobrimos que a teologia cató lica
oferece muito para remediar o que está faltando no trabalho de muitos
pregadores nã o cató licos. Ouça os sermõ es de muitos evangelistas na
TV e no rá dio, e logo você pegará alguns lugares-comuns: por exemplo,
que Deus puniu nosso pecado em Cristo; que o Pai nã o viu mais Seu
Filho unigê nito, mas apenas o nosso pecado, e por isso Ele desabafou
Sua ira sobre Jesus. Entã o - de acordo com essa leitura - a troca legal foi
concluı́da. Jesus assumiu nossa culpa e puniçã o, e recebemos Sua
justiça e recompensa.
Poupança mútua
O problema dessa troca legal é que é uma icçã o legal, uma troca
falsa. Jesus nã o era culpado do crime e, portanto, realmente nã o
poderia ser punido por isso. As convençõ es legais em Israel eram
semelhantes à s que conhecemos hoje. Se eu dani icasse a propriedade
de algué m e fosse considerado culpado em um tribunal de pequenas
causas, meu vizinho poderia intervir e pagar uma dı́vida que eu nã o
poderia pagar. Danos econô micos podem ser transferidos ou trocados -
mas nã o penalidades criminais. Se eu fosse considerado culpado de
assassinato, o mesmo vizinho nã o poderia se apresentar para ser
executado ou encarcerado em meu nome. As penalidades criminais,
entã o como agora, nã o podiam ser suportadas por substitutos.
Se Cristo tivesse meramente servido como nosso substituto,
poderı́amos corretamente perguntar por que ainda temos que suportar
a puniçã o por nossos pecados: Por que ainda devemos sofrer e
morrer? Como nosso substituto, Cristo deveria ter eliminado a
necessidade de nosso sofrimento.
Mas, de acordo com a ló gica da aliança - e o ensino da Igreja - Ele nã o
era nosso substituto penal. Ele era, ao contrá rio, nosso representante
legal; e, visto que Sua paixã o salvadora era representativa, ela nã o nos
isenta do sofrimento, mas sim confere nosso sofrimento com poder
divino e valor redentor (veja Colossenses 1:24).
Sim, a irmamos que Jesus pagou uma dı́vida que nã o tinha (porque
tı́nhamos uma dı́vida que nã o podı́amos pagar). Economicamente, a
teoria da substituiçã o funciona; mas no direito penal, nã o. Para um
homem inocente ser punido em nosso lugar seria uma espé cie de
injustiça. Isso por si mesmo indicaria uma cegueira divina ou loucura
temporá ria. A inal, como o Pai poderia “nã o ver” Seu ú nico Filho,
especialmente no momento em que o Filho está pendurado ali por total
obediê ncia e amor ao Pai? Claro, o Pai podia ver o Filho, e nunca a
humanidade de Cristo foi tã o bela como quando Ele foi pendurado na
cruz em amorosa submissã o à vontade do Pai!
Essa pregaçã o - de um Pai cego em vingança contra um Filho inocente -
é inaceitá vel e beira a blasfê mia. Exige ser corrigido e completado pelo
ú nico princı́pio que veri ica todas as metá foras da açã o salvadora de
Deus.
Precisamos conhecer a aliança. Mas, para entendê -lo, primeiro
precisamos icar na ponta dos pé s e espiar por cima da parede de nossa
cultura e ver o que tornou o Evangelho tã o sensato para os cristã os do
primeiro sé culo. Era a famı́lia da aliança entendida em termos jurı́dicos,
litú rgicos, econô micos e militares. Esse era o entendimento da famı́lia
natural e tribal de Israel. E o entendimento hoje na famı́lia sacramental
universal da Igreja, onde experimentamos guerra espiritual, trabalho
redentor e sofrimento, adoraçã o ritual e um tribunal no qual nos
declaramos culpados e pedimos misericó rdia: o sacramento da
con issã o.
Rite Turns
Cristo veio para cumprir os antigos convê nios de todas as
maneiras. Assim, vemos todos os aspectos da vida familiar do Antigo
Testamento lorescerem no Novo.
Em Seus convê nios com Adã o, Noé , Abraã o, Moisé s e Davi, Deus abriu a
condiçã o de membro de Sua famı́lia do convê nio para cada vez mais
pessoas: primeiro para um casal, depois para uma famı́lia, depois para
uma tribo, depois para uma naçã o, depois para um reino - até que,
inalmente, o convite se tornou universal com Jesus. A “verdadeira
famı́lia” de Cristo consiste naqueles que recebem um novo nascimento
como ilhos de Deus por meio do batismo (Jo 3: 3-8), e que continuam a
compartilhar Sua vida por meio dos sacramentos. Eles se tornam Seus
irmã os mais novos (ver Rm 8: 14-15,29).
Os sacramentos sã o agora o meio pelo qual homens e mulheres sã o
incorporados à famı́lia da aliança de Deus. Os sacramentos també m
servem para renovar a aliança e restaurá -la quando ela foi quebrada.
Os sacramentos marcam o juramento da aliança, a refeiçã o comum e o
sacrifı́cio do cristã o. A pró pria palavra sacramento dá testemunho
desta verdade. Como eu disse anteriormente, a palavra sacramento vem
do latim sacramentum , que signi ica “juramento”, e a palavra foi
aplicada aos ritos da Igreja desde os primeiros dias. O historiador
romano pagã o Plı́nio, o Jovem, registrou (por volta de 110 DC ) que os
cristã os de sua é poca se reuniam antes do nascer do sol para cantar
hinos a Cristo, apó s o que eles "se comprometiam por um juramento
solene ... de nunca cometer qualquer fraude, roubo ou adulté rio, para
nunca falsi icar sua palavra. ” Plı́nio passou a dizer que depois de jurar
este sacramentum, os cristã os se dispersariam e se reuniriam mais
tarde para receber a Eucaristia.
Parece muito com a “con issã o” antes da Comunhã o registrada
anteriormente, em Didache de meados do primeiro sé culo . Na verdade,
parece muito com o tipo de con issã o que Jesus prescreveu como o pré -
requisito adequado para nossa participaçã o em Seu sacrifı́cio: “Se você
está oferecendo a sua dá diva no altar, e aı́ lembre-se de que seu irmã o
tem algo contra você , deixe a sua dá diva ali diante do altar e
vá ; reconcilie-se primeiro com o seu irmã o, depois venha e ofereça o
seu presente ”(Mt 5,23-24).
Ser “reconciliado com seu irmã o” - aos olhos de seu Deus Pai - é ser
totalmente restaurado à famı́lia. E esse vı́nculo familiar é o que Deus
restaura aos cristã os no sacramento da con issã o. A con issã o nos
restaura à fraternidade e irmandade dentro da Igreja, que é a famı́lia de
Deus na terra; e nos restaura como ilhos de Deus, em Cristo, na eterna
Famı́lia de Deus no cé u.
Uma vez reconciliados, podemos, com o coraçã o puro, retornar ao altar
do sacrifı́cio. Lá podemos receber o sangue do novo e eterno convê nio -
o sangue de Cristo, pelo qual somos resgatados, justi icados,
santi icados e salvos.
CAPITULO 8
C Learing O H EIR : S ECRETS DE OS P RODIGAL S NO
Achados e perdidos
Os fariseus murmuraram: "Este homem recebe pecadores e come com
eles!"
Visto que respostas simples e diretas nã o pareciam funcionar, Jesus
respondeu desta vez, no dé cimo quinto capı́tulo do evangelho de Lucas,
contando trê s histó rias: a pará bola da ovelha perdida, a pará bola da
moeda perdida e a pará bola da perdida ilho. Esta ú ltima é mais
conhecida como a pará bola do ilho pró digo.
Em cada pará bola, a posse perdida é algo valioso. Considere a ovelha
perdida. Nas terras onde Jesus pregava, as pessoas dependiam de
ovelhas para lã , comida e sacrifı́cios rituais. Para um pastor, uma ú nica
ovelha perdida signi icava renda perdida ao longo de vá rios
anos. Assim, o pastor deixa seus noventa e nove para buscar o ú nico
extraviado. Considere, també m, a "moeda perdida". Era um dracma, o
salá rio de um dia para um homem saudá vel. As mulheres tinham muito
menos in luê ncia econô mica e, portanto, um dracma perdido pode
signi icar dias sem refeiçõ es para a heroı́na da histó ria.
Mas quem poderia dar valor ao ilho perdido?
A histó ria do ilho pró digo começa com uma famı́lia: um pai e seus dois
ilhos. Os trê s estã o unidos por laços de sangue, mas ainda mais por
laços de aliança. E a ordem da aliança - a ló gica da aliança - que
sustenta a pará bola e molda o drama.
Um pai nunca poderia estabelecer um preço por seu ilho. O jovem,
poré m, estava disposto a vender-se barato - embora achasse o preço
bastante extravagante. Ele perguntou se poderia sacar imediatamente
de sua parte da propriedade da famı́lia. Este foi um pedido
estranho. Era considerado incomum e até vergonhoso um ilho exigir
sua herança com antecedê ncia - como se estivesse impaciente com a
morte do pai. O Livro de Sirach, escrito pouco antes da vida de Jesus,
estabelece o tempo adequado para conceder uma herança: “No
momento em que acabares os dias da tua vida, na hora da morte,
distribui a tua herança” (Sir 33:23) . Um ilho que corresse o dia
pareceria desrespeitoso, no mı́nimo.
O pai, no entanto, atendeu ao pedido do ilho, e o menino passou a se
comportar como se o pai realmente tivesse morrido. O ilho pró digo
nã o perdeu tempo em fazer as malas e deixar sua famı́lia para trá s. Nã o
devemos perder o signi icado de sua “viagem a uma terra distante” (Lc
15,13). Ao deixar para trá s as terras da famı́lia, estava se colocando fora
da aliança, abandonando os costumes de seu povo, abandonando o
Deus de seus pais. Ele estava escolhendo viver como um gentio.
Seu comportamento subsequente con irmou isso. Jesus resume isso
como uma “vida perdida” (Lc 15:13). Sem um pai para cuidar dele, o
jovem cedeu aos seus desejos já desordenados, que se tornaram ainda
mais degradados. Seu irmã o mais velho nos informa que as prostitutas
foram as primeiras bene iciá rias da prodigalidade do jovem (Lc 15:30).
A falê ncia moral do ilho mais novo chegou bem antes de sua ruı́na
inanceira, que veio no momento em que a fome atingiu seu paı́s de
residê ncia. Depois de meses entregando-se a todos os caprichos, ele
agora nã o conseguia nem mesmo satisfazer suas necessidades fı́sicas
bá sicas. Ele estava morrendo de fome. Entã o, ele aceitou o ú nico
trabalho disponı́vel para ele - e foi o trabalho mais degradante que um
judeu poderia imaginar. Ele trabalhava como pastor de porcos,
cuidando do mais impuro dos animais (ver Lv 11:17). Trabalhando para
um empregador gentio, esperava-se que ele violasse o sá bado semanal
també m (ver Ex 20: 8-11). Somente as condiçõ es mais desesperadoras
forçariam o ilho a assumir essa posiçã o vergonhosa.
Alé m disso, ele descobriu que sua pró pria sorte era muito pior do que a
dos porcos. Eles, pelo menos, eram alimentados em intervalos
regulares. Ningué m demonstrou preocupaçã o semelhante com sua
alimentaçã o. Ele se viu ansiando pelas cascas e vagens que jogava para
o rebanho; mas nenhum estava pró ximo.
Homeward Bound
Anteriormente, eu disse que a ruı́na moral e inanceira do jovem
“coincidiu” com o desastre natural de uma fome. Nã o quero dizer,
entretanto, que isso foi uma ocorrê ncia casual. Foi coincidente,
simultâ neo, mas nã o foi um acidente. Na verdade, eu diria que foi
providente. Pois apenas tal catá strofe poderia ter ocasionado a
conversã o do ilho pró digo. Nã o foi uma onda calorosa de nostalgia que
o colocou no caminho para a casa de seu pai. Era fome, vergonha e
medo da morte. Quando voltou a si, percebeu que seria melhor viver
como um escravo de seu pai do que morrer, em uma terra estrangeira,
como um escravo de sua sensualidade. Enquanto ele ansiava por provar
a raçã o para porcos, os servos mais humildes em casa tinham “pã o de
sobra” (Lc 15,17).
Entã o ele começou seu retorno, e certamente a longa jornada parecia
mais longa ainda com o estô mago vazio. No momento em que avistou as
terras de seu pai, sua fome e vergonha devem ter sido tã o insuportá veis
quanto seu odor.
Seu pai o avistou de longe. Como poderia ser se ele nã o estivera sempre
à procura do ilho perdido?
O velho entã o faz algo notá vel. Ele corre pela estrada para
cumprimentar seu ilho. Isso era quase um tabu cultural. Era
considerado impró prio para um nobre correr. Mas esse patriarca
deixou de lado sua grandeza e dignidade para saudar seu ilho e
derramar seu amor sobre ele. Ele abraça o ilho - a frase grega é mais
evocativa: ele “caiu sobre o pescoço” (Lc 15,20).
O ilho começou a dar voz ao discurso preparado, mas depois de
algumas palavras o pai ouviu o su iciente. “Pai, pequei contra o cé u e
contra ti.” A contriçã o do ilho era imperfeita, apenas um pouco mais do
que um desejo ardente por uma barriga cheia e uma cama quentinha,
mas foi o su iciente. Pois ele tinha vindo para sua casa e reconheceu seu
pecado.
O comentarista do sé culo III Orı́genes observa que foi somente depois
que o ilho mostrou alguma pequena contriçã o - somente depois que
ele fez sua con issã o - que o pai o trouxe para casa. “Ele nã o
acrescentaria o pecado 'contra o cé u' se nã o acreditasse que o cé u é sua
pá tria e que errou quando o deixou. Entã o, tal con issã o deixa seu pai
bem disposto a ele. ”
Entã o, de repente, um pecado que tinha sido mortal - um pecado que
matou a iliaçã o do menino, sua herança e sua vida familiar - foi
instantaneamente perdoado, absolvido, retirado: “pois este meu ilho
estava morto e está vivo novamente ”(Lc 15:24).
Um endosso de toque
E uma histó ria notá vel - apenas algumas linhas, na verdade, no
evangelho. No entanto, tudo está lá : a lei do pecado, a espiral
descendente da concupiscê ncia, o intelecto cada vez mais
obscurecido; a mortalidade por pecado grave, a “morte” moral do
ilho; a severa misericó rdia da providê ncia de Deus, os desastres; e a
prontidã o de Deus para sair e encontrar os pecadores no meio do
caminho, enquanto eles ainda estã o no caminho da verdadeira
contriçã o.
O que o ilho recebe ao se reconciliar com o pai? O “melhor manto”, um
anel para sua mã o, sapatos para seus pé s e um banquete em sua
homenagem (Lc 15: 22–23). Cada um desses presentes tem um enorme
valor simbó lico. O anel de sinete é o emblema da famı́lia da aliança, à
qual o ilho é restaurado. Junto com o manto, é um sinal de sua
participaçã o na autoridade de seu pai. (Para obter os paralelos do Velho
Testamento, ver Gê nesis 41:42; Est 3:10; 1 Mac 6:15.) Os sapatos sã o a
marca distintiva de um homem livre. Os escravos domé sticos
normalmente andavam descalços. Embora o ilho tenha escolhido ser
escravo de suas paixõ es e, depois, de senhores pagã os - e embora ele
implorasse para ser feito escravo em suas terras ancestrais - seu pai
nã o aceitou nada disso. A juventude nã o foi libertada da escravidã o
pagã apenas para desfrutar de um tipo melhor de escravidã o. Ele foi
salvo para a iliaçã o; e se ele é um ilho, entã o ele é um herdeiro,
compartilhando da autoridade de seu pai.
Mas primeiro ele deve compartilhar a vida de seu pai, e assim
compartilhar sua mesa! A narrativa se move da estrada para o salã o de
banquetes, da con issã o para a festa, do afastamento para a comunhã o
de mesa. A palavra grega mais comumente usada para essa comunhã o
é koinonia , que à s vezes traduzimos como "comunhã o". O pai devolve o
ilho à comunhã o no lugar onde todos tê m “pã o de sobra”.
Do pai pró digo, o que podemos dizer? Sem hesitar: “Este homem recebe
pecadores e come com eles!”
Eu chamo o cé u e a terra para testemunhar contra você neste dia, que
eu coloquei diante de você a vida e a morte, a bê nçã o e a
maldiçã o; portanto, escolha a vida, para que você e seus descendentes
possam viver, amando o Senhor seu Deus, obedecendo à Sua voz e
apegando-se a Ele; pois isso signi ica vida para você e extensã o de dias,
para que você possa habitar na terra que o Senhor jurou a seus pais. (Dt
30: 19–20)
Problema Perpétuo
Jesus dirigiu sua pará bola a certas pessoas que estavam diante
dEle. Eles eram fariseus que queriam fazer uma lei já impossı́vel de
cumprir e torná -la ainda mais difı́cil. Ele certamente nã o pretendia que
a histó ria fosse antijudaica, como alguns crı́ticos acusaram; pois o
pró prio Jesus era um judeu praticante que louvava o poder duradouro
da lei de Moisé s (ver Mt 5:18).
Alé m disso, o problema nã o é peculiar aos irmã os mais velhos, nem aos
fariseus, nem a nenhum grupo religioso especı́ ico. E nosso
problema. Pertence a todas as idades e pessoas. E um pecado
recorrente entre os justos que se orgulhem de sua retidã o; eles
reivindicam cré dito por suas boas açõ es; e desejam impor uma
obrigaçã o correspondente a Deus. E uma perversã o da aliança, e tem
sido tã o difundida sob a Nova Aliança como sob a Antiga.
A maioria das heresias que a Igreja sofreu foram erros de hiperpureza,
nã o de hiperfrouxidã o. No sé culo III, os montanistas icaram
escandalizados com o comportamento indolente de alguns clé rigos e,
por isso, se destacaram; eles se separaram dos pecadores. Pouco tempo
depois, os donatistas julgaram a Igreja muito branda em readmitir
traidores. Eles decidiram celebrar sua pró pria Eucaristia, apenas por
convite. Todas essas heresias mais puras do que você (e muitas mais)
encontraram escâ ndalo no desejo da Igreja de "receber pecadores e
comer com eles". Em vez de uma comunhã o cada vez maior, eles
escolheram o caminho do separatismo, exclusivismo e divisã o - o
caminho escolhido por aqueles fariseus de longa data.
A Igreja, como Cristo, nã o poderia acomodar esta doutrina. Esta é a
razã o pela qual nó s, cató licos, professamos, nas palavras dos antigos
credos, nossa crença no “perdã o dos pecados”. Nó s professamos isso
porque sempre há algumas pessoas que irã o negar isso.
Sem medo
O drama da pará bola vai da escravidã o à iliaçã o, da excomunhã o à
comunhã o à mesa, da con issã o à comunhã o. O pai deixou de lado sua
grandeza e dignidade e se humilhou para participar da condiçã o de seu
ilho, para que este pudesse mais uma vez ter uma vida elevada na
famı́lia. Esse era o jeito do pai pró digo. Era o caminho do pró prio Deus,
que se encarnou para que o homem se divinizasse: “Que possamos vir a
compartilhar da divindade de Cristo, que se humilhou para participar
da nossa humanidade”.
Esta nã o é apenas uma histó ria de muito tempo atrá s e muito
distante. E a nossa histó ria, assim como a histó ria de Sã o Paulo, que
escreveu o que poderia ser um comentá rio à pará bola de Jesus: “Porque
nã o recebestes o espı́rito de escravidã o para voltar ao medo, mas
recebestes o espı́rito de iliaçã o. Quando choramos, 'Abba! Pai!' é o
pró prio Espı́rito testi icando com o nosso espı́rito que somos ilhos de
Deus e, se ilhos, herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo
”(Rm 8: 15-17).
Deus continua a nos encontrar no meio do caminho para o
arrependimento. Ele nos encontrou de uma vez por todas em Sua
encarnaçã o. Ele nos encontra agora mesmo no confessioná rio, para que
possa nos guiar até a Sua mesa, onde está o Pã o da Vida - “pã o
su iciente e de sobra”.
CAPITULO 9
E XILES EM M AIN S TREET :
N S T RUE H OME Um MANEIRA DE H OME
Sojourners 'Truth
Ao longo de sua vida na terra, os cristã os vivem como se estivessem no
exı́lio do cé u. Um cristã o anô nimo do segundo sé culo expressou desta
forma: “Habitando cidades gregas, bem como cidades bá rbaras ... eles
seguem os costumes dos nativos no que diz respeito a roupas, comida e
o resto de sua conduta normal. Eles moram em seus pró prios paı́ses,
mas simplesmente como peregrinos. Como cidadã os, eles
compartilham todas as coisas com os outros, mas suportam todas as
coisas como se fossem estrangeiros. Cada terra estrangeira é como um
paı́s nativo para eles, e cada terra de seu nascimento é como uma terra
de estranhos ”(Epı́stola a Diogneto 5).
Deus nos fez para o cé u, mas nos fez na terra. Por enquanto, o cé u está
separado de nó s nã o por anos-luz de espaço, mas por nossos
pecados. Nã o conheceremos os confortos de nosso lar celestial até que
cheguemos ielmente ao im de nossa separaçã o e sejamos puri icados
de nossos pecados. Até aquele dia, vivemos, em um grau ou outro, no
exı́lio.
Mesmo assim, Deus nosso Pai criou nosso lugar de exı́lio, e é um bom
lugar. Na verdade, Ele fez o mundo para que seus prazeres - embora
nunca possam nos satisfazer completamente - nos lembrem de nosso
verdadeiro lar no cé u. Todos os bens terrenos sã o meros exemplos de
perfeiçõ es celestiais. O escritor espiritual padre John Hugo colocou
desta forma:
Deus planejou as coisas deste mundo para que, por sua incapacidade de
nos satisfazer, nos impelam cada vez mais para o cé u.
Eles deveriam, mas nã o necessariamente . Pois somos homens e
mulheres e nã o bestas ou á rvores. A realizaçã o de nosso objetivo inal
nã o vem instintivamente para nó s, como acontece com os esquilos,
leõ es e cã es - ou inexoravelmente, como acontece com os vulcõ es,
continentes e estrelas. A razã o e a natureza podem indicar o que é
melhor para nó s. Mas ainda somos livres para escolher o contrá rio. Um
mé dico ou confessor pode nos dizer clara e explicitamente o que
precisamos fazer. Mas ainda podemos fazer outra coisa. Devemos
escolher o bem livremente. E resta a questã o de nossa pró pria vontade
e intelecto, que estã o feridos pela concupiscê ncia.
As delı́cias deste mundo tê m o poder de nos enfeitiçar. Devidamente
ordenados, eles devem estimular nosso apetite por Deus. Mas, por
causa da concupiscê ncia, tendemos a desenvolver apetites
desordenados pelos pró prios bens terrenos. Queremos mais deles do
que realmente precisamos. Tornamo-nos viciados neles. Em breve, nó s
os escolherı́amos em vez do que é realmente bom para nó s. Preferimos
pecar do que deixar um desejo terreno insatisfeito.
A de iniçã o clá ssica de pecado é "afastar-se de Deus e voltar-se para as
criaturas". Nã o é que as criaturas sejam má s; na verdade, eles sã o muito
bons, pois foram criados por Deus. No entanto, escolhemos mal quando
decidimos desfrutar das criaturas em vez de amar a Deus, fazer Sua
vontade e seguir Seus mandamentos. Colocar uma criatura no lugar de
Deus é o que nossos ancestrais quiseram dizer com a
palavra idolatria . Todo pecado é , em certo sentido, uma forma de
idolatria: preferir a criatura ao criador, o presente ao doador.
Este mundo é tã o maravilhoso que é fá cil para nó s “ir atrá s do gosto”
em nossos momentos fugazes na terra e esquecer nosso destino
eterno. Esquecemos que somos exilados, longe de casa, e gostarı́amos
de poder simplesmente nos estabelecer confortavelmente nesta terra -
nã o importa o quanto nossa nova cidadania possa nos custar.
Público cativo
Existe, de acordo com os primeiros cristã os, um segundo grande evento
histó rico que simboliza a pecaminosidade humana. E o cativeiro de
Judá na Babilô nia. Embora esse exı́lio tenha sido muito mais breve do
que a escravidã o no Egito, nã o foi menos mortal para o modo de vida
judaico.
Por volta do sé culo VI aC , o povo escolhido estava enfraquecido e
dividido por muitas geraçõ es de lutas civis. O rei babilô nico
Nabucodonosor teve poucos problemas para conquistar a terra de Judá
e torná -la um estado vassalo da Babilô nia. Ele drenou a terra de seus
melhores e mais brilhantes cidadã os, deportando-os para sua terra,
para servir ao seu reino. Lá , por setenta anos, eles serviram bem e
foram recompensados e respeitados por seu trabalho. Muitos homens
judeus tomaram esposas babilô nicas. Muitos comerciantes
aprenderam novas habilidades com seus colegas babilô nios. Os cativos
izeram grandes avanços, por exemplo, na ciê ncia da astronomia, na
pro issã o de banqueiro e na tecnologia da moeda.
O povo escolhido prosperou na terra de seu cativeiro. Talvez tenham se
saı́do bem lá , pois alguns começaram a perder a esperança de voltar
para a Judé ia. Eles se acostumaram com a lı́ngua babilô nica, as ruas da
Babilô nia, os costumes da Babilô nia. Novamente, como no Egito, eles
começaram a afrouxar sua observâ ncia religiosa e a adotar os mé todos
de seus captores. Aqueles que permaneceram ié is ao Deus de Israel
tiveram que lutar fortemente, invocando uma maldiçã o sobre si
mesmos se eles se sentissem muito confortá veis em seu cativeiro:
Se eu te esquecer, ó Jerusalém,
deixe minha mão direita murchar!
Deixe minha língua agarrar-se ao céu da boca,
se eu não me lembro de você,
se eu não colocar Jerusalém acima da minha maior alegria! (Sal 137: 5-
6)
Próximas atrações
“Criaturas in ié is! Você nã o sabe que a amizade com o mundo é
inimizade com Deus? Portanto, quem quer ser amigo do mundo torna-
se inimigo de Deus ”(Tg 4: 4).
Somos exilados no mundo e nunca devemos perder de vista esse
fato. Nunca devemos esquecer quem somos, de onde viemos e para
onde vamos. Devemos viver na terra, mas devemos viver para o cé u.
Portanto, como o povo eleito, devemos “matar” a idolatria que
permanece em nó s. Como os cativos da Babilô nia, devemos negar a nó s
mesmos nã o apenas os prazeres pecaminosos, mas uma certa medida
dos prazeres legı́timos; pois eles podem servir de isca na armadilha do
mundo. E por nossa crescente atraçã o e apego aos bens mundanos que
nos afastamos, em graus cada vez maiores, de Deus.
E por isso que Jesus ensinou os apó stolos a jejuar. E por isso que os
apó stolos continuaram a jejuar depois que Jesus ascendeu ao cé u. E por
isso que a abnegaçã o sempre foi uma marca registrada do verdadeiro
Cristianismo, tornada o foco dos quarenta dias da Quaresma todos os
anos.
E també m por isso que Jesus podia dizer, nas bem-aventuranças: “Bem-
aventurados você s, pobres ... Bem-aventurados aqueles que tê m fome ...
Bem-aventurados aqueles que choram ... Bem-aventurados sois quando
os homens vos odeiam, e quando vos excluem e insultam, e expulsam o
teu nome como mal ”(Lc 6: 20-23). Todas essas calamidades, disse Ele,
sã o motivo de regozijo.
Nã o devemos perder o valor de choque das palavras de Jesus. Mesmo
depois de vinte sé culos de pregaçã o cristã , eles ainda sã o uma reversã o
radical dos valores mundanos. Como o sacrifı́cio dos animais sagrados
do Egito, as Bem-aventuranças representam uma “inversã o
normativa”; eles viram nossas expectativas de cabeça para
baixo. Sentimos instintivamente que ser empobrecido, faminto,
enlutado e caluniado é uma maldição . Mas Jesus apresenta todas essas
circunstâ ncias como momentos de bê nçã o. O sofrimento nos ensina o
desapego dos bens deste mundo e, assim, nos liberta para nos
apegarmos aos bens do cé u. Isso é verdade para o sofrimento que é
procurado ativamente (como no caso de jejum, vigı́lia ou peregrinaçã o)
ou sofrimento passivamente suportado (como no caso de uma dor de
dente, uma tempestade ou um trem que está atrasando). O sofrimento
permite-nos dizer com Sã o Paulo: “Mas seja qual for o ganho que tive,
contabilizei como perda por causa de Cristo. Na verdade, considero
tudo uma perda por causa do valor insuperá vel de conhecer a Cristo
Jesus, meu Senhor. Por causa dele, sofri a perda de todas as coisas e as
considero como refugo [literalmente, “como esterco”], a im de ganhar a
Cristo ”(Fl 4: 7-8).
Todas as coisas criadas sã o boas, simplesmente porque Deus as fez. Mas
mesmo as maiores delı́cias - sexo, livros, chocolate, café , vinho - tê m
valor mais pró ximo do lixo ou do esgoto do que de Deus!
Nenhum touro
Esse sacrifı́cio nunca é fá cil. Lembre-se, no capı́tulo 2, que um israelita
fazendo uma oferta pelo pecado tinha que subjugar o animal vı́tima,
amarrá -lo, abatê -lo, estripá -lo, cortá -lo e cantar alguns hinos. A maioria
dos sacrifı́cios que fazemos nã o será tã o sangrento, mas nã o devemos
esperar que sejam mais fá ceis. Um touro pode ser mais fá cil de subjugar
do que um corpo deformado pela concupiscê ncia. Entã o, como agora,
esse sacrifı́cio requer esforço, força, despesa, tempo.
O sacrifı́cio de animais de Israel foi um sinal e um prenú ncio do
sacrifı́cio que viria. Conseqü entemente, quando Cristo veio ao mundo,
Ele disse: “Sacrifı́cios e ofertas nã o desejastes, mas um corpo
preparastes para mim” (Hb 10: 5). Nó s també m oferecemos os desejos
do nosso corpo, os confortos e as delı́cias, em sacrifı́cio por nossos
pecados e por amor a Deus.
“O sacrifı́cio aceitá vel a Deus é um espı́rito quebrantado, um coraçã o
quebrantado e contrito” (Sl 51:17). Se izermos esse começo mı́nimo,
um ato de contriçã o do coraçã o, a graça de Deus compensará o resto.
E se você tiver alguma dú vida sobre a melhor maneira de começar esse
sacrifı́cio, visite o confessioná rio mais pró ximo. A conversã o é possı́vel
sem os sacramentos, mas é á rdua. A graça dos sacramentos facilita
nosso caminho.
CAPITULO 10
K AGORA P AIN , K AGORA L AIN :
T HE S ECRETS DE W VEZ P enance
Crimes de ódio
Quando nossa atitude de penitê ncia é perfeita - quando odiamos nossos
pecados porque eles ofenderam a Deus, a quem amamos - entã o
confessamos nossos pecados com verdadeira contriçã o. Na maioria das
vezes, poré m, temos motivos mistos para odiar nossos pecados. Nó s os
odiamos porque temos vergonha deles, ou porque nos fazem sentir mal,
ou porque temos medo de ser punidos, ou porque causaram efeitos
nocivos em nosso corpo, mente, inanças ou relacionamentos. Esse ó dio
imperfeito aos nossos pecados é chamado de atrito e será su iciente
para uma con issã o vá lida, embora devamos sempre nos esforçar por
uma penitê ncia mais perfeita.
Quando a atitude de penitê ncia é habitual, dizemos que a penitê ncia é
uma virtude. Essa virtude é parte integrante da vida cristã e é uma
graça pela qual devemos orar. Mas també m devemos trabalhar para
crescer na virtude da penitê ncia fazendo atos de penitê ncia - assim
como crescemos nas virtudes da bondade, coragem e laboriosidade,
repetindo muitos pequenos atos de bondade, coragem e trabalho
á rduo. A virtude da penitê ncia, entã o, torna-se parte de nossa vida
cotidiana, um habitat natural e sobrenatural para o sacramento que
compartilha seu nome.
Os atos de penitê ncia, entretanto, nã o se limitam à s con issõ es
sacramentais. Tais atos incluem qualquer ato de abnegaçã o oferecido
para reparar nossos pecados ou os pecados de outras pessoas. No
ú ltimo capı́tulo, mencionei jejuns, vigı́lias e peregrinaçõ es; mas existem
muitos mais. Na verdade, o cristã o que tem a virtude da penitê ncia está
sempre ansioso para fazer sacrifı́cios pelo bem dos outros, e a maioria
deles serã o açõ es silenciosas e comuns - os momentos em que nos
incomodamos por causa do conforto, prazer ou consolaçã o.
Talvez a gente sugira ir ao cinema, porque sabemos que é isso que
nossos companheiros preferem, embora preferı́ssemos ir a um jogo de
bola.
Negamos a nó s mesmos um segundo pedaço de torta - mesmo que seja
o mais delicioso que já provamos - para que outra pessoa possa
apreciá -lo em seu lugar. Ou, por outro lado, pedimos ansiosamente por
um segundo pedaço de torta - mesmo que seja a pior que já provamos -
para que os sentimentos de um padeiro iniciante nã o sejam feridos.
Permanecemos alguns minutos com um colega de trabalho ou vizinho
que achamos chato ou chato. Em vez de nos desculparmos por uma
saı́da rá pida, dedicamos nosso tempo e nossa atençã o.
Concluı́mos tarefas rotineiras com cuidado e prontidã o, embora
preferı́ssemos fazer um tratamento de canal em vez de preencher outro
formulá rio de cinco pá ginas para nosso empregador.
Os melhores atos de penitê ncia sã o aqueles tã o comuns que passam
despercebidos. Nossos melhores dias e nossos dias mais felizes sã o
aqueles que sã o preenchidos com tais açõ es.
Verdade dolorosa
E importante que entendamos isso direito, porque muitas pessoas hoje
- até mesmo alguns cristã os - entendem mal a abnegaçã o cristã . Eles
tentam rejeitá -lo como psicologicamente doente, odioso ao mundo,
sombrio, sem alegria e masoquista. Sem dú vida, existem cristã os que
sã o psicologicamente enfermos, odeiam o mundo, sé rios, tristes e
masoquistas, mas essas caracterı́sticas nã o sã o a causa nem o efeito da
abnegaçã o cristã .
A primeira coisa a esclarecer é que a abnegaçã o vigorosa é uma parte
essencial da fé cristã . Jesus disse: “Se algué m quer vir apó s mim, negue-
se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16:24). “Quem nã o leva a
sua cruz e nã o me segue, nã o pode ser meu discı́pulo” (Lc 14,27). A
abnegaçã o, claramente, nã o é opcional; nã o existe uma forma
alternativa e auto-indulgente de salvaçã o disponı́vel para a
humanidade.
A pró xima coisa a esclarecer é que a abnegaçã o certamente não é uma
negaçã o da bondade do mundo. Os cristã os sacri icam o melhor das
coisas nã o porque acham que o mundo é mau e deve ser morto, mas
porque sabem que o mundo é muito bom - tã o bom que pode nos
distrair do que é muito melhor, desviando-nos de nosso caminho para
casa para o pai. Como os israelitas, podemos desejar retornar ao Egito
ou passear na Babilô nia. Podemos escolher desfrutar uma sé rie de
passatempos agradá veis em vez de nos confessarmos, irmos à missa ou
visitar nossa avó na casa de repouso. Novamente, o pecado nã o é uma
questã o de escolhermos "maté ria má " em vez de "espı́rito bom". E
sempre uma questã o de preferir um bem menor em vez de um bem
maior - ou em vez da pró pria bondade.
Finalmente, devemos a irmar que a dor nã o tem valor por si mesma. Os
cristã os nã o sentem prazer na dor. No entanto, encontramos bê nçã o na
dor, como Cristo encontrou.
Idol Talk
Pode haver alguma dú vida de que os primeiros cristã os seguiram a
admoestaçã o de Jesus de levar uma vida de penitê ncia e
abnegaçã o? Considere apenas Sã o Paulo, que escreveu: “Os que
pertencem a Cristo Jesus cruci icaram a carne com as suas paixõ es e
desejos” (Gl 5, 24).
Se algué m deseja impor uma leitura puramente espiritual ou
metafó rica a esse texto, Paulo é mais especı́ ico em outro lugar. Por
exemplo, ele aceitou de bom grado as adversidades que surgiram em
seu caminho, desde as irritantes do dia-a-dia até as mais crué is
torturas: “trabalhos,… prisõ es, com incontá veis espancamentos, e
muitas vezes perto da morte. Cinco vezes recebi das mã os dos judeus os
quarenta açoites menos um. Trê s vezes fui espancado com varas; uma
vez que eu estava chapado. Trê s vezes naufraguei; Uma noite e um dia
estive à deriva no mar; em viagens frequentes, em perigo de rios, perigo
de ladrõ es, perigo de meu pró prio povo, perigo de gentios, perigo na
cidade, perigo no deserto, perigo no mar, perigo de falsos irmã os; em
labuta e sofrimento, por muitas noites sem dormir, com fome e sede,
muitas vezes sem comida, com frio e exposiçã o ”(2 Cor 11: 23-27).
Paulo recebeu tudo isso em espı́rito de penitê ncia. No entanto, ele nã o
parou por aı́. Ele empreendeu ativamente outras di iculdades, impondo
disciplina ainda mais severa à sua carne. “Eu nã o boxeio como se
estivesse batendo no ar; mas eu soco meu corpo e o submeto, para que
nã o seja eu mesmo desquali icado, depois de pregar aos outros ”(1 Cor
9: 26-27).
Paulo nã o cedeu à auto-indulgê ncia ou à vida fá cil. Muito pelo
contrá rio: Ele sabia que o corpo deveria ser devolvido ao controle
estrito da mente, da alma e da razã o, e que essa nã o era uma tarefa
fá cil. Isso exigia uma certa determinaçã o severa, da qual ele falava nos
termos mais fortes. “Se você viver segundo a carne, morrerá , mas se
pelo Espı́rito matar as obras do corpo, você viverá ” (Rm 8:13). Matar -
essa frase chocante é uma ú nica palavra em latim e em traduçõ es
inglesas anteriores das Escrituras. Tudo se resume à morti icação , que
é sinô nimo de penitê ncia corporal.
“Mate, pois, o que há de terreno em você : fornicaçã o, impureza, paixã o,
desejo maligno e cobiça, que é idolatria. Por causa disso vem a ira de
Deus ”(Colossenses 3: 5).
Atos de abnegaçã o - morti icaçã o e penitê ncia - destroem os obstá culos
ao amor divino e à nossa participaçã o na vida divina. Eles destroem os
ı́dolos de nossa vida, para que nada possa nos distrair de amar a Deus.
A grande imagem
O contexto é a chave aqui. Se nã o vermos o quadro geral, o sacrifı́cio
nã o fará sentido para nó s, ou terá um sentido pervertido.
O contexto de nosso sacrifı́cio é um relacionamento, um
relacionamento pessoal, um relacionamento de amor, um
relacionamento de famı́lia, um relacionamento de aliança.
Nã o é estranho que os membros da famı́lia façam sacrifı́cios pelo bem
uns dos outros. A vida de um pai é razoavelmente de inida por tais
sacrifı́cios. Um pai “mata” as coisas que o impedem de amar seus ilhos
como deveria. Uma mã e “mata” suas irritaçõ es, seus confortos, seus
desejos, para que ela possa ser livre para criar ilhos que sejam felizes,
sá bios e fortes. A criança, com o tempo, aprende a dominar os desejos e
impulsos corporais em prol de uma vida familiar saudá vel (treinamento
para usar o penico, há bitos regulares de sono, nã o comer entre as
refeiçõ es). A criança, por sua vez, torna-se um adulto, um cuidador, que
deve dedicar tempo e atençã o aos pais, conforme a idade e a doença
cobram seu preço.
O amor exige que façamos sacrifı́cios pelo bem de nosso amado. Um
homem apaixonado por uma mulher nã o pensa duas vezes antes de
icar acordado até tarde para escrever um poema de amor. Ele nã o
hesita em oferecer a ela suas luvas em um dia de inverno rigoroso,
mesmo que suas pró prias mã os estejam quase congeladas. Se ela disser
que nã o gosta do sué ter ou da colô nia dele, ele move o assunto ofensivo
para o fundo do armá rio ou para o fundo da lata de lixo. Um homem
apaixonado redobrará seus esforços heró icos se de alguma forma
ofendeu sua amada. Ele quer fazer as pazes rapidamente, sem perder
um minuto para atrasar.
Todos esses sã o atos naturais de abnegaçã o que as pessoas oferecem
espontaneamente por amor. Para aqueles que estã o apaixonados, o
sacrifı́cio vem mais facilmente, e até mesmo as dores suportadas sã o
consideradas doces. Nã o há como questionar a necessidade de
desapego de qualquer coisa que apresente um obstá culo ao
relacionamento.
Assim, vemos que o sacrifı́cio, a abnegaçã o, a penitê ncia e a
morti icaçã o di icilmente sã o atividades estranhas ou incomuns na
ordem natural. Estamos dispostos a nos sacri icar por objetivos que
podemos ver. Devemos aprender a sacri icar por um amor invisı́vel,
matando o pecado, a tentaçã o e a desordem da concupiscê ncia, tudo o
que nos torna propensos a ofender nosso Amado.
E ir!
O há bito mais e icaz de penitentes altamente e icazes é o há bito da
pró pria con issã o. Eles fazem isso; eles fazem isso frequentemente; eles
fazem isso tã o bem quanto podem. A grande convertida americana
Dorothy Day descreveu bem do lado do penitente da tela.
Ir à con issã o é difı́cil - difı́cil quando você tem pecados para confessar,
difı́cil quando você nã o tem, e você quebra a cabeça até mesmo para o
inı́cio dos pecados contra a caridade, castidade, pecados de
depreciaçã o, preguiça ou gula. Você nã o quer dar muita importâ ncia à s
suas constantes imperfeiçõ es e pecados veniais, mas quer arrastá -los
para a luz do dia como o primeiro passo para se livrar deles. O justo cai
sete vezes ao dia.
“Abençoe-me, padre, porque pequei”, é a maneira como você
começa. "Eu iz minha ú ltima con issã o há uma semana, e desde entã o
..."
"Eu pequei. Esses sã o meus pecados. ” Isso é tudo que você deve
dizer; nã o os pecados dos outros, ou suas pró prias virtudes, mas
apenas seus pecados horrı́veis, cinzentos, monó tonos.
CAPITULO 12
T HE H OME F Ront : C ONFESSION AS C Ombat
Corpos Místicos
Quer tenhamos sucesso ou fracassemos, nunca lutamos sozinhos. A
“grande nuvem de testemunhas” que nos rodeia (Hb 12: 1) nã o sã o
espectadores passivos. Eles sã o aliados na batalha. Aqueles que sã o
santos no cé u conquistaram a vitó ria para nó s por seus pró prios
mé ritos. Se clamarmos por sua ajuda, Deus creditará sua justiça à nossa
causa. Desde a Reforma Protestante, os cristã os tê m se dividido quanto
a essa noçã o de “tesouro de mé ritos”; mas o conceito bı́blico é
realmente mais antigo que o Novo Testamento. O rabino Nahum Sarna,
ecoando os antigos rabinos, escreveu em seu comentá rio sobre o
Gê nesis: “Deus libertou Ló da catá strofe pelo mé rito de Abraã o. Esta
'doutrina do mé rito' é um tema frequente na Bı́blia e constitui o
primeiro de muitos incidentes em que a retidã o de indivı́duos
escolhidos pode sustentar outros indivı́duos ou até mesmo um grupo
inteiro por meio de seu poder protetor. ” Rabi Sarna encontra mais
evidê ncias da doutrina nas vidas de Moisé s, Samuel, Amó s, Jeremias e
Ezequiel.
A essa lista impressionante eu acrescentaria o nome de Jó , que nem era
israelita. Ainda assim, ele era um homem justo; e, vivendo apenas à luz
da lei natural, ele sabia que poderia estender os mé ritos de sua vida e
seus sacrifı́cios em benefı́cio de seus ilhos e ilhas: A Bı́blia nos diz que
Jó “se levantaria de manhã cedo e ofereceria holocaustos segundo o
nú mero de [seus ilhos]; pois Jó disse: 'Pode ser que meus ilhos
tenham pecado e amaldiçoado a Deus em seus coraçõ es' ”(Jó 1: 5).
Se os ilhos de um pagã o virtuoso podiam tirar proveito dos mé ritos de
seu pai, quanto mais podemos nó s, que seguimos em uma longa
linhagem de santos cristã os? A tesouraria do mé rito nã o se
esgotou. Nó s també m podemos tirar proveito deste baú de guerra. Mas
també m devemos contribuir para isso. Devemos oferecer nossos
esforços nã o apenas para o nosso pró prio bem, mas para o bem dos
outros, nossos amigos, vizinhos, familiares e até mesmo pessoas que
nã o conhecemos, porque sã o nossos co-combatentes. Assim como os
mé ritos dos santos trabalham a nosso favor, nossas penitê ncias o farã o
em benefı́cio de outros. Diz Sã o Paulo: “Agora me alegro nos meus
sofrimentos por amor de ti e na minha carne completo o que falta nas
a liçõ es de Cristo por amor do Seu corpo, isto é , a Igreja” (Colossenses
1, 24).
A Igreja é o corpo de Cristo (1 Co 12:27; Ef 4:12), e somos
individualmente Seus membros (Rm 12: 4-5; 1 Co 6:15, 12:12). Sempre
que optamos por fazer o bem, valorizamos os nossos companheiros
lutadores, porque existe uma solidariedade mı́stica que nos une.
Por outro lado, quando optamos por fazer o mal, nã o pecamos
isoladamente, mas enfraquecemos o nosso lado na batalha. Em vez
disso, ajudamos e encorajamos nossos inimigos: a rede de aliados do
diabo neste mundo.
Essa solidariedade entre os combatentes é real. Cada vez que pecamos,
diminuı́mos nã o só a nó s mesmos, mas també m a Igreja. Essa é uma das
razõ es pelas quais Cristo nos faz confessar nossos pecados à Igreja.
O corpo mı́stico de Cristo, a comunhã o dos santos, encontra a sua força
no sacramento da penitê ncia. Um dos grandes crı́ticos literá rios do
sé culo XX, Wallace Fowlie, reconheceu isso imediatamente quando ele,
entã o um protestante, vagou por uma pobre igreja paroquial franco-
americana na Nova Inglaterra.
Logs e manchas
Vivemos em uma casa de famı́lia que nos permite “uniã o com muitas
vidas, com muitos milhõ es de vidas”. Tantas pessoas dependem de nó s:
os santos no cé u, os nossos contemporâ neos na terra e as geraçõ es
futuras que devem tirar, um dia, os nossos mé ritos.
Portanto, devemos odiar todos os pecados com ó dio santo, mas
especialmente nossos pró prios pecados. E muito fá cil odiar os pecados
dos outros - os grandes pecados que sã o lagrantemente malignos,
como genocı́dio ou racismo, ou os pecados intencionais que nos ferem
pessoalmente, como desprezos e insultos. Mas os pecados que
realmente importam para nó s sã o os pecados que nó s mesmos
cometemos. Jesus disse: “Por que você vê o cisco que está no olho do
seu irmã o, mas nã o percebe a trave que está no seu pró prio olho?” (Mt
7: 3). Os pecados mais importantes e odiosos da minha vida sã o
meus. Meus pecados me machucam muito mais do que os pecados de
todos os meus colegas de trabalho, vizinhos e familiares juntos.
Nosso amor por Deus nã o é nada - é apenas uma afetaçã o sentimental -
a menos que seja acompanhado por um ó dio apaixonado por nossos
pró prios pecados. Quer medir o quanto você ama o Senhor? Pergunte a
si mesmo (como eu): Estou mais chateado com escâ ndalos da igreja ou
prevaricaçã o polı́tica do que com os pecados que cometi esta
semana? Estou mais consciente das injustiças de meu chefe - ou de
meus colegas de trabalho, ou de meu cô njuge, ou de meus ilhos - do
que das minhas pró prias? Quando somos honestos conosco mesmos,
essas perguntas sã o muito dolorosas.
Devemos nos opor a todo pecado, começando pelo nosso, como um pai
se opõ e aos intrusos em sua casa. Temos muito em jogo. Nã o há pecado
pequeno demais para merecer nosso desprezo. Santo Agostinho nos
adverte: “Um homem, enquanto carrega a carne, nã o pode deixar de ter
alguns pecados leves. Mas estes que chamamos de luz, nã o
desprezem…. Muitas luzes fazem um grande pecado; muitas gotas
enchem o rio; muitos grã os formam o caroço. E que esperança
existe? Antes de tudo, con issã o! ”
A con issã o é a nossa esperança antes de tudo! Agora, há um antigo
testemunho de um pecador que perseverou e venceu a guerra por seu
arrependimento.
CAPITULO 13
T HE O PEN D OOR
Baixa frequência
Comecei este livro - devo confessar - com certo medo e tremor. O
sacramento da reconciliaçã o caiu em desuso no paı́s onde
moro. Algumas paró quias reduziram para meia hora por semana os
horá rios a ixados para con issã o. Outros recuaram e agora oferecem o
sacramento apenas com hora marcada. Os pastores dizem que há pouca
demanda. E provavelmente nã o estã o surpresos. Um estudo recente
concluiu que quase metade de nossos sacerdotes se valem do
sacramento apenas “uma ou duas vezes por ano”, “raramente” ou
“nunca”.
No entanto, o mundo nunca conheceu tal necessidade do
sacramento. Nã o podemos viver sem ele, embora tentemos
continuamente à procura de substitutos. Algumas pessoas procuram
escapar de seus pecados por meio de drogas ou relacionamentos co-
dependentes; outros buscam alı́vio por meio de aconselhamento ou
outras terapias. Embora tudo isso possa nos ajudar a mascarar os
sintomas, nenhum, em ú ltima aná lise, pode curar a doença. Somente
confessando nossos pecados, permitimos que o Cordeiro de Deus os
leve embora.
Precisamos de con issã o. O desejo de misericó rdia que consumiu
incontá veis santos canonizados - sem mencionar Martinho Lutero e CS
Lewis - nã o diminuiu nem um pouco. Na verdade, ele icou mais
forte. Pois vivemos em tempos de ansiedade, quando muitas pessoas se
sentem excluı́das da casa de sua famı́lia - a casa de seu Deus Pai. E para
quem quer voltar para a lareira e a mesa, a con issã o é a chave. Melhor
ainda, o confessioná rio é a porta aberta para o ú nico lar que nos
satisfará .
O pró prio Jesus disse: “Eu sou a porta; se algué m entrar por mim, será
salvo ”(Jo 10,9). E uma a irmaçã o simples, mas que implica muita
misericó rdia, pois somos todos pecadores, e até o melhor de nó s (diz a
Bı́blia) cai sete vezes ao dia!
ANEXOS
Estou fechando este livro com uma oraçã o por meus leitores - e um
tesouro de oraçõ es e guias. Nos apê ndices a seguir, você encontrará
recursos que se mostraram ú teis para mim, minha famı́lia e meus
amigos ao longo dos anos. Oro para que eles ajudem você també m.
APENDICE A:
R ITE PARA R ECONCILIATION DE I NDIVIDUAL P ENITENTS
RECEPÇÃO DO PENITENTE
Quando o penitente vem para confessar seus pecados, o sacerdote o
acolhe calorosamente e o cumprimenta com gentileza.
Entã o o penitente faz o sinal da cruz, que o sacerdote pode fazer
també m:
O penitente conclui:
Ou:
APENDICE B:
P RAYERS
ATO DE CONTRIÇÃO
O meu Deus, sinto profundamente por ter te ofendido e detesto todos
os meus pecados por causa dos teus justos castigos, mas
principalmente porque te ofendem, meu Deus, que é s todo bom e
merecedor de todo o meu amor. Estou irmemente decidido, com a
ajuda de Tua graça, nã o pecar mais e evitar as ocasiõ es de pecado que
se aproximam. Um homem.
ATO DE CONTRIÇÃO
Meu Deus, sinto muito pelos meus pecados de todo o coraçã o. Ao
escolher fazer o mal e deixar de fazer o bem, pequei contra Você , a
quem deveria amar acima de todas as coisas. Tenciono irmemente,
com a tua ajuda, fazer penitê ncia, nã o pecar mais e evitar tudo o que me
leva a pecar. Nosso Salvador Jesus Cristo sofreu e morreu por nó s. Em
Seu nome, meu Deus, tenha piedade. Um homem.
ATO DE CONTRIÇÃO
O meu Deus, sinto muito pelos meus pecados porque te ofendi. Eu sei
que deveria te amar acima de todas as coisas. Ajuda-me a fazer
penitê ncia, a fazer melhor e a evitar tudo o que possa me levar a
pecar. Um homem.
SALMO 51
Um Salmo de Davi, quando o profeta Natã veio a ele, depois que ele tinha
ido para Bate-Seba.
Pai Eterno,
ofereço-te o Corpo e Sangue,
alma e divindade do Teu Filho amado,
Nosso Senhor Jesus Cristo,
em expiação pelos nossos pecados
e pelos do mundo inteiro.
Santo Deus,
Santo Poderoso,
Santo Imortal,
tenha piedade de nós
e do mundo inteiro.
APENDICE C:
E XAMINAÇAO DE C ONSCIENCIA
O PRIMEIRO MANDAMENTO
• Cumpri meus deveres para com Deus com relutâ ncia ou de má
vontade?
• Eu negligenciei minha vida de oraçã o? Eu recitei minhas oraçõ es
habituais?
• Recebi a sagrada Comunhã o em estado de pecado mortal ou sem a
preparaçã o necessá ria?
• Violei o jejum eucarı́stico de uma hora?
• Deixei de mencionar algum pecado grave em minhas con issõ es
anteriores?
• Acreditei seriamente em algo supersticioso ou me envolvi em uma
prá tica supersticiosa (leitura de mã os ou leitura da sorte, por
exemplo)?
• Eu duvidei seriamente de uma questã o de fé ?
• Eu coloquei minha fé em perigo - sem um bom motivo - ao ler um
livro, pan leto ou revista que conté m material contrá rio à fé ou à moral
cató lica?
• Eu coloquei minha fé em risco ao aderir ou participar de reuniõ es de
organizaçõ es que se opõ em à fé cató lica (serviços nã o cató licos,
Maçonaria, cultos da Nova Era ou outras religiõ es)? Participei de
alguma de suas atividades?
• Cometi o pecado de sacrilé gio (profanaçã o de uma pessoa, lugar ou
coisa sagrada)?
O SEGUNDO MANDAMENTO
• Deixei de tentar o meu melhor para cumprir as promessas e
resoluçõ es que iz a Deus?
• Tomei o nome de Deus em vã o? Usei o nome de Deus de maneira
irô nica, de brincadeira, com raiva ou de qualquer outra maneira
irreverente?
• Usei o nome da Bem-Aventurada Virgem Maria ou o nome de outro
santo para zombar, brincar, com raiva ou de qualquer outra maneira
irreverente?
• Fui patrocinador do batismo ou participei ativamente de outras
cerimô nias fora da Igreja Cató lica?
• Eu disse uma mentira sob juramento?
• Quebrei os votos (privados ou pú blicos)?
O TERCEIRO MANDAMENTO
• Perdi a missa no domingo ou em um dia sagrado de obrigaçã o?
• Nã o me vesti adequadamente para a missa?
• Cheguei, sem razã o su iciente, à missa tã o tarde que deixei de cumprir
o domingo ou dia sagrado de obrigaçã o?
• Permita-me ser distraı́do durante a Missa, por nã o prestar atençã o,
por olhar em volta por curiosidade, etc.?
• Eu iz com que outra pessoa se distraı́sse na missa?
• Desempenhei algum trabalho ou atividade comercial que inibisse a
adoraçã o devida a Deus, a alegria pró pria do Dia do Senhor, ou o
relaxamento adequado da mente e do corpo, em um domingo ou dia
sagrado de obrigaçã o?
• Fracassei em ajudar generosamente a Igreja em suas necessidades, na
medida do possı́vel?
• Deixei de jejuar ou abster-me no dia prescrito pela Igreja?
O QUARTO MANDAMENTO
Para os pais
• Deixei de ensinar a meus ilhos suas oraçõ es, de mandá -los à igreja ou
de dar-lhes uma educaçã o cristã ?
• Dei a eles um mau exemplo?
• Deixei de cuidar de meus ilhos; monitorar seus companheiros, os
livros que lê em, os ilmes e programas de TV que assistem?
• Nã o consegui providenciar para que meu ilho izesse sua primeira
con issã o e primeira comunhã o?
• Nã o consegui providenciar para que meus ilhos recebessem o
sacramento da con irmaçã o?
Para crianças
• Fui desobediente com meus pais?
• Eu deixei de ajudar meus pais quando minha ajuda era necessá ria?
• Tratei meus pais com pouco afeto ou respeito?
• Reagi com orgulho quando fui corrigido por meus pais?
• Eu tinha um desejo desordenado de independê ncia?
• Eu iz minhas tarefas?
O QUINTO MANDAMENTO
• Fiquei com raiva facilmente ou perdi a paciê ncia?
• Tive inveja ou ciú me dos outros?
• Eu feri ou tirei a vida de algué m? Eu já fui imprudente ao dirigir?
• Fui uma ocasiã o de pecado para outros por meio de conversa; contar
piadas religiosamente, racialmente ou sexualmente
ofensivas; curativo; convidar algué m para assistir a certos
shows; empré stimo de livros ou revistas prejudiciais; ajudando algué m
a roubar, etc.? Tentei reparar o escâ ndalo cometido?
• Quantas pessoas eu levei ao pecado? Que pecado ou pecados estavam
envolvidos?
• Eu negligenciei minha saú de? Eu tentei tirar minha vida?
• Eu me mutilei ou a outra pessoa?
• Fiquei bê bado ou usei drogas proibidas?
• Comi ou bebi mais do que o su iciente, deixando-me levar pela gula?
• Participei de alguma forma de violê ncia fı́sica?
• Eu consenti ou participei ativamente da esterilizaçã o direta
(laqueadura, vasectomia, etc.)? Eu percebo que isso terá um efeito
permanente em minha vida de casado e que terei que responder a Deus
por suas consequê ncias?
• Consenti, aconselhei algué m sobre, ou participei ativamente de um
aborto? Eu estava ciente de que a Igreja pune com excomunhã o
automá tica aqueles que procuram e realizam o aborto? Eu percebo que
este é um crime muito grave?
• Eu causei dano a algué m com minhas palavras ou açõ es?
• Desejei vingança ou abriguei inimizade, ó dio ou ressentimentos
quando algué m me ofendeu?
• Pedi perdã o sempre que ofendi algué m?
• Eu insultei ou provoquei outras pessoas de forma ofensiva?
• Briguei com um de meus irmã os ou irmã s?
O OITAVO MANDAMENTO
• Eu disse mentiras? Reparei algum dano que possa ter resultado como
consequê ncia disso?
• Acusei outras pessoas injustamente ou precipitadamente?
• Eu pequei por detraçã o, isto é , por contar as faltas de outra pessoa
sem necessidade?
• Pequei por calú nia, isto é , contando mentiras depreciativas sobre
outra pessoa?
• Eu me envolvi em fofoca, calú nia ou contaçã o de histó rias?
• Revelei um segredo sem justa causa?
FONTES E
REFERENCIAS
“Não há maneira mais insidiosa…”: J. Pieper, The Four Cardinal
Virtues (Notre Dame, Ind .: University of Notre Dame Press, 1966), 15.
Ele quer que eles confessem ...: Ver GA Anderson, “Puniçã o ou Penitê ncia
para Adã o e Eva?” em The Genesis of Perfection: Adam and Eve in Jewish
and Christian Imagination (Louisville: Westminster John Knox, 2001),
135–54.
Tome, por exemplo, Levítico 5: 5-6 ...: Veja H. Maccoby, The Ritual Purity
System and Its Place in Judaism (Nova York: Cambridge University Press,
1999), 192: “Para a funçã o da oferta de pecado (corretamente assim
chamado) é ... para expiar o pecado do ofertante. E por isso que o ponto
culminante da oferta é a declaraçã o ... 'e ele será perdoado' ”. J.
Milgrom, Leviticus 1-16 (New York: Doubleday, 1991); N. Kiuchi, A
oferta de puri icação na literatura sacerdotal (Shef ield: JSOT, 1981).
Amor signi ica obras…: Sã o Josemarı́a Escrivá , Caminho (Manila: Sinag-
Tala, 1982), n. 933.
Os leigos confessavam seus pecados pelo menos uma vez por ano…: Ver J.
Bonsirven, Judaísmo palestino no tempo de Jesus (Nova York: Holt,
Rinehart e Winston, 1964), 116: “A penitê ncia inclui vá rios
atos. Primeiro, deve haver uma con issã o de pecados, que deve
preceder qualquer oferta. També m é aconselhá vel confessar
anualmente no Dia da Expiaçã o, juntamente com o sumo sacerdote, e
vá rias outras vezes durante a vida [ Tos. Yom Hakkippurim , v,
14ss]. Para ser sincero, deve incluir uma admissã o detalhada de todas
as faltas das quais a pessoa é culpada e a promessa de nã o pecar
mais. Se estas duas condiçõ es nã o forem cumpridas, é falsa penitê ncia e
nã o pode levar ao perdã o divino…. [ Tos. Taan. , 1, 8]. Alé m disso, se
você ofendeu algué m, você deve reparar o dano e tentar se reconciliar
com ele. ”
Nós, pecadores modernos, poderíamos aprender muito ...: Para uma
aplicaçã o recente e muito frutı́fera da "teoria dos atos de fala" à
con issã o de pecado e absolviçã o (como "declaraçõ es performativas",
ou seja, "amarrar e soltar"), consulte RS Briggs, Words in Action : Speech
Act Theory and Biblical Interpretation (New York: T. & T. Clark, 2001),
217-55.
O Papa João Paulo II ensinou: “Não se deve esquecer ...”: Audiê ncia Geral,
11 de março de 1984, n. 2
Disse o Papa João Paulo II: “A con issão destes pecados…”: Ibid.
O que está claro é que Adam enfrentou uma força formidável com risco de
vida: Esta seçã o foi adaptada de Hahn, First Comes Love , 68-73, 187-
88; idem, Um Pai que Mantém Suas Promessas , 65–71, 272–76. Ver C.
Leget, Living with God: Thomas Aquinas on the Relation Between Life on
Earth and "Life" After Death (Leuven: Peeters, 1997), 117-18, 164-76,
265-66. Veja o documento promulgado pela Congregaçã o para a
Doutrina da Fé , Fé Cristã e Demonologia (Boston: St. Paul Books, 1975),
15-16: “E por isso que os Padres da Igreja, convencidos pelas Escrituras
de que Sataná s e os os demô nios sã o os adversá rios… nã o deixaram de
lembrar aos ié is sua existê ncia e atividade…. De uma forma mais ampla
e contundente, Santo Agostinho o mostrou trabalhando na luta das
'duas cidades'…. Na sociedade dos pecadores, ele viu um 'corpo' mı́stico
do diabo, e essa ideia reaparece mais tarde na Moralia de Sã o Gregó rio,
o Grande em Jó ”(citando De Civitate Dei XI, 9; PL 34.441-41; PL 76, 694,
705 , 722).
O velho então faz algo notável: Ver K. Bailey, The Cross and the Prodigal:
The 15th Chapter of Luke, Seen Through the Eyes of Middle Eastern
Peasants (St. Louis: Concordia, 1973), 54-61.
Essa é uma razão pela qual Deus os ordenou a sacri icar ...: Ver M.
Aberbach e L. Smolar, “The Golden Calf Episode in Post-Biblical
Judaism,” Hebrew Union College Annual 39 (1968): 91–116; PC Bori, O
Bezerro de Ouro e as Origens da Controvérsia Antijudaica (Atlanta:
Scholars Press, 1990); SW Hahn, "Kinship by Covenant: A Biblical
Theological Study of Covenant Types and Texts in the Old and New
Testaments" (Ph.D. diss., Marquette University; Ann Arbor, Mich .: UMI,
1995), 44-51; Santo Tomá s de Aquino, Summa Theologica I – II, 102, 3:
“Assim, outra razã o é dada para as cerimô nias sacri icais, isto é , elas
serviam para impedir o povo de oferecer sacrifı́cios aos ı́dolos. Essa é a
razã o pela qual os preceitos que exigiam o sacrifı́cio de animais nã o
foram dados ao povo judeu até depois que eles caı́ram na idolatria por
adorar o bezerro de ouro ... ”
Como o sacri ício dos animais sagrados do Egito ...: Sobre a noçã o de
"inversã o normativa", aplicada ao propó sito de Deus em exigir que
Israel sacri ique precisamente aqueles animais que os egı́pcios
veneravam ou adoravam, ver J. Assmann, Moses the
Egyptian (Cambridge, Mass. : Harvard University Press, 1997), 31ss .; S.
Benin, The Footprints of God (Albany, NY: SUNY Press, 1993); Hahn, um
pai que mantém suas promessas , 282-84.
Considere a vida interior da Trindade: Ver Papa Joã o Paulo II, Carta às
Famílias (Boston: St. Paul Books, 1994); K. Hahn, "Triune Family: Life-
Giving Lovers and Life-Loving Love " in Life-Giving Love: Embracing
God's Beautiful Design for Marriage (Ann Arbor, Mich .: Charis, 2002),
31-47; S. Hahn, First Comes Love , 120–24.
Ir à con issão é di ícil ...: D. Day, The Long Loneliness (Nova York: Harper
& Row, 1952), 9–12.
Para obter um catá logo de mais de 500 tı́tulos das palestras de Scott
Hahn em ita (ou CD), entre em contato com Saint Joseph
Communications em West Covina, CA
(telefone: 1-800-526-2151, online: www.saintjoe.com )
PUBLICADO EM DOUBLEDAY
Uma divisã o da Random House, Inc.
eISBN 0-385-50877-8
Copyright © 2003 por Scott Walker Hahn
Todos os direitos reservados
www.doubleday.com
v1.0
Índice
CAPA
FOLHA DE ROSTO
DEDICAÇAO
CAPITULO 1 OBTENDO O DIREITO DE NOSSAS ES TORIAS
CAPITULO 2 A CTOS DE C ONTRIÇAO: OS D EEPESTOS R OOTS DE P
ENANCE
CAPITULO 3 UM O RDER NA CORTE: O ABRIGAMENTO DO S
ACRAMENTO
CAPITULO 4 C ONFISSOES DA VERDADE: S EALED COM AS ACRAMENT
CAPITULO 5 O QUE ESTA COM O MUNDO: COMO INTESE
CAPITULO 6 C ONFECÇAO S ACRAMENTAL: O QUE OS ESSES PODEMOS
ENCONTRAMOS?
CAPITULO 7 OS TEMAS DA D ELIVERANCIA: C ONFESSAO COMO
CONVENIENTE
CAPITULO 8 C APRENDENDO O SEU: S ECRETOS DO S ON P RODIGAL
CAPITULO 9 E XILES NA ARVORE PRINCIPAL: NAO RUE H OME DE
FORMA DA H OME
CAPITULO 10 K NOW P AIN, K NOW G AIN: OS S ECRETOS DO
VENCIMENTO
CAPITULO 11 PENSANDO FORA DA CAIXA: H ABITOS DE P ENITENTES
HIGIHLY E FECTIVOS
CAPITULO 12 O H OME F RONT: C ONFESSION AS C OMBAT
CAPITULO 13 O OOR DO PEN
ANEXOS
A PPENDICE A: R ITE PARA R ECONCILIAÇAO DE P ENITENTES I
NDIVIDUAIS
A PPENDICE B: P RAYERS
A PPENDICE C: E XAMINAÇAO DE C ONSCIENCIA
FONTES E R EFERENCIAS
O UTROS OBSERVAÇOES DE S COTT H AHN
C OPYRIGHT P AGE