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Direito Processual Penal III

Profª Ma. Letícia Rubim


Prezado Acadêmico,

Os slides são orientações da Professora.


Por tal razão, os mesmos contêm apenas embasamentos.
Portanto, faça os devidos apontamentos e ao estudar Vossa Senhoria DEVE,
necessariamente, valer-se da bibliografia prevista na ementa da disciplina e naquela
disponibilizada ao final da apresentação.

Por vez ou outra serão disponibilizados outros materiais de apoio, os quais poderão ser
cobrados nas avaliações.

Atenciosamente;
Procedimento comum ordinário

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Procedimento comum sumário

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Denúncia
 conceito: petição inicial oferecida pelo representante do Ministério
Público nas ações penais públicas (incondicionada e condicionada)
 proposta de trabalho
 baseada em elementos indiciários de autoria e prova da existência do crime –
observação da fase pré-processual
 in dubio pro societate?
 juízo de probabilidade sobre o crime – “não-arquivamento”

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Denúncia

 Requisitos (art. 41, CPP)


 narração fática com todas as suas circunstâncias
 qualificação do responsável penal ou elementos pelos quais se possa
identificá-lo
 classificação do crime
 suspensão condicional do processo (art. 89, JECrim)
 rol de testemunhas

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Denúncia – estrutura formal

 Narração do fato típico:


 atenção aos elementos informativos
 o quê (fato típico, ação e resultado), quando, onde
 descrição clara e lógica
 elemento subjetivo (motivação dolosa ou culposa)
 circunstâncias agravantes, causas de aumento

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Denúncia – estrutura formal

 qualificação do(s) autor(es)


 quem praticou (autor);
 identificação civil e identificação física
 identificação criminal: Lei n. 12.037, de 01.10.09
 contra quem se praticou (vítima);
 concurso de agentes: descrição minuciosa dos fatos
 denúncia genérica

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Denúncia – estrutura formal

 classificação do crime:
 concursos material e formal, crime continuado
 especificação clara do tipo: possibilidade de emendatio libelli
 aplicação dos institutos da Lei n. 9.099/95, notadamente sursis
processual

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Denúncia – estrutura formal

 rol de testemunhas (principalmente as indicadas durante o IP)


 indicação da citação:
 real (mandado, precatória, rogatória, requisição)
 rogatória: pedido fundamentado (222-A, CPP)
 hora certa e edital: exceções
 procedimento adequado

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Denúncia – estrutura formal
 alguns detalhes:
 requerimentos necessários - falhas do inquérito e docs. faltantes
 requerer prisão preventiva, fundamentando;
 requisitar folhas de antecedentes e informações de praxe dos Distribuidores
Criminais (ver Lei n. 11.971, de 06 jul. 2009);
 verificar regularidade do flagrante
 requerer arquivamento em relação aos indiciados não denunciados e aos fatos não
comprovados
 evitar:
 expressões depreciativas e coloquiais;
 latinório
 transcrição de lei, doutrina e jurisprudência

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Denúncia
A exigência constante do artigo 41 do Código de Processo Penal e do
artigo 77, "e", do Código de Processo Penal Militar, no sentido de que o
fato criminoso seja descrito "com todas as suas circunstâncias", tem dois
objetivos. Por um lado, permite a correta subsunção do fato narrado à
norma jurídica e, por outro, o exercício da ampla defesa e do
contraditório.
(STF, RHC 93.801/SP, 1ª. T. Rel. Min. Menezes Direito, DJe 02 maio 2008)

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Denúncia

Não há justa causa para a instauração de persecução penal se a acusação não


tiver legitimada por elementos probatórios mínimos que revelem, de modo
satisfatório e consistente [e imediato], a materialidade do fato delituoso e a
existência de indícios suficientes de autoria do crime. Não se revela
admissível, em juízo, imputação penal destituída de base empírica idônea,
ainda que a conduta descrita na peça acusatória possa ajustar-se, em tese, ao
preceito primário de incriminação. Impõe-se ao Poder Judiciário rígido
controle sobre a atividade persecutória do Estado (...) para impedir que se
instaure contra qualquer acusado injusta situação de coação processual.
(STF, INQ 1.978-0, Pleno, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJ 17 ago. 2007).

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Denúncia Genérica

 Conceito: denúncia ofertada contra vários acusados em


situações caracterizadoras do concurso de pessoas, sem que
haja individualização da conduta imputada a cada um deles.

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Denúncia genérica

 A técnica da denúncia (art. 41 do Código de Processo Penal) tem


merecido reflexão no plano da dogmática constitucional,
associada especialmente ao direito de defesa. Denúncias
genéricas, que não descrevem os fatos na sua devida
conformação, não se coadunam com os postulados básicos do
Estado de Direito. Violação também do princípio da dignidade da
pessoa humana.
(STF. HC 84.768/PE. 2ª Turma. Rel. Min. Gilmar Mendes. J. em 8/3/05. Maioria.)

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Denúncia genérica
 Inépcia da denúncia só pode ser acolhida quando demonstrada inequívoca deficiência a
impedir a compreensão da acusação, em flagrante prejuízo à defesa dos acusados, ou na
ocorrência de qualquer das falhas apontadas no art. 43 do CPP.
 Tratando-se de crimes societários, de difícil individualização da conduta de cada
participante, admite-se a denúncia de forma mais ou menos genérica, por interpretação
pretoriana do art. 41 do CPP. Precedentes.
 Evidenciada a presença de fortes indícios de crime contra a ordem tributária, torna-se
prematuro o trancamento da ação penal instaurada contra os pacientes.
 A falta de justa causa para a ação penal só pode ser reconhecida quando, de pronto, sem a
necessidade de exame valorativo do conjunto fático ou probatório, evidenciar-se a
atipicidade do fato, a ausência de indícios a fundamentarem a acusação ou, ainda, a
extinção da punibilidade, hipóteses não verificadas in casu. (STJ. HC n. 24994/SP (2002/0136481-0). 5ª T. Rel.
Min. Gilson Dipp. J. 11/3/2003.)

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Denúncia – Rejeição Liminar

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


I - for manifestamente inepta (295, único, CPC);
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício
da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

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Denúncia – inépcia
(295, p. único, CPC)
Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

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Inépcia da acusação

 Efeitos da inépcia da acusação:


 possibilidade de RSE (581, I, CPP)
 ocorrência de coisa julgada formal: permite novo oferecimento de
denúncia – observar:
 causas extintivas de punibilidade, em especial prescrição e decadência do
prazo de representação
 elementos de prova
 Súmula 524, STF: desarquivamento e novas provas – exceção: fato
atípico e extinção de punibilidade

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Inépcia da denúncia

A denúncia, apta a dar início à persecução penal, deve conter os


requisitos estabelecidos no artigo 41 do Código de Processo Penal,
de modo que o denunciado, tomando conhecimento da acusação
que lhe é feita, possa exercer, de maneira ampla, sua defesa.
Revela-se manifesta a inépcia formal da peça acusatória que deixa
de descrever, ainda que sucintamente, a conduta praticada pelo
paciente que se ajustaria ao artigo 89, caput, da Lei de Licitações,
delito a ele imputado, impondo-se o trancamento da ação penal.
(STJ, HC 50.290/DF, 6ª.T, Rel. Min. Paulo Gallotti, DJe 30 jun. 2008.)

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Recebimento da acusação

 No exercício do controle de admissibilidade da ação


penal, o órgão judicante exerce atividade que em nada
se assemelha ao exercício burocrático de apenas
impulsionar o pedido, pois é indispensável que, nessa
fase preambular, se achem mais razões para crer do
que para descrer da imputação.
 (TRF5, Pleno, Inq. 2009.05.00.112028-6, DJ 28 jun
2010.)
Recebimento da acusação
 Há dois “recebimentos”
 após oferecimento da denúncia – hipótese de não-rejeição (395)
 após manifestação da defesa – impossibilidade de absolvição sumária
(397)

EM QUAL DELES OCORRE A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO?

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Citação

 formação da relação processual (363, CPP)


 citação pessoal: preferível (citação real)
 possibilidades devem ser esgotadas
 citação ficta:
 acusado em local incerto e não sabido: edital
 acusado se oculta para não ser citado: hora certa

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Citação

 366, CPP: acusado, citado por edital, não comparece nem


constitui defensor:
 suspende-se processo
 suspende-se curso do prazo prescricional
 prisão preventiva
 produção antecipada de provas
 ... E a citação por hora certa???
 CPP: processo prossegue

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Citação por hora certa

É inválida a citação por edital do réu que possui endereço certo e do


conhecimento do juízo, aplicando-se, subsidiariamente, o Código de Processo
Civil - que prevê a citação por hora certa - na hipótese de suspeita de
ocultação daquele que não quer ser cientificado da existência de ação contra
si ajuizada. - Residindo o paciente em outro Estado, em lugar estranho à
competência do juiz da ação, é direito seu se ver citado e interrogado, por
meio de Carta Precatória, no Juízo de seu domicílio.
(TRF5. HC 2941. 4ª. T. Rel. Des. M. Navarro. DJ 09 jan. 2008, p. 680.)

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Resposta do acusado

 resposta preliminar, defesa preliminar, resposta prévia, defesa


prévia (396)
 ato processual obrigatório
 prazo: 10 dias após citação
 acusado não apresenta defesa ou, citado, não constitui defensor: juiz nomeia e renova
prazo
 citação por edital: prazo começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do
acusado ou defensor constituído (363, § 4º., CPP)
 citação por hora certa: se acusado não comparece, nomeia-se-lhe defensor dativo (362,
p. único, CPP)
 prazo em dobro ao DefPúb: LC n. 132, arts. 44, I; 89, I; 128, I

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Resposta do acusado

 alegação de toda matéria de defesa (processual e de mérito)


 exceções processuais autuadas em apartado
 defensor deve verificar melhor estratégia, desde que não se
comprometa o direito de defesa (Súmula 523, STF)
 indicação de provas a serem produzidas, notadamente testemunhal e
pericial

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Réplica do MP

 previsão na Lei n. 11.689/08 (art. 409, CPP)


 razão: instrução se faz na fase do judicium accusationis
 prazo de 5 dias
 ouvir MP sobre preliminares alegadas na resposta da defesa e
documentos juntados aos autos
 possibilidade de aplicação também no procedimento comum:
formação do convencimento do juiz

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Denúncia – Absolvição Sumária

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e


parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.

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Absolvição sumária
 efeitos da decretação da sentença de absolvição sumária (397, CPP):
 extinção do processo com julgamento do mérito (julgamento antecipado da
ação penal): sentença absolutória
 formação de coisa julgada material
 possibilidade de interposição de recurso de apelação (593 c/c 416, CPP)
 pode substituir a rejeição da denúncia (395, CPP)

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Absolvição sumária (Júri)

 Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado,


quando:
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
III – o fato não constituir infração penal;
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao
caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Código Penal, salvo
quando esta for a única tese defensiva.

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Absolvição sumária (Júri)

 Pergunta: pode o juiz reconhecer a extinção da punibilidade e


decretá-la?
 Não: não há previsão legal específica
 Sim: art. 61, CPP; aplicação analógica do art. 397 c/c art. 394, § 4o.,
CPP

32
Absolvição sumária (Júri)

 Absolvição sumária e recurso ex officio: revogação?


 Sim: revogação expressa do art. 411, CPP
 Não: manutenção do art. 574, I e II, CPP – remissão ao artigo é mera
referência

33
Absolvição sumária
A mudança legislativa revelada pela nova redação do art. 397 do
CPP não implica a criação de uma fase antecipada para a cognição
plena, mas apenas a possibilidade de absolvição quando houver
prova cabal de atipicidade, inexistência de autoria ou, como
afirmou o magistrado de 1º grau, causas excludentes do fato
punível, não bastando a simples irresignação ou discussão em tese
sobre a responsabilidade pelo ilícito penal tributário. (TRF5, HC3623, 4ª. T.
Desa. M. Cantarelli, DJ 12 ago 2009, p. 205.)

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Absolvição sumária

 É cediço que a imputação penal omissa ou deficiente, em


inobservância aos requisitos legais, caracteriza violação
aos princípios constitucionais. Encontrando motivos para
absolvição do réu, o tribunal pode deixar de pronunciar a
inépcia da denúncia. Aplicação analógica do § 2º. do art.
249 do CPC ao processo penal.
 (TRF3, 2ª. T., AP2008.61.81.005449-8, DJe 08 jul. 2010)
Audiência de instrução e julgamento (AIJ)

 se não houve absolvição sumária (397), juiz recebe a denúncia


 juiz designa AIJ – prazo:
 60 dias: procedimento comum ordinário – 8 testemunhas
 30 dias: procedimento comum sumário – 5 testemunhas
 AIJ una: declarações do ofendido; testemunhas; peritos;
reconhecimento; interrogatório
 cartas precatórias e rogatórias e o prazo
 dispensa de oitiva de testemunha (401, § 2º.)

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Audiência de instrução e julgamento (AIJ)

 alegações finais orais: 20 + 10 minutos


 assistente do MP: 10 minutos
 prorrogação do tempo da defesa
 mais de um acusado: 20 + 10 para cada um
 necessidade de realização de diligências
 de ofício ou a requerimento da parte
 não se fazem as alegações finais orais – substituição por memoriais
escritos (5 dias), após realização das diligências
 sentença em 10 dias

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Audiência de instrução e julgamento (AIJ)

 adiamento de AIJ: imprescindibilidade da prova faltante (535,


caput, CPP)
 condução coercitiva da testemunha, ofendido ou perito
 oitiva da testemunha faltante independentemente da suspensão
da AIJ, observada a ordem legal (536, CPP)
 infrações penais de menor potencial ofensivo: JECrim encaminha
ao juízo comum peças existentes - procedimento sumário

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Disposições comuns

 do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio,


assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos
relevantes nela ocorridos (405, CPP)
 sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado
(sic), ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações
 no caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia
do registro original, sem necessidade de transcrição

39
Disposições comuns
 princípio da identidade física do juiz (art. 400, CPP)
 inovação da Lei n.11.719/08
 vincula o juiz da instrução à sentença: garantia de certeza e segurança
jurídica quanto à análise da prova
 aplicação subsidiária do art. 132, CPC

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Identidade física do juiz
 Descabe pensar, em regra, que o interrogatório do acusado, meio de defesa
deslocado para o final da colheita da prova, seja realizado por meio de carta precatória
 Todavia, não está eliminada essa forma de cooperação entre os Juízos, conforme
recomendarem as dificuldades e as peculiaridades do caso concreto, devendo, em
todo o caso, o Juiz justificar a opção por essa forma de realização do ato.
 A adoção do princípio da identidade física do Juiz no processo penal não pode
conduzir ao raciocínio simplista de dispensar totalmente e em todas as situações a
colaboração de outro juízo na realização de atos judiciais.
(STJ. CC 99.023/PR. 3ª. S. Rel. Min. N. N. Maia Filho. DJe 28 ago. 2009)

41
Identidade física do juiz
A regra disposta no art. 399, §2º, CPP, deve ser interpretada restritivamente, de
maneira a ensejar a vinculação da autoridade judiciária, que presidiu a instrução do
feito, à prolação da sentença apenas no que diz respeito à ação penal em si, não
devendo ser estendida a eventuais decisões prolatadas no bojo das medidas
assecuratórias, tendo em vista o caráter urgente de que se revestem estas últimas. A
prevalecer entendimento em contrário sentido, ver-se-iam a AP e o MP na inusitada
situação de serem obrigados a aguardar o retorno de um juiz de suas férias para o fim
de requererem medidas consideradas urgentes para assegurar a aplicação da lei
penal. (TRF5. HC 3489. 2ª. T. Desa. Joana Pereira. DJ 04 fev. 2009, p. 86)

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ATIVIDADE

 Quais os requisitos para o ingresso da queixa-crime?


 A denúncia ou queixa podem ser rejeitadas? Quando?
 O que é jurisdição?
 Quais os princípios da ação penal?
 Quais são os crimes que dependem de representação?
 O que acontece depois do ingresso do inquérito policial?
 Quanto tempo demora um inquérito?
 Quando aplicado a lei penal em branco?
 Qual a diferença de inquérito para processo?
 Como se classificam as nulidades.

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