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FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO

MANDADO DE SEGURANÇA

ALUNOS: VICTOR RODRIGUES SIMÕES E GIORDANA BRASIL GALVÃO MACHADO


MATRÍCULAS: 12100099 e 19100134

DISCIPLINA: PRÁTICA JURÍDICA IV


PROFESSOR: FRANCISCO JOSÉ BORGES MOTTA

PORTO ALEGRE
2023
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DO PRESENTE TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL

MENEZES, pessoa física, portador do CPF nº XXX, estado civil


XXX, profissão XXX, com endereço eletrônico XXX, domiciliado à
rua XXX, no XXX, Bairro XXX, cidade XXX, nestes autos
devidamente representado pelos seus procuradores signatários,
consoante instrumento procuratório que segue em anexo, vem
respeitosamente, perante Vossa Excelência, impetrar:

MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar

em face de ato ilegal praticado pelo GOVERNADOR DO ESTADO


DO RIO FRANDE DO SUL, autoridade pública vinculada ao
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, com base nos fatos e
fundamentos jurídicos que passa a expor:

I. SÍNTESE DA CAUSA:

O impetrante inscreveu-se em um concurso disponibilizado pelo Estado do Rio Grande do Sul,


para o cargo de técnico penitenciário, concorrendo a uma das vagas destinadas a pessoas com
deficiência. Aprovado e nomeado em 10 de janeiro de 2022, ingressando, assim, no exercício do
estágio comprobatório.

Acontece que, no curso do estágio, fora aberto o processo administrativo n.º xxx, Menezes fora
submetido a uma perícia técnica, para que confirmasse a deficiência alegada ao se inscrever no
concurso.
O processo administrativo foi concluído, mesmo sem que Menezes pudesse apresentar defesa e
produzir provas, com o entendimento de que Menezes não teria a deficiência alegada, Cabe dizer que
Menezes sequer sabia da existência do processo administrativo mencionado, fora surpreendido ao
receber a notificação de que sua nomeação foi tornada sem efeito.
Desta sorte, conforme comprova-se pela vasta documentação ora juntada aos autos, o ato
administrativo que tornou a nomeação de Menezes é ilegal, pois desrespeita o princípios
constitucionais da ampla defesa e o princípio da legalidade, o qual se deve basear as medidas
aplicadas, razão pela qual o impetrante se viu fadado a impetrar o presente Mandado de Segurança,
como forma de sanar a ilegalidade praticada, para que possa reassumir a sua nomeação.

É a narrativa dos fatos.

II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

II.I – DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXIX, aborda o mandado
de segurança, conforme vemos abaixo:
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”
Desta sorte, cabe aqui à impetrante evidenciar a lesão a direito líquido e certo, sendo este
aquele que se considera incorporado definitivamente ao patrimônio de um indivíduo e sobre o qual
não resta dúvida ou contestação possível.
Outrossim, o artigo 1º, da Lei nº 12.016/09 dispõe:
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.”
Ainda, no que tange ao prazo da presente ação, é cediço o prazo decadencial ser de 120 (cento
e vinte) dias a partir da ciência do ato coator que impeça direito líquido e certo. Levando-se em
consideração que o ato coator praticado pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul se deu em
03 de abril de 2023, tornando sem efeito a nomeação de Menezes, a impetração do presente Mandado
de Segurança se dá dentro do prazo decadencial.
Em conformidade com os fatos narrados acima, e os fundamentos jurídicos expostos abaixo,
resta claro o enquadramento do caso em questão com os preceitos estabelecidos na Constituição
Federal, bem como na Lei nº 12.1016/09, sendo cristalino o direito do Impetrante e a existência
indubitável de ato coator, nos termos que se passa a retratar.
II.II – ACERCA DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO E DO ATO COATOR

Em conformidade com os fatos narrados no primeiro tópico da presente ação mandamental,


houve um processo administrativo por parte do Estado do Rio Grande do Sul, sendo este dotado de
perícia técnica, a qual concluiu inexistir deficiência informada por Menezes no momento de sua
inscrição no curso público.
É sabido que o Processo Administrativo instaurado é mero exercício regular de direito da
Administração Pública, tratando-se de meio previsto legalmente para apurar adequação dos servidores
públicos, ou, também, eventual prática de infração funcional efetuada por um servidor público.
Entretanto, no caso em voga, o processo se desenvolveu e constituiu em total estado de
alienação no tocante ao respeito de garantias previstas constitucionalmente, restando como mais
gritante a inobservância ao circunscrito no artigo 5º, incisos LIV e LV da Constituição Federal
Brasileira, nos quais refere-se aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa. Vejamos:
“Art. 5º. LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
Insta destacar, na análise das normas constitucionais apreciadas, que a garantia do devido
processo legal tem relação direta com o poder público, sendo o ente responsável por cumprir o
referido princípio, observando e respeitando as garantias processuais constitucionais, bem como os
demais direitos contidos na Carta Magna. Portanto, é coerente depreender-se de tal que ato que
flagrantemente desrespeita o princípio do devido processo legal não poderá gerar efeitos no plano
material.
Considerando-se o relatado no parágrafo acima, resta de suma importância o respeito e
observância às garantias legais constitucionalmente protegidas de Menezes, como instrumento que
proteja a regularidade desse procedimento legal, bem como dos demais. Porém, é com pesar que o
presente Mandado de Segurança relata uma situação fática de flagrante desrespeito a este maciço pilar
do nosso sistema jurídico.
Cientes de que o Processo Administrativo se trata de instrumento legal, válido e prerrogativa
do exercício de direito da Administração Pública, o mesmo também está amparado sob a jurisdição
constitucional, devendo respeitar, durante seu decurso, os preceitos estabelecidos na Carta Magna, no
caso em epígrafe, especialmente os princípios do devido processo legal, o contraditório e a ampla
defesa. Infelizmente, todos estes foram grotescamente ignorados no ato que pretende impugnar a
presente peça jurídica.
O impetrante, durante todo o decurso do desenvolvimento de tal Procedimento
Administrativo, jamais foi chamado para apresentar defesa, muito menos para produzir provas que
demonstrem a veracidade da informação prestada por Menezes quando da inscrição no Concurso
Público. Giza-se frisar que o Procedimento Administrativo que ensejou o ato coator descrito nesta
petição ocorreu totalmente alheio ao Impetrante, sendo este meramente informado que sua nomeação
havia sido tornada sem efeito por ato do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, alegando, para
justificar tal, que a perícia técnica haveria concluído inexistir a deficiência que acomete Menezes.

Resta claro que um indivíduo passar por um processo legal, ou procedimento administrativo,
sendo sequer oportunizado se manifestar dentro de tal, constitui clara e evidente lesão à ambas
garantias constitucionais dispostas no artigo 5º da Constituição Federal Brasileira: contraditório e
ampla defesa.

Avançando, ressalta-se que o texto constitucional acima abordado não é o único desrespeitado
no transcurso do processo administrativo questionado. Impera, da mesma sorte, flagrante
inobservância ao que institui o artigo 41, §1º, da Constituição Federal Brasileira, que taxativamente
demonstra, de forma expressa, que o processo administrativo deve assegurar a ampla defesa para que
enseje aplicação de sanção demissional. Vejamos:

“Art. 41. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla


defesa;”

Nesse diapasão, resta clara e evidente a lesão aos princípios e garantias constitucionais
largamente discorridas e explanadas acima: devido processo legal, contraditório e ampla defesa. É
crucial gizar que se tratam de peças fundamentais, servindo como pilares da estrutura de
funcionamento do sistema jurídico, da manutenção do sistema jurídico, da segurança jurídica e da
confiabilidade no funcionamento eficaz e justo da estrutura legal que rege nossa sociedade,
justificando, portanto, sua importância e dever de zelo total com tais princípios e garantias. Torna-se
nítida a inobservância destes no momento em que se sucede procedimento administrativo completo
sem se chamar a manifestar-se aquele que é objeto do mesmo, sendo este meramente comunicado de
conclusão de tal e seu trágico desfecho – tornada sem efeito a sua nomeação em cargo de Técnico
Penitenciário através de ato do Governador do Estado do Rio Grande do Sul.

Ao analisarmos todo ocorrido no caso em prosa, percebemos que tudo decorreu de descaso da
administração pública com o Impetrante, qual possui direitos e garantias constitucionais que o
protegem de violações legais. Todavia, pudemos perceber no presente Mandado de Segurança que
Menezes só soube o que havia ocorrido após toda apreciação do feito ter ocorrido de maneira
unilateral, culminando em uma decisão que acarretou no ato coator por parte do Governador do Estado
do Rio Grande do Sul, qual seja, tornar sem efeito a nomeação de Menezes. Não pairam dúvidas de
que, caso houvesse sido ofertado o contraditório, o desfecho do procedimento diferiria.

Conforme laudo médico acostado junto à presente petição inicial de Mandado de Segurança,
resta comprovada inequivocamente, através de interpretação de profissional especializado na área da
saúde pertinente, que Menezes, ora Impetrante, de fato, é acometido pela deficiência informada
quando da sua inscrição no certame do Concurso Público, a qual, por alguma falha, supostamente não
fora detectada na perícia técnica que compôs o procedimento administrativo ilegal que ensejou o ato
coator em epígrafe nesta ação mandamental.

Menezes, assim como seus demais concorrentes, foi notificado da abertura de edital do
Concurso Público para o cargo de Técnico Penitenciário, se inscreveu em conformidade com os
requisitos dispostos no edital citado, informando a deficiência que lhe acomete de forma correta e
honesta, prestou a prova de concurso público, a qual, por seu desempenho e classificação, acarretou
em sua nomeação para o cargo de Técnico Previdenciário.

Aqui resta evidente o direito líquido e certo do Impetrante, o qual lhe foi tolhido após
Procedimento Administrativo manifestamente ilegal, alheio aos princípios constitucionais mais
básicos e elementares, de maneira grotesca. O descaso a estes preceitos é gritante em qualquer âmbito
jurídico, mas torna-se ainda mais escandaloso quando praticado diretamente ou sob conivência da
Administração Pública, ente que deveria salvaguardar tais garantias.

Restam, desta maneira, evidenciados no caso em epígrafe a existência clara e inegável de


direito líquido e certo do impetrante, ao ter regularmente inscrito em concurso público, prestado
prova, classificado e nomeado ao cargo. Ademais, é cristalino também a ocorrência de ato coator, qual
seja, a indevida e irregular atitude do Governador do Estado do Rio Grande do Sul que tornou sem
efeito a nomeação de Menezes, uma vez que decorreu de procedimento administrativo que
desrespeitou preceitos e garantias constitucionais, sendo assim procedimento ilegal e inapto a gerar
efeitos no mundo material.

Por fim, cabe mencionar a situação atual do Impetrante em decorrência dos fatos abordados na
presente peça jurídica. Desde o ato coator que tornou sem efeito a sua nomeação, já consumiu
praticamente a totalidade de suas reservas financeiras, ao passo que perdeu sua principal (e única)
fonte de renda e subsistência, culminando na extrema urgência de retomar os efeitos de sua nomeação
ao cargo de técnico penitenciário. Como qualquer cidadão, não obstante suas necessidades básicas de
caráter alimentar, ainda arca com contas e gastos mensais de subsistência, tais como água, luz, gás,
aluguel, etc., os quais não serão perdoados em virtude da descabida retirada de efeitos de sua
nomeação à cargo público.

Nesse sentido, entende o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul:

“Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO


PÚBLICO. MUNICÍPIO DE GIRUÁ. CARGO DE FISCAL PÚBLICO. REVOGAÇÃO
DO ATO DE NOMEAÇÃO. AUSÊNCIA DE INSTAURAÇÃO DE CONTRADITÓRIO.
NULIDADE. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. IMPOSSIBILIDADE.
NECESSIDADE DE EFETIVO EXERCÍCIO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO À
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO ATO DE REVOGAÇÃO DA NOMEAÇÃO.

“1. Optando a impetrante pela estreita via do mandado de segurança, deverá estar ciente
da necessidade de demonstrar a existência de direito líquido e certo e a sua ameaça, a teor
do art. 1º da Lei nº 12.016/09. 2. A controvérsia jurídica estabelecida se calca na aferição
da legalidade do ato administrativo que revogou o ato de nomeação da impetrante no
cargo de Fiscal Público, sob o critério de conveniência e oportunidade. 3. A anulação da
nomeação de servidores públicos não prescinde de procedimento administrativo que
assegure aos interessados o exercício da ampla defesa à luz das cláusulas pétreas
constitucionais do contraditório e do devido processo legal. Ilegalidade reconhecida, na
espécie, na esteira do entendimento desta Câmara. 4. Descabida a pretensão de contagem
do tempo de serviço desde a data da nomeação tornada sem efeito, visto que ausente o
efetivo exercício das funções no cargo público. Precedentes do Superior Tribunal de
Justiça. 5. Sentença de denegação da segurança parcialmente reformada. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA.” (Apelação Cível, Nº 70076604693, Quarta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Vinícius Amaro da Silveira, Julgado em:
24-07-2019)

Nessa toada, seguindo esse entendimento, no mesmo tribunal:

APELAÇÕES CÍVEIS. SERVIDOR PÚBLICO. MUNICÍPIO DE UBIRETAMA.


MOTORISTA. SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA. ADVERTÊNCIA. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DEFESA PRÉVIA. VIOLAÇÃO DO
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. NULIDADE. ACIDENTE DE TRABALHO.
NEGLIGÊNCIA DO ENTE PÚBLICO. DANO MORAL EVIDENCIADO. ASSÉDIO
MORAL. FALTA DE PROVA. MONTANTE INDENIZATÓRIO.
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. REDUÇÃO.

“I - O controle judicial no processo administrativo disciplinar limita-se à verificação da


legalidade das medidas adotadas, vedada a ingerência no mérito administrativo. Nesse
contexto, evidenciado o cerceamento de defesa na via administrativa, haja vista a falta de
oportunidade para a apresentação de defesa prévia à elaboração do relatório da Comissão
Sindicante, na forma do art. 162, §3º, da Lei Municipal nº 110/98. Portanto, demonstrada a
nulidade da penalidade de advertência. II - Incontroverso o acidente de trabalho do autor,
registrado no Boletim de Ocorrência nº 006/2012; e o afastamento do trabalho, por 120
dias, em razão das fraturas decorrentes do acidente, corroboradas através dos laudos
médicos. Nesse diapasão, do cotejo da prova testemunhal, demonstrado o abalo
psicológico decorrente do acidente de trabalho, notadamente frente à conduta negligente
do superior hierárquico, na ordem de utilização do caminhão sabidamente com defeito
técnico, a ensejar a reparação no ponto. De outra parte, não evidenciado o assédio moral
e humilhações alegadas, ônus processual do autor – art. 373, I, do CPC -, a afastar a
indenização por dano moral pretendida. III – Por sua vez, conforme a perícia judicial, não
obstante a conduta negligente do município, denota-se redução ínfima da capacidade
funcional – 2,5% -, e o retorno do autor ao trabalho depois do gozo de licença-saúde,
também no exercício das atividades de Motorista, conforme licença para a prestação de
serviços. Assim, considerando a extensão do dano e a gravidade da conduta, indicada a
redução do montante indenizatório para R$ 5.000,00, a fim da reparação pretendida, com
base nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sob pena de enriquecimento
ilícito. Recurso de apelação do autor desprovido. Apelo do município parcialmente
provido.” (Apelação Cível, Nº 70085151595, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Eduardo Delgado, Julgado em: 09-03-2023)”

Por todos fatos e fundamentos jurídicos incessantemente discorridos nos parágrafos acima,
urge o imediato reconhecimento de nulidade do ato coator que culminou em tornar sem efeitos a
nomeação de Menezes à cargo público de técnico penitenciário, sendo primordial a imediata retomada
de suas funções, bem como, posteriormente, o julgamento de total procedência da presente demanda,
uma vez que demonstrada a absoluta irregularidade do Processo Administrativo.

III – DA CONCESSÃO LIMINAR DA TUTELA

Nos termos do art. 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/09, é exposto que o magistrado poderá, ao
despachar a inicial, ordenar que se suspenda o ato coator, quando constatada a existência de
fundamento relevante e de risco à eficácia do processo. Veja-se:

“Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:


[...]
III – que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da
medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante
caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
pessoa jurídica.

No caso em apreço, ambos os requisitos se fazem presentes. A relevância dos fundamentos


está evidenciada na existência de ato coator decorrente de Processo Administrativo irregular e
evidente afronta às normativas e garantias constitucionais de observância do devido processo legal,
ampla defesa e contraditório.

Já o risco de ineficácia da medida, por sua vez, fica claro nas já presentes mazelas oriundas
do ato coator que tornou sem efeito a nomeação de Menezes e o destituiu do cargo de técnico
penitenciário.

Conforme já mencionado no presente Mandado de Segurança, o Impetrante já esgotou suas


reservas financeiras no transcurso de tempo desde sua destituição do cargo público. Segue tendo que
arcar não apenas com as despesas de caráter alimentar, mas também com as demais contas de
subsistência de todos cidadãos, como água, luz, gás, aluguel, etc., as quais, como bem se sabe,
continuam correndo; e, também, incorrendo em juros nas mesmas, quando não adimplidas. Tal
situação gera danos claros ao Impetrante, decorridos de fato pelo qual não possui culpa, e gerando
consequências que jamais serão reparadas, imperando, dessa forma, a cessão imediata de lesão ao seu
direito líquido e certo, para que possa retomar posse em seu cargo de técnico penitenciário.

É de se admitir que não restam dúvidas acerca da urgência e necessidade da medida.

Assim, REQUER o deferimento liminar da tutela, inaudita altera pars, para tornar nulo o
ato que tornou sem efeitos a nomeação de Menezes, haja vista que o pedido configura direito líquido e
certo do Impetrante.

IV – DO AUXÍLIO DE JUSTIÇA GRATUITA

O artigo 5º da Constituição Federal Brasileira, no seu inciso LXXIV, dispõe que é dever do
Estado prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que forem comprovadamente
hipossuficientes.

Seguindo a mesma toada, o caput do artigo 98 do Código de Processo Civil Brasileiro


afirma que todo cidadão brasileiro com insuficiência de recursos financeiros para arcar com custas e
despesas processuais, bem como honorários advocatícios, são intitulados ao direito chamado de
benefício de gratuidade da justiça, na forma da Lei.

Ainda, conforme afirma o artigo 99, § 3º do Código de Processo Civil Brasileiro, é


presumida verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Insta
ainda ressaltar que no §2º do mesmo texto legal consta que ao Magistrado somente cabe indeferir o
pedido caso existir nos autos elementos que evidenciem a falta ou inexistência dos pressupostos legais
que ensejam a concessão de gratuidade.

Além de todos fundamentos jurídicos acima demonstrado, foi insistentemente relatado na


presente peça jurídica a situação financeira caótica em que se encontra Menezes, após ter sido
indevidamente destituído de sua única fonte de renda, a qual consistia em sua remuneração relativa ao
cargo público de técnico penitenciário. Na situação em epígrafe, constitui-se o claro retrato de
hipossuficiência, visto que o Impetrante já não possui verbas para se alimentar, acumulando dívidas de
outras origens, relativas à sua subsistência, restando absolutamente impossibilitado de arcar com
custas e despesas relativas ao processo sem prejuízo de seu próprio sustento, sendo então intitulado à
concessão do benefício da gratuidade da justiça.
Dessa forma, requer a concessão do benefício de gratuidade judiciária, com fulcro nos
artigos 98 e seguintes do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15) e no artigo 5º, incisos XXXV,
LV e LXXIV da Constituição Federal Brasileira.

V. DOS REQUERIMENTOS:

Diante do exposto, requer:

1. O recebimento da presente petição inicial;

2. A decretação de suspensão liminar do ato administrativo ilegal, que


tornou sem efeitos a nomeação do impetrante, com a consequente
nomeação imediata do impetrante no cargo público, conforme
disposto no inciso III do artigo 7º da Lei nº 12.016/2009;

3. A notificação da autoridade coatora para prestar informações, de


acordo com o estabelecido no inciso I do artigo 7º da Lei º
12.016/2009;

4. Seja dada ciência da impetração deste Mandado de Segurança à


Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul, órgão oficial
de representação judicial da pessoa jurídica de direito público
indicada como autoridade coatora, para, querendo, ingressar no
feito, com fulcro no inciso II do artigo 7º da Lei nº 12.016/2009;

5. A intimação do Ministério Público, nos termos do artigo 12 da Lei


nº 12.016/2009;
6. A concessão da segurança, aos efeitos de decretar a nulidade do ato
administrativo apontado como ilegal, tendo em vista ser decorrente
de parecer jurídico que não considerou o direito líquido e certo do
impetrante à ampla defesa e contraditório, desrespeitando,
consequentemente, o princípio da legalidade, tornando definitiva a
medida liminar que determine a reinserção do impetrante ao cargo
público a que se classificou;

7. O recebimento das custas processuais, conforme guia e comprovante


em anexo, bem como o consequente reembolso das despesas, a ser
realizado pela pessoa jurídica de direito público, uma vez que a
segurança seja concedida.

Dá-se à causa o valor de alçada, pois é inestimável o valor da ação.

Nestes termos, pede e espera o deferimento.

Porto Alegre, 03 de abril de 2023.

_____________________
Advogado(a) XXX
OAB/UF

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