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MANDADO DE SEGURANÇA
PORTO ALEGRE
2023
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DO PRESENTE TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar
I. SÍNTESE DA CAUSA:
Acontece que, no curso do estágio, fora aberto o processo administrativo n.º xxx, Menezes fora
submetido a uma perícia técnica, para que confirmasse a deficiência alegada ao se inscrever no
concurso.
O processo administrativo foi concluído, mesmo sem que Menezes pudesse apresentar defesa e
produzir provas, com o entendimento de que Menezes não teria a deficiência alegada, Cabe dizer que
Menezes sequer sabia da existência do processo administrativo mencionado, fora surpreendido ao
receber a notificação de que sua nomeação foi tornada sem efeito.
Desta sorte, conforme comprova-se pela vasta documentação ora juntada aos autos, o ato
administrativo que tornou a nomeação de Menezes é ilegal, pois desrespeita o princípios
constitucionais da ampla defesa e o princípio da legalidade, o qual se deve basear as medidas
aplicadas, razão pela qual o impetrante se viu fadado a impetrar o presente Mandado de Segurança,
como forma de sanar a ilegalidade praticada, para que possa reassumir a sua nomeação.
II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
A Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 5º, inciso LXIX, aborda o mandado
de segurança, conforme vemos abaixo:
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”
Desta sorte, cabe aqui à impetrante evidenciar a lesão a direito líquido e certo, sendo este
aquele que se considera incorporado definitivamente ao patrimônio de um indivíduo e sobre o qual
não resta dúvida ou contestação possível.
Outrossim, o artigo 1º, da Lei nº 12.016/09 dispõe:
“Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.”
Ainda, no que tange ao prazo da presente ação, é cediço o prazo decadencial ser de 120 (cento
e vinte) dias a partir da ciência do ato coator que impeça direito líquido e certo. Levando-se em
consideração que o ato coator praticado pelo Governador do Estado do Rio Grande do Sul se deu em
03 de abril de 2023, tornando sem efeito a nomeação de Menezes, a impetração do presente Mandado
de Segurança se dá dentro do prazo decadencial.
Em conformidade com os fatos narrados acima, e os fundamentos jurídicos expostos abaixo,
resta claro o enquadramento do caso em questão com os preceitos estabelecidos na Constituição
Federal, bem como na Lei nº 12.1016/09, sendo cristalino o direito do Impetrante e a existência
indubitável de ato coator, nos termos que se passa a retratar.
II.II – ACERCA DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO E DO ATO COATOR
Resta claro que um indivíduo passar por um processo legal, ou procedimento administrativo,
sendo sequer oportunizado se manifestar dentro de tal, constitui clara e evidente lesão à ambas
garantias constitucionais dispostas no artigo 5º da Constituição Federal Brasileira: contraditório e
ampla defesa.
Avançando, ressalta-se que o texto constitucional acima abordado não é o único desrespeitado
no transcurso do processo administrativo questionado. Impera, da mesma sorte, flagrante
inobservância ao que institui o artigo 41, §1º, da Constituição Federal Brasileira, que taxativamente
demonstra, de forma expressa, que o processo administrativo deve assegurar a ampla defesa para que
enseje aplicação de sanção demissional. Vejamos:
Nesse diapasão, resta clara e evidente a lesão aos princípios e garantias constitucionais
largamente discorridas e explanadas acima: devido processo legal, contraditório e ampla defesa. É
crucial gizar que se tratam de peças fundamentais, servindo como pilares da estrutura de
funcionamento do sistema jurídico, da manutenção do sistema jurídico, da segurança jurídica e da
confiabilidade no funcionamento eficaz e justo da estrutura legal que rege nossa sociedade,
justificando, portanto, sua importância e dever de zelo total com tais princípios e garantias. Torna-se
nítida a inobservância destes no momento em que se sucede procedimento administrativo completo
sem se chamar a manifestar-se aquele que é objeto do mesmo, sendo este meramente comunicado de
conclusão de tal e seu trágico desfecho – tornada sem efeito a sua nomeação em cargo de Técnico
Penitenciário através de ato do Governador do Estado do Rio Grande do Sul.
Ao analisarmos todo ocorrido no caso em prosa, percebemos que tudo decorreu de descaso da
administração pública com o Impetrante, qual possui direitos e garantias constitucionais que o
protegem de violações legais. Todavia, pudemos perceber no presente Mandado de Segurança que
Menezes só soube o que havia ocorrido após toda apreciação do feito ter ocorrido de maneira
unilateral, culminando em uma decisão que acarretou no ato coator por parte do Governador do Estado
do Rio Grande do Sul, qual seja, tornar sem efeito a nomeação de Menezes. Não pairam dúvidas de
que, caso houvesse sido ofertado o contraditório, o desfecho do procedimento diferiria.
Conforme laudo médico acostado junto à presente petição inicial de Mandado de Segurança,
resta comprovada inequivocamente, através de interpretação de profissional especializado na área da
saúde pertinente, que Menezes, ora Impetrante, de fato, é acometido pela deficiência informada
quando da sua inscrição no certame do Concurso Público, a qual, por alguma falha, supostamente não
fora detectada na perícia técnica que compôs o procedimento administrativo ilegal que ensejou o ato
coator em epígrafe nesta ação mandamental.
Menezes, assim como seus demais concorrentes, foi notificado da abertura de edital do
Concurso Público para o cargo de Técnico Penitenciário, se inscreveu em conformidade com os
requisitos dispostos no edital citado, informando a deficiência que lhe acomete de forma correta e
honesta, prestou a prova de concurso público, a qual, por seu desempenho e classificação, acarretou
em sua nomeação para o cargo de Técnico Previdenciário.
Aqui resta evidente o direito líquido e certo do Impetrante, o qual lhe foi tolhido após
Procedimento Administrativo manifestamente ilegal, alheio aos princípios constitucionais mais
básicos e elementares, de maneira grotesca. O descaso a estes preceitos é gritante em qualquer âmbito
jurídico, mas torna-se ainda mais escandaloso quando praticado diretamente ou sob conivência da
Administração Pública, ente que deveria salvaguardar tais garantias.
Por fim, cabe mencionar a situação atual do Impetrante em decorrência dos fatos abordados na
presente peça jurídica. Desde o ato coator que tornou sem efeito a sua nomeação, já consumiu
praticamente a totalidade de suas reservas financeiras, ao passo que perdeu sua principal (e única)
fonte de renda e subsistência, culminando na extrema urgência de retomar os efeitos de sua nomeação
ao cargo de técnico penitenciário. Como qualquer cidadão, não obstante suas necessidades básicas de
caráter alimentar, ainda arca com contas e gastos mensais de subsistência, tais como água, luz, gás,
aluguel, etc., os quais não serão perdoados em virtude da descabida retirada de efeitos de sua
nomeação à cargo público.
“1. Optando a impetrante pela estreita via do mandado de segurança, deverá estar ciente
da necessidade de demonstrar a existência de direito líquido e certo e a sua ameaça, a teor
do art. 1º da Lei nº 12.016/09. 2. A controvérsia jurídica estabelecida se calca na aferição
da legalidade do ato administrativo que revogou o ato de nomeação da impetrante no
cargo de Fiscal Público, sob o critério de conveniência e oportunidade. 3. A anulação da
nomeação de servidores públicos não prescinde de procedimento administrativo que
assegure aos interessados o exercício da ampla defesa à luz das cláusulas pétreas
constitucionais do contraditório e do devido processo legal. Ilegalidade reconhecida, na
espécie, na esteira do entendimento desta Câmara. 4. Descabida a pretensão de contagem
do tempo de serviço desde a data da nomeação tornada sem efeito, visto que ausente o
efetivo exercício das funções no cargo público. Precedentes do Superior Tribunal de
Justiça. 5. Sentença de denegação da segurança parcialmente reformada. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA.” (Apelação Cível, Nº 70076604693, Quarta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Vinícius Amaro da Silveira, Julgado em:
24-07-2019)
Por todos fatos e fundamentos jurídicos incessantemente discorridos nos parágrafos acima,
urge o imediato reconhecimento de nulidade do ato coator que culminou em tornar sem efeitos a
nomeação de Menezes à cargo público de técnico penitenciário, sendo primordial a imediata retomada
de suas funções, bem como, posteriormente, o julgamento de total procedência da presente demanda,
uma vez que demonstrada a absoluta irregularidade do Processo Administrativo.
Nos termos do art. 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/09, é exposto que o magistrado poderá, ao
despachar a inicial, ordenar que se suspenda o ato coator, quando constatada a existência de
fundamento relevante e de risco à eficácia do processo. Veja-se:
Já o risco de ineficácia da medida, por sua vez, fica claro nas já presentes mazelas oriundas
do ato coator que tornou sem efeito a nomeação de Menezes e o destituiu do cargo de técnico
penitenciário.
Assim, REQUER o deferimento liminar da tutela, inaudita altera pars, para tornar nulo o
ato que tornou sem efeitos a nomeação de Menezes, haja vista que o pedido configura direito líquido e
certo do Impetrante.
O artigo 5º da Constituição Federal Brasileira, no seu inciso LXXIV, dispõe que é dever do
Estado prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que forem comprovadamente
hipossuficientes.
V. DOS REQUERIMENTOS:
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Advogado(a) XXX
OAB/UF