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AO DOUTO JUÍZO DA XXX VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO

ESTADO DE XXX

Maria Souza, estado civil, nacionalidade, professora universitária, servidora pública federal,
residente e domiciliada à Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Cidade de XXX, Estado XXX,
endereço eletrônico XXX, por intermédio do advogado in fine assinado, nos termos do art. 77,
V e 272, §5º do CPC, com fulcro no art. 5º, LXIX da CRFB/88 e na Lei nº 12.016/19, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

em face de ato do Reitor da Universidade Federal de XXX, que pode ser encontrado na sede
funcional localizada na Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX, Cidade XXX, Estado XXX, e da
Universidade Federal de XXX, Autarquia Federal, sediada na Rua XXX, nº XXX, Bairro XXX,
Cidade XXX, Estado XXX.

I – TEMPESTIVIDADE

A presente ação se afigura tempestiva, tendo em vista que o prazo entre a cientificação da
impetrante por meio de publicação no Diário Oficial e a impetração do presente mandamus é
inferior a 120 (cento e vinte) dias, satisfazendo assim o requisito exigido pelo art. 23 da Lei nº
12.016/09.

II – SÍNTESE DOS FATOS

Maria Souza foi cientificada de decisão emanada pelo Reitor da Universidade Federal de
XXX, correspondente à punição de demissão do cargo de professora universitária que ocupa
na citada instituição. Tal situação trouxe surpresa à impetrante, tendo em vista que a punição
a ela aplicada é notoriamente injusta, o que restará abaixo demonstrado.

No dia XX/XX/XXXX, um aluno da instituição, Sr. Marcos Silva, inconformado com a


nota que lhe fora atribuída em uma disciplina do curso de graduação, abordou a professora
Maria Souza, ora impetrante, com um canivete em punho e, em meio a ameaças, exigiu que
ela modificasse sua nota.

Nesse instante, a professora, com o propósito de repelir a iminente agressão, conseguiu


desarmar e derrubar o aluno, que, na queda, quebrou um braço.
Em razão deste fato, a Universidade Federal instaurou um Processo Administrativo
Disciplinar (PAD), para apurar eventual responsabilidade da impetrante. Ao mesmo tempo,
Maria foi denunciada criminalmente pelo delito de lesão corporal.

Após regular instrução criminal, a impetrante foi absolvida, uma vez que restou
claramente provado que sua conduta no episódio se deu em legítima defesa. A sentença
criminal já transitou em julgado.

Contudo, o processo administrativo prosseguiu o seu curso, não tendo ocorrido a citação
da servidora, uma vez que a Comissão nomeada presumiu que Maria já tomara ciência da
instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores.

Ao final, a Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena


de demissão. O PAD foi encaminhado ao reitor da universidade para a decisão final, que,
sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de
demissão à servidora, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação
à criminal.

Em 11/01/2017, a servidora foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em


Diário Oficial, como já acima exposto, ocasião em que foi afastada de suas funções.

Abalada com a injustiça a ela aplicada, o que vem lhe causando sérios transtornos,
considerando que o digno trabalho por ela desenvolvido no seio educacional era seu único
modo de sustento, sua vida financeira encara, neste momento, profundas dificuldades.

III – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A impetrante não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo
do sustento próprio e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa, com
fundamento no Artigo 5°, LXXIV da Constituição Federal e Art. 98 do Código de Processo
Civil. Desse modo, faz jus à concessão da gratuidade de Justiça.

IV – TUTELA DE URGÊNCIA

A previsão para concessão da tutela de urgência no mandado de segurança está presente no


art. 7º, III da Lei nº 12.016/09 e tem natureza de medida liminar/cautelar.

O fumus boni iuris residente no argumento de fato e de direito apresentados no presente e


comprovados mediante documentação anexa.

Já o periculum in mora também se encontra demonstrado tendo em vista o risco de ineficácia


da medida final, caso não seja deferida a liminar.

Tendo em vista que a impetrante, em razão da injusta decisão combatida por esta presente
ação, deixou de auferir remuneração de seu trabalho, o que vem prejudicando a manutenção de
sua vida e de sua família, restando claramente demonstrada a ilegalidade na decisão da
autoridade coatora, entende ser justa a sua reintegração, em caráter liminar, a ser confirmada,
após, no julgamento definitivo do mérito.
V – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Na forma do art. 5º, LXIX da CRFB/88, o mandado de segurança será concedido para
proteger direito líquido e certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data” quando
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O mandado de segurança também está regulamentado pela Lei nº 12.016/09, que no art. 1º
reforça a natureza residual do instituto.

As ilegalidades presentes na condução do PAD, bem como da decisão emanada pelo Reitor
da Universidade Federal de XXX são notórias.

Inicialmente, é importante destacar a flagrante violação ao contraditório e à ampla defesa e


ao devido processo legal, garantias estabelecidas pela Carta Magna, de acordo com seu art. 5º,
LIV e LV, uma vez que tramitou um processo administrativo com aplicação de penalidade sem
que fosse dada oportunidade de ciência da mencionada ação, de modo que a impetrante pudesse
se defender do que a ela foi atribuído.

Além disso, é flagrante a ilegalidade no entendimento da autoridade coatora que, mesmo


diante da absolvição da impetrante na esfera judicial criminal, por ter agido em legítima defesa,
decidiu, de forma autônoma, pela demissão da servidora, que teve a sua responsabilidade pelos
fatos afastada de forma definitiva, ante o trânsito julgado da sentença proferida pelo Poder
Judiciário.

O direito líquido e certo da Impetrante é comprovado mediante os documentos anexos,


cumprindo o requisito da prova pré-constituída, exigido pelo art. 6º, caput, da Lei nº 12.016/09.

V – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer-se:

a) o deferimento da gratuidade de justiça à impetrante;


b) a concessão da medida liminar para suspender a decisão ilegal do Reitor da
Universidade Federal de XXX;
c) a notificação da Autoridade Coatora, Reitor da Universidade, para que preste as
informações que entender pertinentes do caso;
d) que seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada;
e) a intimação do representante do Ministério Público;
f) a condenação do Impetrado em custas processuais;
g) a juntada dos documentos anexos;
h) que o pedido seja ao final julgado procedente para anular a decisão ilegal emanada pela
autoridade coatora, com a consequente reintegração da impetrante, em caráter
definitivo, aos quadros da Universidade a qual realiza o seu labor.

Dá-se à causa o valor de R$1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais.

Nesses termos.
Pede deferimento.
Local XXX E DataXXX

AdvogadoXXX
OABXXX

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