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CASO PRÁTICO 4

ESBOÇO DO QUE DEVE SER FEITO

O tema envolve, de início, o exame da competência para julgamento da causa que


envolve a União Federal e Universidade particular havendo fatos encadeados que
indicam a atuação conjunta dessas pessoas no polo passivo da demanda, o que indica a
competência por atração da Justiça Federal da capital do Estado W, domicílio do autor
(CRFB, art. 109, §2º).

Por outro lado, atuará no polo ativo o estudante Mévio e no  polo passivo a União
Federal, que negou o financiamento e a Universidade que suspendeu a matrícula, por
força do primeiro ato. Esse litisconsórcio se afigura necessário para solver a situação do
autor, de forma definitiva, condenando ambos os sujeitos passivos, nos limites das suas
responsabilidades.

A petição inicial será obediente ao rito ordinário pela complexidade da questão


envolvida e por envolver a possibilidade de prova pericial complexa.

Quanto aos fundamentos que devem servir de supedâneo para a peça exordial deve o
candidato indicar:

a) ofensa ao principio da isonomia pois esse tipo de financiamento não pode


beneficiar somente determinado grupo étnico;

b) ofensa ao princípio da legalidade vez que há confronto entre o regulamento e o


texto legal;

c) ofensa aos princípios constitucionais da Administração Pública pois o ato da


Administração não pode ser arbitrário podendo ser discricionário.

d) ofensa ao direito constitucional à educação.

No caso em exame, o valor da causa corresponderá ao beneficio econômico postulado,


que será de 20.000,00 vezes 4, devendo ser fixado em 80.000,00.

Diante da urgência da medida, deverá o autor apresentar requerimento de tutela


antecipada caracterizando os requisitos do art. 273 do CPC.

Alternativamente, aceitando a ideia de que a atitude do novo advogado seria recusar a


produção de provas, caberia mandado de segurança,

Peça 4

AO MERITÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO W


Mévio, brasileiro, solteiro, estudante universitário, portador do RG n°..., inscrito no CPF
sob n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., nº..., bairro, cidade do
Estado W, CEP..., vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio de seu
advogado abaixo assinado (procuração anexa), com escritório na Rua..., nº..., bairro,
cidade, Estado, CEP..., onde recebe suas intimações, com fulcro no art. 77, V, do
CPC/15, com fundamento no art. 319, do CPC/15, vem ajuizar.

AÇÃO DE PROCEDIMENTO COMUM

em face da União, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na..., pelos
fundamentos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I - DOS FATOS

Mévio, brasileiro, solteiro, estudante universitário, domiciliado na capital do Estado W,


requereu o seu ingresso em programa de bolsas financiado pelo Governo Federal,
estando matriculado em Universidade particular.

Após apresentar a documentação exigida, é surpreendido com a negativa do órgão


federal competente, que aduz o não preenchimento de requisitos legais.

Entre eles, está a exigência de pertencer a determinada etnia, uma vez que o programa é
exclusivo de inclusão social para integrantes de grupo étnico descrito no edital,
podendo, ao arbítrio da Administração, ocorrer integração de outras pessoas, caso
ocorra saldo no orçamento do programa. Informa, ainda, que existe saldo financeiro e
que, por isso, o seu requerimento ficará no aguardo do prazo estabelecido em
regulamento.

O referido prazo não consta na lei que instituiu o programa, e o referido ato normativo
também não especificou a limitação do financiamento para grupos étnicos. Com base na
negativa da Administração Federal, a matrícula na Universidade particular ficou
suspensa, prejudicando a continuação do curso su-perior.

O valor da mensalidade por ano corresponde a R$ 20.000,00, sendo o curso de quatro


anos de duração.

O estudante pretende produzir provas de toda a espécie, receoso de que somente a prova
documental não seja suficiente para o deslinde da causa. Isso foi feito em atendimento à
consulta respondida pelo seu advogado Tício, especialista em Direito Público, que
indicou a possibilidade de prova pericial com-plexa, bem como depoimentos de pessoas
para comprovar a sua necessidade financeira e outros depoimentos para indicar
possíveis beneficiários não incluídos no grupo étnico referido pela Administração.

Aduz ainda que o pleito deve restringir-se no reconhecimento do seu direito


constitucional e que eventuais perdas e danos deveriam ser buscadas em outro
momento. Há urgência, diante da proximidade do início do semestre letivo.

II - FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Ação de Procedimento Comum é cabível devido a complexidade da questão envolvida e
por envolver a possibilidade de prova pericial complexa.

O tema envolve, de início, o exame da competência para julgamento da causa que


envolve a União Federal e Universidade particular havendo fatos encadeados que
indicam a atuação conjunta dessas pessoas no polo passivo da deman-da, o que indica a
competência por atração da Justiça Federal da capital do Estado W, domicílio do autor,
nos termos do art. 109, § 2° CRFB.

Por outro lado, atuará no polo ativo o estudante Mévio e no polo passivo a
União Federal, que negou o financiamento e a Universidade que suspendeu a matrícula,
por força do primeiro ato. Esse litisconsórcio se afigura necessário para solver a
situação do autor, de forma definitiva, condenando ambos os sujeitos passivos, nos
limites das suas responsabilidades.

Quanto aos fundamentos, primeiramente, nota-se que houve ofensa ao princípio da


isonomia pois esse tipo de financiamento não pode beneficiar somente determinado
grupo étnico, nos termos do art. 5°, caput e art. 19, III, ambos da
CRFB/88.

Da mesma forma, houve violação ao princípio da legalidade vez que há confronto entre
o regulamento e o texto legal, nos termos do art. 5°, II, da CRFB/88.

Outrossim, o ato fere os princípios constitucionais da Administração Pública pois o ato


da Administração não pode ser arbitrário podendo ser discricioná-rio, nos termos do art.
37, caput, da CRFB/88.

Por fim, a negativa de bolsa ofende o direito constitucional à educação, nos termos do
art. 6° e art. 205, ambos da CRFB/88.

III - PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

A tutela de urgência é concedida quando houver elementos que evidenciem a


probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do pro-cesso, e
está fundamentada no art. 300, do CPC.

O fumus boni uri está configurado na violação do direito fundamental de acesso à


educação, além do tratamento discriminatório arbitrário, e o pericu-lum in mora pelo
prejuízo à continuação do curso superior.

IV - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

a concessão da tutela de urgência para determinar a imediata inclusão do autor no


programa de bolsas financiado pelo Governo Federal, nos termos do art. 300, do
CPC/15;

a procedência do pedido para confirmar definitivamente a tutela de urgên-cia;


a citação da União para contestar a ação, nos termos do art. 238 do CPC/15;

a condenação da União à reparação dos danos morais sofridos pelo autor;

a condenação dos Réus em custas e em honorários advocatícios, nos termos dos arts.
84 e 85, ambos do CPC/15;

a intimação do representante do Ministério Público, nos termos do art. 178, do


CPC/15;

a juntada de documentos, nos termos do art. 320, do CPC/15.

V - DAS PROVAS

Em cumprimento ao art. 319, VI, do CPC/15, o autor requer a produção de todos os


meios de provas em direito admitidas.

VI - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Em cumprimento ao art. 319, VII, do CPC/15, o autor opta pela realização da audiência
de conciliação ou de mediação.

VII - DO VALOR DA CAUSA

80.000,00 (oitenta mil reais), nos termos do art. 292 do CPC/15.

Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado...
OAB

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