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1. DOS FATOS
O réu ocupou o cargo de prefeito do Município de Conceição do Jacuípe/BA,
durante os anos de 2005 a 2008. Durante a sua passagem pelo Poder
Executivo Municipal, o ex-gestor recebeu verbas oriundas do FNDE (Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação), para a efetivação do PTA
(Programa de Trabalho Anual).
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2. DO DIREITO
A princípio causaria estranheza tramitar sob Vara Federal uma ação movida
por um ente municipal contra seu ex-gestor, eis que, em regra, tais temas são
afetos à jurisdição estadual.
Há, contudo, um detalhe no caso sob análise, que faz subverter o juízo
competente para a causa: as verbas cujo ressarcimento se pleiteia são de
origem federal, eis que oriundas do FNDE.
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interesse na causa promovida pelo município contra seu ex-
prefeito, cobrando valores que não foram aplicados de acordo com
as disposições dos respectivos convênios. Precedentes. 2. Em
havendo a possibilidade de intervenção da União Federal no presente
feito, na condição de assistente simples, é a Justiça Federal competente
para processar e julgar a ação ressarcitória (art. 109, I, da CF/88). 3.
Agravo provido. (TRF-1 - AG: 38333 PI 1999.01.00.038333-0, Relator:
JUIZ FEDERAL MOACIR FERREIRA RAMOS (CONV.), Data de
Publicação: 03/07/2003 DJ p.230). Destacamos.
Arrematando tal entendimento, cite-se a súmula n.º 208 do STJ, que assim
afirma:
Diante disto, tem-se por inequívoca a competência deste Juízo para conhecer a
demanda, requerendo, portanto e de logo, que sejam intimadas, por
intermédio de seus representantes judiciais, a União Federal (AGU) e o
FNDE (Procuradoria Federal) para manifestar seu interesse em integrar a
lide.
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Além disso, a conduta do réu violou, por assim dizer, pelo menos duas esferas
jurídicas, cada uma delas portadora de consequências específicas.
Ao não prestar contas dos valores mencionados, o réu causou dano ao erário
público e em razão disto, deve ser obrigado a ressarci-lo.
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Sob outro aspecto, a conduta do réu se enquadra nos artigos 10º e 11º da Lei
de improbidade administrativa. Neste sentido, o art. 37º § 4º da Carta Magna
afirma que “os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível”.
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Por fim, no que tange ao princípio da publicidade, leciona com maestria Maria
Sylvia Zanella di Pietro:
No caso vertente, até o momento não foi explicado o modo como tal recurso foi
gasto pelo ex-gestor, ora réu. Ou seja, não se sabe como foi utilizada a verba
publica, fato que implica em ofensa ao princípio da publicidade.
3. DOS PEDIDOS
Diante disto, vem o autor perante Vossa Excelência para requerer o seguinte:
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6) Que se dê ciência ao MPF sobre o feito, para que este órgão, querendo,
tome as providências que entender pertinentes;
Nestes termos,
Pede deferimento.
Tiago Sabóia
Procurador do Município