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Auditor Fiscal da Receita Federal

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DISCURSIVAS FGV
1 FGV - AUDITOR SUBSTITUTO (TCE-RJ)/2015

Matéria: AFO E CONTABILIDADE PÚBLICA

1.1 QUESTÃO

A lei orçamentária anual de determinado Município autorizou a


contração de despesas para a realização de obras públicas, no
respectivo exercício, no valor de R$ 1.000.000,00, tendo autorizado,
igualmente, a contratação de empréstimo externo na ordem de R$
1.500.000,00, o que viabilizaria a realização da integralidade das
referidas obras.

O empréstimo foi efetivamente contraído, a partir de decisão do


Prefeito Municipal, advogado especialista em direito constitucional e
financeiro, e as obras públicas empenhadas, contratadas, liquidadas e
efetivamente pagas, tudo no mesmo exercício financeiro. Na medida
em que, em razão do valor do referido empréstimo, sobejou
disponibilidade financeira, o Prefeito Municipal encaminhou projeto de
lei à Câmara Municipal solicitando a abertura de créditos adicionais no
valor de R$ 400.000,00, que seriam destinados ao pagamento de
despesas de pessoal, isso em razão de benefícios estatutários
instituídos no mesmo exercício financeiro. Em virtude da grande
divisão de forças políticas no Poder Legislativo, a Câmara Municipal,
composta por nove integrantes, aprovou o projeto com o voto de
quatro dos sete vereadores presentes à sessão. Com a sanção e a
entrada em vigor da lei, o Prefeito Municipal, em solenidade muito
concorrida, deferiu os benefícios requeridos por cada um dos
servidores interessados e determinou o respectivo pagamento.

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No ano seguinte, observados os prazos previstos na ordem


jurídica, o Prefeito Municipal encaminhou, ao Tribunal de Contas
competente, as contas correspondentes às despesas descritas na
presente narrativa.

Considerando os distintos aspectos jurídicos envolvidos na


narrativa, redija a decisão a ser proferida pelo Tribunal de Contas a
respeito das contas, devidamente fundamentada, dispensada a
elaboração de ementa e relatório.

1.2 GABARITO FGV

O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito à


constitucionalidade da lei orçamentária do Município. De acordo com o
art. 167, III, da CR/1988, é vedada a realização de operações de
crédito que excedam o montante das despesas de capital. Em outras
palavras, operações dessa natureza, como soem ser os empréstimos,
não podem superar o limitador oferecido pelo incremento do
patrimônio estatal, como se dá com a realização de obras públicas. As
despesas correntes, como aquelas concernentes aos gastos com
pessoal, possuem caráter contínuo e devem ser custeadas por receitas
igualmente contínuas, não por aquelas que geram endividamento do
Poder Público. Na medida em que as despesas com obras públicas
alcançaram a cifra de R$ 1.000.000,00 e, o empréstimo, o valor de R$
1.500.000,00, é nítida a inconstitucionalidade da lei orçamentária na
parte em que autorizou a contração do empréstimo.

Na hipótese concreta, a autorização para a abertura de créditos


adicionais (rectius: especiais) somente ocorreu a posteriori, logo, não
há que se falar na aplicação da exceção constante da parte final do art.
167, III, já que as operações não foram “autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo

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Poder Legislativo por maioria absoluta”. Em verdade, a operação de


crédito foi realizada em momento anterior.

Não bastasse isso, os créditos especiais não foram autorizados


pela maioria absoluta dos membros do Poder Legislativo, tal qual
exigido pelo referido comando constitucional. Ainda merece lembrança
que, do valor arrecadado com o empréstimo, o montante de R$
100.000,00 não teve qualquer destinação dada pelo Município, o que
configura nítida afronta ao referencial de legitimidade, contemplado no
art. 70, caput, da CR/1988, já que a administração municipal foi
endividada sem necessidade.

Há, ainda, outro vício de inconstitucionalidade na lei municipal,


de muito maior gravidade, isso em razão da afronta ao art. 52, V, da
Constituição da República, preceito que confere, ao Senado Federal,
competência privativa para autorizar operações externas de natureza
financeira de interesse do Município. Portanto, a integralidade do
empréstimo externo teria sido irregular.

À luz do exposto, deve o Tribunal de Contas, com base na Súmula


nº 347 do Supremo Tribunal Federal, realizar o controle de
constitucionalidade da lei municipal e, em razão de sua manifesta
inconstitucionalidade, deixar de reconhecer a sua validade. Apesar da
invalidade da lei municipal, o que se observa é que as obras públicas
foram efetivamente realizadas e os servidores que receberam os
benefícios estatutários efetivamente preencheram os requisitos legais,
sendo manifesta a boa-fé dos envolvidos. Assim, em razão dos fatos já
consumados, devem ser preservados os interesses dos terceiros de
boa-fé, que se beneficiaram dos pagamentos realizados com base nos
recursos obtidos a partir dos empréstimos externos.

Apesar disso, o Prefeito Municipal, que realizou a operação de


crédito externo à margem da ordem constitucional, utilizou os

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respectivos recursos fora dos balizamentos constitucionais e ainda


deixou que sobejassem R$ 100.000,00 sem qualquer destinação, deve
ter suas contas julgadas irregulares.

Por tratar-se de um advogado com profundos conhecimentos na


matéria, o conhecimento da ilicitude e o dolo do Prefeito são
manifestos, o que permite a sua responsabilização.

Nesse caso, como estamos perante verdadeiras contas de


gestão, não perante contas de governo, deve incidir o disposto no art.
71, II, da Constituição da República, de modo que o Tribunal de Contas
não se limitará a emitir parecer prévio das contas, a ser apreciado pela
Câmara dos Vereadores, devendo julgá-las. * caso o candidato
demonstre conhecer a distinção entre contas de governo e contas de
gestão, será aceito o posicionamento que defenda a incidência do
inciso I do art. 71 da Constituição da República, de modo que o Tribunal
de Contas se limitaria a emitir parecer prévio.

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Matéria: AFO E CONTABILIDADE PÚBLICA

A lei orçamentária anual de determinado Município autorizou a


contração de despesas para a realização de obras públicas, no
respectivo exercício, no valor de R$ 1.000.000,00, tendo autorizado,
igualmente, a contratação de empréstimo externo na ordem de R$
1.500.000,00, o que viabilizaria a realização da integralidade das
referidas obras.

O empréstimo foi efetivamente contraído, a partir de decisão do


Prefeito Municipal, advogado especialista em direito constitucional e
financeiro, e as obras públicas empenhadas, contratadas, liquidadas e
efetivamente pagas, tudo no mesmo exercício financeiro. Na medida
em que, em razão do valor do referido empréstimo, sobejou
disponibilidade financeira, o Prefeito Municipal encaminhou projeto de
lei à Câmara Municipal solicitando a abertura de créditos adicionais no
valor de R$ 400.000,00, que seriam destinados ao pagamento de
despesas de pessoal, isso em razão de benefícios estatutários
instituídos no mesmo exercício financeiro. Em virtude da grande
divisão de forças políticas no Poder Legislativo, a Câmara Municipal,
composta por nove integrantes, aprovou o projeto com o voto de
quatro dos sete vereadores presentes à sessão. Com a sanção e a
entrada em vigor da lei, o Prefeito Municipal, em solenidade muito
concorrida, deferiu os benefícios requeridos por cada um dos
servidores interessados e determinou o respectivo pagamento.

No ano seguinte, observados os prazos previstos na ordem


jurídica, o Prefeito Municipal encaminhou, ao Tribunal de Contas
competente, as contas correspondentes às despesas descritas na
presente narrativa.

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Considerando os distintos aspectos jurídicos envolvidos na


narrativa, redija a decisão a ser proferida pelo Tribunal de Contas a
respeito das contas, devidamente fundamentada, dispensada a
elaboração de ementa e relatório.

2.1 GABARITO FGV

O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito à


constitucionalidade da lei orçamentária do Município. De acordo com o
art. 167, III, da CR/1988, é vedada a realização de operações de
crédito que excedam o montante das despesas de capital. Em outras
palavras, operações dessa natureza, como soem ser os empréstimos,
não podem superar o limitador oferecido pelo incremento do
patrimônio estatal, como se dá com a realização de obras públicas. As
despesas correntes, como aquelas concernentes aos gastos com
pessoal, possuem caráter contínuo e devem ser custeadas por receitas
igualmente contínuas, não por aquelas que geram endividamento do
Poder Público. Na medida em que as despesas com obras públicas
alcançaram a cifra de R$ 1.000.000,00 e, o empréstimo, o valor de R$
1.500.000,00, é nítida a inconstitucionalidade da lei orçamentária na
parte em que autorizou a contração do empréstimo.

Na hipótese concreta, a autorização para a abertura de créditos


adicionais (rectius: especiais) somente ocorreu a posteriori, logo, não
há que se falar na aplicação da exceção constante da parte final do art.
167, III, já que as operações não foram “autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta”. Em verdade, a operação de
crédito foi realizada em momento anterior.

Não bastasse isso, os créditos especiais não foram autorizados


pela maioria absoluta dos membros do Poder Legislativo, tal qual

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exigido pelo referido comando constitucional. Ainda merece lembrança


que, do valor arrecadado com o empréstimo, o montante de R$
100.000,00 não teve qualquer destinação dada pelo Município, o que
configura nítida afronta ao referencial de legitimidade, contemplado no
art. 70, caput, da CR/1988, já que a administração municipal foi
endividada sem necessidade.

Há, ainda, outro vício de inconstitucionalidade na lei municipal,


de muito maior gravidade, isso em razão da afronta ao art. 52, V, da
Constituição da República, preceito que confere, ao Senado Federal,
competência privativa para autorizar operações externas de natureza
financeira de interesse do Município. Portanto, a integralidade do
empréstimo externo teria sido irregular.

À luz do exposto, deve o Tribunal de Contas, com base na Súmula


nº 347 do Supremo Tribunal Federal, realizar o controle de
constitucionalidade da lei municipal e, em razão de sua manifesta
inconstitucionalidade, deixar de reconhecer a sua validade. Apesar da
invalidade da lei municipal, o que se observa é que as obras públicas
foram efetivamente realizadas e os servidores que receberam os
benefícios estatutários efetivamente preencheram os requisitos legais,
sendo manifesta a boa-fé dos envolvidos. Assim, em razão dos fatos já
consumados, devem ser preservados os interesses dos terceiros de
boa-fé, que se beneficiaram dos pagamentos realizados com base nos
recursos obtidos a partir dos empréstimos externos.

Apesar disso, o Prefeito Municipal, que realizou a operação de


crédito externo à margem da ordem constitucional, utilizou os
respectivos recursos fora dos balizamentos constitucionais e ainda
deixou que sobejassem R$ 100.000,00 sem qualquer destinação, deve
ter suas contas julgadas irregulares.

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Por tratar-se de um advogado com profundos conhecimentos na


matéria, o conhecimento da ilicitude e o dolo do Prefeito são
manifestos, o que permite a sua responsabilização.

Nesse caso, como estamos perante verdadeiras contas de


gestão, não perante contas de governo, deve incidir o disposto no art.
71, II, da Constituição da República, de modo que o Tribunal de Contas
não se limitará a emitir parecer prévio das contas, a ser apreciado pela
Câmara dos Vereadores, devendo julgá-las. * caso o candidato
demonstre conhecer a distinção entre contas de governo e contas de
gestão, será aceito o posicionamento que defenda a incidência do
inciso I do art. 71 da Constituição da República, de modo que o Tribunal
de Contas se limitaria a emitir parecer prévio.

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Matéria: DIREITO ADMINISTRATIVO

Em licitação para a contratação de obra destinada à construção


de uma escola pública estadual, o instrumento convocatório: (I) não
se faz acompanhar do orçamento estimado da contratação; (II)
transfere a obrigação de elaborar o projeto básico para o contratado;
(III) prevê que a habilitação se dará após o julgamento das propostas
e somente em relação ao licitante vencedor; (IV) prevê fase recursal
única, na qual serão examinados os recursos relativos às propostas e
à habilitação.

Finda a licitação e no curso da execução contratual, o Ministério


Público representa ao Tribunal de Contas, solicitando providências
quanto a alegadas ilegalidades e inconstitucionalidades do edital do
certame e, por conseguinte, do próprio contrato.

Diante de tal contexto:

a - Analise separadamente a juridicidade de cada um dos itens


do edital acima mencionados, indicando os dispositivos constitucionais
e legais pertinentes;

b - Discorra sobre as providências que o Tribunal de Contas


poderá adotar, caso verificada alguma violação ao ordenamento
jurídico;

c - Explique os direitos da empresa contratada, caso a solução


do caso fosse a anulação do contrato.

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3.1 GABARITO FGV

I) Em primeiro lugar, o candidato deverá mencionar que o §3o


do art. 1º da Lei nº 12.462/2011, introduzido pela Lei nº 12.722/2012,
permitiu a aplicação do regime diferenciado de contratações às
licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de
engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino. Portanto, no
caso referido no enunciado, o candidato deveria indica a possibilidade
de aplicação do RDC à licitação em questão.

Em segundo lugar, o candidato deverá mencionar o disposto no


art. 6º, caput e §3º, da Lei federal nº 12.462/2011, que prevê a
divulgação do orçamento previamente estimado apenas e
imediatamente após o encerramento da licitação, salvo nos casos de o
critério de julgamento ser fundado no maior desconto ou no caso de
julgamento por menor técnica. Assim, na questão em tela, o orçamento
deve mesmo permanecer sigiloso, podendo ser revelado apenas aos
órgãos de controle interno e externo.

Em terceiro lugar, o candidato deverá mencionar o art. 9º, §1º,


da Lei nº 12.462/2011, para sustentar que se trata, na questão de uma
contratação integrada, na qual cabe ao contratado a elaboração do
projeto básico, além do projeto executivo. A adoção de tal modalidade
é viável, na espécie, desde que esteja técnica e economicamente
justificada.

Em quarto lugar, o candidato deverá mencionar que, nos termos


do art. 14, inciso II, da Lei nº 12.462/2011, a apresentação dos
documentos será exigida apenas do licitante vencedor, salvo inversão
de fases. Assim,

Em quinto lugar, o candidato deverá mencionar o art. 27 da Lei


nº 12.462/2011, que prevê a fase recursal única, na qual serão
analisados os recursos referentes às propostas ou lances e à

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habilitação do vencedor. Como não houve inversão de fases, na


espécie, o procedimento está juridicamente correto.

II) O candidato deve demonstrar conhecimento do art. 71, § 1º,


da CF/88, e da forma como a doutrina e a jurisprudência o tem
interpretado.

Isto é, o constituinte atribuiu ao Congresso Nacional a


competência primária para a sustação de contratos administrativos. É
verdade que o inciso IX do art. 71 da Constituição atribui à Corte de
Contas a competência para “assinar prazo para que o órgão ou
entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da
lei, se verificada ilegalidade”. Mas essa previsão é genérica ao lado
daquela – específica – prevista no §1º acima transcrito, a qual deve
prevalecer. Do contrário, restaria esvaziada.

Justamente por isso é que, a despeito de a jurisprudência do


Supremo Tribunal Federal reconhecer a possibilidade da adoção de
medidas (inclusive cautelares) pelos Tribunais de Contas capazes de
afetar diretamente os efeitos de contratos administrativos (STF, MS
26547 MC-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, j. em
06/06/2007, DJe 25/09/2009), esse controle deve ser tido por
excepcional e subsidiário, sob pena de desvirtuar-se a partilha de
competências estabelecida pelo legislador.

III) O candidato deverá mencionar o art. 39 da Lei nº


12.462/2011 para dizer que, nos termos de tal dispositivo, aplicar-se-
ia ao caso o art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993. Assim, a
nulidade do contrato não exoneraria a Administração do dever de
indenizar o contratado pelo que este houvesse executado até a data
em que ela fosse declarada e por outros prejuízos regularmente
comprovados contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a
responsabilidade de quem lhe deu causa.

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4.1 QUESTÃO

A Lei Complementar nº 101/2000 (LRF) foi aprovada no contexto


de um programa de estabilização fiscal, envolvendo os três entes da
federação, com o objetivo de definir normas de finanças públicas que
assegurem a responsabilidade na gestão fiscal.

Ao dispor as regras relacionadas à responsabilidade na gestão


fiscal, a LRF definiu os pilares da gestão fiscal responsável.

a - Identifique os pilares da gestão fiscal responsável definidos


na LRF;

b - Estabeleça a relação entre os pilares da gestão fiscal


responsável definidos na LRF e o equilíbrio fiscal das contas públicas;

c - Apresente critérios que podem ser adotados no


acompanhamento e na avaliação de cada um dos pilares da gestão
fiscal responsável;

d - Estabeleça um paralelo entre a estrutura de Federalismo


Fiscal vigente no Brasil e as disposições da LRF para alcançar o
equilíbrio das contas públicas.

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4.2 GABARITO FGV

Item A) O artigo 1º § 1º da LRF define que a responsabilidade na


gestão fiscal se baseia nos seguintes pilares: ação planejada
(PLANEJAMENTO) e transparente (TRANSPARÊNCIA), em que se
previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das
contas públicas (CONTROLE), mediante o cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites
(RESPONSABILIDADE NO CUMPRIMENTO DE METAS E LIMITES).

Item B) As relações entre os pilares da gestão fiscal responsável


definidos na LRF e o equilíbrio fiscal das contas públicas são:

PLANEJAMENTO: o planejamento está relacionado ao equilíbrio


fiscal porque o equilíbrio das contas decorre principalmente da
execução orçamentária; e o orçamento público consiste em um
instrumento de planejamento em que as variáveis são projetadas
tendo em vista as metas e limites fiscais para um exercício;

TRANSPARÊNCIA: a transparência relaciona-se ao equilíbrio


fiscal porque favorece a accountability e o controle social, ao criar um
fluxo de informações entre os diversos agentes políticos na definição e
condução das políticas públicas;

CONTROLE: o controle relaciona-se ao equilíbrio fiscal como


instrumento para garantir o atingimento dos objetivos das entidades:
eficácia e eficiência operacional; mensuração de desempenho e
divulgação financeira; proteção de ativos; cumprimento de leis e
regulamentações;

CUMPRIMENTO DE METAS E LIMITES: estão diretamente


relacionados ao equilíbrio das contas públicas, pois consistem em
indicadores relativos a despesas que têm impacto no equilíbrio das
contas: despesas com pessoal, dívidas consolidada e mobiliária,

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operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão


de garantia e inscrição em restos a pagar.

Item C) Os pilares da gestão fiscal responsável podem ser


acompanhados e avaliados de acordo com os seguintes critérios:

PLANEJAMENTO: De acordo com a perspectiva de análise, o


processo de planejamento e orçamento pode ser avaliado antes,
durante e depois da sua consecução. E pode ser avaliado sob a
perspectiva dos atores, seus papéis e competências, das normas que
orientam o processo, das fontes de recursos e preferências alocativas,
dos resultados e também da acurácia das previsões. Sob a perspectiva
da acurácia das previsões, análises quantitativas colaboram para
confrontar os números definidos na proposta orçamentária com os
resultados verificados após a execução do orçamento aprovado.

TRANSPARÊNCIA: Avaliação do cumprimento da divulgação dos


instrumentos de transparência fiscal detalhados na Lei Complementar
nº 131/2009: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias;
as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e
as versões simplificadas desses documentos; incentivo à participação
popular; e liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso
público (art. 48 da LRF);

CONTROLE: avaliação da existência e adequabilidade de sistema


de controle interno; parecer do tribunal de contas sobre a prestação
de contas em cada exercício.

RESPONSABILIDADE NO CUMPRIMENTO DE METAS E LIMITES:


indicadores de cumprimento de metas (resultado nominal e primário)
e de limites (despesas com pessoal, dívidas consolidada e mobiliária,

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operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão


de garantia e inscrição em restos a pagar).

Item D) O federalismo fiscal pode ser definido como a repartição


de responsabilidades entre os diferentes níveis de governo, no que
tange à arrecadação de tributos e à aplicação dos mesmos, com o
objetivo aumentar a eficiência do setor público (Mendes, 2004).
Relações fiscais eficientes e eficazes entre os níveis de governo são
ingredientes fundamentais para uma boa gestão fiscal, especialmente
em tempos em que a manutenção da trajetória de consolidação fiscal
está entre as principais prioridades políticas (Blöchliger & Vammalle,
2012).

Considerando a estrutura federativa brasileira, a esfera federal


tem dificuldade de lograr êxito no controle efetivo do déficit público
estadual e municipal sem estabelecer limites para os mesmos
(Giuberti, 2005). A responsabilidade fiscal pode ser concebida como
uma tentativa de moldar o comportamento fiscal dos entes federativos,
com o objetivo de criar condições para que a consolidação fiscal não
seja uma atribuição restrita ao governo central. Assim, o equilíbrio
fiscal pode não ser alcançado se houver esforços somente do governo
central, enquanto os entes subnacionais não tiverem limites para a
gestão dos seus recursos.

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5 CONSULTOR LEGISLATIVO

5.1 QUESTÃO

A Presidente da República decidiu vetar dispositivos do Projeto


de Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano de 20XX que tratam de
emendas parlamentares apresentadas em consonância com o Plano
Plurianual.

Foram vetados os seguintes dispositivos:

Artigo 41. A União priorizará a execução das despesas


decorrentes das emendas parlamentares apresentadas.

Artigo 42. As despesas decorrentes das emendas


parlamentares não serão objeto de limitação de empenho e de
movimentação financeira durante a execução orçamentária e
financeira.

As razões para o veto apresentadas pela Chefe do Poder


Executivo foram centradas na dificuldade que esses dispositivos
trariam para a gestão das finanças públicas no contexto da necessidade
de obtenção de superávit primário, além de desrespeitar o princípio
da impessoalidade ao priorizar a realização de despesa de iniciativa
parlamentar.

Elabore um parecer, fundamentado na Constituição


Federal – CF/88 e na Lei Complementar n. 101/2000 – Lei de
Responsabilidade Fiscal, para subsidiar a decisão dos
congressistas sobre esses vetos presidenciais.

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5.2 GABARITO FVG

Padrão de resposta (Parecer)

1.- O artigo 37 da Constituição Federal trata da impessoalidade


da Administração Pública e não se confunde com os dispositivos
constitucionais que devem ser observados no processo de
apresentação de emendas parlamentares ao Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias.

2.- O artigo 165, §2º, da Constituição Federal combinado com o


artigo 4º da Lei Complementar nº 101/2000, estabelece que a Lei de
Diretrizes Orçamentárias conterá, entre outros dispositivos, as
prioridades a serem observadas na elaboração da Lei Orçamentária
Anual.

3.- O artigo 166, §2º, da Constituição Federal assegura a


apresentação de emendas parlamentares e o § 4º assegura a
apresentação de emendas parlamentares compatíveis com o Plano
Plurianual.

4.- O artigo 9º, §2º da Lei Complementar nº 101/2000 determina


que a Lei de Diretrizes Orçamentárias poderá estabelecer as despesas
que não serão objeto de limitação de empenho e movimentação
financeira.

5.- A conclusão do parecer deve indicar a rejeição ao veto por


falta de amparo na legislação vigente.

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6 FGV - CONSULTOR LEGISLATIVO (SEN)/CONSULTORIA E


ASSESSORAMENTO EM ORÇAMENTOS/ASSESSORAMENTO
EM ORÇAMENTOS/2012

6.1 QUESTÃO

" É da tradição brasileira na área de finanças públicas associar


Planejamento ao Orçamento e, nesse sentido, a CF/88 reafirmou o
quanto disposto na Lei nº 4320/64 e no Decreto Lei nº 200/67, os quais
lançaram as bases fundamentais para a implantação do Orçamento
Programa, no Brasil. A primeira, ao estabelecer as normas gerais de
direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços das entidades governamentais, padronizou para a união,
estados, distrito federal e minicípios, o Modelo Orçamentário Brasileiro,
enquanto que o DL 200/67 estabeleceu a forma de organização do
Setor Público, além de colocar o Planejamento como um dos princípios
fundamentais de orientação da administração federal e, por extensão,
da administração estadual e municipal.

A CF/88 estabeleceu o arcabouço legal da relação entre


planejamento e orçamento, apresentando inovações importantes que
sedimentaram a referida relação, tais como o Plano Plurianual (PPA) e
a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

A Lei Complementar nº 101 – Lei de Responsabilidade Fiscal


(LRF) impôs normas de Planejamento e Controle das Contas Públicas,
estabelecendo critérios transparentes para a estimativa da Receita e
severos controles da Despesa Pública, definindo o conteúdo da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO), determinando modificações na
elaboração do Orçamento Programa (Lei Orçamentária Anual – LOA)
e em todo o processo de prestação de contas e fiscalização, buscando
assegurar a transparência na gestão fiscal".

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(VIGNOLI, Francisco H. – Legislação e Execução Orçamentária, p. 365, in Biderman, Ciro e


Arvate, Paulo - Economia do Setor Público no Brasil - Editora Campus – Rio de Janeiro, 2004)

Com base no texto acima, elabore uma dissertação, analisando


os seguintes aspectos:

1. a questão do Planejamento sob a ótica institucional/legal.

2. as modificações trazidas pela Lei Complementar nº 101 na


elaboração da Lei Orçamentária Anual – LOA.

3. a questão do controle estabelecido pela Lei Complementar


nº 101, principalmente no que diz respeito à importância dos limites
apresentados.

6.2 GABARITO FGV

Padrão de resposta (Questão dissertativa)

A resposta deverá apresentar necessariamente:

1. A associação entre Planejamento e Orçamento que está


presente na legislação brasileira que trata da matéria.

2. A obrigação de Disponibilizar a Metodologia de Cálculo da


Estimativa das Receitas (30 dias antes da entrega do Projeto de LOA).
A necessidade de apresentar Demonstrativo de compatibilidade com os
objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO.
Demonstrativo regionalizado do efeito sobre as Receitas e Despesas
decorrentes de isenção, anistias, subsídios e benefícios de natureza
financeira, tributária e creditícia bem como das medidas de
compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas
obrigatórias de caráter continuado. Quadro demonstrativo do
programa anual de trabalho do Governo, em termos de realização de
obras e prestação de serviços. Reserva de Contingência cuja utilização
e montante foram definidos na LDO.

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3. A Análise dos limites apresentados todos relacionados à


Receita Corrente Líquida.

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7 AUDITOR SUBSTITUTO (TCE-RJ)/2015

7.1 QUESTÃO

Um partido político de oposição à Prefeitura de determinado


município fluminense apresentou denúncia ao Tribunal de Contas do
Estado apontando a ocorrência de irregularidades nas contas da
Administração Municipal.

A denúncia deu ensejo à instauração de dois procedimentos de


tomadas de contas.

O primeiro destinou-se a apurar a existência de irregularidade


na contratação, com inexigibilidade de licitação, de empresa para a
prestação de serviços de cerimonial à Prefeitura, da qual é sócia-
gerente a irmã do Prefeito. A contratação foi autorizada diretamente
pelo Prefeito, na condição de ordenador de despesas.

O segundo procedimento teve como objeto a existência de


irregularidade no relatório de prestação anual de contas da Prefeitura,
quanto aos resultados financeiros da gestão, relativamente ao
montante do superávit fiscal informado para o atendimento dos
ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal. É que o Município tem
contrato com a Caixa Econômica Federal para que o banco faça a
gestão dos recursos públicos municipais. Porém, no último
quadrimestre do exercício de 2014, o Município atrasou os repasses à
Caixa dos recursos para que o banco honrasse o pagamento de
benefícios assistenciais de aluguel social e auxílio aleitamento
concedidos pela Prefeitura. A Caixa, porém, ainda assim, efetuou o
pagamento desses benefícios aos cadastrados no Programa Municipal.

Intimado pelo Tribunal de Contas do Estado a prestar explicações


quanto às contas apresentadas, o Prefeito quedou-se silente, mas os
Secretários municipais de Fazenda e de Assistência Social informaram

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que a retenção dos repasses ao banco gestor dos recursos públicos


deu-se por decisão de ambos e é procedimento frequente em diversas
esferas da Administração no país. Que a retenção estaria amparada no
contrato de prestação de serviços firmado e que os repasses foram
regularizados no primeiro trimestre do exercício em curso, não tendo
gerado prejuízo financeiro aos cofres públicos.

Como Auditor encarregado de ambos os casos e uma vez que os


fatos da denúncia foram confirmados na apuração, redija para cada
um, dispensado o resumo, o Relatório conclusivo, com as respectivas
propostas de encaminhamento para a apreciação pelo Corpo
Deliberativo da Corte de Contas.

7.2 GABARITO FGV

I. Em relação à primeira tomada de contas, o candidato deve


enfrentar a questão referente ao julgamento das contas do Prefeito
como ordenador de despesas, demonstrando conhecimento da
controvérsia existente no Poder Judiciário quanto à competência ou
não dos Tribunais de Contas para o julgamento das contas do Prefeito
quando este tiver atuado como ordenador de despesas. Apontar a
diferença entre contas de governo e contas de gestão. O candidato,
então, favorecendo a competência do TCE para a responsabilização do
Prefeito como ordenador de despesas, deve propor ao Colegiado o
julgamento da irregularidade das contas, a aplicação de multa ao
Prefeito e que seja determinada a declaração de nulidade do contrato.

II. Em relação à segunda tomada de contas, o candidato deve


examinar a matéria da responsabilização das contas de governo do
Prefeito (responsabilidade política) e, ainda, enfrentar a matéria à luz
dos preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal. A responsabilização do

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Chefe do Poder Executivo na conduta gerencial das finanças públicas


(como gestor fiscal, à luz da LC 101/2000). Exame, à luz da LRF, da
legitimidade da manobra adotada pelo Prefeito para aliviar as contas
municipais fabricando artificialmente superávit à custa da retenção dos
repasses de pagamentos ao banco gestor. Avaliação da caracterização
da manobra como operação de crédito indevida com a instituição
financeira. Propor o encaminhamento de parecer prévio conclusivo à
Câmara de Vereadores pelo desatendimento da LC 101/200, mas sem
a aplicação direta de penalidade ou sanção pelo TCE. Recomendação
de rejeição das contas do Prefeito à Câmara de Vereadores. Propor a
responsabilização do secretário de fazenda e de assistência social, que
executaram a medida, perante o TCE, como gestores ordinários das
finanças públicas. Exame do cabimento e aplicação das infrações
administrativas de multa de 30% dos vencimentos anuais do gestor e
de suspensão dos repasses voluntários. Proposta de encaminhamento
ao MP para a avaliação do cabimento da propositura de ação penal,
crime de responsabilidade (Lei Federal 10.028/2000).

III. O candidato, ainda, na elaboração dos dois relatórios, um


para cada tomada de contas, deve demonstrar o atendimento dos
atributos de qualidade previstos no no Manual de Auditoria do TCE/RJ:
objetividade, convicção, clareza, integridade, coerência, oportunidade,
apresentação, conclusão, padronização, linguagem pessoal e sem
considerações subjetivas.

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8 FGV - ANALISTA LEGISLATIVO (SEN)/APOIO TÉCNICO


AO PROCESSO LEGISLATIVO/PROCESSO
LEGISLATIVO/2012

8.1 QUESTÃO

Em sede de Comissão Parlamenta de Inquérito instalada no


Senado Federal para apurar supostas irregularidades na construção,
pelo governo federal, de usina hidrelétrica em determinada região do
país, após a oitiva de várias testemunhas, o Presidente da CPI o indaga
sobre a possibilidade de adoção das seguintes medidas, sob a
justificativa de serem imprescindíveis para o avanço das investigações:

I. quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônico do Presidente


da Comissão de Licitação do Órgão encarregado pela contratação das
construtoras responsáveis pelas obras, bem como de diversos
integrantes da diretoria dessas empresas, solicitando-se, ainda, em
caráter sigiloso, a interceptação das ligações telefônicas feitas a partir
dos números de celulares pertencentes aos aludidos investigados;

II. encaminhamento de ofício à Polícia Federal determinando que


proceda à busca e apreensão e documentos e computadores na sede
das construtoras contratadas para a realização das obras sob
investigação;

III. proibição de que advogados de testemunhas e indiciados


interfiram, em qualquer circunstância, nos depoimentos ainda a serem
prestados por seus clientes à Comissão, embora possam assistir às
inquirições;

IV. convocação, por via postal ou telefônica, de pessoa envolvida


com os fatos para prestar depoimento, a fim de que esclareça tudo o
que sabe, sob pena de condução coercitiva, com a advertência de que
não poderá se calar sobre fato relevante nem faltar com a verdade.
Caso contrário, poderá ser preso em flagrante.

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Analise a viabilidade de cada medida pretendida, indicando, se for o


caso, as adaptações que se façam necessárias para evitar possíveis
questionamentos em sede judicial. Fundamente toda a sua resposta.

8.2 GABARITO FGV

1) As decisões de quebra de sigilo devem ser adequadamente


motivadas relativamente a cada investigado, como se pode observar
das seguintes decisões do Supremo Tribunal Federal: MS 23452; MS
23454; MS 23491 = 1 ponto;

1.1) Se o candidato deixa de fazer referencia à motivação,


limitando-se a confirmar a possibilidade de a própria CPI
determinar a quebra: - 0,5

2) Não se admite a interceptação de comunicação telefônica; o


sigilo das comunicações somente pode ser violado por ordem judicial
(CF art. 5º, XII). A providência desejada está submetida à reserva de
jurisdição = 1 ponto;

2.1) Se o candidato não faz referência à reserva de


jurisdição, limitando-se a dizer que a CPI não pode determinar a
interceptação telefônica: -0,5

3) Sugestões de adaptações a serem procedidas nas medidas e


maior profundidade na abordagem do tema =1 ponto.

3.1) Se explora outros aspectos e declina expressamente a


sugestão: 0,5 por aspecto/sugestão, até o limite máximo de 1
ponto.

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Exemplos:

➢ pertinência entre as medidas determinadas e os atos sujeitos


à fiscalização;

➢ exigência de fundamentação em relação a cada indivíduo cujo


sigilo é violado;

➢ formulação de pedido dirigido ao Juízo;

➢ viabilidade da interceptação apenas para fins de investigação


criminal ou instrução processual penal;

➢ viabilidade da interceptação apenas se o fato investigado


constituir crime apenado com pena superior à detenção;

➢ fundamentação de cada ato de constrição calcada em fato


determinado;

➢ princípio da colegialidade/quórum de votação para aprovação


da medida (maioria absoluta dos membros);

➢ invalidação da prova produzida caso não seja respeitado o


procedimento/forma pertinentes.

4) A busca e apreensão de documentos também se sujeita à


reserva de jurisdição = 1,0 ponto.

4.1) Se o candidato não faz referência à reserva de


jurisdição, limitando-se a dizer que a CPI não pode determinar a
busca e apreensão: - 0,5

5) A garantia prevista no art. 5º, XI, da CF (inviolabilidade da


casa) é estendida também ao local onde se exerce uma profissão- STF
MS 23452; MS 23595; MS 23455 = 1,0 ponto.

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5.1) Se o candidato não refere à inviolabilidade do


domicílio, mas se limita a dizer da inviolabilidade do escritório,
sem esclarecer que esta é uma extensão daquela: - 0,5.

6) Sugestões de adaptações a serem procedidas nas medidas e


maior profundidade na abordagem do tema: 1,0 ponto.

6.1) Se explora outros aspectos e declina expressamente a


sugestão: 0,5 por aspecto/sugestão, até o limite máximo de 1
ponto.

Exemplos:

➢ direito à privacidade;

➢ extensão da inviolabilidade: fruto de construção


jurisprudencial;

➢ formulação de pedido dirigido ao Juízo;

➢ princípio da colegialidade/quórum de votação para aprovação


da medida (maioria absoluta dos membros);

➢ cautelares estão submetidas à reserva de jurisdição;

➢ invalidação da prova produzida caso não seja respeitado o


procedimento/forma pertinentes.

7) O advogado pode ter participação ativa na sessão, intervindo


quando conveniente à defesa de seu cliente e mantendo com este
contacto pessoal e direto = 1 ponto;

7.1) Se o candidato se limita a dizer que o advogado


participa, mas não pode interferir no depoimento, sem esclarecer
o que isso significa: - 0,5

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8) Sugestões de adaptações a serem procedidas nas medidas e


maior profundidade na abordagem do tema - 1 ponto.

8.1) Se explora outros aspectos e declina expressamente a


sugestão: 0,5 por aspecto/sugestão, até o limite máximo de 1
ponto.

Exemplos:

➢ direito à ampla defesa, ao devido processo legal;

➢ advogado pode ter acesso aos documentos da CPI, inclusive


aqueles classificados como de caráter reservado e sigiloso –
STF MS 23.756; MS 30.906 MC;

➢ inviolabilidade do exercício profissional;

➢ natureza inquisitiva do procedimento que, ainda assim,


permite a participação do advogado;

➢ depoimento: ato personalíssimo – o advogado não pode


substituir o cliente nas respostas;

➢ função do advogado: impedir o arbítrio, abuso, violação do


direito.

9) O STF já se pronunciou no sentido de que a convocação de


testemunhas e de indiciados deve obedecer ao disposto no Código de
Processo Penal, a respeito do chamamento de pessoas para participar
do processo. Por isso, não se admite a convocação por via postal ou
telefônica, somente a convocação pessoal - STF HC 71.421, despacho
do Min. Celso de Mello, pub. DJ 03.05.94 = 1 ponto;

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9.1) Se o candidato se limita a dizer que a convocação tem


que obedecer o CPP, sem esclarecer como deve ser feita: - 0,5

10) Há obrigação de comparecer para depor perante a Comissão.


O investigado, porém, não está sujeito à condução coercitiva (STF HC
83.703). Já a testemunha faltosa pode ser conduzida sob vara - STF
HC 71.039 = 1 ponto;

10.1) Se o candidato fala erroneamente em condução coercitiva


do envolvido: -0,5;

10.2) Se o candidato só trata da testemunha: - 0,5.

10.3) Se o candidato distingue as duas situações (embora o


enunciado da questão só fale, no ponto, nas pessoas envolvidas,
receberá ponto extra – v. 12)

11) Pessoa envolvida com os fatos não é mera testemunha, não


sendo obrigada a prestar termo de compromisso (STF HC – 88.015;
HC – 96.982; HC – 83.703). O depoente também não está obrigado a
responder perguntas em relação a fato que o incrimine, seja ele
testemunha ou indiciado, tendo em vista a garantia constitucional de
que ninguém é obrigado a se auto-incriminar (direito constitucional ao
silêncio - STF MS 23.452; HC 79244; HC 71.421). Admite-se, ainda,
que o depoente se recuse a responder perguntas dissociadas do objeto
da investigação, razão pela qual há necessidade de bem delimitar tal
objeto - STF MS23.576; MS23.466. Por fim, a testemunha pode calar-
se quando a matéria envolva sigilo profissional (art. 207 do CPP) – STF
HC 71.231. Feitas essas ressalvas, a testemunha convocada tem
obrigação de dizer a verdade sobre os fatos, não podendo se calar
sobre fato relevante que lhe esteja sendo indagado, sendo considerado
crime, nos termos do art. 4º, inciso II, da Lei 1.579/52, “fazer
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afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,


tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito”
= 1,0 ponto;

11.1) Para receber a pontuação completa, o candidato deve


mencionar que pessoa envolvida não é testemunha, tem direito
constitucional ao silêncio e não pode ser presa se exercer esse direito.

12) Sugestões de adaptações a serem procedidas nas medidas e


maior profundidade na abordagem do tema - 1 ponto.

12.1) Se o candidato explora outros aspectos e declina


expressamente a sugestão: 0,5 por aspecto/sugestão, até o limite
máximo de 1 ponto.

Exemplos:

Distinção entre testemunha X envolvido para efeitos de condução


coercitiva (testemunha pode ser conduzida coercitivamente, ao passo
que o envolvido não);

Inexistência de compromisso para pessoa envolvida;

Possibilidade de a própria testemunha invocar o direito ao


silencio caso a resposta conduza à autoincriminação;

Recusa à resposta caso a pergunta seja dissociada do objeto da


investigação;

Invocação do sigilo profissional como justificativa válida para a


ausência de resposta;

Apenas crime em flagrante dá ensejo à prisão pela CPI;

A pessoa envolvida é obrigada a comparecer, conforme


jurisprudência do STF, não podendo se valer de HC para furtar-se ao
comparecimento;

Etc.

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9 FGV - CONSULTOR LEGISLATIVO


(SEN)/CONSULTORIA E ASSESSORAMENTO EM
ORÇAMENTOS/ASSESSORAMENTO EM
ORÇAMENTOS/2012

9.1 QUESTÃO

A Presidente da República decidiu vetar dispositivos do Projeto


de Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano de 20XX que tratam de
emendas parlamentares apresentadas em consonância com o Plano
Plurianual.

Foram vetados os seguintes dispositivos:

Artigo 41. A União priorizará a execução das despesas


decorrentes das emendas parlamentares apresentadas.

Artigo 42. As despesas decorrentes das emendas


parlamentares não serão objeto de limitação de empenho e de
movimentação financeira durante a execução orçamentária e
financeira.

As razões para o veto apresentadas pela Chefe do Poder


Executivo foram centradas na dificuldade que esses dispositivos
trariam para a gestão das finanças públicas no contexto da necessidade
de obtenção de superávit primário, além de desrespeitar o princípio
da impessoalidade ao priorizar a realização de despesa de iniciativa
parlamentar.

Elabore um parecer, fundamentado na Constituição


Federal – CF/88 e na Lei Complementar n. 101/2000 – Lei de
Responsabilidade Fiscal, para subsidiar a decisão dos
congressistas sobre esses vetos presidenciais.

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9.2 GABARITO FGV

Padrão de resposta (Parecer)

1.- O artigo 37 da Constituição Federal trata da impessoalidade


da Administração Pública e não se confunde com os dispositivos
constitucionais que devem ser observados no processo de
apresentação de emendas parlamentares ao Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias.

2.- O artigo 165, §2º, da Constituição Federal combinado com o


artigo 4º da Lei Complementar nº 101/2000, estabelece que a Lei de
Diretrizes Orçamentárias conterá, entre outros dispositivos, as
prioridades a serem observadas na elaboração da Lei Orçamentária
Anual.

3.- O artigo 166, §2º, da Constituição Federal assegura a


apresentação de emendas parlamentares e o § 4º assegura a
apresentação de emendas parlamentares compatíveis com o Plano
Plurianual.

4.- O artigo 9º, §2º da Lei Complementar nº 101/2000 determina


que a Lei de Diretrizes Orçamentárias poderá estabelecer as despesas
que não serão objeto de limitação de empenho e movimentação
financeira.

5.- A conclusão do parecer deve indicar a rejeição ao veto por


falta de amparo na legislação vigente.

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10 FGV - CONSULTOR LEGISLATIVO


(SEN)/CONSULTORIA E ASSESSORAMENTO EM
ORÇAMENTOS/ASSESSORAMENTO EM
ORÇAMENTOS/2012

10.1 QUESTÃO

" É da tradição brasileira na área de finanças públicas associar


Planejamento ao Orçamento e, nesse sentido, a CF/88 reafirmou o
quanto disposto na Lei nº 4320/64 e no Decreto Lei nº 200/67, os quais
lançaram as bases fundamentais para a implantação do Orçamento
Programa, no Brasil. A primeira, ao estabelecer as normas gerais de
direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços das entidades governamentais, padronizou para a união,
estados, distrito federal e minicípios, o Modelo Orçamentário Brasileiro,
enquanto que o DL 200/67 estabeleceu a forma de organização do
Setor Público, além de colocar o Planejamento como um dos princípios
fundamentais de orientação da administração federal e, por extensão,
da administração estadual e municipal.

A CF/88 estabeleceu o arcabouço legal da relação entre


planejamento e orçamento, apresentando inovações importantes que
sedimentaram a referida relação, tais como o Plano Plurianual (PPA) e
a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

A Lei Complementar nº 101 – Lei de Responsabilidade Fiscal


(LRF) impôs normas de Planejamento e Controle das Contas Públicas,
estabelecendo critérios transparentes para a estimativa da Receita e
severos controles da Despesa Pública, definindo o conteúdo da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO), determinando modificações na
elaboração do Orçamento Programa (Lei Orçamentária Anual – LOA)

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e em todo o processo de prestação de contas e fiscalização, buscando


assegurar a transparência na gestão fiscal".
(VIGNOLI, Francisco H. – Legislação e Execução Orçamentária, p. 365, in Biderman, Ciro e
Arvate, Paulo - Economia do Setor Público no Brasil - Editora Campus – Rio de Janeiro, 2004)

10.2 GABARITO FGV

Padrão de resposta (Questão dissertativa)

A resposta deverá apresentar necessariamente:

1. A associação entre Planejamento e Orçamento que está


presente na legislação brasileira que trata da matéria.

2. A obrigação de Disponibilizar a Metodologia de Cálculo da


Estimativa das Receitas (30 dias antes da entrega do Projeto de LOA).
A necessidade de apresentar Demonstrativo de compatibilidade com os
objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO.
Demonstrativo regionalizado do efeito sobre as Receitas e Despesas
decorrentes de isenção, anistias, subsídios e benefícios de natureza
financeira, tributária e creditícia bem como das medidas de
compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas
obrigatórias de caráter continuado. Quadro demonstrativo do
programa anual de trabalho do Governo, em termos de realização de
obras e prestação de serviços. Reserva de Contingência cuja utilização
e montante foram definidos na LDO.

3. A Análise dos limites apresentados todos relacionados à


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(SEN)/CONSULTORIA E ASSESSORAMENTO
LEGISLATIVO/DIREITO CONSTITUCIONAL,
ADMINISTRATIVO, ELEITORAL E PROCESSO
LEGISLATIVO/2012

11.1 QUESTÃO

A Exma. Sra. Presidente da República envia ao Congresso


Nacional projeto de lei para criação de agência nacional responsável
pelos serviços de telecomunicação, entidade integrante da
Administração Pública Federal indireta, submetida a regime autárquico
especial e vinculada ao Ministério das Telecomunicações, com a função
de regular as telecomunicações. O artigo 10 do projeto contém a
seguinte redação.

"Art. 10 – À Agência compete adotar as medidas necessárias para o


atendimento do interesse público e para o desenvolvimento
das telecomunicações brasileiras, atuando com independência, imparcialidade,
legalidade, impessoalidade e publicidade e, especialmente:

I – expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição dos serviços de


telecomunicações no regime público;

II – expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no


regime privado."

Discutida a possível violação ao disposto pela Constituição da


República de 1988 nos artigos 2º (São Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário); 21, XI (Compete à União: XI – explorar, diretamente ou

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mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de


telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização
dos serviços, a criação de um orgão regulador e outros aspectos
institucionais); e 48, XII (Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção
do Presidente da República, não exigida esta para especificado nos
arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre: XII – telecomunicações e radiodifusão),
o Exmo. Sr. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do
Senado Federal solicitou-lhe a redação de parecer na qual seja
examinada a constitucionalidade do artigo transcrito do projeto.

A elaboração do parecer deve analisar a possível infração aos


dispositivos constitucionais indicados, bem como apresentar
posicionamento sobre os limites do exercícios do poder normativo pela
agência reguladora.

11.2 GABARITO FGV

O candidato deverá observar, ao analisar a aplicação do art. 2º,


da Constituição da República de 1988, que a teoria rígida da separação
dos poderes fora concebida para modelo de Estado que não mais se
ajusta à atual realidade econômica, social, política e jurídica, razão por
que as agências, como novos núcleos da administração, “significam
uma opção de organização estatal para minorar problemas e
dificuldades geradas pela ampliação da complexidade social e
transformação das funções reservadas ao Estado” (Marçal Justen Filho.
O Direito das agências reguladoras independentes. São Paulo:
Dialética, 2002, p. 353).

Além disso, ao considerar a eventual violação aos arts. 21, XI, e


48, XII, da Constituição da República, cumprirá destacar que a

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regulação deve ser realizada como atividade administrativa de


intervenção no domínio econômico, o que por si não configura
“usurpação de atividade legislativa” (Marcos Juruena Villela Souto.
“Extensão do poder normativo das agência reguladoras”. In O poder
normativo das agências reguladoras. Alexandre Santos Aragão
(coord.). Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 126). O princípio da
legalidade, sem que haja compromisso com posição doutrinária
favorável à transferência de competências legislativas ao
administrador, pode ser interpretado de forma harmônica com o poder
normativo das agências para que seja‐lhes reconhecida a possibilidade
de complementar espaços não jungidos à disciplina legal, tendo‐se em
vista que o “sentido moderno da legalidade vê na lei não tanto uma
condição e um limite, mas, basicamente um instrumento de exercício
da atividade administrativa” (Tércio Sampaio Ferraz Júnior. “O poder
normativo das agência reguladoras à luz do princípio da eficiência”. In
O poder normativo das agências reguladoras. Alexandre Santos Aragão
(coord.). Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 283)

Portanto, para coadunar o parecer com o posicionamento


adotado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento da ADI 1668‐
DF (Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 16.04.2004), candidato deverá
assinalar que a constitucionalidade do projeto de lei está atrelada à
modificação de redação ou à enunciação, no corpo do projeto de lei, de
que a competência da agência “para expedir normas subordina‐se aos
preceitos legais e regulamentares que regem a outorga, prestação e
fruição dos serviços de telecomunicações no regime público e no
regime privado”.

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12 FGV - CONSULTOR LEGISLATIVO


(SEN)/CONSULTORIA E ASSESSORAMENTO
LEGISLATIVO/DIREITO CONSTITUCIONAL,
ADMINISTRATIVO, ELEITORAL E PROCESSO
LEGISLATIVO/2012

12.1 QUESTÃO

Em acórdão prolatado no julgamento da ADI 3.128-DF (DJ


18.02.2005), o Supremo Tribunal Federal examinou pedido para que
fosse declarada a inconstitucionalidade do art. 4º, da Emenda
Constitucional nº 41/2003, porquanto a cobrança de contribuição
previdenciária de servidores públicos aposentados violaria direito
adquirido e, por conseguite, infringiria cláusula pétrea.

O Exmo. Sr. Ministro Joaquim Barbosa, em seu voto, destacou:

"Contudo, ante a amplitude desmesurada que se lhe quer atribuir, vejo a


teoria das cláusulas pétreas como uma construção conservadora,
antidemocrática, não razoável, com uma preocupação oportunista e utilitarista
a fazer abstração de vários outros valores igualmente protegidos pelo nosso
sistema constitucional."

Em contrapartida, o Exmo. Sr. Ministro Carlos Ayres Britto


afirmou:

"Sr. Presidente, quando o Ministro Joaquim Barbosa falou que as futuras


gerações estariam sendo sacrificadas pela geração contemporânea da
Constituição, lembrei-me de um argumento muito usado pelos
constitucionalistas – logo chamados de neoconstitucionalistas europeus, que
justificavam a reforma de constituições, inclusive de cláusulas pétreas, para
possibilitar o ingresso de Estados na União Europeia – e o argumento era

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exatamente esse, uma geração não pode sacrificar a outra, não tem o direito de
emparedar o futuro. Acontece que há uma diferença entre geração e nação. A
Constituição originária é obra de que? Da nação (...). E, dentro de uma mesma
nação, as gerações vão se sucedendo. Toda nação é multigeracional. Não há
espaço para uma geração se sentir oprimida por outra se a nação permanece a
mesma (...)."

Considerando as distintas interpretações apresentadas,


conceitue cláusulas pétreas e analise o seu significado para o
exercício do poder constituinte derivado.

12.2 GABARITO FGV

Padrão de resposta (Questão dissertativa)

O candidato deverá apresentar o conceito de cláusula pétrea


como limite material ao conteúdo da reforma constitucional,
destacando que, sua existência pode ser expressa ou extraída
implicitamente da Constituição (cf. Nélson de Souza Sampaio. O Poder
de reforma constitucional. 3. ed. atualizada por Uadi Lamêgo Bulos.
Belo Horizonte: Nova Alvorada, 1995).

A explanação das cláusulas pétreas deve esclarecer as distinções


entre o poder constituinte originário e o poder constituinte derivado,
destacando que elas são concebidas como forma de preservação
reforçada de valores considerados mais importantes pelo constituinte
originário. Nesse sentido, o candidato deverá esclarecer se as cláusulas
pétreas também podem ser objeto de reforma constitucional, ainda
que cogitada a dupla revisão (cf. Manoel Gonçalves Ferreira Filho. O
Poder constituinte. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 179, 182. José
Afonso da Silva. Poder constituinte e poder popular (estudos sobre a
Constituição). São Paulo: Malheiros, 2000, p. 246).

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Ao destacar o significado das cláusulas pétreas para o exercício


do poder constituinte derivado, o candidato deverá indicar a
possibilidade de conflito entre as escolhas feitas pelo constituinte
originário e a deliberação democrática superveniente (Maurício Antonio
Ribeiro Lopes. Poder constituinte reformador: limites e possibilidades
da revisão constitucional brasileira. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1993, p. 148), com ênfase na possibilidade de modificação das opções
feitas pela soberania popular, na preservação dos direitos
fundamentais e no argumento contramajoritário (Jon Elster. Ulysses
unbound: studies in rationality, precommitment, and constraints.
Cambridge: Cambridge: University Press, 2000). O exame das
possibilidades contrapostas do significado das cláusulas pétreas deverá
ser destacado no exercício do controle de constitucionalidade,
indicando se a aferição da comptabilidade de uma emenda à
constituição deve adotar uma posição restritiva ou reforçar os valores
adotados pelo constituinte originário (cf. Bruce Ackerman. We the
People. Vol. I. Foundations. Cambridge: Cambridge University Press,
1999, p. 139).

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13 FGV - CONSULTOR LEGISLATIVO


(SEN)/CONSULTORIA E ASSESSORAMENTO
LEGISLATIVO/POLÍTICA ECONÔMICA E SISTEMA
FINANCEIRO/2012

13.1 QUESTÃO

PROJETO DE RESOLUÇÃO DO SENADO Nº XXX, DE 2012

Dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida


pública consolidada e da dívida pública mobiliária da União, em
atendimento ao disposto no art. 48, XIV e no art. 52, VI da
Constituição Federal, bem como do art. 30, incisos I e II da Lei
Complementar nº 101, de 04/05/2000.

O SENADO FEDERAL resolve:

Art. 1º Subordinam-se às normas estabelecidas nesta


Resolução a dívida pública consolidada e a dívida pública mobiliária da
União.

§ 1º Considera-se, para os fins desta Resolução, as seguintes


definições:

I. União: a respectiva administração direta, os fundos, as


autarquias, as fundações e as empresas estatais dependentes;

II. empresa estatal dependente: empresa controlada pela


União, que tenha recebido, no exercício anterior, recursos financeiros
de seu controlador destinados ao pagamento de despesas com pessoal,
de custeio em geral ou de capital, excluídos, neste último caso, aqueles
provenientes de aumento de participação acionária, e tenha, no
exercício corrente, autorização orçamentária para recebimento de
recursos financeiros com idêntica finalidade;

III. dívida pública consolidada: montante total, apurado sem


duplicidade, das obrigações financeiras da União, inclusive as

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decorrentes da emissão de títulos, assumidas em virtude de leis,


contratos, convênios ou tratados, da realização de operações de crédito
para amortização em prazo superior a 12 (doze) meses, dos
precatórios judiciais emitidos a partir de 5 de maio de 2000 e não pagos
durante a execução do orçamento em que hajam sido incluídos e das
operações de crédito que, embora de prazo inferior a 12 (doze) meses,
tenham constado como receitas no orçamento;

IV. dívida consolidada líquida: dívida pública consolidada


deduzidas as disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os
demais haveres financeiros;

V. dívida pública mobiliária: dívida pública representada por


títulos emitidos pela União;

VI. receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias,


de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços,
transferências correntes e outras receitas também correntes,
deduzidos os valores transferidos aos Estados e Municípios por
determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas
na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da
Constituição.

Art. 2º A dívida consolidada líquida da União, ao final do terceiro


exercício financeiro contado a partir do encerramento do ano de
publicação desta Resolução, não poderá exceder duas vezes a receita
corrente líquida, definida na forma do art. 1º, inciso VI.

Art. 3º A dívida mobiliária da União, ao final do terceiro


exercício financeiro contado a partir do encerramento do ano de
publicação desta Resolução, não poderá exceder a 40% do valor do
Produto Interno Bruto do país, em cada ano.

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Art. 4º No período compreendido entre a data da publicação


desta Resolução e o final do terceiro exercício financeiro a que se
referem os Artigos 2º e 3º, serão observadas as seguintes condições:

I. O excedente em relação aos limites previstos no art. 3º


apurado ao final do exercício do ano da publicação desta Resolução
deverá ser reduzido, no mínimo, à proporção de 1/3 (um terço) a cada
exercício financeiro;

II. para fins de acompanhamento da trajetória de ajuste dos


limites de que tratam os arts. 2º e 3º, as relações entre o montante
da dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida, bem como a
relação entre a dívida mobiliária e o Produto Interno Bruto, serão
apuradas a cada quadrimestre civil e consignadas no Relatório de
Gestão Fiscal a que se refere o art. 54 da Lei Complementar nº 101,
de 2000;

Parágrafo único: Após o prazo a que se refere o caput, a


inobservância dos limites estabelecidos nos arts. 2º e 3º resultará na
impossibilidade de emissão e venda de novos títulos de dívida
mobiliária pela União.

Art. 5º Esta Resolução entra em vigor em 1º de julho de 2012.

Sobre a proposição legislativa acima, profira parecer


englobando as principais questões.

13.2 GABARITO FGV

A crise financeira internacional deixou lições importantes sobre a


importância de se adotar uma gestão fiscal prudente e consistente,
fundamentada na manutenção de orçamentos públicos equilibrados e
em controles rigorosos sobre a dívida pública. Assim, observou‐se que
os países que foram irresponsáveis na sua política fiscal foram os que

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mais sofreram com os impactos iniciais da crise e continuam a sofrer,


mesmo quatro anos depois da eclosão da crise em 2008. Em
consequência, esses países enfrentam forte queda no crescimento
econômico e elevadas taxas de desemprego, além de instabilidade
política e social.

Já os países que optaram por praticar de forma consistente


políticas fiscais prudentes foram os que menos sofreram os impactos
iniciais da crise e os que se recuperaram mais rapidamente dos seus
efeitos. Dentre esses, encontra‐se o Brasil, que adotou no ano de 2000
um conjunto de normas, consubstanciadas na Lei Complementar nº
101, de 2000, que impôs a todos os poderes e a todos os entes da
federação uma rigorosa disciplina fiscal. Uma das normas da citada Lei
que ainda depende de regulamentação por parte do Senado Federal é
a imposição de limites ao endividamento e um teto para a dívida
mobiliária da União. A presente Proposta de Resolução busca preencher
essa lacuna.

São definidos dois níveis de limite para a dívida da União. O


primeiro estabelece que a relação entre a dívida consolidada líquida e
a receita corrente líquida da união não deve ser superior a 2, aceitando‐
se um período máximo de 3 anos para que esse limite seja alcançado.
Esse limite, por um lado, não está muito distante do nível atual da
relação entre dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida ,
que se encontra em torno de 2,5 e, por outro lado, é o mesmo imposto
aos Estados, o que resultaria num tratamento isonômico entre os
Estados e a União. Além disso, a trajetória dessa relação tem caído de
forma consistente desde 2001, quando era de 3,4, alcançado um nível
pouco acima de 2 nos anos recentes.

O segundo limite estabelece um teto para a dívida mobiliária da


União, em relação ao PIB (produto interno bruto). O limite definido
para o montante da dívida, de 40% do PIB é, também, coerente com

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o nível atual, da ordem de 48% e com a trajetória da dívida que caiu


cerca de 8 pontos em relação ao PIB nos últimos 5 anos.

O estabelecimento desses novos limites consolida o arcabouço


institucional criado pela Lei Complementar nº 101 e fortalece a imagem
do país junto aos mercados financeiros doméstico e internacional, o
que deve trazer benefícios para o país no médio e no longo prazo, na
forma de menores custos para a dívida pública e de maiores
investimentos para o país.

SENADOR FULANO DE TAL

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14 FGV - CONSULTOR LEGISLATIVO (SEN)/CONSULTORIA


E ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO/POLÍTICA
ECONÔMICA E SISTEMA FINANCEIRO/2012

14.1 QUESTÃO

A evolução recente da taxa de câmbio entre o Real e o Dólar


Americano ( R$/US$) no mercado cambial tem causado considerável
preocupação e polêmica.

A respeito desse assunto, discuta e avalie:

1. as características dos regimes cambiais fixo e flutuante, em


termos de suas consequências para as políticas monetária e fiscal
brasileiras;

2. a influência sobre o balanço de pagamentos brasileiro da


política de grandes emissões monetárias praticada nos Estados Unidos
da América e na Europa;

3. a relação entre a evolução cambial R$/US$ e a possível


desindustrialização no Brasil.

14.2 GABARITO FGV

Suponha uma situação de mobilidade elevada dos capitais


financeiros internacionais, como é o caso do mundo atual, e um país
financeiramente pequeno em relação ao resto do mundo, como é o
caso do Brasil. Se na situação inicial houvesse equilíbrio
macroeconômico, teríamos:

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PMJ Consultoria

1) No caso do regime cambial fixo e de uma política monetária


expansiva, por exemplo, esta causaria um déficit no balanço de
pagamentos devido à tendência de redução da taxa de juros doméstica
e à deterioração do balanço comercial (graças ao maior nível de renda
doméstica). As perdas de reservas internacionais não poderiam ser
mantidas indefinidamente, levando a uma eventual contração
monetária, desfazendo‐se o efeito inicial. Uma política monetária
contracionista teria um efeito simétrico, e também temporário.

No caso do regime cambial flutuante e de uma política monetária


expansiva haveria uma desvalorização cambial da moeda doméstica,
aumentando a demanda líquida externa pelos bens e serviços da
economia. O aumento de renda seria maior e permanente, o que torna
a política monetária bem mais efetiva no regime de câmbio flutuante
do que no fixo.

2) No caso do regime cambial fixo e de uma política fiscal


expansiva, por exemplo, haveria um superávit no balanço de
pagamentos, pois o efeito da maior taxa de juros tenderia a suplantar
o efeito da maior renda doméstica no balanço comercial (graças à
grande mobilidade de capital). Os ganhos em reservas internacionais
eventualmente levariam a uma expansão monetária doméstica
multiplicando‐se o efeito expansivo inicial da política fiscal sobre a
renda. Uma política fiscal contracionista teria um efeito simétrico.

No caso de um regime cambial flutuante e de uma política fiscal


expansiva haveria uma valorização cambial da moeda doméstica,
reduzindo a demanda líquida externa e desfazendo total ou
parcialmente o efeito fiscal expansivo. A política fiscal no regime
flutuante é bem menos efetiva do que no regime de cambio fixo.

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PMJ Consultoria

As grandes emissões monetárias no exterior baixaram as taxas


de juros no estrangeiro e aumentaram muito a oferta mundial de
recursos financeiros. Logo, vem ocorrendo uma grande entrada de
capitais financeiros no Brasil, alterando a taxa de câmbio R$/US$ no
sentido de valorização do real. A conta de capital do balanço de
pagamentos brasileiro tornou‐se fortemente superavitária.

A expansão monetária externa não tem tido um efeito


expansionista marcante sobre a produção e a renda no exterior (pois,
há uma armadilha da liquidez). Portanto, não há um efeito renda
expansionista marcante sobre as exportações brasileiras, prejudicadas
pela valorização cambial do real. Esta também facilitou a entrada de
importados no Brasil. A conta corrente do balanço de pagamentos do
Brasil tornou-se então deficitária.

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PMJ Consultoria

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15 FGV - TÉCNICO LEGISLATIVO (SEN)/APOIO TÉCNICO


E ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2012

Com base nos princípios da Administração Pública, discorra sobre


como eles se articulam à Lei de Improbidade Administrativa, discutindo
seu pano de fundo histórico e o contexto contemporâneo.

15.1 GABARITO FGV

1) O candidato deverá citar os seguintes princípios da


Administração Pública: (4,0 pontos)

“Supraprincípios” ou “superprincípios” do Direito Administrativo,


especialmente o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público;

Princípio da Legalidade;

Princípio da Impessoalidade;

Princípio da Moralidade;

Princípio da Publicidade e o Princípio da Eficiência.

Deve, ainda, caracterizar o Princípio da Legalidade, e


fundamentar o Princípio da Moralidade, por possuírem estreita relação
com o tema.

2) Com relação à Lei de Improbidade, o candidato deve: (4,0


pontos)

➢ Articular o princípio constitucional da moralidade e a


improbidade administrativa;

➢ Citar a Lei de Improbidade Administrativa (LIA) ou L. 8429.92


que regulamentou o dispositivo constitucional (art.37 §4º)
(não sendo exigido a citação do dispositivo);

54
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PMJ Consultoria

➢ Avaliar a improbidade administrativa como um dos


instrumentos de defesa da moralidade;

➢ Caracterizar a probidade administrativa;

➢ Indicar o enriquecimento ilícito e o prejuízo ao Erário, como


espécies de atos de improbidade;

➢ Citar atos que atentem contra princípios administrativos,


como espécie de ato de improbidade;

➢ Indicar penalidades previstas na LIA, tais como ressarcimento


do dano, perda de função pública, suspensão dos direitos
políticos, pagamento de multa etc.

3) O candidato deve analisar as seguintes condições históricas:


(2,0 pontos)

A redemocratização do país, após seguidos governos ditatoriais;

A promulgação da Constituição de 1988, a “constituição cidadã”;

A edição da LIA para atender aos anseios da sociedade no


combate à corrupção e à impunidade no setor público;

As legislações anteriores à CRFB/88 somente previam atos que


importassem prejuízo ao Erário ou enriquecimento ilícito. LIA passa a
definir atos de improbidade de forma mais ampla.

4) Com relação ao contexto contemporâneo, o candidato deve


analisar: (2,0 pontos)

A maior transparência na gestão da Administração Pública;

O aumento da participação da sociedade civil na Administração


Pública;

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PMJ Consultoria

O papel do Tribunal de Contas, CGU, e, sobretudo, do Ministério


Público (um dos legitimados ativos na propositura da ação de
improbidade) e a importância dos meios de comunicação na
“fiscalização” dos administradores públicos, com base no direito à
liberdade de expressão e de imprensa.

Espelho de Correção

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16 FGV - AUDITOR SUBSTITUTO (TCE-RJ)/2015

16.1 QUESTÃO

A lei orçamentária anual de determinado Município autorizou a


contração de despesas para a realização de obras públicas, no
respectivo exercício, no valor de R$ 1.000.000,00, tendo autorizado,
igualmente, a contratação de empréstimo externo na ordem de R$
1.500.000,00, o que viabilizaria a realização da integralidade das
referidas obras.

O empréstimo foi efetivamente contraído, a partir de decisão do


Prefeito Municipal, advogado especialista em direito constitucional e
financeiro, e as obras públicas empenhadas, contratadas, liquidadas e
efetivamente pagas, tudo no mesmo exercício financeiro. Na medida
em que, em razão do valor do referido empréstimo, sobejou
disponibilidade financeira, o Prefeito Municipal encaminhou projeto de
lei à Câmara Municipal solicitando a abertura de créditos adicionais no
valor de R$ 400.000,00, que seriam destinados ao pagamento de
despesas de pessoal, isso em razão de benefícios estatutários
instituídos no mesmo exercício financeiro. Em virtude da grande
divisão de forças políticas no Poder Legislativo, a Câmara Municipal,
composta por nove integrantes, aprovou o projeto com o voto de
quatro dos sete vereadores presentes à sessão. Com a sanção e a
entrada em vigor da lei, o Prefeito Municipal, em solenidade muito
concorrida, deferiu os benefícios requeridos por cada um dos
servidores interessados e determinou o respectivo pagamento.

No ano seguinte, observados os prazos previstos na ordem


jurídica, o Prefeito Municipal encaminhou, ao Tribunal de Contas
competente, as contas correspondentes às despesas descritas na
presente narrativa.

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Considerando os distintos aspectos jurídicos envolvidos na


narrativa, redija a decisão a ser proferida pelo Tribunal de Contas a
respeito das contas, devidamente fundamentada, dispensada a
elaboração de ementa e relatório.

16.2 GABARITO FGV

O primeiro aspecto a ser considerado diz respeito à


constitucionalidade da lei orçamentária do Município. De acordo com o
art. 167, III, da CR/1988, é vedada a realização de operações de
crédito que excedam o montante das despesas de capital. Em outras
palavras, operações dessa natureza, como soem ser os empréstimos,
não podem superar o limitador oferecido pelo incremento do
patrimônio estatal, como se dá com a realização de obras públicas. As
despesas correntes, como aquelas concernentes aos gastos com
pessoal, possuem caráter contínuo e devem ser custeadas por receitas
igualmente contínuas, não por aquelas que geram endividamento do
Poder Público. Na medida em que as despesas com obras públicas
alcançaram a cifra de R$ 1.000.000,00 e, o empréstimo, o valor de R$
1.500.000,00, é nítida a inconstitucionalidade da lei orçamentária na
parte em que autorizou a contração do empréstimo.

Na hipótese concreta, a autorização para a abertura de créditos


adicionais (rectius: especiais) somente ocorreu a posteriori, logo, não
há que se falar na aplicação da exceção constante da parte final do art.
167, III, já que as operações não foram “autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta”. Em verdade, a operação de
crédito foi realizada em momento anterior.

Não bastasse isso, os créditos especiais não foram autorizados


pela maioria absoluta dos membros do Poder Legislativo, tal qual
exigido pelo referido comando constitucional. Ainda merece lembrança

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que, do valor arrecadado com o empréstimo, o montante de R$


100.000,00 não teve qualquer destinação dada pelo Município, o que
configura nítida afronta ao referencial de legitimidade, contemplado no
art. 70, caput, da CR/1988, já que a administração municipal foi
endividada sem necessidade.

Há, ainda, outro vício de inconstitucionalidade na lei municipal,


de muito maior gravidade, isso em razão da afronta ao art. 52, V, da
Constituição da República, preceito que confere, ao Senado Federal,
competência privativa para autorizar operações externas de natureza
financeira de interesse do Município. Portanto, a integralidade do
empréstimo externo teria sido irregular.

À luz do exposto, deve o Tribunal de Contas, com base na Súmula


nº 347 do Supremo Tribunal Federal, realizar o controle de
constitucionalidade da lei municipal e, em razão de sua manifesta
inconstitucionalidade, deixar de reconhecer a sua validade. Apesar da
invalidade da lei municipal, o que se observa é que as obras públicas
foram efetivamente realizadas e os servidores que receberam os
benefícios estatutários efetivamente preencheram os requisitos legais,
sendo manifesta a boa-fé dos envolvidos. Assim, em razão dos fatos já
consumados, devem ser preservados os interesses dos terceiros de
boa-fé, que se beneficiaram dos pagamentos realizados com base nos
recursos obtidos a partir dos empréstimos externos.

Apesar disso, o Prefeito Municipal, que realizou a operação de


crédito externo à margem da ordem constitucional, utilizou os
respectivos recursos fora dos balizamentos constitucionais e ainda
deixou que sobejassem R$ 100.000,00 sem qualquer destinação, deve
ter suas contas julgadas irregulares.

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Por tratar-se de um advogado com profundos conhecimentos na


matéria, o conhecimento da ilicitude e o dolo do Prefeito são
manifestos, o que permite a sua responsabilização.

Nesse caso, como estamos perante verdadeiras contas de


gestão, não perante contas de governo, deve incidir o disposto no art.
71, II, da Constituição da República, de modo que o Tribunal de Contas
não se limitará a emitir parecer prévio das contas, a ser apreciado pela
Câmara dos Vereadores, devendo julgá-las. * caso o candidato
demonstre conhecer a distinção entre contas de governo e contas de
gestão, será aceito o posicionamento que defenda a incidência do
inciso I do art. 71 da Constituição da República, de modo que o Tribunal
de Contas se limitaria a emitir parecer prévio.

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17 FGV - AUDITOR SUBSTITUTO (TCE-RJ)/2015

17.1 QUESTÃO

Em licitação para a contratação de obra destinada à construção


de uma escola pública estadual, o instrumento convocatório: (I) não
se faz acompanhar do orçamento estimado da contratação; (II)
transfere a obrigação de elaborar o projeto básico para o contratado;
(III) prevê que a habilitação se dará após o julgamento das propostas
e somente em relação ao licitante vencedor; (IV) prevê fase recursal
única, na qual serão examinados os recursos relativos às propostas e
à habilitação.

Finda a licitação e no curso da execução contratual, o Ministério


Público representa ao Tribunal de Contas, solicitando providências
quanto a alegadas ilegalidades e inconstitucionalidades do edital do
certame e, por conseguinte, do próprio contrato.

Diante de tal contexto:

a - Analise separadamente a juridicidade de cada um dos itens


do edital acima mencionados, indicando os dispositivos constitucionais
e legais pertinentes;

b - Discorra sobre as providências que o Tribunal de Contas


poderá adotar, caso verificada alguma violação ao ordenamento
jurídico;

c - Explique os direitos da empresa contratada, caso a solução


do caso fosse a anulação do contrato.

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17.2 GABARITO FGV

I) Em primeiro lugar, o candidato deverá mencionar que o §3o


do art. 1º da Lei nº 12.462/2011, introduzido pela Lei nº 12.722/2012,
permitiu a aplicação do regime diferenciado de contratações às
licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de
engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino. Portanto, no
caso referido no enunciado, o candidato deveria indica a possibilidade
de aplicação do RDC à licitação em questão.

Em segundo lugar, o candidato deverá mencionar o disposto no


art. 6º, caput e §3º, da Lei federal nº 12.462/2011, que prevê a
divulgação do orçamento previamente estimado apenas e
imediatamente após o encerramento da licitação, salvo nos casos de o
critério de julgamento ser fundado no maior desconto ou no caso de
julgamento por menor técnica. Assim, na questão em tela, o orçamento
deve mesmo permanecer sigiloso, podendo ser revelado apenas aos
órgãos de controle interno e externo.

Em terceiro lugar, o candidato deverá mencionar o art. 9º, §1º,


da Lei nº 12.462/2011, para sustentar que se trata, na questão de uma
contratação integrada, na qual cabe ao contratado a elaboração do
projeto básico, além do projeto executivo. A adoção de tal modalidade
é viável, na espécie, desde que esteja técnica e economicamente
justificada.

Em quarto lugar, o candidato deverá mencionar que, nos termos


do art. 14, inciso II, da Lei nº 12.462/2011, a apresentação dos
documentos será exigida apenas do licitante vencedor, salvo inversão
de fases. Assim,

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Em quinto lugar, o candidato deverá mencionar o art. 27 da Lei


nº 12.462/2011, que prevê a fase recursal única, na qual serão
analisados os recursos referentes às propostas ou lances e à
habilitação do vencedor. Como não houve inversão de fases, na
espécie, o procedimento está juridicamente correto.

II) O candidato deve demonstrar conhecimento do art. 71, § 1º,


da CF/88, e da forma como a doutrina e a jurisprudência o tem
interpretado.

Isto é, o constituinte atribuiu ao Congresso Nacional a


competência primária para a sustação de contratos administrativos. É
verdade que o inciso IX do art. 71 da Constituição atribui à Corte de
Contas a competência para “assinar prazo para que o órgão ou
entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da
lei, se verificada ilegalidade”. Mas essa previsão é genérica ao lado
daquela – específica – prevista no §1º acima transcrito, a qual deve
prevalecer. Do contrário, restaria esvaziada.

Justamente por isso é que, a despeito de a jurisprudência do


Supremo Tribunal Federal reconhecer a possibilidade da adoção de
medidas (inclusive cautelares) pelos Tribunais de Contas capazes de
afetar diretamente os efeitos de contratos administrativos (STF, MS
26547 MC-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, j. em
06/06/2007, DJe 25/09/2009), esse controle deve ser tido por
excepcional e subsidiário, sob pena de desvirtuar-se a partilha de
competências estabelecida pelo legislador.

III) O candidato deverá mencionar o art. 39 da Lei nº


12.462/2011 para dizer que, nos termos de tal dispositivo, aplicar-se-
ia ao caso o art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993. Assim, a
nulidade do contrato não exoneraria a Administração do dever de
indenizar o contratado pelo que este houvesse executado até a data

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em que ela fosse declarada e por outros prejuízos regularmente


comprovados contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a
responsabilidade de quem lhe deu causa.

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18 FGV - AUDITOR SUBSTITUTO (TCE-RJ)/2015

18.1 QUESTÃO

Um partido político de oposição à Prefeitura de determinado


município fluminense apresentou denúncia ao Tribunal de Contas do
Estado apontando a ocorrência de irregularidades nas contas da
Administração Municipal.

A denúncia deu ensejo à instauração de dois procedimentos de


tomadas de contas.

O primeiro destinou-se a apurar a existência de irregularidade na


contratação, com inexigibilidade de licitação, de empresa para a
prestação de serviços de cerimonial à Prefeitura, da qual é sócia-
gerente a irmã do Prefeito. A contratação foi autorizada diretamente
pelo Prefeito, na condição de ordenador de despesas.

O segundo procedimento teve como objeto a existência de


irregularidade no relatório de prestação anual de contas da Prefeitura,
quanto aos resultados financeiros da gestão, relativamente ao
montante do superávit fiscal informado para o atendimento dos
ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal. É que o Município tem
contrato com a Caixa Econômica Federal para que o banco faça a
gestão dos recursos públicos municipais. Porém, no último
quadrimestre do exercício de 2014, o Município atrasou os repasses à
Caixa dos recursos para que o banco honrasse o pagamento de
benefícios assistenciais de aluguel social e auxílio aleitamento
concedidos pela Prefeitura. A Caixa, porém, ainda assim, efetuou o
pagamento desses benefícios aos cadastrados no Programa Municipal.

Intimado pelo Tribunal de Contas do Estado a prestar explicações


quanto às contas apresentadas, o Prefeito quedou-se silente, mas os
Secretários municipais de Fazenda e de Assistência Social informaram
que a retenção dos repasses ao banco gestor dos recursos públicos

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deu-se por decisão de ambos e é procedimento frequente em diversas


esferas da Administração no país. Que a retenção estaria amparada no
contrato de prestação de serviços firmado e que os repasses foram
regularizados no primeiro trimestre do exercício em curso, não tendo
gerado prejuízo financeiro aos cofres públicos.

Como Auditor encarregado de ambos os casos e uma vez que os


fatos da denúncia foram confirmados na apuração, redija para cada
um, dispensado o resumo, o Relatório conclusivo, com as respectivas
propostas de encaminhamento para a apreciação pelo Corpo
Deliberativo da Corte de Contas.

18.2 GABARITO FGV

I. Em relação à primeira tomada de contas, o candidato deve


enfrentar a questão referente ao julgamento das contas do Prefeito
como ordenador de despesas, demonstrando conhecimento da
controvérsia existente no Poder Judiciário quanto à competência ou
não dos Tribunais de Contas para o julgamento das contas do Prefeito
quando este tiver atuado como ordenador de despesas. Apontar a
diferença entre contas de governo e contas de gestão. O candidato,
então, favorecendo a competência do TCE para a responsabilização do
Prefeito como ordenador de despesas, deve propor ao Colegiado o
julgamento da irregularidade das contas, a aplicação de multa ao
Prefeito e que seja determinada a declaração de nulidade do contrato.

II. Em relação à segunda tomada de contas, o candidato deve


examinar a matéria da responsabilização das contas de governo do
Prefeito (responsabilidade política) e, ainda, enfrentar a matéria à luz
dos preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal. A responsabilização do
Chefe do Poder Executivo na conduta gerencial das finanças públicas
(como gestor fiscal, à luz da LC 101/2000). Exame, à luz da LRF, da

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legitimidade da manobra adotada pelo Prefeito para aliviar as contas


municipais fabricando artificialmente superávit à custa da retenção dos
repasses de pagamentos ao banco gestor. Avaliação da caracterização
da manobra como operação de crédito indevida com a instituição
financeira. Propor o encaminhamento de parecer prévio conclusivo à
Câmara de Vereadores pelo desatendimento da LC 101/200, mas sem
a aplicação direta de penalidade ou sanção pelo TCE. Recomendação
de rejeição das contas do Prefeito à Câmara de Vereadores. Propor a
responsabilização do secretário de fazenda e de assistência social, que
executaram a medida, perante o TCE, como gestores ordinários das
finanças públicas. Exame do cabimento e aplicação das infrações
administrativas de multa de 30% dos vencimentos anuais do gestor e
de suspensão dos repasses voluntários. Proposta de encaminhamento
ao MP para a avaliação do cabimento da propositura de ação penal,
crime de responsabilidade (Lei Federal 10.028/2000).

III. O candidato, ainda, na elaboração dos dois relatórios, um


para cada tomada de contas, deve demonstrar o atendimento dos
atributos de qualidade previstos no no Manual de Auditoria do TCE/RJ:
objetividade, convicção, clareza, integridade, coerência, oportunidade,
apresentação, conclusão, padronização, linguagem pessoal e sem
considerações subjetivas.

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19 FGV - AUDITOR SUBSTITUTO (TCE-RJ)/2015

19.1 QUESTÃO

Considere um aumento do esforço fiscal do governo em busca de


um superávit fiscal. Como resultado desse esforço, ocorre um aumento
dos depósitos do Tesouro Nacional na conta do Banco Central. Nesse
contexto, responda:

a - A política fiscal pode ter desdobramentos sobre a oferta


monetária na economia. Assim, como o aumento desse esforço fiscal
pode afetar o balancete do Banco Central? De que forma esse superávit
fiscal afeta a base monetária e os meios de pagamentos?

b - Qual o efeito pelo lado monetário sobre a taxa de juros da


economia e sobre o nível do produto?

c - Se considerarmos que o volume real de moeda disponível à


população faça parte da riqueza, explique, pelo lado fiscal da economia,
qual o efeito sobre a taxa de juros e sobre o produto.

d - Utilizando os conceitos de oferta e demanda, se a economia


está em pleno emprego, essa medida de esforço fiscal pode contribuir
para conter a inflação? Explique.

e - Considerando o impacto dessa medida sobre o preço, qual o


efeito sobre a margem de lucro e a permanência no mercado (no curto
e no longo prazo) das empresas monopolistas e das que atuam em
concorrência perfeita? Relacione sua resposta com o índice de Lerner
e suponha que a estrutura de custos de cada empresa seja fixa.

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19.2 GABARITO FGV

No item a basta descrever que os depósitos do tesouro nacional


estão no lado do passivo não monetário do Banco Central. Assim, como
variações da base monetária são iguais a variações do ativo menos
variações do passivo não monetário do BC, com o aumento do último
reduz-se a base monetária e, portanto, os meios de pagamento.

No item b, com redução dos meios de pagamento, era possível


explicar que a redução da disponibilidade de moeda tende a pressionar
a taxa de juros e, assim, reduzindo investimento, reduz o nível do
produto.

No item c, deve-se considerar o efeito Pigou, com isso, a riqueza


das famílias diminui pela redução do estoque de moeda, levando a uma
redução do consumo e da taxa de juros, levando a uma redução do
produto.

No item d, em pleno emprego, sem capacidade ociosa, a oferta


é vertical, assim, com a redução da demanda, a pressão sobre os
preços da economia diminui, reduzindo a inflação.

No item e, com a redução dos preços, e a estrutura de custos


fixa, a margem de lucro das empresas diminui pelo Índice de Lerner.
Logo, mais empresas em concorrência perfeita podem sair dos seus
respectivos mercados no longo prazo (por terem margem de lucro nula
no longo prazo) e empresas monopolistas teriam maior chance de
permanecer por terem uma margem de lucro positiva mesmo após a
redução do preço. No curto prazo, a condição de permanência é que o
preço não fique abaixo do custo variável médio.

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