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PROCESSO: 1056488-69.2023.4.01.3400
AUTOR: MUNICIPIO DE NITERÓI
RÉU: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
CONTESTAÇÃO
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1. PRELIMINAR DE TEMPESTIVIDADE
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a STN apontou “saldo devedor em aberto”, resultante de pretenso vencimento
antecipado do Contrato, totalizando exorbitante débito atualizado no valor de R$
285.423.383,08”.
Alegou também que a Secretaria Municipal de Fazenda (“SMF”)
encaminhou Ofícios (doc. 2), solicitando à STN e à CEF esclarecessem a composição
das rubricas que perfazem o montante cobrado, notadamente tendo em vista o
ajuizamento de duas demandas pela NITPREV questionando aspectos financeiros do
contrato (Processos nos 0022734-62.2009.4.01.0000 e 0009419- 93.2002.4.01.3400),
que tramitaram perante o TRF-1, e tiveram desfecho favorável à autarquia
municipal, já com trânsito em julgado.
Além disso, dadas as fundadas dúvidas – quer acerca da exigibilidade
da pretensão mesma, quer quanto ao quantum devido – que cercavam a vetusta e
inopinada cobrança, o MUNICÍPIO, animado do propósito de solucionar
amigavelmente a questão, propôs a instauração de mediação perante a Câmara de
Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (“CCAF”), a fim de se lograr
acordo em torno dos valores efetivamente devidos.
Questiona os memoriais de cálculos elaborados pela CAIXA,
documentando a evolução da dívida, verifica-se que, do montante geral cobrado a
NITERÓI, nada menos do que 169 milhões de reais proviriam de supostos encargos
moratórios – ou seja, de juros e multas devidos por pretenso atraso no cumprimento
das parcelas ajustadas.
Por fim, alegando perigo da demora na cobrança, requereu que seja
concedida tutela antecipada, em caráter antecedente, para que seja provisoriamente,
até o julgamento final da futura demanda a ser proposta, determinada a sustação dos
descontos efetuados sobre as transferências constitucionais de receitas ao
MUNICÍPIO, com base nos artigos 155, 157 e 159 da Constituição Federal, bem como
determinado o imediato repasse dos valores já retidos.
Posteriormente aditou a inicial requerendo
• a reconsideração da decisão de Num. 1710846453, com vistas a
deferir a tutela cautelar,
• que seja declarado como devido, na data do protocolo do
aditamento, 17.07.23, o valor de R$ 83.255.106,26
• que seja declarado o não vencimento antecipado do Contrato,
assegurando que o saldo devedor em aberto possa ser quitado
parceladamente, conforme ajustado entre as partes;
• que seja determinada a restituição dos valores cobrados em
excesso, na hipótese de que, mantidos os descontos no FPM, as
subtrações extrapolem o montante que o MUNICÍPIO reputa
devido (R$ 83.255.106,26), conforme Nota Técnica anexa (doc.
anexo), como corolário da decisão declaratória pleiteada acima,
devidamente corrigidos e com os acréscimos legais.
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3. PRELIMINARMENTE
4. DO MÉRITO
4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
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1.4 A dívida vencida, resultante do somatório dos saldos devedores dos
02 contratos, foi registrada no contrato 30653-88.
1.5 A parte vincenda da dívida, permaneceu registrada nos contratos
8145-96 e 9957-83, nas mesmas condições originalmente pactuadas, conforme inciso
II da Cláusula Terceira:
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1.9.1 Seguindo o determinado no Contrato de Renegociação, foram
incluídos no SIAPF os contratos 288429-48 e 320062-13 em substituição aos
contratos 8195-46 e 9957-83, respectivamente, com novas condições, dentre elas o
parcelamento em 60 meses e o reajuste da prestação em PCM.
1.10 Cabe esclarecer que antes do término dos prazos dos contratos
originais, em 2002, a IBASM INST DE BENEFICIOS E ASSISTEN AOS SERV
MUNICIPAIS (atual Niterói Prev) não concordou com os valores devidos e ajuizou
ação ordinária nº 0009419-93.2002.4.01.3400, questionando a dívida existente nos
contratos 8195-46 e 9957-83.
1.11 Além disso, em 22/04/2009, foi ajuizada a medida cautelar
0022734- 62.2009.4.01.0000, dependente da ação ordinária, na qual a Niterói Prev
pleiteava a manutenção do pagamento das prestações mensais nos mesmos valores
que vinham sendo repassados a CAIXA.
1.11.1 Por força de decisão judicial do Tribunal Regional Federal da 1ª
Região, de 19 de dezembro de 2009, transcrita abaixo, o valor dos encargos dos
contratos devidos corresponderia ao mesmo valor cobrado no mês de março de 2009,
no valor de R$ 20.770,79 (vinte mil, setecentos e setenta reais e setenta e nove
centavos).
[...]
"DECISÃO
Em face do exposto, reconsidero a decisão de fls.62-65 e defiro
o pedido de liminar para determinar que as cobranças das
parcelas da dívida em referência sejam efetuadas, a partir do
mês de abril de 2009, pelo valor correspondente ao mês de
março de 2009, com correção monetária pelo índice previsto no
contrato, até o julgamento da apelação interposta no processo
principal onde se discutem os critérios de cálculo da dívida.
Publique-se. Intime-se.
Após, voltem os autos conclusos.
Brasília, 18 de dezembro de 2009.
Desembargadora Federal Maria Isabel Gallotti Rodrigues -
Relatora"
[...]
1.12 Dessa forma, em cumprimento à decisão, manteve-se o valor para
cobrança do Agente Financeiro, encaminhado mensalmente ao Banco do Brasil em
aproximadamente R$ 22 mil, valor insuficiente para o pagamento integral do encargo
mensal.
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1.12.1 Vale ressaltar que com a implantação dos contratos 288429-48 e
320062-13 e refinanciamento do saldo devedor em 60 meses, as prestações ficaram
maiores que os encargos pagos até então, passando de:
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1587. Decisão: 3. Hipótese dos autos em que, julgada
parcialmente procedente a apelação e a remessa oficial e
parcialmente procedente a ação no processo principal, para que,
na confissão de 1994, o período desde abril/1985, data da
vigência da redução dos juros, até a data do reconhecimento do
saldo devedor no instrumento de confissão, de 1994, fls. 59 e
63, Cláusula Primeira, em 30.06.1993, os juros serão calculados
pelos respectivos índices previstos nos de rerratificação de
1985, acrescidos de 1%, até a data em que entregues as RCHs,
como penalidade, ou seja, 6,3% a.a. para o empréstimo de 1981,
e 7,3% a.a. para o empréstimo de 1982, fixando-se no
multicitado contrato de Confissão e Composição, a respectiva
média ponderada, deve ser confirmada a tutela cautelar
anteriormente deferida. [...]
2.1 A cobrança da dívida ora aqui discutida foi efetuada pela CAIXA
não na condição de BANCO, mas, sim na condição de representante do
CREDOR, exercendo a função de Agente Operador do FGTS.
2.2 A dívida da Niterói Prev é para com a União, relativo a valores
originários no antigo BNH, com recursos do FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço.
2.3 De rigor, o dinheiro do FGTS é a poupança dos trabalhadores assim,
nesse contexto, a CAIXA atua como responsável pela gestão desse patrimônio
coletivo, no papel de Agente Operador do FGTS, em cumprimento à Lei 8.036/90.
2.4 Assim, a CAIXA deve zelar para que todos os trabalhadores tenham
certeza de que seus recursos estão protegidos.
2.5 Temos então que o patrimônio da Instituição Financeira CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL não se confunde com o PATRIMÔNIO DO FGTS - FUNDO
DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO.
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4.3. DA LEI Nº 8.727/1993
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refinanciamento da dívida do Instituto de Benefícios e Assistência dos Servidores
Municipais – IBASM, ao amparo da Lei número 8.727, de 05 de novembro de 1993”.
4.3 No referido contrato a CAIXA figura como OUTORGANTE CEDENTE
e a União figura como CESSIONÁRIA.
4.4 De acordo com a Cláusula Primeira do Contrato, a CAIXA cede os
direitos creditórios perante o IBASM à União.
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4.5. DA DECISÃO E DOS VALORES APURADOS APÓS TRÂNSITO REM
JULGADO NOS PROCESSOS 0009419-93.2002.4.01.3400 E 0022734-62.2009.
4.01.0000
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5.9 Por isso, não há o que se falar ou mesmo negar a dívida
existente, conforme tentativa do município de Niterói/RJ na medida cautelar
hora em discussão.
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6.3 De acordo com a cláusula terceira, parágrafo quarto, a
ordem para pagamento da dívida é a seguinte:
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Não restam dúvidas acerca da legalidade e correção dos cálculos
apresentados. Ademais, há expressa previsão contratual acerca dos encargos
devidos em razão da impontualidade, como se denota das cláusulas pactuadas.
Destacam-se, aqui, dois princípios básicos que constituem o alicerce de
toda a teoria contratual: o "princípio da autonomia da vontade" e o "princípio da força
vinculante do contrato ou da obrigatoriedade das convenções".
Pelo primeiro, as partes são livres para contratar o que lhes aprouver,
criando relações na órbita do direito, submetendo-se, apenas, às regras impostas pela
lei e pelo interesse geral.
Pelo segundo, expresso no secular preceito pacta sunt servanda, é
consagrada a ideia de que o contrato, uma vez obedecidos os requisitos legais, se
torna obrigatório entre as partes.
Houve a regular contratação e a esta não correspondeu o devido
adimplemento do débito, diante disso não é possível lançar mão da defesa generalista
para obter espúria mitigação ou isenção de crédito contratado, não se justificando,
assim, o pleito, sob qualquer fundamento.
6. DOS PEDIDOS
b) requer que seja indeferida a liminar uma vez que estão ausentes
o fumus boni iuris e o perigo da demora, especialmente pela
remansosa relação jurídica existente e a recalcitrância do ente
em descumprir o contrato, sempre evitando seu fiel
cumprimento.
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Termos em que pede deferimento.
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