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AO MERITÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA 3ª VARA FEDERAL DE NITEROI - RJ

Ref. Proc.: 50142819220234025102

RAFAEL ERTHAL DE PAULA, já devidamente qualificada nos

autos do processo em epígrafe, vem a presença de V. Exa., através de seu advogado

in fine, em atenção à APELAÇÃO (EVENTO 34), apresentar CONTRARRAZÕES, nos

seguintes termos:

A União inconformada que o juízo ao dar provimento

concedendo a segurança, determinou “à autoridade administrativa que, no prazo

máximo de 60 dias, contados de sua intimação, decida os pedidos de restituições arrolados

nos documentos que instruem a inicial, assegurando também ao impetrante o direito à

compensação, com o abatimento ou redução de eventuais débitos, e, em caso de saldo

disponível, à emissão de ordem bancária de pagamento em até 90 dias, contados da conclusão

da decisão administrativa ”, recorreu da decisão.

Alega a Apelante que não possui disponibilidade orçamentária

quanto à efetivação do pagamento, além de não ter estipulado prazo para emissão

de ordem bancária.

Vale ressaltar que a peça da Apelante parece constar

argumentos que nem são pertinentes, pois a análise efetiva dos requerimentos cujo

prazo ultrapassou os 360 (trezentos e sessenta) dias garantidos por lei, bem como a
compensação dos requerimentos caso possua débitos e a restituição caso possua

saldo, está de acordo com a própria IN da Autoridade.

Conforme decisão da 3ª Turma deste Tribunal, “Quanto ao

efetivo pagamento, entender que a Administração Tributária deve pronunciar-se

sobre os pedidos de restituição e que o prazo de 360 dias para a prolação de

decisão no processo administrativo não abrange a transferência dos valores

devidos seria reconhecer a inocuidade do acesso ao Poder Judiciário, pois seria

dizer ao contribuinte que a Constituição Federal lhe garante a duração razoável

do processo (art. 5º, LXXVIII) que a Lei n. 11.457/2007, art. 24, determina o prazo

de 360 dias para concluir o processo administrativo, mas que o executivo fiscal

não tem regra que delimite o tempo máximo para efetivar o pagamento, restando

apenas o argumento de “ordem cronológica” de contribuintes e “dotação

orçamentária”, sem que o Judiciário possa fazer nada para garantir o seu direito.

(APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5007871-52.2022.4.02.5102/RJ -

RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL WILLIAM DOUGLAS).”

Dessa forma, é inadmissível alegar que não assiste razão à parte

Impetrante, ora Apelada, e a decisão do d. juízo ao determinar que a Impetrada,

ora Apelante, procedesse a análise dos pedidos de restituição protocolados pelo

impetrante há mais de 360 dias, efetuando-se o fluxo com a compensação

abatendo/reduzindo os seus débitos eventualmente existentes ou, em caso de

saldo/crédito remanescente, que seja emitido o pagamento conforme legislação, pois

está respondendo propriamente ao pedido c) da exordial o qual fora formulado

exatamente nos termos da norma legal que regulamenta a matéria, como preceitua a

Instrução Normativa da própria Recorrente em seus artigos 98 e 99, in verbis:

“Art. 98. No prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis, contado


da data em que a compensação for efetuada de ofício ou em
que for apresentada a declaração de compensação, compete
à RFB adotar os seguintes procedimentos:

I - debitar o valor bruto da restituição, acrescido de juros, se


cabíveis, ou do ressarcimento, à conta do tributo respectivo;
e

II - creditar o montante utilizado para a quitação dos


débitos à conta do respectivo tributo e dos respectivos
acréscimos e encargos legais, caso devidos. (Alterado(a)
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 2055, de 06 de
dezembro de 2021)

Art. 99. Homologada a compensação declarada, expressa ou


tacitamente, ou efetuada a compensação de ofício, a unidade
da RFB:

I - registrará a compensação nos sistemas de informação da


RFB que contenham informações relativas a pagamentos e
compensações;

II - certificará, se for o caso:

a) no pedido de restituição ou de ressarcimento, o valor


utilizado na quitação de débitos e, se for o caso, o saldo a
ser restituído ou ressarcido; e

b) no processo de cobrança, o montante do crédito tributário


extinto pela compensação e, se for o caso, o saldo
remanescente do débito; e

III - expedirá aviso de cobrança, caso haja saldo


remanescente de débito, ou ordem bancária, caso haja saldo
remanescente a restituir ou a ressarcir depois de efetuada a
compensação de ofício. (Alterado(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 2055, de 06 de dezembro de 2021).”grifo
nosso

Veja Exa., ao deixar de responder nos termos acima expostos, tem sido

costumeiro por parte da Impetrada, ora Apelante, em vários outros casos similares,

que a mesma tente, em fase de cumprimento, confundir e/ou limitar o mérito da

demanda muitas vezes pedindo prorrogações de prazos infindáveis e/ou alegando

que “os pedidos formulados pelo Impetrante, perante a RFB, referem-se a restituição e a

compensação, cujo prazo para análise é de cinco anos” conforme se manifesta de forma

idêntica e repetida em diversas outras ações similares, ou seja, vem protelando e

usando de subterfúgios diversos para não cumprir os julgados.

Além do que, o prazo para a efetiva análise e restituição dos

requerimentos conferido pela decisão deste d. juízo, já é mais que suficiente, sendo

certo que os 360 (trezentos e sessenta) dias já foram ultrapassados há muito.

Não há que se falar em discricionariedade administrativa uma

vez reconhecido o direito do contribuinte, nem sobre se procederá à compensação e

à restituição do que remanescer depois de compensados os débitos líquidos, certos e

exigíveis porventura existentes, nem sobre quando, em que momento satisfará o

direito líquido e certo reconhecido judicial e administrativamente. A Administração

Tributária encontra-se plenamente vinculada ao princípio da estrita legalidade (arts.

37, "caput" da CF/88; 96, 99 e100, II do CTN) e este engloba a "legislação", normas

secundárias, como é o caso dos arts. 92, 98 e 99 da IN RFB no. 2055/2021. Cabe a

aplicação, outrossim, das normas dos arts. 4o. e 15 do CPC, supletiva e

subsidiariamente.

Enfim, condicionar a eficácia da decisão a evento futuro e incerto

- "dotação orçamentária", e outros argumentos que tais - já que não comprovada a

impossibilidade atual e objetiva de satisfação do direito do Apelado seria tornar nula


a decisão judicial, uma vez que dada condicionalmente (art. 492, parágrafo único do

CPC).

Quanto ao efetivo pagamento, entender que a Administração

Tributária deve pronunciar-se sobre os pedidos de restituição e que o prazo de 360

dias para a prolação de decisão no processo administrativo não abrange a

transferência dos valores devidos seria reconhecer a inocuidade do acesso ao Poder

Judiciário, pois seria dizer ao contribuinte que a Constituição Federal lhe garante

a duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII) que a Lei n. 11.457/2007, art. 24,

determina o prazo de 360 dias para concluir o processo administrativo, mas que o

executivo fiscal não tem regra que delimite o tempo máximo para efetivar o

pagamento, restando apenas o argumento de “ordem cronológica” de contribuintes

e “dotação orçamentária”, sem que o Judiciário possa fazer nada para garantir o seu

direito.

Cumpre ressaltar que instância superior já possui decisão

favorável nesse sentido, como se segue:

(TRF2, REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL Nº 5029950-


62.2021.4.02.5101/RJ, 3ª Turma Especializada, Rel. MARCUS
ABRAHAM, DJ 26/08/2021) (g.n.)

“TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO.


PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CRÉDITO RECONHECIDO.
COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO. PRAZO DE 30 DIAS ESTABELECIDO
NA IN RFB 1.717/2017.

1- Mandado de segurança impetrado com o objetivo de que fosse


determinado à Receita Federal que providenciasse a efetiva compensação,
com abatimento, dos débitos em aberto existentes em seu nome, dos créditos
já expressamente reconhecidos.

2 - No presente caso, a Administração reconheceu o crédito do Impetrante


nos 11 (onze) requerimentos discriminados na inicial, e informou, nas cartas
emitidas para o contribuinte em 17/07/2020, que a compensação seria feita
de ofício com débitos existentes, na ordem de prioridade estabelecida pela
legislação.

3 – O art. 97 da IN RFB 1.717/97, estabelece que a Administração


Tributária, no prazo máximo de 30 dias úteis, deve debitar o valor da
restituição à conta do tributo e creditar o montante utilizado para quitação
dos débitos do contribuinte.

4 - A União afirmou que dos 14 (quatorze) pedidos de restituição


protocolados pelo contribuinte, já homologados administrativamente, 11
(onze) já tiveram o direito creditório integralmente utilizado em
compensação de ofício e 03 (três) ainda se encontram na fase preliminar
obrigatória (processos nº 10735-903.546/2020-35, nº 10735-903.547/2020-
80 e nº 10735-903.548/2020-24), ou seja, “aguardando ciência e autorização
da notificação para compensação de ofício”.

5 - Assim, verifica-se, diante da própria informação da União, a existência


de violação a direito líquido e certo do Impetrante, eis que o prazo máximo
de 30 (trinta) dias úteis, estabelecido pela própria Receita, na IN RFB nº
1717/2017, para utilização dos créditos devidamente reconhecidos ao
contribuinte para a quitação de seus débitos, não foi respeitado pela
Administração.

6 – Apelação do Impetrante a que se dá provimento, para conceder a


segurança.

(TRF2, AC 5010123-42.2020.4.02.5120/RJ; 4ª Turma Especializada, JFC


FIRLY NASCIMENTO FILHO, DJ 02/07/2021) (g.n.) Isto posto,
CONHEÇO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e DOU PARCIAL
PROVIMENTO AO RECURSO, para sanar a omissão apontada e
determinar, em acréscimo, a adoção do fluxo de atos previsto na IN nº
1.717/2017 ou outra que a substituir, inclusive com emissão da ordem
de pagamento no prazo previsto no art. 97 da IN nº 1.717/2017. (grifo
nosso)

Devolvo às partes o prazo recursal, por inteiro.

Documento eletrônico assinado por ALBERTO NOGUEIRA JUNIOR,


Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de
dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018.
A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico https://eproc.jfrj.jus.br, mediante o preenchimento do código
verificador 510006271363v2 e do código CRC 72773534. ”

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5007871-

52.2022.4.02.5102/RJ
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL WILLIAM

DOUGLAS

APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

(INTERESSADO)

APELADO: GABRIELA GOMES CORREA MASULLO

(IMPETRANTE)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA.

MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO EM PROCESSO

ADMINISTRATIVO FISCAL. EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO

DE 360 DIAS. PRAZO PARA EFETIVA RESTITUIÇÃO.

ORDEM BANCÁRIA DE PAGAMENTO.

1. A UNIÃO interpôs Apelação requerendo a reforma da

sentença “no tocante à fixação de prazo para pagamento da

restituição, uma vez que a impetrada depende de prévia dotação

orçamentária para a efetivação do pagamento do crédito ao

contribuinte.”

2. O juízo a quo entendeu que, ainda que se reconheçam as

dificuldades estruturais da Administração para atender com

celeridade razoável os pleitos do administrado, houve violação

ao direito da parte impetrante em ver seus requerimentos

apreciados dentro de um prazo razoável, vez que tal apreciação

não pode ser postergada indefinidamente, ao arrepio do prazo

fixado em lei. Assim sendo, a liminar foi reapreciada e

parcialmente deferida na sentença que concedeu parcialmente a

segurança, para condenar a autoridade impetrada a analisar os

PER/DCOMPs especificados nos autos, no prazo de 30 dias,

devendo efetivar a compensação abatendo/reduzindo eventuais

débitos e, em caso de saldo disponível, emitir ordem bancária de


pagamento, em até 90 dias, contados da conclusão da decisão

administrativa.

3. Quanto ao efetivo pagamento, entender que a Administração

Tributária deve pronunciar-se sobre os pedidos de restituição e

que o prazo de 360 dias para a prolação de decisão no processo

administrativo não abrange a transferência dos valores devidos

seria reconhecer a inocuidade do acesso ao Poder Judiciário, pois

seria dizer ao contribuinte que a Constituição Federal lhe

garante a duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII), que a

Lei n. 11.457/2007, art. 24, determina o prazo de 360 dias para

concluir o processo administrativo, mas que o executivo fiscal

não tem regra que delimite o tempo máximo para efetivar o

pagamento, restando apenas o argumento de “ordem

cronológica” de contribuintes e “dotação orçamentária”, sem

que o Judiciário possa fazer nada para garantir o seu direito.

4. Precedentes do TRF2R, 3ª. TEsp, AC nº 5022111-

83.2021.4.02.5101/RJ, e 4ª. TEsp, Rel. Des. Fed. Ferreira Neves, AC

n. 0114012-67.2014.4.02.5101/RJ, julgado em 13.09.2016,

entendendo que “ninguém pode ser obrigado a sujeitar-se aos

abusos do fisco, tendo direito reconhecido e valor discriminado

para pagamento, sem nada poder fazer para concretizar esse

direito”. No mesmo sentido, TRF2R, 3ª. TESp, Apelação Cível

n.5107238-86.2021.4.02.5101/RJ, de relatoria do Dr. Marcus

Abraham entendendo que “É possível que, no caso de haver

saldo/crédito remanescente, seja emitida Ordem Bancária para

o efetivo pagamento da restituição requerida”. Cito ainda o

precedente desse colegiado na Remessa Necessária n. 5001489-

93.2020.4.02.5108/RJ, nos termos do voto divergente do Juiz

Federal Convocado Dr. Érico Teixeira no mesmo sentido.


5. Em caso de saldo disponível, o juízo a quo determinou a

emissão de ordem bancária de pagamento, em até 90 dias,

contados da conclusão da decisão administrativa. Reputo

razoável o prazo concedido ao Fisco.

6. Apelação da UNIÃO e remessa necessária desprovidas.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima

indicadas, a Egrégia 3a. Turma Especializada do Tribunal

Regional Federal da 2ª Região decidiu, por unanimidade,

NEGAR PROVIMENTO à apelação e ao reexame necessário, nos

termos do voto do Relator, nos termos do relatório, votos e

notas de julgamento que ficam fazendo parte integrante do

presente julgado.

Rio de Janeiro, 13 de junho de 2023.

Documento eletrônico assinado por WILLIAM DOUGLAS

RESINENTE DOS SANTOS, Desembargador Federal Relator, na

forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de

2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A

conferência da autenticidade do documento está disponível no

endereço eletrônico https://eproc.trf2.jus.br, mediante o

preenchimento do código verificador 20001463230v4 e do código

CRC 834abe68. Grifo nosso.

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5007876-

74.2022.4.02.5102/RJ

RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO LEITE

APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

(INTERESSADO)
APELADO: MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA

APPOLINARIO (IMPETRANTE)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. APELAÇÃO.

REMESSA NECESSÁRIA. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO

PROCESSO. ART. 24 DA LEI Nº 11.457/07. PROVIDÊNCIAS À

IMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO. CABIMENTO. PRAZO 90

DIAS.

1. Trata-se de remessa necessária e de recurso de apelação

interposto pela UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL em

face de sentença proferida pelo Juízo Federal da 3ª Vara Federal

de Niterói/RJ, que concedeu em parte a segurança para

determinar a autoridade impetrada que analise os

PERD/COMPs especificados, no prazo de 30 dias,

devendo efetivar a compensação abatendo/reduzindo

eventuais débitos e, em caso de saldo disponível, emitir ordem

bancária de pagamento, em até 90 dias, contados da conclusão

da decisão administrativa.

2. A duração razoável do processo foi erigida como cláusula

pétrea e direito fundamental pela Emenda Constitucional 45,

de 2004, que acresceu ao art. 5º, o inciso LXXVIII, in verbis: "a

todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a

razoável duração do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitação."

3. A Lei nº 11.457, de 2007, estabelece, em seu art. 24, o prazo de

360 (trezentos e sessenta) dias para que a administração decida

os requerimentos administrativos de matéria tributária.

4. A jurisprudência pacificou-se no sentido de que a Lei n.°

11.457/07, com o escopo de suprir a lacuna legislativa existente,


em seu art. 24, preceituou a obrigatoriedade de ser proferida

decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e

sessenta) dias a contar do protocolo dos pedidos, do modo que,

havendo omissão administrativa por prazo superior a 360 dias,

a concessão da segurança é medida que se impõe. Precedentes.

5. Extrai-se dos autos que o impetrante protocolizou pedidos

de restituição em 17/09/2021 e 24/09/2021 (Evento 1, COMP6).

O presente mandado de segurança foi impetrado em 23/10/2022.

6. No caso dos autos, agiu acertadamente o Juízo a quo ao

determinar que os requerimentos administrativos de

restituição fossem decididos no prazo de 30 (trinta) dias, pois,

levando-se em consideração as datas da transmissão dos

pedidos de restituição e a data da impetração do

presente mandamus, como já apontado, inegavelmente

decorreram mais de 360 dias.

7. No que toca ao pedido de compensação abatendo/reduzindo

os débitos da Impetrante eventualmente reconhecidos pelo

Fisco ou, em caso de saldo/crédito remanescente, que seja

emitida ordem bancária (OB), prevalece, no âmbito da Terceira

Turma Especializada desta Corte Regional, que é cabível a

fixação de prazo razoável para que a Administração cumpra

suas próprias decisões. Precedentes.

8. Deve ser fixado prazo de 90 (noventa) dias, contados da

conclusão da decisão administrativa, para que a

Administração efetive suas próprias decisões. No caso dos

autos, a sentença se mostrou correta determinar que

a autoridade impetrada, após analisar os PERD/COMPs

especificados, no prazo de 30 dias, efetivasse a

compensação abatendo/reduzindo eventuais débitos e, em caso


de saldo disponível, emitisse ordem bancária de pagamento,

em até 90 dias, contados da conclusão da decisão

administrativa.

9. A autoridade impetrada, no Evento 5/TRF2, a informou que

“ Em cumprimento à sentença, informa-se ao D. Juízo que os

pedidos de restituição já foram analisados, tendo sido

proferido o despacho decisório, dentro do prazo de 30 dias

previsto na sentença, que segue em anexo, para comprovação.”

10. Verifica-se que o Juízo a quo examinou adequadamente o

conjunto fático-probatório dos autos, aplicando a legislação

de regência bem como a jurisprudência pertinente à espécie,

razão pela qual não merece qualquer reparo.

11. Apelação e remessa necessária desprovidas.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima

indicadas, a Egrégia 3a. Turma Especializada do Tribunal

Regional Federal da 2ª Região decidiu, por unanimidade,

NEGAR PROVIMENTO à remessa necessária e à apelação, nos

termos do voto do Relator, com ressalva do entendimento do

Desembargadora Federal CLAUDIA NEIVA, no sentido de que

o prazo de 360 dias previsto no art. 24 da Lei nº 11.457/07 dirige-

se à prolação da decisão administrativa, não abarcando as

providências necessárias à implementação do comando do

decisum, sob pena de ingerência indevida do Judiciário na

esfera da Administração Pública, em afronta ao princípio da

separação dos poderes. Sendo assim, não há como fixar prazo

para pagamento, uma vez que o efetivo ressarcimento dos

créditos reconhecidos administrativamente em favor do

contribuinte depende de prévia dotação orçamentária e pode


importar violação à ordem cronológica da fila de restituição,

inclusive em relação à observância das preferências legais

(idosos e portadores de deficiência) e à Súmula 269 do Supremo

Tribunal Federal, pois equipararia o presente mandamus a uma

ação de cobrança, nos termos do relatório, votos e notas de

julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente

julgado.

Rio de Janeiro, 18 de abril de 2023.

Documento eletrônico assinado por PAULO LEITE,

Desembargador Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei

11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº

17, de 26 de março de 2018. A conferência da autenticidade do

documento está disponível no endereço eletrônico

https://eproc.trf2.jus.br, mediante o preenchimento do código

verificador 20001387132v8 e do código CRC dc7f2157. Grifo

nosso

Pelo exposto, verifica-se que a ordem deste d. juízo deve ser

cumprida conforme decisão proferida e nos termos da sentença, não deixando

margem para ilações ou protelações, afim de que seja feita justiça com o contribuinte,

ora Apelado, já tão massacrado pelo que deve ser negado o provimento a Apelação.

Nestes Termos, Pede Deferimento.

Rio de janeiro, 25 de março de 2024.

DANIEL HENRIQUE MOREIRA DE OLIVEIRA

OAB/RJ 201203

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