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AO MERITÍSSIMO JUÍZO DA VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE

SÃO PAULO

MARCOS LAURENCO GONCALVES, Brasileiro, Solteiro, Médico,

Documento de identificação: CRM SP 180662, inscrito n o CPF sob no 090.988.227-46,

domiciliado e residente à Rua Mario Ribeiro, 866 - APTO 173 - BL 5 - CENTRO

GUARUJA - SP - CEP: 11410-192, e-mail: marcoslg_cac@hotmail.com, celular:

11998604704, por seu advogado in fine, legalmente constituído, com escritório na

Avenida Rio Branco, 37, sala 1.904, Centro, Rio de Janeiro – RJ, endereço eletrônico

madeiradelei@adv.oabrj.org.br, vem apresentar

MANDADO DE SEGURANÇA

COM LIMINAR DE TUTELA DE EVIDÊNCIA

***(ANÁLISE EM 360 DIAS)***

(com base no art. 24 da Lei 11.457/2007 c/c art. 5º, LXXVIII da CF/88)

com fundamento no art.5º, LXIX da Constituição Federal, na Lei nr.12.016/2009 e demais

normas que regem a matéria, contra ato ilegal (omissão) do DELEGADO da

DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE SÃO PAULO

/SRFB/MF/UNIÃO, com endereço já conhecido deste d. juízo, estando a autoridade

coatora vinculada à referida autarquia, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:


PRELIMINAR

DO JULGAMENTO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO

O Impetrante impugna, desde já, eventual manifestação da Impetrada pela

extinção do processo sem julgamento do mérito por falta de interesse de agir sendo certo

que tem sido rotineiro, em outras ações similares, a Impetrante efetivar as análises

somente após a propositura da demanda ou mesmo quando já analisou ou gerou

alguma pendência não comunica formalmente através do processo administrativo,

não havendo que se cogitar de perda de objeto tampouco o que se falar em extinção

do processo sem resolução do mérito pelo que os pedidos devem ser julgados

procedentes com resolução de mérito por questão de justiça.

I - DOS FATOS

O Impetrante, cujo domicílio tributário é na DRF São Paulo, conforme tela

abaixo, protocolou junto ao Impetrado REQUERIMENTOS

ADMINISTRATIVOS/PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO denominados “RESTITUIÇÃO

DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INDEVIDA OU A MAIOR”, sob números

de protocolo diversos e datas diversas (v. tabela abaixo), sendo certo que até hoje não

obteve nenhuma resposta sequer do Impetrado, a saber:


Os requerimentos foram devidamente instruídos com os documentos

pertinentes, atentando-se que, por se tratar matéria de consolidada e fundamentada em

provas documentais exatas, a análise do conjunto probatório não suscita qualquer

controvérsia sendo certo tratar-se de direito líquido e certo.

Apesar da Autarquia Impetrada ter recebido os requerimentos acima

referidos nos termos da legislação vigente ocorre que até o momento não analisou os

requerimentos administrativos efetivados, contrariando e desrespeitando

diametralmente a legislação vigente.

Por fim, vale lembrar que em outros tempos, quando sequer havia

informatização, tais pedidos, justamente por sua simplicidade técnica, eram decididos

rapidamente e os respectivos direitos dos cidadãos devidamente efetivados pelo que

constitui-se direito líquido, certo e exigível do impetrante, ver seu requerimento

administrativo respondido e seu direito devidamente efetivado no prazo legal, o que

motiva a busca pelo palio do Judiciário através da utilização do presente mandado de

segurança.
II - DA ORDEM CRONOLÓGICA DAS ANÁLISES DOS REQUERIMENTOS

A Impetrada sempre alega em sua defesa que o critério definido pela

Receita é proceder à análise dos pedidos de acordo com a ordem cronológica de entrega

dos mesmos pelos contribuintes interessados (ou seja, a data da transmissão dos Pedidos

Eletrônicos).

Verificamos que essa ordem cronológica nem sempre é obedecida ou

respeitada, tendo em vista que existem requerimentos mais recentes com análise

concluída enquanto que, aqueles mais antigos, ainda se encontram sob análise, como

exemplo que se segue:


À luz do princípio da indeclinabilidade da jurisdição, a parte

impetrante não pode ser prejudicada pela inércia dos demais postulantes que se

encontram na fila de análise perante a Receita Federal.

Não haveria, nesse sentido, violação ao princípio da isonomia, uma vez

que a todos é conferida a possibilidade de ingressar em Juízo e solicitarem a

apreciação célere de seus requerimentos.


III - DO TRATAMENTO MANUAL PARA A ANÁLISE DOS REQUERIMENTOS

A Receita Federal do Brasil, ora Impetrada, sempre informa em seus

despacho decisórios que quando o motivo para a análise se encontrar suspensa é

indicado como “Aguardando funcionalidade para cálculo do RDC”, significando que

apesar do pedido de restituição ter sido processado, tendo passado da fase de

verificações preliminares, não foi possível confirmar a existência do crédito, pois ainda

não há tratamento eletrônico para esse tipo PER/DCOMP, estando a depender da

implementação de um módulo no sistema que permita que a análise do pedido de

restituição do interessado ocorra totalmente no fluxo automático do SCC. Nestes casos,

deve ser dado tratamento manual para conclusão do tratamento do PER/DCOMP.

Conforme despacho decisório (1067/2021) anexado ao presente

mandamus, podemos verificar que a Impetrada concluiu as análises de forma manual

sem que haja toda essa complexidade informada nas suas manifestações, inclusive

citando os artigos 89 a 96 da IN 1717/2017, que recentemente foram substituídos pelos

artigos 92 a 99 da IN 2055/2021, onde são tratadas as compensações e restituições dos

requerimentos objeto do presente.

IV - DO DIREITO

Conforme determina o art. 24 da Lei 11.457/2007, a Impetrada Receita

Federal do Brasil/RFB é obrigada a julgar quaisquer processos administrativos no

prazo máximo de 360 dias, nos termos do artigo supracitado, in verbis:

Art.24 É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos

e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do

contribuinte.

Sendo certo que já transcorreu em muito o prazo acima de 360 dias, vale
lembrar o que consta da Lei 9.784/99, a qual prescreve que a Administração Pública deve

decidir os processos no prazo de 30 (trinta) dias, excepcionando tal prazo apenas quando

houver prorrogação por igual período, motivada expressamente, a saber:

Art.49 Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até 30

dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

O dever de emitir qualquer decisão, no âmbito dos processos

administrativos, é acompanhado do dever de fazê-la de forma explicita e efetiva,

consoante se depreende também do art. 48 da supracitada legislação.

A administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos

processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua

competência. De mais a mais, constitui princípio inerente à Administração Pública, como

também é requisito dos atos administrativos a motivação, pois somente deste modo

poderia o administrado compreender o teor do ato para se guarnecer das medidas

cabíveis.

Além disso, após receber, analisar e reconhecer os requerimentos o

Impetrante tem o direito de ter respeitado o prazo legal para compensação/restituição,

conforme preceitua artigo da lei própria Instrução Normativa da Impetrada IN

2055/2021 em artigo 98 e 99, in verbis:

Art. 98. No prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis, contado da data em que a compensação

for efetuada de ofício ou em que for apresentada a declaração de compensação, compete à

RFB adotar os seguintes procedimentos:

I - debitar o valor bruto da restituição, acrescido de juros, se cabíveis, ou do ressarcimento,

à conta do tributo respectivo; e

II - creditar o montante utilizado para a quitação dos débitos à conta do respectivo tributo

e dos respectivos acréscimos e encargos legais, caso devidos. (Alterado(a) pelo(a) Instrução

Normativa RFB nº 2055, de 06 de dezembro de 2021)

Art. 99. Homologada a compensação declarada, expressa ou tacitamente, ou efetuada a


compensação de ofício, a unidade da RFB:

I - registrará a compensação nos sistemas de informação da RFB que contenham

informações relativas a pagamentos e compensações;

II - certificará, se for o caso:

a) no pedido de restituição ou de ressarcimento, o valor utilizado na quitação de débitos e,

se for o caso, o saldo a ser restituído ou ressarcido; e

b) no processo de cobrança, o montante do crédito tributário extinto pela compensação e,

se for o caso, o saldo remanescente do débito; e

III - expedirá aviso de cobrança, caso haja saldo remanescente de débito, ou ordem

bancária, caso haja saldo remanescente a restituir ou a ressarcir depois de efetuada a

compensação de ofício. (Alterado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 2055, de 06 de

dezembro de 2021).

V – DA JURISPRUDÊNCIA

Extrai-se da jurisprudência pátria e regional excelente dissertação acerca

do tema, a saber:

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5007871-


52.2022.4.02.5102/RJ
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL WILLIAM
DOUGLAS
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)
APELADO: GABRIELA GOMES CORREA MASULLO
(IMPETRANTE)
VOTO
Presentes os pressupostos recursais de admissibilidade, passo ao
exame do mérito.
O direito à razoável duração dos processos judiciais ou
administrativos é garantido a todos pelo artigo 5º, inciso
LXXVIII, da Constituição de 1988:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação.
É evidente que a almejada celeridade não autoriza que o exame
do pedido do contribuinte seja realizado com falta de cuidado.
Note-se que o texto constitucional consagra também o princípio
da eficiência, cuja observância é obrigatória pela Administração
Pública (art. 37).
A Lei nº 11.457, de 2007 estabeleceu em seu artigo 24 que, no
âmbito da administração tributária, o prazo limite para
julgamento dos processos é de 360 dias. Embora o artigo esteja
inserido no capítulo relativo à Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional, essa é a baliza que tem sido utilizada pela
jurisprudência com relação aos processos administrativos
fiscais.
Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa
no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do
protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do
contribuinte.
Decerto que a Lei nº 9.784/1999 dispõe sobre normas básicas para
o processo administrativo no âmbito da Administração Federal
direta e indireta, aplicando-se ao processo administrativo-
tributário da União de forma subsidiária.
Portanto, aos pedidos protocolados após 02/05/2007, data em que
entrou em vigência o dispositivo do artigo 24 da Lei nº
11.457/2007, aplica-se a novel legislação, ou seja, o prazo de 360
dias para instrução e julgamento.
No caso dos autos, os pedidos foram transmitidos em 28/08/2020,
conforme comprovantes que instruíram a petição inicial (evento
1, comp).
Acertadamente o juízo a quo entendeu que ainda que se
reconheçam as dificuldades estruturais da Administração para
atender com celeridade razoável os pleitos do administrado,
verificou-se, no caso concreto, que houve violação ao direito da
parte impetrante em ver seus requerimentos apreciados dentro de
um prazo razoável, vez que tal apreciação não pode ser
postergada indefinidamente, ao arrepio do prazo fixado em lei.
Assim sendo, a liminar foi reapreciada e parcialmente deferida na
sentença que concedeu parcialmente a segurança, para condenar
a autoridade impetrada a analisar os PER/DCOMPs
especificados nos autos, no prazo de 30 dias, devendo efetivar a
compensação abatendo/reduzindo eventuais débitos e, em caso de
saldo disponível, emitir ordem bancária de pagamento, em até 90
dias, contados da conclusão da decisão administrativa.
Decerto que a mora da Administração em apreciar o processo
administrativo fiscal do contribuinte e realizar as providências
necessárias à efetivação dos procedimentos ofende o princípio
constitucional da garantia de duração razoável (art. 5º, inciso
LXXVIII, incluído pela EC nº 45/2004), já tendo sido objeto de
pronunciamento definitivo pela Colenda Primeira Seção do
Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº
1.138.206/RS, submetido à sistemática dos recursos repetitivos.
Merece destacar, oportunamente, os seguintes julgados desta 3ª
Turma Especializada:
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REMESSA
NECESSÁRIA. PEDIDO ADMINISTRATIVO. DECISÃO.
PRAZO RAZOÁVEL. 1. A duração razoável do processo foi
erigida como cláusula pétrea e direito fundamental pela Emenda
Constitucional 45, de 2004, que acresceu ao art. 5º o inciso
LXXVIII, in verbis: "a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação". 2. Há que se manter a
sentença que determinou a análise dos pedidos administrativos
pela autoridade impetrada, cabendo destacar que a mesma se
encontra em consonância com o entendimento consolidado do
Superior Tribunal de Justiça em julgamento submetido ao rito do
artigo 543-C do CPC/73 (REsp 1138206/RS). 3. Remessa
necessária conhecida e desprovida.
(REOAC - Reexame Necessário - Recursos - Processo Cível e do
Trabalho 0134951-97.2016.4.02.5101, CLAUDIA NEIVA, TRF2 - 3ª
TURMA ESPECIALIZADA, julgado em 06/09/2018.)

REMESSA NECESSÁRIA. TRIBUTÁRIO. MANDADO DE


SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO
PROCESSO. PRECEDENTES. 1. Trata-se de remessa necessária
encaminhada pelo Juízo da 5ª Vara Federal do Rio de Janeiro / RJ
em face de sentença concessiva da segurança, que determinou à
Autoridade Administrativa a apreciação do pedido de restituição
formulado pelo Impetrante em 24/07/2016, processo
administrativo fiscal nº 05051.62684.240716.2.2.04-6143, no prazo
de trinta dias, bem como adoção das medidas necessárias à
efetivação da decisão, no caso de deferimento. 2. OSCAR
CASTRO LIMA FILHO impetrou mandado de segurança
postulando a concessão de segurança para determinar ao
Impetrado a análise e decisão, no prazo de 30 dias, sobre o pedido
de restituição veiculado em processo administrativo fiscal,
ultimando todos os atos decorrentes da decisão proferida no
prazo assinado. 3. A conduta omissiva da administração, sem
justificativas relevantes, afronta direito do administrado à
razoável duração do processo administrativo e, em decorrência,
o princípio da eficiência, estando, portanto, a omissão da
Administração sujeita ao controle do Poder Judiciário, que tem o
dever de preservar lesões ou ameaça a direitos, em cumprimento
ao disposto no artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal
(EC nº 45/2004). 4. A Administração deve promover o andamento
do processo administrativo evitando a mora, não postergando
indefinidamente o processo, manifestando-se ainda que contrário
ao pedido do administrado, mas respondendo em tempo hábil,
conferindo, assim, eficácia ao preceito constitucional inserto no
art. 5º, LXIX, consequência direta do princípio da eficiência
previsto no artigo 37, caput, da CF/88. 5. Precedentes: REsp
1138206/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/08/2010, DJe 01/09/2010; (REOAC 0176901-
86.2016.4.02.5101, DES. FED. MARCUS ABRAHAM, TRF2 - 3ª
TESP, Data da publicação 13/07/2017. 6. Remessa necessária
improvida.
(REOAC - Reexame Necessário - Recursos - Processo Cível e do
Trabalho 0194779-87.2017.4.02.5101, MARCUS ABRAHAM,
TRF2 - 3ª TURMA ESPECIALIZADA, julgado em 24/04/2019.)

Quanto ao efetivo pagamento, entender que a Administração


Tributária deve pronunciar-se sobre os pedidos de restituição e
que o prazo de 360 dias para a prolação de decisão no processo
administrativo não abrange a transferência dos valores devidos
seria reconhecer a inocuidade do acesso ao Poder Judiciário, pois
seria dizer ao contribuinte que a Constituição Federal lhe garante
a duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII) que a Lei n.
11.457/2007, art. 24, determina o prazo de 360 dias para concluir
o processo administrativo, mas que o executivo fiscal não tem
regra que delimite o tempo máximo para efetivar o pagamento,
restando apenas o argumento de “ordem cronológica” de
contribuintes e “dotação orçamentária”, sem que o Judiciário
possa fazer nada para garantir o seu direito.
No caso em comento (restituição administrativa) a Receita
Federal reconhece que há dívida e o contribuinte aguarda o
pagamento sem nenhum prazo para o Fisco pagar, ao argumento
de ter que seguir dotação orçamentária. Mas o pagamento via
precatório sujeita-se a previsão orçamentária e há prazo para
isso.
Não se estaria utilizando o mandado de segurança como ação de
cobrança, pois não se busca o reconhecimento de obrigação
inadimplida, não se constituirá um título executivo, não se
conferirá cálculos, não se questionará valores, nem esses
precisarão ser liquidados. Trata-se apenas em reconhecimento de
prazo de duração razoável de processo administrativo fiscal com
efetivo pagamento.
Assim, a Fazenda viola o princípio da duração razoável do
processo insculpido na Constituição Federal ao não proceder ao
efetivo pagamento permitindo ao Judiciário intervir para
declarar tal direito.
Nesse sentido, manifestei-me no voto vista no processo n.
5022111-83.2021.4.02.5101, que prevaleceu no julgamento de caso
semelhante e que transitou em julgado em 4/10/2022, nos
seguintes termos:
“(...) Peço vênia para divergir.
Seria mais fácil acompanhar o entendimento colacionado no bem
fundamentado voto do relator e na jurisprudência majoritária
entendendo que “a Administração Pública deve pronunciar-se
sobre os pedidos que lhe são apresentados pelos administrados
na defesa de seus próprios interesses. Assim, uma vez que a
análise do referido processo administrativo extrapolou o prazo
legal, possui a impetrante o direito líquido e certo a ensejar a
concessão da segurança. O prazo de 360 dias para a prolação de
decisão no processo administrativo (artigo 24 da Lei nº
11.457/2007) não abrange a transferência dos valores devidos. A
carga decisória sobre a qual incide a regra de duração processual
compreende apenas a atividade de apuração de créditos, ou seja,
a fase em que o Fisco avalia o saldo credor das contribuições não
cumulativas e a existência de débitos do contribuinte passíveis de
compensação. O recebimento da diferença positiva resultante da
operação corresponde a uma etapa de execução do ato
administrativo, destituída de autonomia decisória e dependente
de programação orçamentário-financeira (artigos 147 e 148 da
Instrução Normativa RFB n° 1.717/2017)” (TRF3R, AC
00169556120164036100, De. Fed. Antonio Carlos Cedelho,
06/05/2021.
Entretanto, o resultado prático desse r. entendimento seria a
inocuidade do acesso ao Poder Judiciário, pois seria dizer ao
contribuinte que a Constituição Federal lhe garante a duração
razoável do processo (art. 5º, LXXVIII) que a Lei n. 11.457/2007,
art. 24, determina o prazo de 360 dias para concluir o processo
administrativo, mas que o executivo fiscal não tem regra que
delimite o tempo máximo para efetivar o pagamento, restando
apenas o argumento de “ordem cronológica” de contribuintes e
“dotação orçamentária”, sem que o Judiciário possa fazer nada
para garantir o seu direito.
A questão da demora nos julgamentos dos processos
administrativos é tema bastante recorrente na doutrina e na
jurisprudência, sempre afirmando que o fisco não pode demorar
mais de 360 dias para concluir o pedido de restituição. Mas é
parco quanto ao efetivo pagamento, em tempo razoável, que é a
real pretensão do contribuinte ao apresentar seu pedido.
Ninguém pode ser obrigado a sujeitar-se aos abusos do fisco,
tendo direito reconhecido e valor descriminado para pagamento,
sem nada poder fazer para concretizar esse direito.
Tal como dito no apelo do impetrante (EVENTO 20 – proc.
originário, página 13, 3º parágrafo.) “não basta que seja proferida
decisão que reconhece o direito ao crédito. Existindo referido
direito, é imperioso que a Administração proceda à restituição
dos valores ao contribuinte em tempo razoável. Interpretação
diversa esvaziaria por completo o sentido da norma, vez que
autorizaria a Receita Federal a proferir decisão, sem que houvesse
qualquer obrigação cumprí-las dentro de um prazo razoável”.
Muito esclarecedoras e razoáveis são as decisões colacionadas
pelo apelante, especialmente a proferida pelo TRF-2, Apelação n°
0114012- 67.2014.4.02.5101/RJ, Rel. Desembargador FERREIRA
NEVES, Quarta Turma Especializada, julgado em 13.09.2016,
entendendo que “é de se concluir que os pagamentos
administrativos dos valores reconhecidos é decorrência lógica e
necessária do julgamento dos processos administrativos, não
podendo a Administração Tributária postergar, indefinidamente,
o seu cumprimento. O silêncio da Administração, nesse caso,
caracteriza abuso a ser corrigido”. Entendeu o i. desembargador
que naquele caso o prazo seria de 30 dias para a restituição dos
valores, mas a ação tramitou pelo rito comum, diferentemente da
presente que adotou o instrumento do mandado de segurança.
Embora as ações manejadas sejam diversas, resta certo que o
Judiciário deve buscar uma solução para o problema de não haver
previsão de prazo expresso para o efetivo pagamento após o
reconhecimento do indébito pela administração, na via
administrativa.
ANALOGIA COM O SISTEMA DO PRECATÓRIO
Caso a questão se tratasse de pagamento na via do precatório ou
de uma RPV, haveria prazo. Isso porque os precatórios de
responsabilidade da União, ou seja, os federais, precisam ser
apresentados até 1º de julho do ano corrente para constarem na
LOA do ano seguinte. Ou seja, aquele que possui um crédito por
essa modalidade, tendo esse sido encaminhado até 01 de julho, em
um ano, no mais tardar um ano e meio, poderá sacar o valor.
No pagamento via precatório, caso a Requisição de Pagamento
seja encaminhada ao Presidente do Tribunal até 1º de julho de um
ano, ele é incluído na proposta orçamentária do ano seguinte e o
prazo para depósito junto ao Tribunal, é dia 31 de dezembro do
ano para o qual foi orçado. É aberta uma conta de depósito
judicial para cada precatório, na qual é creditado o valor
correspondente a cada um, após o que é encaminhado ofício ao
Juízo que expediu o precatório, disponibilizando-se a verba
(transferência à vara de origem). Disponibilizada a verba, é
expedido o respectivo alvará de levantamento, e permitindo o
saque do valor pelos beneficiários. Tudo seguindo prazo e ordem
cronológica de pagamento.
No caso em comento (restituição administrativa) a Receita
Federal reconhece que há dívida e o contribuinte aguarda o
pagamento sem nenhum prazo para o Fisco pagar, ao argumento
de ter que seguir dotação orçamentária. Mas o pagamento via
precatório sujeita-se a previsão orçamentária e há prazo para
isso.
Não se pretende atuar em ativismo judiciário, mas buscar a
melhor solução onde falta de uma regra. Assim, entendo que cabe
aplicação analógica para fixar que o pagamento via restituição
administrativa deve seguir o mesmo prazo seguido para o
pagamento por precatório/requisitório, ou seja, o prazo máximo
de 1 ano e 6 meses para efetivo levantamento do valor pelo
contribuinte.
Não estamos diante de uma “invenção” de norma, mas sim da
busca de norma que trata de caso semelhante para aplicarmos a
analogia que impedirá a inocuidade do processo e da busca pela
jurisdição. O caso mais semelhante ao dos autos é justamente o
pagamento dos precatórios. O prazo de 1 ano e meio é o suficiente
para que a Administração tome suas providências para a
inclusão do valor devido no orçamento do ano seguinte,
preservando-se a previsibilidade que a administração necessita.
O que não pode ocorrer é a inércia e muito menos que um valor
devido ao contribuinte fique suspenso no ar.
Havendo dois prazos possíveis para se aplicar a analogia, o do
precatório e o do RPV, entendo que deva ser utilizado o mais
longo justamente por dar maior previsibilidade para a fazenda se
preparar para honrar o que deve.
DAS SÚMULAS 269 E 271 DO STF
A hipótese, no nosso entender, não é daquelas onde se está
utilizando o mandado de segurança como ação de cobrança, pois
não se busca o reconhecimento de obrigação inadimplida, não se
co
o e seu pagamento seguirá o mesmo caminho. A decisão judicial
se limita a, quando for o caso, garantir o prazo de 360 dias para
análise e, feita esta, que haja um prazo para entrega do resultado
ao contribuinte, mesmo que seja um prazo longo como o aqui
aplicado (um ano e meio).
As súmulas n. 269 e n. 271 do STF são de 1963 (na vigência
da 1946!) e surgiram de julgados ainda anteriores. Não guardam
a mínima conexão como atual estado democrático de direito.
Tais súmulas não vinculam o julgador, pois não estão sob o
regime das sumulas vinculantes (Lei n. 11.417, de 2006). Podem
servir como um ponto a ser considerado e não como um par de
algemas ou uma obrigação. A rigor, já poderiam (deveriam, na
verdade) serem reformuladas pelo STF.
O eventual efeito financeiro não torna a obrigação em
“obrigação de dar”. Outros tipos de obrigação costumam ter
algum efeito financeiro. Nesse passo, vale citar que o STF admite,
em acórdão de Carlos Brito (RMS 26881), em sede de mandado de
segurança, determinação de pagamento de quantia certa a
anistiado.
A melhor interpretação da Súmula 269 é que o que é vedado é
manejar o MS como ação de conhecimento, mas isso não impede
que se determine à autoridade administrativa em MS, o
pagamento de quantia líquida e certa. A Sumula 271 traz efeito
contraproducente, pois aumenta a quantidade de ações me curso
ao invés de reduzi-la. Reclamar algo administrativamente
muitas vezes não funciona, e qual o sentido de determinar que se
ingresse com nova (outra) ação judicial quando uma simples
determinação judicial no MS já julgado evita tanto uma nova
ação judicial quanto a eventual resistência da Administração a
uma pretensão já submetida ao Judiciário... e já decidida!
Tivessem essas súmulas sido editadas recentemente, ou até
mesmo após a nova mentalidade trazida pela CRFB de 1988,
poderia haver alguma dúvida, mas não é o caso. Elas são mais
antigas que o próprio votante, nascido em 1967.
Qualquer um que empreender a análise dos julgados que
redundaram nas súmulas verá que não há mais como aplicá-las
de forma acrítica e em desconformidade com o atual texto
constitucional.
Mesmo que superada a vetustez das súmulas, elas não se aplicam
ao caso concreto.
É que, no caso, não se trata de obrigação de dar/pagar como
decorrência de ato final de ação ordinária de cobrança, mas de
obrigação de fazer, na vertente de mandamento para expedição de
ato administrativo. Trata-se de obrigação de fazer.
O STF tem julgados no sentido da inaplicabilidade das súmulas
em casos que tais (RMS 26881, Relator Min. Ayres Britto; RMS
35057 RE. Min. Luiz Fux; RMS 35789 Re. Min. Edson Fachin e
RMS 27357 Rel. Min. Carmem Lúcia; ARE 1348690 Re. Min.
Nunes Marques.
DA PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA E DA ORDEM
CRONOLÓGICA
Quanto a questão de falta previsão orçamentária, o voto da
Ministra Carmém Lúcia no RE 1347090 explica que a ausência de
recursos orçamentários não é argumento para se negar a
pretensão, e que a Fazenda deve comprovar de forma cabal a
inexistência de recursos.
A falta de recursos não pode ser um argumento vazio e genérico,
sob pena de transformar-se em um deletério mantra. É preciso
uma demonstração suficientemente robusta. Na verdade, talvez
nem em tal caso deveria haver validação, pois o pagamento é algo
que cabe ao devedor, não tendo o credor qualquer culpa ou
responsabilidade. Qualquer um, ente público ou não, tem que
pagar suas dívidas e, caso não tenha numerário, deve responder
com outros itens de seu patrimônio. A questão orçamentária só
pode servir para que o ente público se programe para pagar suas
dívidas, e esse particular tem sua solução no sistema do
precatório. Não se pode simplesmente dizer que “não há
orçamento”, mas sim encaminhar a necessidade para que
componha o orçamento seguinte.
Isso é o que se pode concluir sob pena de violarmos a moralidade
e a eficiência previstas no art.37 da CF, assim como o necessário
para impedir enriquecimento sem causa (violador do direito de
propriedade, que tem sede constitucional) e a efetividade das
decisões judiciais.
Não se pode impedir o pagamento ao argumento de que o
contribuinte deve aguardar por ordem cronológica. Se houvesse a
garantia de previsão orçamentária a ordem cronológica é algo
natural, mas havendo a falta de previsão de prazo máximo legal
para pagamento, aquele que buscar o Judiciário não pode ficar
parado a reboque de quem não ajuizou ação. Como se sabe, o
Direito não socorre a quem dorme. Não estará havendo
tratamento desigual pois um buscou a jurisdição e outro não.
Não se trata aqui de preterir aqueles que aguardam a referida
ordem cronológica, pacientemente e sem prazo, mas entregar o
direito aqueles que buscam o Judiciário, em respeito aos
princípios constitucionais do acesso ao Judiciário e à duração
razoável do processo garantindo, utilizando-se do comando
normativo dos precatórios em analogia e, igualmente,
garantindo-se a efetividade do processo, o seu resultado no
mundo real. (...)”

Conclusão
Com efeito, não se está, pela via do mandado de segurança,
determinando pagamento de valores como sucedâneo de ação de
cobrança. O que não se pode admitir é a prolação de uma decisão
sem a previsão de uma solução definitiva.
Em caso de saldo disponível, o juízo a quo determinou a emissão
de ordem bancária de pagamento, em até 90 dias, contados da
conclusão da decisão administrativa. Reputo razoável o prazo
concedido ao Fisco, razão pela qual a apelação da União e a
remessa necessária devem ser desprovidas.
Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO à
apelação e ao reexame necessário.
Documento eletrônico assinado por WILLIAM DOUGLAS
RESINENTE DOS SANTOS, Desembargador Federal Relator, na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de
2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A
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APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5107238-86.2021.4.02.5101/RJ

RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MARCUS ABRAHAM

APELANTE: MARCELO AZEVEDO LIMA (IMPETRANTE)

APELADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REMESSA


NECESSÁRIA. APELAÇÃO. ANÁLISE DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO
FORMULADO NA VIA ADMINISTRATIVA. ART. 24, DA LEI Nº
11.457/2007. EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO DE 360 DIAS PARA
DECISÃO ADMINISTRATIVA. PAGAMENTO DA RESTITUIÇÃO.
EMISSÃO DE ORDEM BANCÁRIA. CABIMENTO.

1. Trata-se de remessa necessária e de recurso de apelação interposto


por MARCELO AZEVEDO LIMA, em face de sentença proferida pelo Juízo
da 29ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que concedeu, em parte, a segurança para
determinar à autoridade impetrada a apreciação conclusiva dos Pedidos de
Ressarcimento ou Restituição elencados na inicial, no prazo máximo total de 30
(trinta) dias, contado de sua intimação pessoal, deferindo ou não o pedido
formulado, nos termos da legislação em vigor.

2. Cuida a hipótese dos autos de mandado de segurança impetrado com o


objetivo de ser determinado à autoridade fiscal que analise os pedidos
administrativos de restituição, com posterior compensação dos créditos,
abatendo/reduzindo os débitos da Impetrante eventualmente existentes e, em
caso de saldo/crédito remanescente, que seja emitida ordem bancária de
pagamento no prazo de 30 (trinta) dias.

3. Consta dos autos que uma parte dos Pedidos de


Restituição (PER/DCOMP’s) foi transmitida em 13/03/2020 e a outra parte
transmitida em 14/08/2020. O presente mandado de segurança foi impetrado
em 30/10/2021.

4. A conduta omissiva da administração, sem justificativas relevantes, afronta


direito do administrado à razoável duração do processo administrativo e, em
decorrência, o princípio da eficiência, estando, portanto, a omissão da
Administração sujeita ao controle do Poder Judiciário, que tem o dever de
preservar lesões ou ameaça a direitos, em cumprimento ao disposto no artigo 5º,
inciso LXXVIII, da Constituição Federal (EC nº 45/2004).

5. Ainda que haja insuficiência de recursos humanos e materiais no âmbito da


Administração Pública, é certo que não pode o contribuinte aguardar
indefinidamente a decisão de requerimentos administrativos, o que, além de
constituir ofensa ao princípio da eficiência da Administração Pública (CF, art.
37), pode lhe causar sérios prejuízos, equiparando-se ao próprio indeferimento
do pedido. Precedente: REsp 1138206/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/08/2010, DJe 01/09/2010.

6. Agiu acertadamente o Juízo a quo ao determinar que os requerimentos


administrativos de Restituição de Contribuição Previdenciária a Maior (PERs)
fossem decididos no prazo de 30 (trinta) dias, porquanto estavam paralisados
há mais de 360 dias sem decisão administrativa.

7. É possível que, no caso de haver saldo/crédito remanescente, seja emitida


Ordem Bancária para o efetivo pagamento da restituição requerida.

8. Por certo, não existe previsão legal específica, nem mesmo há qualquer prazo
estabelecido nas normas infraconstitucionais que obrigue a Administração ao
imediato pagamento, o que, em tese, não caracteriza como ilegal a demora na
sua efetivação. No entanto, o princípio da eficiência determina que a atividade
administrativa seja desenvolvida para suprir as necessidades dos administrados
através de serviços públicos de qualidade, o que não se coaduna com a
postergação indefinida da conclusão integral de procedimentos administrativos.

9. Admitir essa indefinição seria violar a garantia constitucional da duração


razoável do processo, prevista no art. 5º, LXXVII, da Constituição Federal, bem
como os princípios que regem a Administração Pública, previstos em seu no art.
37, como os da moralidade e eficiência.

10. O efetivo pagamento de valores já reconhecidos pela Administração é mera


decorrência lógica e necessária do requerimento administrativo que se compele
a autoridade a decidir. E, deferir um, sem que se garanta igualmente o outro,
seria negar efetividade à prestação jurisdicional buscada junto ao Poder
Judiciário.

11. O Supremo Tribunal Federal tem decisões que afastam a vedação de uso do
mandado de segurança, quando não há debate sobre valores e está evidente a
omissão da Autoridade em proceder ao pagamento. E ainda é expresso que o
óbice orçamentário para cumprimento deve ser objetivamente mensurável e não
pode ser motivação para justificar o reiterado descumprimento da obrigação de
fazer. Precedentes: (RMS 26881, Relator(a): CARLOS BRITTO, Primeira
Turma, julgado em 20/05/2008, DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-
11-2008 EMENT VOL-02340-02 PP-00326 RT v. 98, n. 882, 2009, p. 108-
111 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p. 170-175); ARE 1348690, Relator(a):
NUNES MARQUES, Segunda Turma, julgado em 04/11/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-023 DIVULG 07-02-2022 PUBLIC 08-02-2022.

12. Uma vez que inexiste previsão legal específica e tomando as informações
expostas pela própria Superintendência da Receita Federal da 7ª Região,
reconhecido o direito creditório do contribuinte, deve a RFB proceder à
requisição ao Tesouro Nacional da verba necessária para o pagamento, o que
deve ocorrer em até 90 dias, contados da conclusão da decisão administrativa.

13. Remessa necessária desprovida. Apelação parcialmente provida


para assegurar ao Apelante o direito de, além da análise e conclusão
dos pedidos de restituição transmitidos há mais de 360 dias, a efetiva
compensação, com o abatimento ou redução de eventuais débitos e, em
caso de saldo disponível, a emissão de ordem bancária de pagamento,
em até 90 dias, contados da conclusão da decisão administrativa.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia
3a. Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região decidiu,
por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO à remessa necessária e DAR
PARCIAL PROVIMENTO à apelação, nos termos do voto do Relator, nos
termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.

Rio de Janeiro, 02 de agosto de 2022.

Documento eletrônico assinado por MARCUS ABRAHAM, Desembargador


Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de
2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A conferência
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APELAÇÃO CÍVEL Nº 5000564-27.2021.4.02.5120/RJ

RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL MARCUS ABRAHAM

APELANTE: LUCIANA MURI OLIVEIRA (IMPETRANTE)

APELADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)


RELATÓRIO

Trata-se de recurso de apelação interposto por LUCIANA MURI


OLIVEIRA em face de sentença proferida pelo Juízo Federal da 1ª Vara
Federal de Nova Iguaçu/RJ, que em mandado de segurança impetrado com
o objetivo de compelir a Autoridade impetrada a efetivar a compensação,
no prazo legal de 30 (trinta dias), cujo direito foi reconhecido na via
administrativa entre julho e agosto de 2020, através da análise dos 13
pedidos de restituição protocolados perante a Receita Federal, denegou a
segurança.

Na origem, cuidou-se de mandado de segurança impetrado pela ora


Apelante em face do Delegado da Receita Federal do Brasil em Nova
Iguaçu, no Rio de Janeiro, requerendo:

“(...)

c) a procedência do pedido, com a concessão do presente writ, impondo à


Receita Federal do Brasil a obrigação de fazer para que efetive a
compensação abatendo/reduzindo os débitos da Impetrante discriminados
nas próprias comunicações juntadas ora objeto da presente, mediante
prazo a ser estipulado por este D. Juízo;

d) caso as compensações tenham sido efetivadas no curso da presente


demanda – conforme tem sido comum no curso de ações similares quando
após a Impetrada ser citada – abatendo/reduzindo os débitos da
Impetrante, que a Impetrada seja obrigada a informar a posição das
dívidas discriminando os débitos e/ou créditos existentes e respectiva
memória de cálculo nos mesmos termos que seriam feitos em caso de
conclusão regular do processo administrativo;

e) tratando-se de pedido de obrigação de fazer requer, em caso de


desobediência, seja aplicada multa diária (astreintes) no valor de
R$.1.000,00, valor este que deverá ser revertido em favor do Impetrante;”

Alegou a Impetrante, ora Apelante, que protocolou junto à Autoridade


Impetrada treze requerimentos administrativos/pedidos de restituição, e
que, após analisados, foi reconhecida a existência do crédito da Impetrante
nos referidos requerimentos.

Asseverou que apesar da Autoridade Impetrada ter efetivado as análises


dos requerimentos, e reconhecido os respectivos créditos nos termos da
legislação vigente (Arts. 73 e 74 da Lei 9430/96 c/c art. 7º do Decreto-Lei
2287/86 e Decreto 2138/97), não efetivou a compensação
abatendo/reduzindo os débitos da Impetrante, contrariando e
desrespeitando os dispositivos previstos na Instrução Normativa
1717/2017.

Afirma que, nesse contexto, constitui seu direito líquido e certo ver seu
requerimento administrativo respondido e seu direito devidamente
efetivado no prazo legal de 30 (trinta) dias úteis.

No evento 4, o Juízo de origem determinou a intimação da impetrante para


emendar a inicial para esclarecer o pedido formulado, considerando a
inviabilidade de utilizar mandado de segurança como instrumento
processual para cobrança de valores ainda que indevidamente retidos.

No evento 9, a Impetrante informou que “pretende apenas que a Impetrada


seja obrigada a dar andamento, tendo em vista ter extrapolado o prazo
legal de 30 dias, aos procedimentos administrativos ora objeto do presente
mandamus, os quais não levam somente a uma satisfação financeira mas
gera também consequências administrativas conforme depreende-se da
norma abaixo, da própria Impetrada, que rege administrativamente a
matéria (...)”

O Juízo a quo ao proferir a sentença concluiu inexistir, na espécie, ato


ilegal ou arbitrário praticado pela autoridade impetrada a ser afastado
pelo Judiciário. Destacou que o Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do Recurso Especial nº 1.138.206, submetido à sistemática dos
recursos repetitivos, na sessão de 09/08/2010, definiu que o processo
administrativo tributário encontra-se regulado pelo Decreto 70.235/72 -
Lei do Processo Administrativo Fiscal, sendo que o prazo para conclusão
passou a ser expressamente previsto na Lei 11.457/07, que estabeleceu, em
seu art. 24, a obrigatoriedade de ser proferida decisão administrativa no
prazo máximo de 360 dias a contar do protocolo dos pedidos, o qual deve
ser aplicado de imediato aos pedidos, defesas ou recursos administrativos
pendentes.

Em razões de recurso, a Apelante LUCIANA MURI OLIVEIRA repisa seus


argumentos da inicial, salientando que pretende garantir seu direito à
duração razoável do processo com fundamento legal na Instrução
Normativa 1717/2017 da própria Autoridade Impetrada, em seu artigo 97,
que preceitua que “No prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis, contado da
data em que a compensação for promovida de ofício ou em que for
apresentada a declaração de compensação, compete à RFB adotar os
seguintes procedimentos:” Ao final, formulou o seguinte pedido:

“Face o exposto, com todo o respeito e acatamento REQUER o Autor, ora


Recorrente, seja conhecido e provido o presente Recurso, para o fim de se
reformar a sentença recorrida nos termos da requeridos/pedidos na
exordial e julgar procedente o pedido inicial, requestionando-se o artigo
5º., incisos V, XXII e XXXII da Constituição Federal com o que estará
sendo feita a mais lídima JUSTIÇA!”

O Ministério Público Federal opinou pelo desprovimento da apelação


(evento 7 TRF2).

Em contrarrazões (evento 21), a União Federal/Fazenda Nacional


asseverou que o direito à compensação (total ou parcial) já foi
reconhecido em seara administrativa, através de decisão administrativa,
restando evidente a inexistência de qualquer ato coator a justificar o
presente mandamus.

Considerando o alegado pela União Federal, de que direito à compensação


postulado nesta ação foi reconhecido na seara administrativa, foi
determinada a intimação para que apresentasse documentação que
comprovasse a efetividade da compensação pretendida nestes autos
(evento 18 TRF2).

A União Federal/Fazenda da Nacional informou que os documentos


reconhecendo os créditos por pagamento a maior por parte da apelante e a
compensação com seus débitos foram juntados pelo próprio impetrante
quando da impetração do presente mandado de segurança (evento 22
TRF2).

É o relatório. Peço dia para julgamento.

VOTO

Conforme relatado, trata-se de recurso de apelação interposto por


LUCIANA MURI OLIVEIRA em face de sentença proferida pelo Juízo
Federal da 1ª Vara Federal de Nova Iguaçu/RJ, que em mandado de
segurança impetrado com o objetivo de compelir a Autoridade impetrada
a efetivar a compensação, no prazo legal de 30 (trinta dias), cujo direito
foi reconhecido na via administrativa entre julho e agosto de 2020, através
da análise dos 13 pedidos de restituição protocolados perante a Receita
Federal, denegou a segurança.

Conheço do recurso de apelação, porque presentes seus pressupostos de


admissibilidade.

O Mandado de Segurança consiste em garantia constitucional, prevista no


art. 5º, LXIX da Carta Magna e disciplinado pela Lei nº 12.016/2009, com
a finalidade de proteger direito líquido e certo contra ato ilegal ou em
abuso de poder por parte de autoridade, sempre que pessoa física ou
jurídica sofra violação ou tenha receio de sofrê-la.

A via processual do mandado de segurança exige a prévia caracterização


do direito líquido e certo alegado, o que se dá com a apresentação de prova
pré-constituída, isto é, comprovada por meio de documentos, pois afigura-
se inadmissível a dilação probatória na seara estreita da via
mandamental.

No caso dos autos, a impetrante protocolou 13 (treze) pedidos de


restituição na via administrativa e que, após analisados, foi reconhecida
a existência de crédito da impetrante nos referidos requerimentos.
Nos eventos 9 a 21, a Impetrante juntou documentos (Avisos de
Recebimento) que comprovam que o crédito pleiteado em sede
administrativa foi totalmente reconhecido.

O conteúdo padrão das comunicações está assim redigido:

“Pelo presente, comunico a V.Sª que o processo acima identificado foi


formalizado para apreciação do pedido de restituição, PER nº
21959.28975.310720.2.2.16-0226.

Na análise automática efetuada pelos sistemas informatizados da


Receita Federal, verificou-se que o crédito pleiteado no referido
documento foi totalmente reconhecido, no valor de R$ 1.001,00.

Quando das verificações preliminares para o pagamento do saldo


credor, constatou-se a existência de débitos administrados pela
Receita Federal em aberto e/ou inscritos em Dívida Ativa da União,
relacionados abaixo.

Com fundamento nos artigos 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de


1996, do artigo 7º do Decreto-Lei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, e do
Decreto nº 2.138, de 29 de janeiro de 1997, informa-se que o valor do
crédito reconhecido será compensado com os débitos existentes, na
ordem de prioridade estabelecida pela legislação.

Para manifestar-se quanto à compensação, fica V. Sª notificado a


comparecer na unidade da Receita Federal de sua jurisdição, no prazo de
15 (quinze) dias contados da ciência desta. A não manifestação implicará
na concordância do procedimento de compensação.

Havendo discordância, a unidade da Receita Federal, nos termos do §3º do


artigo 6º do Decreto nº 2.138/97, reterá o valor de restituição até que os
débitos sejam liquidados”.

Todas as comunicações foram expedidas em 11/09/2020 e o mandado de


segurança foi impetrado em 27/01/2021, isto é, a impetração se deu pouco
mais de 04 (quatro) meses do envio das comunicações.

Como visto, em que pese o Fisco ter efetivado as análises dos


requerimentos de restituição formulados pela Impetrante, e reconhecido os
respectivos créditos, até a impetração deste mandamus não efetivou a
compensação abatendo/reduzindo os débitos existentes.

No caso em apreço, entendo que esta demanda encontra solução na


legislação editada pela própria Receita Federal, especificamente na
Instrução Normativa RFB nº 1717/2017.

A aludida Instrução Normativa estabelece normas sobre restituição,


compensação, ressarcimento e reembolso, no âmbito da Secretaria da
Receita Federal do Brasil, e nos arts. 97 e 97-A, assim dispõe, quanto à
matéria controvertida nestes autos:
Art. 97. No prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis, contado da data em que
a compensação for promovida de ofício ou em que for apresentada a
declaração de compensação, compete à RFB adotar os seguintes
procedimentos:

I - debitar o valor bruto da restituição, acrescido de juros, se cabíveis, ou


do ressarcimento, à conta do tributo respectivo;

II - creditar o montante utilizado para a quitação dos débitos à conta do


respectivo tributo e dos respectivos acréscimos e encargos legais, quando
devidos.

Art. 97-A. Homologada a compensação declarada, expressa ou


tacitamente, ou efetuada a compensação de ofício, a unidade da RFB
adotará os seguintes procedimentos:

I - registrará a compensação nos sistemas de informação da RFB que


contenham informações relativas a pagamentos e compensações;

II - certificará, se for o caso:

a) no pedido de restituição ou de ressarcimento, qual o valor utilizado na


quitação de débitos e, se for o caso, o saldo a ser restituído ou ressarcido;
e

b) no processo de cobrança, qual o montante do crédito tributário extinto


pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito; e

III - expedirá aviso de cobrança, na hipótese de saldo remanescente de


débito, ou ordem bancária, na hipótese de remanescer saldo a restituir ou
a ressarcir depois de efetuada a compensação de ofício.

Pois bem. Não é desarrazoado compreender que a autoridade impetrada


possa, de fato, promover a compensação dos créditos já reconhecidos no
prazo de 30 (trinta) dias úteis, especialmente se considerarmos que há
informação acerca da existência de débitos administrados pela Receita
Federal em aberto e/ou inscritos em Dívida Ativa da União, conforme
consta no conteúdo das comunicações acima transcrito.

Sabe-se que muitas vezes o contribuinte se vê obrigado a buscar a tutela


jurisdicional para evitar cobrança indevida de débito já quitado/
compensado ou para impedir a permanência irregular de inscrição em
dívida ativa da União. E não é incomum que, nestes casos, a própria
Administração Tributária reconheça como indevida a cobrança ou
irregular a manutenção da inscrição em dívida ativa a partir da análise
dos requerimentos formulados na via administrativa pelos contribuintes.

Ou seja, em grande medida, os motivos pelos quais os contribuintes


demandam o Poder Judiciário está inexoravelmente vinculado à
morosidade de o Fisco simplesmente processar regularmente o pedido de
compensação ou restituição em sede administrativa.

No caso destes autos, não há qualquer informação que comprometa ou


impeça a Administração Tributária de proceder à devida compensação dos
créditos já reconhecidos.

A meu ver, o caso dos autos, em razão da ausência de complexidade dos


requerimentos administrativos, impõe que a autoridade impetrada dê o
regular andamento, no prazo de até 30 (trinta) dias úteis, na forma dos
arts. 97 e 97-A da Instrução Normativa RFB nº 1717/2017, efetivando a
compensação de ofício anunciada nas comunicações enviadas à
contribuinte.

Entendo que a solução desta demanda não perpassa pela aplicação pelo
texto rígido do art. 24 da Lei nº 11.457/2007, que estabelece o prazo de 360
dias para que a administração decida os requerimentos administrativos
de matéria tributária, como segue:

Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo


máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de
petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.

A solução do caso concreto se insere dentro uma visão harmônica das


demais partes do sistema jurídico, especialmente pelos princípios que
integram esse sistema.

Permitir que o contribuinte possa ter seu pleito administrativo de


compensação/restituição efetivado, considerando, como dito, a reduzida,
ou mesmo, a total ausência de complexidade de sua demanda, bem como o
próprio reconhecimento da existência de créditos pela Administração
Tributária, materializaria, a um só tempo, o princípio da isonomia real,
haja vista inexistir maior dificuldade para efetivar a compensação dos
débitos do que aquelas situações que exigem a análise acurada dos
requerimentos, a duração razoável do processo prevista artigo 5º, inciso
LXXVIII, e a eficiência administrativa prevista no artigo 37, caput, ambos
da Constituição da República.

Repise-se: está-se aqui diante de créditos já reconhecidos pela Autoridade


Fiscal e débitos abertos e/ou inscritos em Dívida Ativa da União sem a
devida providência da compensação de ofício, comunicada pela própria
Administração Tributária, há mais de 120 dias, considerando-se a data da
impetração do presente mandado de segurança.

Por essa ótica, não seria razoável, tampouco praticaria o bom direito,
esperar as consequências negativas daqueles débitos, por estarem em
aberto, tendentes a provocar embaraços à vida do contribuinte, para
somente a partir daí o Poder Judiciário atuar na preservação de seu
direito.

Por esta razão, entendo que, no caso concreto, a omissão administrativa


revelada nestes autos está sujeita ao controle do Poder Judiciário,
impondo-se, por conseguinte, à observância pela Autoridade Fiscal do
prazo máximo de até 30 (trinta) dias úteis, estabelecido pela própria
Receita, na IN RFB nº 1717/2017, para utilização dos créditos devidamente
reconhecidos ao contribuinte para a quitação de seus débitos.

Sobre idêntica controvérsia ao que ora se analisa, vejam-se os seguintes


precedentes:

TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO.


PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CRÉDITO RECONHECIDO.
COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO. PRAZO DE 30 DIAS ESTABELECIDO NA
IN RFB 1.717/2017.

1- Mandado de segurança impetrado com o objetivo de que fosse


determinado à Receita Federal que providenciasse a efetiva compensação,
com abatimento, dos débitos em aberto existentes em seu nome, dos
créditos já expressamente reconhecidos.

2 - No presente caso, a Administração reconheceu o crédito do Impetrante


nos 26 (vinte e seis) requerimentos discriminados na inicial, e informou,
nas cartas emitidas para o contribuinte em 17/07/2020 e 13/08/2020 (anexos
7/33 doe evento 1), que a compensação seria feita de ofício com débitos
existentes, na ordem de prioridade estabelecida pela legislação.

3 – O art. 97 da IN RFB 1.717/97, estabelece que a Administração


Tributária, no prazo máximo de 30 dias úteis, deve debitar o valor da
restituição à conta do tributo e creditar o montante utilizado para
quitação dos débitos do contribuinte.

4 - A União afirmou que o direito creditório reconhecido foi totalmente


utilizado para compensação de débitos no âmbito dos processos nº
10735900760/2020-30, nº 10735900761/2020-84 e nº 10735900759/2020-13,
sendo que no processo nº 10735900763/2020-73, ainda resta um saldo credor
no valor de R$ 791,40 (setecentos e noventa e um reais e quarenta
centavos). Quanto aos demais processos, nos quais ainda se constata
crédito em favor do contribuinte, seria necessário aguardar o fluxo de
pagamento automático.

5 - Assim, verifica-se, diante da própria informação da União, a existência


de violação a direito líquido e certo do Impetrante, eis que o prazo máximo
de 30 (trinta) dias úteis, estabelecido pela própria Receita, na IN RFB nº
1717/2017, para utilização dos créditos devidamente reconhecidos ao
contribuinte para a quitação de seus débitos, não foi respeitado pela
Administração.
6 – Apelação do Impetrante a que se dá provimento, para conceder a
segurança.

(TRF2- AC N° 5010125-12.2020.4.02.5120/RJ, Rel. FIRLY NASCIMENTO


FILHO, Juiz Federal Convocado, QUARTA TURMA ESPECIALIZADA,
julgado em 24/05/2021)

PROCESSO CIVIL. PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE CRÉDITO


RECONHECIDO POR DECISÃO ADMINISTRATIVA. DECURSO DE
PRAZO. INOBSERVÂNCIA DO ART. 97-A DA IN 1717/2017.

1. O IMPETRANTE POSTULA, LIMINARMENTE, OBJETIVANDO A


CONCESSÃO DA SEGURANÇA PARA QUE SEJA DETERMINADO
QUE A AUTORIDADE IMPETRADA APLIQUE OS JULGADOS
ADMINISTRATIVOS E CONCLUA O PROCEDIMENTO DE
RESSARCIMENTO, NO PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS, EM RELAÇÃO
AOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS NS. 16682.901983/2015-04,
16682.901984/2015-41, 16682.901986/2015-30 E 16682.901985/2015-95”,
ENCAMINHADOS À AUTORIDADE COATORA EM 28/01/2019, EM
OBSERVÂNCIA AO PROCEDIMENTO PREVISTO NA IN RBF Nº
1.717/2017.

2. A IN 1717/2017 É O ATO ADMINISTRATIVO QUE ESTABELECE


NORMAS SOBRE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO,
RESSARCIMENTO E REEMBOLSO, NO ÂMBITO DA SECRETARIA DA
RECEITA FEDERAL DO BRASIL.

3. O PEDIDO DE RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS, FORMULADO


PELA IMPETRANTE, NOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS NºS
16682.901983/2015-04, 16682.901984/2015-41, 16682.901986/2015-30 E
16682.901985/2015-95, FOI PROTOCOLADO EM 22/02/2015, E A
DECISÃO ADMINISTRATIVA APONTANDO O DEFERIMENTO DO
CRÉDITO FOI ENCAMINHADA PARA A AUTORIDADE COATORA
EM 28/01/2019, CONFORME ATESTA O DOCUMENTO 10, EVENTO 01.
OCORRE QUE, SEM QUALQUER JUSTIFICATIVA, NÃO HOUVE
APRECIAÇÃO DO PLEITO ATÉ A INTERPOSIÇÃO DESTE MANDADO
DE SEGURANÇA, ULTRAPASSANDO O PRAZO QUE PREVÊ O
ARTIGO 97-A DA IN 1717/2017.

4. RECONHECIDO QUE A APURAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


FAZ PARTE DA ANÁLISE CONCLUSIVA DO PEDIDO DE
HABILITAÇÃO DE CRÉDITO, PROVENIENTE DE DECISÃO
ADMINISTRATIVA (PROCESSOS ADMINISTRATIVOS NºS
16682.901983/2015-04, 16682.901984/2015-41, 16682.901986/2015-30 E
16682.901985/2015-95), IMPÕE-SE A OBRIGATORIEDADE DE
OBSERVAÇÃO DO PRAZO ESTABELECIDO NO ARTIGO 97-A DA IN
1717/2017.

5. EM FACE AO ORDENAMENTO JURÍDICO, A ATIVIDADE DA


ADMINISTRAÇÃO DEVE SER EXERCIDA DENTRO DE UM PRAZO
RAZOÁVEL, QUE NÃO PODE SE PROLONGAR POR TEMPO
INDETERMINADO, DEVENDO SER RESPEITADOS DIVERSOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ENTRE ELES A LEGALIDADE,
EFICIÊNCIA, MORALIDADE ETC.

6. A SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO DEVE SER


REFORMADA.

7. APELAÇÃO DO IMPETRANTE PROVIDA, PARA TANTO FIXADO O


PRAZO DE 30 DIAS, SOB PENA DE INCORRER NOS EFEITOS DA
MORA LEGAL. (TRF2- AC N° 5023966-68.2019.4.02.5101/RJ, Rel.
Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, QUARTA TURMA
ESPECIALIZADA, julgado em 30/03/2020)

Desse modo, deve ser dado provimento à apelação para, reformando a


sentença, determinar à autoridade impetrada que observe o prazo máximo
de 30 (trinta) dias úteis para utilização dos créditos discriminados nestes
autos, devidamente reconhecidos ao contribuinte, para a quitação de seus
débitos.

Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO à apelação.

Documento eletrônico assinado por MARCUS ABRAHAM,


Desembargador Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de
19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de
2018. A conferência da autenticidade do documento está disponível no
endereço eletrônico https://eproc.trf2.jus.br, mediante o preenchimento do
código verificador 20000695626v13 e do código CRC 4c936705. Grifo nosso

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 5085288- 21.2021.4.02.5101/RJ


IMPETRANTE: ALEXANDRE QUEIROZ FRANCO
HENRIQUES
IMPETRADO: DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO I - UNIÃO - FAZENDA NACIONAL - RIO DE JANEIRO
SENTENÇA
(EMBARGOS DE DECLARAÇÃO)
O embargante alega que a sentença incorreu em omissão e obscuridade
“ao determinar ‘...analisados e julgados...’ deixando de responder
propriamente o pedido c) da exordial o qual fora formulado exatamente
nos termos da norma legal que regulamenta a matéria (IN RFB
117/2017), in verbis “pedido c)” da exordial:
“c) a procedência do pedido, com a concessão do presente writ, impondo
à Receita Federal do Brasil a obrigação de fazer para que responda aos
requerimentos administrativos protocolados e efetive a compensação
abatendo/reduzindo os débitos da Impetrante discriminados nas próprias
comunicações juntadas ora objeto da presente, mediante prazo a ser
estipulado por este D. Juízo;”
A União oferece contrarrazões (EV.35).
É o relatório. Decido.
Com efeito, a sentença foi omissa quanto ao pedido para “efetivar a
compensação”, “abatendo/reduzindo os débitos” no prazo requerido,
vício esse que ora é sanado. A IN RFB nº 1717/2017, que, como cediço,
estabelece normas sobre restituição, compensação, ressarcimento e
reembolso, no âmbito da SRFB, quanto à matéria em questão, assim
dispõe:
"Art. 97. No prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis, contado da data
em que a compensação for promovida de ofício ou em que for apresentada
a declaração de compensação, compete à RFB adotar os seguintes
procedimentos:
I - debitar o valor bruto da restituição, acrescido de juros, se cabíveis, ou
do ressarcimento, à conta do tributo respectivo; II - creditar o montante
utilizado para a quitação dos débitos à conta do respectivo tributo e dos
respectivos acréscimos e encargos legais, quando devidos. (grifei).
Art. 97-A. Homologada a compensação declarada, expressa ou
tacitamente, ou efetuada a compensação de ofício, a unidade da RFB
adotará os seguintes procedimentos: I - registrará a compensação nos
sistemas de informação da RFB que contenham informações relativas a
pagamentos e compensações;
II - certificará, se for o caso:
a) no pedido de restituição ou de ressarcimento, qual o valor utilizado
na quitação de débitos e, se for o caso, o saldo a ser restituído ou
ressarcido; e
b) no processo de cobrança, qual o montante do crédito tributário extinto
pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito; e
III - expedirá aviso de cobrança, na hipótese de saldo remanescente de
débito, ou ordem bancária, na hipótese de remanescer saldo a restituir
ou a ressarcir depois de efetuada a compensação de ofício."
Portanto, uma vez reconhecido o crédito e notificado o contribuinte,
respeitado o fluxo de procedimento previsto na IN nº 1.717/2017 (ou
outra que a substituir), deverão os créditos ser inscritos para pagamento,
no prazo previsto o art. 97, da IN nº 1.717/2017, considerando que o
contribuinte não pode aguardar indefinidamente pela efetivação do seu
direito já reconhecido na via administrativa.
Nesse sentido é o entendimento deste eg. TRF-2ª Região. Veja-se:
"TRIBUTÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. PEDIDOS DE
RESTITUIÇÃO. ART. 24, DA LEI Nº 11.457/2007.
EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO DE 360 DIAS PARA DECISÃO
ADMINISTRATIVA.
1 – Trata-se de remessa necessária, em mandado de segurança impetrado
por DANIEL CHAVES FERREIRA ARAGÃO, de sentença proferida
pelo Juízo da 21ª Vara Federal/RJ, que julgou extinto o feito quanto a
parte dos requerimentos, por ausência de interesse de agir e concedeu
em parte a segurança, com base no art. 487, I, do CPC e a liminar, para
determinar à autoridade impetrada que proceda à análise dos demais
requerimentos de restituição da impetrante, protocolados em
04/10/2019, em 60 (sessenta) dias.
2 – A impetrante protocolou 32 (trinta e dois) pedidos de restituição dos
PER/DCOMP, transmitidos em 04/10/2019. O presente Mandamus foi
impetrado 26/04/2021. 3 – A conduta omissiva da Administração, sem
justificativas relevantes, afronta direito do administrado à razoável
duração do processo administrativo e, em decorrência, o princípio da
eficiência, estando, portanto, a omissão administrativa sujeita ao
controle do Poder Judiciário, que tem o dever de preservar lesões ou
ameaça a direitos, em cumprimento ao disposto no artigo 5º, inciso
LXXVIII, da Constituição Federal (EC nº 45/2004). Assim, a
Administração deve promover o andamento do pedido administrativo
evitando a mora, não postergando indefinidamente o processo,
manifestando-se, ainda que contrário ao pleito do administrado, mas
respondendo em tempo hábil, conferindo, assim, eficácia ao preceito
constitucional inserto no art. 5º, LXIX, consequência direta do princípio
da eficiência administrativa previsto no artigo 37, caput, da CRFB/88.
4 – No caso, como o presente writ trata de processos administrativos
fiscais, que possui normatização própria, este não se encontra sujeito à
incidência da norma prevista no artigo 49 da Lei nº 9.784/99, mas, sim,
ao disposto na Lei nº 11.457/2007, que estabelece, em seu art. 24, o prazo
de 360 (trezentos e sessenta) dias para que a Administração profira
decisão administrativa a contar do protocolo de petições, defesas ou
recursos administrativos do contribuinte.
5 – Ainda que haja insuficiência de recursos humanos e materiais no
âmbito da Administração Pública, é certo que não pode o contribuinte
aguardar indefinidamente a decisão de requerimentos administrativos,
o que, além de constituir ofensa ao princípio da eficiência da
Administração Pública (CRFB/88, art. 37), pode lhe causar sérios
prejuízos, equiparando-se ao próprio indeferimento do pedido.
6 – Verificou-se, de acordo com informações prestadas pela RFB, que de
fato, a Impetrada já havia concluído a análise do direito creditório de
algumas PER/DCOMP´s, reconhecendo o crédito disponível, bem como
trouxe a notícia de que os valores já se encontravam em fluxo automático
aguardando emissão de ordem bancária. Por outro lado, com relação aos
requerimentos remanescentes, existe o interesse de agir do impetrante,
uma vez que foram transmitidos em 04/10/2019 e até a impetração do
presente Mandamus, reitera -se, em 26/04/2021, não havia a RFB
promovido a análise dos referidos requerimentos, tendo, por
conseguinte, ultrapassado mais de 360 dias previstos no art. 24 da Lei
nº 11.457/2007.
7 – A União Federal manifestou-se no sentido de deixar de apresentar
recurso e a autoridade coatora comunicou que os pedidos de restituição
objetos da presente demanda foram apreciados no processo
administrativo nº
10348.723870/2021-16, por meio da Decisão nº 4.505/2021 de
17/06/2021 e encaminhado para o contribuinte, facultando-lhe a
apresentação de manifestação de inconformidade em relação a parte não
reconhecida do direito creditório.
8 – Configurada excessiva demora da Administração Fazendária, deve
ser mantida a sentença que julgou o feito extinto quanto a parte dos
requerimentos, por ausência de interesse de agir, e concedeu
parcialmente a segurança e a liminar para determinar que a análise dos
demais requerimentos de restituição do impetrante, protocolados em
04/10/2019, em 60 dias, a contar da intimação da presente, com adoção
posterior do fluxo de atos previsto na IN nº 1.717/2017 ou outra que a
substituir, inclusive com emissão da ordem de pagamento no prazo
previsto no art. 97 da IN nº 1.717/2017.
9 – Não obstante a Autoridade Coatora tenha informado que procedeu à
análise dos direitos creditórios, não há que se cogitar em perda de objeto,
tampouco, em falta de interesse superveniente de agir, uma vez que as
medidas necessárias ao cumprimento não decorreram de ato voluntário
da Autoridade Impetrada, que só o fez após a impetração do Mandamus.
10 – Remessa necessária não provida.
(TRF2, REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL Nº 5029950-
62.2021.4.02.5101/RJ, 3ª Turma Especializada, Rel. MARCUS
ABRAHAM, DJ 26/08/2021) (g.n.) “TRIBUTÁRIO. PROCESSO
ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO.
CRÉDITO RECONHECIDO. COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO.
PRAZO DE 30 DIAS ESTABELECIDO NA IN RFB 1.717/2017.
1- Mandado de segurança impetrado com o objetivo de que fosse
determinado à Receita Federal que providenciasse a efetiva compensação,
com abatimento, dos débitos em aberto existentes em seu nome, dos
créditos já expressamente reconhecidos.
2 - No presente caso, a Administração reconheceu o crédito do
Impetrante nos 11 (onze) requerimentos discriminados na inicial, e
informou, nas cartas emitidas para o contribuinte em 17/07/2020, que a
compensação seria feita de ofício com débitos existentes, na ordem de
prioridade estabelecida pela legislação.
3 – O art. 97 da IN RFB 1.717/97, estabelece que a Administração
Tributária, no prazo máximo de 30 dias úteis, deve debitar o valor da
restituição à conta do tributo e creditar o montante utilizado para
quitação dos débitos do contribuinte.
4 - A União afirmou que dos 14 (quatorze) pedidos de restituição
protocolados pelo contribuinte, já homologados administrativamente, 11
(onze) já tiveram o direito creditório integralmente utilizado em
compensação de ofício e 03 (três) ainda se encontram na fase preliminar
obrigatória (processos nº 10735-903.546/2020-35, nº 10735-
903.547/2020-80 e nº 10735-903.548/2020-24), ou seja, “aguardando
ciência e autorização da notificação para compensação de ofício”.
5 - Assim, verifica-se, diante da própria informação da União, a
existência de violação a direito líquido e certo do Impetrante, eis que o
prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis, estabelecido pela própria Receita,
na IN RFB nº 1717/2017, para utilização dos créditos devidamente
reconhecidos ao contribuinte para a quitação de seus débitos, não foi
respeitado pela Administração.
6 – Apelação do Impetrante a que se dá provimento, para conceder a
segurança.
(TRF2, AC 5010123-42.2020.4.02.5120/RJ; 4ª Turma Especializada,
JFC FIRLY NASCIMENTO FILHO, DJ 02/07/2021) (g.n.) Isto posto,
CONHEÇO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e DOU
PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, para sanar a omissão
apontada e determinar, em acréscimo, a adoção do fluxo de atos previsto
na IN nº 1.717/2017 ou outra que a substituir, inclusive com emissão
da ordem de pagamento no prazo previsto no art. 97 da IN nº
1.717/2017. (grifo nosso)
Devolvo às partes o prazo recursal, por inteiro.
...
Documento eletrônico assinado por ALBERTO NOGUEIRA JUNIOR,
Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de
dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de
2018. A conferência da autenticidade do documento está disponível no
endereço eletrônico https://eproc.jfrj.jus.br, mediante o preenchimento
do código verificador 510006271363v2 e do código CRC 72773534.”

REsp 1.138.206, Rel. Min. Luiz Fux

“TRIBUTÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL


REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.
DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. PROCESSO
ADMINISTRATIVO FISCAL FEDERAL. PEDIDO
ADMINISTRATIVO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO PARA DECISÃO
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. APLICAÇÃO DA LEI 9.784/99.
IMPOSSIBILIDADE. NORMA GERAL. LEI DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO FISCAL. DECRETO 70.235/72. ART. 24 DA LEI
11.457/07. NORMA DE NATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO
IMEDIATA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO
CONFIGURADA. 1. A duração razoável dos processos foi erigida como
cláusula pétrea e direito fundamental pela Emenda Constitucional 45, de
2004, que acresceu ao art. 5º, o inciso LXXVIII, in verbis: “a todos, no
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” 2. A
conclusão de processo administrativo em prazo razoável é corolário dos
princípios da eficiência, da moralidade e da razoabilidade. (Precedentes: MS
13.584/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 13/05/2009, DJe 26/06/2009; REsp 1091042/SC, Rel. Ministra
ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2009, DJe
21/08/2009; MS 13.545/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 29/10/2008, DJe
07/11/2008; REsp 690.819/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/02/2005, DJ 19/12/2005) 3. O
processo administrativo tributário encontra-se regulado pelo Decreto
70.235/72 - Lei do Processo Administrativo Fiscal -, o que afasta a aplicação
da Lei 9.784/99, ainda que ausente, na lei específica, mandamento legal
relativo à fixação de prazo razoável para a análise e decisão das petições,
defesas e recursos administrativos do contribuinte. 4. Ad argumentandum
tantum, dadas as peculiaridades da seara fiscal, quiçá fosse possível a
aplicação analógica em matéria tributária, caberia incidir à espécie o próprio
Decreto 70.235/72, cujo art. 7º, § 2º, mais se aproxima do thema
judicandum, in verbis: “Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide
Decreto nº 3.724, de 2001) I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por
servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária
ou seu preposto; II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III
- o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início
do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos
atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos
nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos
referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável,
sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que
indique o prosseguimento dos trabalhos." 5. A Lei n.° 11.457/07, com o
escopo de suprir a lacuna legislativa existente, em seu art. 24, preceituou a
obrigatoriedade de ser proferida decisão administrativa no prazo máximo
de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo dos pedidos, litteris:
"Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo
máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições,
defesas ou recursos administrativos do contribuinte." 6. Deveras,
ostentando o referido dispositivo legal natureza processual fiscal, há de ser
aplicado imediatamente aos pedidos, defesas ou recursos administrativos
pendentes. 7. Destarte, tanto para os requerimentos efetuados
anteriormente à vigência da Lei 11.457/07, quanto aos pedidos protocolados
após o advento do referido diploma legislativo, o prazo aplicável é de 360
dias a partir do protocolo dos pedidos (art. 24 da Lei 11.457/07). (...) 9.
Recurso especial parcialmente provido, para determinar a
obediência ao prazo de 360 dias para conclusão do procedimento
sub judice. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da
Resolução STJ 08/2008. (REsp 1138206/RS; STJ; Relator Ministro LUIZ
FUX; Órgão Julgador PRIMEIRA SEÇÃO; Data do Julgamento
09/08/2010; DJe 01/09/2010)" (REsp 1.138.206, Rel. Min. Luiz Fux)
(grifo nosso)

Deste modo, a demora excessiva na resposta ao requerimento do autor,

mormente quando o caso concreto demonstra ínfima complexidade, viola direito líquido

e certo do Impetrante, não amparado por habeas corpus ou habeas data, ensejando o

presente mandado de segurança.

IV – DA COMPENSAÇÃO/RESTITUIÇÃO

O processo administrativo tributário encontra-se regulado pelo

Decreto 70.235/72 - Lei do Processo Administrativo Fiscal -, o qual era silente quanto ao

prazo razoável para a análise e decisão das petições, defesas e recursos administrativos

do contribuinte.

Por seu turno, a Lei n° 11.457/07, visando suprir a lacuna legislativa

existente, em seu art. 24, preceituou a obrigatoriedade de ser proferida decisão

administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo

de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. Frise-se: no prazo

máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições.

Convém assinalar que a própria RFB já reconheceu o prazo de 90

(noventa) dias para a emissão de ordem bancária, conforme informações prestadas pela

mesma nos autos com o mesmo objeto da lide, cujo processo se encontra em trâmite na

4ª Vara Federal de Niterói sob o número 5008255-49.2021.4.02.5102 (evento 19, pág. 7,

parágrafo 4).
A não adoção de um prazo para efetivação deste ato, viola

princípios constitucionais como impessoalidade e eficiência, tendo por dever ser

observado o direito da administrada, em obter da Administração a apreciação e

efetivação do pedido formulado dentro de um prazo razoável.

O que não é aceitável é obrigar os administrados a aguardarem

indefinidamente uma resposta, pois com isso, as alternativas ora apontadas não

existirão.

Cumpre ressaltar que a jurisprudência regional deste próprio

Tribunal, já prolatou decisões favoráveis recentes, conforme se segue:

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5007876-


74.2022.4.02.5102/RJ

RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO LEITE

APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)

APELADO: MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA APPOLINARIO


(IMPETRANTE)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. APELAÇÃO.


REMESSA NECESSÁRIA. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO.
ART. 24 DA LEI Nº 11.457/07. PROVIDÊNCIAS à
IMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO. CABIMENTO. PRAZO 90
DIAS.

1. Trata-se de remessa necessária e de recurso de apelação interposto


pela UNIÃO FEDERAL/FAZENDA NACIONAL em face de sentença
proferida pelo Juízo Federal da 3ª Vara Federal de Niterói/RJ, que
concedeu em parte a segurança para determinar a autoridade
impetrada que analise os PERD/COMPs especificados, no prazo de
30 dias, devendo efetivar a compensação abatendo/reduzindo
eventuais débitos e, em caso de saldo disponível, emitir ordem
bancária de pagamento, em até 90 dias, contados da conclusão da
decisão administrativa.

2. A duração razoável do processo foi erigida como cláusula pétrea e


direito fundamental pela Emenda Constitucional 45, de 2004, que
acresceu ao art. 5º, o inciso LXXVIII, in verbis: "a todos, no âmbito
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação."

3. A Lei nº 11.457, de 2007, estabelece, em seu art. 24, o prazo de 360


(trezentos e sessenta) dias para que a administração decida os
requerimentos administrativos de matéria tributária.

4. A jurisprudência pacificou-se no sentido de que a Lei n.° 11.457/07,


com o escopo de suprir a lacuna legislativa existente, em seu art. 24,
preceituou a obrigatoriedade de ser proferida decisão administrativa
no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do
protocolo dos pedidos, do modo que, havendo omissão
administrativa por prazo superior a 360 dias, a concessão da
segurança é medida que se impõe. Precedentes.

5. Extrai-se dos autos que o impetrante protocolizou pedidos de


restituição em 17/09/2021 e 24/09/2021 (Evento 1, COMP6). O presente
mandado de segurança foi impetrado em 23/10/2022.

6. No caso dos autos, agiu acertadamente o Juízo a quo ao


determinar que os requerimentos administrativos de
restituição fossem decididos no prazo de 30 (trinta) dias, pois,
levando-se em consideração as datas da transmissão dos pedidos de
restituição e a data da impetração do presente mandamus, como já
apontado, inegavelmente decorreram mais de 360 dias.

7. No que toca ao pedido de compensação abatendo/reduzindo os


débitos da Impetrante eventualmente reconhecidos pelo Fisco ou, em
caso de saldo/crédito remanescente, que seja emitida ordem bancária
(OB), prevalece, no âmbito da Terceira Turma Especializada desta
Corte Regional, que é cabível a fixação de prazo razoável para que a
Administração cumpra suas próprias decisões. Precedentes.

8. Deve ser fixado prazo de 90 (noventa) dias, contados da conclusão


da decisão administrativa, para que a Administração efetive suas
próprias decisões. No caso dos autos, a sentença se mostrou correta
determinar que a autoridade impetrada, após analisar os
PERD/COMPs especificados, no prazo de 30 dias, efetivasse a
compensação abatendo/reduzindo eventuais débitos e, em caso de
saldo disponível, emitisse ordem bancária de pagamento, em até 90
dias, contados da conclusão da decisão administrativa.
9. A autoridade impetrada, no Evento 5/TRF2, a informou que “ Em
cumprimento à sentença, informa-se ao D. Juízo que os pedidos de
restituição já foram analisados, tendo sido proferido o despacho
decisório, dentro do prazo de 30 dias previsto na sentença, que segue
em anexo, para comprovação. ”

10. Verifica-se que o Juízo a quo examinou adequadamente o conjunto


fático-probatório dos autos, aplicando a legislação de regência bem
como a jurisprudência pertinente à espécie, razão pela qual não
merece qualquer reparo.

11. Apelação e remessa necessária desprovidas.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


a Egrégia 3a. Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da
2ª Região decidiu, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO à
remessa necessária e à apelação, nos termos do voto do Relator, com
ressalva do entendimento do Desembargadora Federal CLAUDIA
NEIVA, no sentido de que o prazo de 360 dias previsto no art. 24 da
Lei nº 11.457/07 dirige-se à prolação da decisão administrativa, não
abarcando as providências necessárias à implementação do comando
do decisum, sob pena de ingerência indevida do Judiciário na esfera
da Administração Pública, em afronta ao princípio da separação dos
poderes. Sendo assim, não há como fixar prazo para pagamento, uma
vez que o efetivo ressarcimento dos créditos reconhecidos
administrativamente em favor do contribuinte depende de prévia
dotação orçamentária e pode importar violação à ordem cronológica
da fila de restituição, inclusive em relação à observância das
preferências legais (idosos e portadores de deficiência) e à Súmula 269
do Supremo Tribunal Federal, pois equipararia o presente mandamus
a uma ação de cobrança, nos termos do relatório, votos e notas de
julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Rio de Janeiro, 18 de abril de 2023.

Documento eletrônico assinado por PAULO LEITE, Desembargador


Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de
dezembro de 2006 e Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de
2018. A conferência da autenticidade do documento está disponível
no endereço eletrônico https://eproc.trf2.jus.br, mediante o
preenchimento do código verificador 20001387132v8 e do código
CRC dc7f2157. Grifo nosso.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5122911-22.2021.4.02.5101/RJ

RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO LEITE

APELANTE: MARTHA DA CONCEICAO COSTA (IMPETRANTE)

APELADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (INTERESSADO)

RELATÓRIO

Trata-se de apelação cível interposta pela Impetrante em face de sentença que


denegou a segurança, no evento 32-origem, nos seguintes termos:

Diante do exposto, com relação ao pedido de compensação dos créditos/débitos,


tendo em vista a perda superveniente do interesse de agir, EXTINGO O
PROCESSO, SEM APRECIAÇÃO DO MÉRITO, com base no artigo 6º, §5º,
da lei 12.016/2009 c/c art. 485, VI, do Código de Processo Civil; e, com relação
ao pedido de emissão de ordem bancária (OB) dos créditos remanescentes,
inexistindo direito líquido e certo a amparar a pretensão do
impetrante, DENEGO A SEGURANÇA e extingo o processo, com análise de
mérito, na forma do artigo 485, I, do Código de Processo Civil.

Custas na forma da Lei n. 9.289/96.

Sem condenação em honorários advocatícios, nos termos do art. 25 da Lei nº


12.016/2009.

Intimem-se.

Após o trânsito em julgado, dê-se baixa.

Intimadas da sentença, a impetrante apresentou seu recurso no evento 40-


origem requerendo, ao final, o seguinte:

Face o exposto, com todo o respeito e acatamento REQUER o Autor, ora


Recorrente, seja conhecido e provido o presente Recurso afim de reformar a
sentença no sentido de julgar com mérito, bem como a compensação efetiva
abatendo/reduzindo os débitos e em caso de saldo disponível a emissão de ordem
bancária dos requerimentos do Recorrente, nos termos da exordial e julgado
totalmente procedente o pedido inicial, prequestionando-se, desde já, o artigo
5º., incisos V, XXII e XXXII da Constituição Federal com o que estará sendo
feita a mais lídima JUSTIÇA!

Contrarrazões no evento 45-origem.

O Ministério Público Federal se manifesta pelo improvimento da apelação da


impetrante (evento 4- TRF2).

É o relatório.
Peço dia para julgamento.

VOTO

1. Admissibilidade

Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de admissibilidade.

2. Razoável duração do processo

O direito de petição assegurado no art. 5º, XXXIV, “a”, da Constituição


Federal, dirigido ao Poder Público, traduz-se em preceito fundamental a que se
deve conferir a máxima eficácia, razão pela qual cabe à Administração, como
medida necessária ao pleno exercício desse direito pelo Administrado, o dever
de apresentar resposta tempestiva.

A duração razoável do processo foi erigida como cláusula pétrea e direito


fundamental pela Emenda Constitucional 45, de 2004, que acresceu ao art. 5º,
o inciso LXXVIII, in verbis: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação."

O processo administrativo tributário encontra-se regulado pelo Decreto


70.235/72 - Lei do Processo Administrativo Fiscal -, o qual era silente quanto
ao prazo razoável para a análise e decisão das petições, defesas e recursos
administrativos do contribuinte.

Por seu turno, a Lei n° 11.457/07, visando suprir a lacuna legislativa existente,
em seu art. 241, preceituou a obrigatoriedade de ser proferida decisão
administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do
protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.

Nesse diapasão, havendo omissão administrativa por prazo superior a 360 dias,
a concessão da segurança é medida que se impõe.

Nesse mesmo sentido, é o entendimento da Terceira Turma Especializada deste


Egrégio Tribunal Regional Federal. Confira:

TRIBUTÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA EM MANDADO DE


SEGURANÇA. ANÁLISE DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO
FORMULADO NA VIA ADMINISTRATIVA. ART. 24, DA LEI Nº
11.457/2007. EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO DE 360 DIAS PARA
DECISÃO ADMINISTRATIVA.

1. Trata-se de remessa necessária de sentença proferida pelo Juízo Federal da


3ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que concedeu, em parte, a segurança para
determinar à Autoridade Impetrada que profira decisão administrativa nos
pedidos de restituição PER/DCOMP formulados pela Impetrante.
2. Constam dos autos que os dos Pedidos de Restituição (PER/DCOMP’s)
foram protocolizados entre 30/04/2018 e 22/05/2019. O presente mandado de
segurança foi impetrado em 09/12/2021.

3. A conduta omissiva da Administração, sem justificativas relevantes, afronta


direito do administrado à razoável duração do processo administrativo e, em
decorrência, o princípio da eficiência, estando, portanto, a omissão
administrativa sujeita ao controle do Poder Judiciário, que tem o dever de
preservar lesões ou ameaça a direitos, em cumprimento ao disposto no artigo
5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal (EC nº 45/2004).

4. A Lei nº 11.457, de 2007, estabelece, em seu art. 24, o prazo de 360 (trezentos
e sessenta) dias para que a administração decida os requerimentos
administrativos de matéria tributária.

5. Ainda que haja insuficiência de recursos humanos e materiais no âmbito da


Administração Pública, é certo que não pode o contribuinte aguardar
indefinidamente a decisão de requerimentos administrativos, o que, além de
constituir ofensa ao princípio da eficiência da Administração Pública (CF, art.
37), pode lhe causar sérios prejuízos, equiparando-se ao próprio indeferimento
do pedido.

6. No caso dos autos, agiu acertadamente o Magistrado a quo ao determinar


que os requerimentos administrativos de restituição de créditos previdenciários
fossem decididos no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, pois, levando-se em
consideração a data da impetração do presente mandamus e as datas da
transmissão dos pedidos de restituição, como já apontado, inegavelmente
decorreram mais de 360 dias.

7. Remessa necessária desprovida.

(Remessa Necessária Cível 5129428-43.2021.4.02.5101, MARCUS


ABRAHAM, TRF2 - 3ª TURMA ESPECIALIZADA, julgado em 02-05-
2022)

No caso concreto, a Impetrante alega que protocolou 29 pedidos


administrativos de restituição de contribuição previdenciária indevida ou a
maior, tendo sido confirmados e reconhecidos o direito à compensação. Todavia,
até a propositura do mandado de segurança não haviam sido concluídos os
procedimentos com a consequente compensação.

Nas Informações prestadas pela Receita Federal (evento 9 da origem),


esclareceu-se que dos 29 pedidos, ainda restam concluir 14 pedidos
administrativos, que já foram deferidos, mas se encontram em fluxo automático
de pagamento.

3. Compensação/restituição
No que toca ao pedido de compensação abatendo/reduzindo os débitos da
Impetrante eventualmente reconhecidos pelo Fisco ou, em caso de saldo/crédito
remanescente, que seja emitida ordem bancária (OB), pontuo que não há
previsão legal específica quanto ao prazo para se efetivar, na via administrativa,
a restituição do indébito, motivo pelo qual este Julgador comungava do
entendimento de que, uma vez proferida a decisão administrativa reconhecendo
o direito de crédito do contribuinte, não caberia ao Judiciário fixar prazo para a
efetivação da restituição, que seguiria, pois, a dotação orçamentária.

Ocorre que, melhor refletindo sobre meu posicionamento e de meus pares,


notadamente diante da discussão travada na Apelação Cível n. 5068640-
97.2020.4.02.5101, na sessão de julgamento de quórum ampliado do dia 13-06-
2022, percebi que se mostrava desarrazoado deixar a mercê da Administração
a escolha de quando ela cumpriria efetivamente suas decisões, percepção que se
reforçava pelas reiteradas condutas omissivas da Administração narradas em
demandas judiciais. Eis a ementa:

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. DURAÇÃO


RAZOÁVEL DO PROCESSO. ART. 24 DA LEI Nº 11.457/07. PERDA
SUPERVENIENTE DO INTERESSE DE AGIR.
AFASTADA. PROVIDÊNCIAS À IMPLEMENTAÇÃO DA
DECISÃO. CABIMENTO. PRAZO 60 DIAS.

1. A duração razoável do processo foi erigida como cláusula pétrea e direito


fundamental pela Emenda Constitucional 45, de 2004, que acresceu ao art. 5º,
o inciso LXXVIII, in verbis: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação."

2. Não há que se falar em perda superveniente do interesse de agir. A uma,


porque a análise do processo administrativo de restituição não decorreu de ato
voluntário da autoridade impetrada, que só o fez após a impetração e notificação
do mandamus, sendo necessária a prolação de sentença para a formalização da
coisa julgada. A duas, porque o objeto do pedido não foi abarcado totalmente no
despacho decisório do Fisco, eis que na petição inicial do mandado de segurança
a impetrante requereu a conclusão do processo administrativo, bem como a
tomada das medidas necessárias à operacionalização e efetivação dos direitos ali
deferidos, com a restituição dos valores devidos a título de Contribuição para o
Plano de Seguridade Social do Servidor (CPSS). Entretanto, no caso em tela, é
possível o julgamento do mérito por este Tribunal, com fundamento na teoria
da "causa madura", nos termos do art. 1.013, § 3º, do CPC/15.

3. Os arts. 48 e 49 da Lei n. 9.784/99 previram tanto o dever da Administração


de emitir decisão nos processos administrativos, quanto o prazo de 30 (trinta)
dias, após concluída a instrução, para que uma decisão seja tomada. Em relação
aos processos administrativos fiscais, a Lei n. 11.457/2007, estabeleceu, em seu
art. 24, o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias para que a Administração
decida os requerimentos administrativos de matéria tributária.

4. No caso em questão, o processo administrativo já foi decidido com o


deferimento total do pedido de restituição. Entretanto, em relação ao prazo para
o efetivo pagamento, ou seja, para o cumprimento daquilo que foi decidido pela
própria Administração, a União sustenta que não haveria um prazo na
legislação. Entretanto, a ausência de prazo para que o Poder Público
efetivamente cumpra suas decisões representa um esvaziamento completo da
efetividade da decisão proferida por absoluta falta de força normativa e de
exequibilidade.

5. Nesse passo, considerando a idade da parte autora (69 anos), considerando


que já houve extrapolamento do prazo de 360 dias para decidir, considerando
ainda que já houve a decisão administrativa, entende-se ser razoável estipular
o prazo de 60(sessenta) dias, após o trânsito em julgado, para que seja
determinada a restituição em favor da impetrante.

6. Destaca-se que não há que se falar em utilização do mandado de segurança


como ação de cobrança, uma vez que a parte não busca a certificação do indébito,
isso já foi feito. O caso em questão é aplicar a duração razoável do processo e
aplicar, de forma mais ampla, a questão dos prazos.

7. Apelação da impetrante provida.

Deveras, a espera indefinida do cumprimento da decisão pela Administração,


além de atentar contra a razoabilidade, milita em desfavor da eficiência,
considerando que se espera da Administração a prestação de serviços públicos
de qualidade, com os melhores resultados possíveis, e não se olvida que a
morosidade está mais atrelada a ineficiência estatal.

Note-se que não se trata de interferência do Judiciário no mérito


administrativo, mas de controle judicial da própria legalidade, uma vez que os
princípios da razoabilidade, da eficiência, compõem a própria noção de
legalidade do ato administrativo.

Assim, entendo que é cabível a fixação de prazo razoável para que a


Administração cumpra suas próprias decisões.

O Desembargador Federal Dr. Marcus Abraham, na Apelação/Remessa


Necessária nº 5107238-86.2021.4.02.5101/RJ, fixou o prazo de 90 (noventa)
dias, a contar da conclusão da decisão administrativa, para que a RFB
procedesse à requisição ao Tesouro Nacional da verba necessária ao pagamento
ao contribuinte, considerando a exposição realizada por membros da
administração da Superintendência da RFB-7região, no dia 13-05-2022, para
a magistratura federal da 2ª Região, prazo que igualmente adoto no caso
concreto.

Impende frisar que a obrigação aqui discutida se resume em obrigação de fazer,


qual seja, que a Administração Tributária profira decisão no processo
administrativo fiscal e, consequentemente, implemente a decisão exarada, no
prazo fixado judicialmente, visando à efetividade integral do processo. Logo, ela
não se confunde com a obrigação de pagar, o que afasta qualquer alegação de
violação às súmulas 269 e 271 do STF.

A propósito, colaciono ementa de recente Decisão da lavra do Desembargador


Federal Relator Marcus Abraham no mesmo sentido, in verbis:

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REMESSA


NECESSÁRIA. APELAÇÃO. ANÁLISE DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO
FORMULADO NA VIA ADMINISTRATIVA. ART. 24, DA LEI Nº
11.457/2007. EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO DE 360 DIAS PARA
DECISÃO ADMINISTRATIVA. PAGAMENTO DA RESTITUIÇÃO.
EMISSÃO DE ORDEM BANCÁRIA. CABIMENTO.

1. Trata-se de remessa necessária e de recurso de apelação interposto


por MARCELO AZEVEDO LIMA, em face de sentença proferida pelo Juízo
da 29ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que concedeu, em parte, a segurança
para determinar à autoridade impetrada a apreciação conclusiva dos Pedidos de
Ressarcimento ou Restituição elencados na inicial, no prazo máximo total de
30 (trinta) dias, contado de sua intimação pessoal, deferindo ou não o pedido
formulado, nos termos da legislação em vigor.

2. Cuida a hipótese dos autos de mandado de segurança impetrado com o


objetivo de ser determinado à autoridade fiscal que analise os pedidos
administrativos de restituição, com posterior compensação dos créditos,
abatendo/reduzindo os débitos da Impetrante eventualmente existentes e, em
caso de saldo/crédito remanescente, que seja emitida ordem bancária de
pagamento no prazo de 30 (trinta) dias.

3. Consta dos autos que uma parte dos Pedidos de


Restituição (PER/DCOMP’s) foi transmitida em 13/03/2020 e a outra parte
transmitida em 14/08/2020. O presente mandado de segurança foi impetrado
em 30/10/2021.

4. A conduta omissiva da administração, sem justificativas relevantes, afronta


direito do administrado à razoável duração do processo administrativo e, em
decorrência, o princípio da eficiência, estando, portanto, a omissão da
Administração sujeita ao controle do Poder Judiciário, que tem o dever de
preservar lesões ou ameaça a direitos, em cumprimento ao disposto no artigo
5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal (EC nº 45/2004).

5. Ainda que haja insuficiência de recursos humanos e materiais no âmbito da


Administração Pública, é certo que não pode o contribuinte aguardar
indefinidamente a decisão de requerimentos administrativos, o que, além de
constituir ofensa ao princípio da eficiência da Administração Pública (CF, art.
37), pode lhe causar sérios prejuízos, equiparando-se ao próprio indeferimento
do pedido. Precedente: REsp 1138206/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/08/2010, DJe 01/09/2010.

6. Agiu acertadamente o Juízo a quo ao determinar que os requerimentos


administrativos de Restituição de Contribuição Previdenciária a Maior (PERs)
fossem decididos no prazo de 30 (trinta) dias, porquanto estavam paralisados
há mais de 360 dias sem decisão administrativa.

7. É possível que, no caso de haver saldo/crédito remanescente, seja emitida


Ordem Bancária para o efetivo pagamento da restituição requerida.

8. Por certo, não existe previsão legal específica, nem mesmo há qualquer prazo
estabelecido nas normas infraconstitucionais que obrigue a Administração ao
imediato pagamento, o que, em tese, não caracteriza como ilegal a demora na
sua efetivação. No entanto, o princípio da eficiência determina que a atividade
administrativa seja desenvolvida para suprir as necessidades dos administrados
através de serviços públicos de qualidade, o que não se coaduna com a
postergação indefinida da conclusão integral de procedimentos
administrativos.

9. Admitir essa indefinição seria violar a garantia constitucional da duração


razoável do processo, prevista no art. 5º, LXXVII, da Constituição Federal, bem
como os princípios que regem a Administração Pública, previstos em seu no
art. 37, como os da moralidade e eficiência.

10. O efetivo pagamento de valores já reconhecidos pela Administração é mera


decorrência lógica e necessária do requerimento administrativo que se compele
a autoridade a decidir. E, deferir um, sem que se garanta igualmente o outro,
seria negar efetividade à prestação jurisdicional buscada junto ao Poder
Judiciário.

11. O Supremo Tribunal Federal tem decisões que afastam a vedação de uso do
mandado de segurança, quando não há debate sobre valores e está evidente a
omissão da Autoridade em proceder ao pagamento. E ainda é expresso que o
óbice orçamentário para cumprimento deve ser objetivamente mensurável e não
pode ser motivação para justificar o reiterado descumprimento da obrigação de
fazer. Precedentes: (RMS 26881, Relator(a): CARLOS BRITTO, Primeira
Turma, julgado em 20/05/2008, DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-
11-2008 EMENT VOL-02340-02 PP-00326 RT v. 98, n. 882, 2009, p. 108-
111 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p. 170-175); ARE 1348690, Relator(a):
NUNES MARQUES, Segunda Turma, julgado em 04/11/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-023 DIVULG 07-02-2022 PUBLIC 08-02-2022.

12. Uma vez que inexiste previsão legal específica e tomando as informações
expostas pela própria Superintendência da Receita Federal da 7ª Região,
reconhecido o direito creditório do contribuinte, deve a RFB proceder à
requisição ao Tesouro Nacional da verba necessária para o pagamento, o que
deve ocorrer em até 90 dias, contados da conclusão da decisão administrativa.

13. Remessa necessária desprovida. Apelação parcialmente provida para


assegurar ao Apelante o direito de, além da análise e conclusão dos pedidos de
restituição transmitidos há mais de 360 dias, a efetiva compensação, com o
abatimento ou redução de eventuais débitos e, em caso de saldo disponível, a
emissão de ordem bancária de pagamento, em até 90 dias, contados da conclusão
da decisão administrativa.

(TRF-2ª Região, 3ª Turma Especializada, Apelação/Remessa Necessária


5107238-86.2021.4.02.5101/RJ, Rel. Des. Fed. MARCUS ABRAHAM, sessão
virtual 02-08-2022, juntado aos autos em 26-08-2022) (grifei)

4. SELIC

Para que os ônus da demora injustificada, reconhecida pelo Magistrado a quo,


e aqui reafirmada, não sejam suportados pelo contribuinte, impõe-se corrigir os
valores apurados, em decisão favorável, pela taxa SELIC, a partir do decurso do
prazo de 360 dias do protocolo de cada pedido (Tese 1003 STJ).

Tese firmada: O termo inicial da correção monetária de ressarcimento de


crédito escritural excedente de tributo sujeito ao regime não cumulativo ocorre
somente após escoado o prazo de 360 dias para a análise do pedido
administrativo pelo Fisco (art. 24 da lei 11.457/2007).

5. Ônus sucumbenciais

Nesse ponto, também deve ser reformada a sentença impondo-se


à União Federal o reembolso das custas recolhidas.

6. Conclusão

Diante de toda a fundamentação supra, merece reparo a decisão de primeiro


grau.

Consigno, por derradeiro, que o pedido administrativo já foi analisado, tendo


sido proferida a decisão administrativa, nos termos da Informação em Mandado
de Segurança (evento 9-origem). Esse fato não leva à perda de objeto, mas sim
à necessidade de ser reformada a sentença por acórdão, para fins de resolução
definitiva da questão.

Lado outro, concedo a segurança para determinar que a Administração efetive


a compensação abatendo/reduzindo eventuais débitos e, em caso de saldo
disponível, emita a ordem bancária de pagamento, em até 90 dias, contados da
conclusão da decisão administrativa. In casu, considerando que já proferida
decisão administrativa (evento 9–origem), o prazo de 90 dias inaugurar-se-á da
ciência desta decisão pelo ente federal.
Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO à
apelação da impetrante.

Documento eletrônico assinado por PAULO LEITE, Desembargador Federal,


na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e
Resolução TRF 2ª Região nº 17, de 26 de março de 2018. A conferência
da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
https://eproc.trf2.jus.br, mediante o preenchimento do código
verificador 20001143740v5 e do código CRC 2860230b.

V - DA TUTELA DE EVIDÊNCIA

O fumus boni iuris está mais do que demonstrado e comprovado nos

autos, ou seja, o Impetrante até hoje não teve as análises de seus requerimentos

concluídas em total afronta ao art. 24 da Lei 11.457/2007 c/c art. 5º, LXXVIII da CF/88.

A probabilidade do direito (fumus boni iuris) é demonstrada pelos

documentos acostados, que garantem o próprio direito perseguido, pois delimita a data

do requerimento e a pendência de julgamento, tendo decorrido o prazo previsto na lei.

É certo que o contribuinte tem direito à razoável duração do processo (art.

5º, LXXVIII da CF/88) pelo que não faz sentido que a Impetrada reconheça o direito do

Impetrante à compensação e não o efetive de fato.

Ademais, na hipótese de tutela de evidência, como no caso dos autos, a

concessão da antecipação da tutela não está adstrita a ideia de dano e urgência ou de

ter o seu direito perecido caso a tutela jurisdicional só venha a ser concedida na

sentença, ou seja, é dispensável o periculum in mora.

É necessário apenas que o direito da impetrante seja evidente e

incontroverso, ou seja, que haja a certeza ou inexorabilidade da procedência do

pedido, seja porque os documentos que instruem a inicial demonstram de modo cabal a

existência dos pressupostos fáticos necessários à existência do direito, seja porque a

questão a ser examinada no processo é exclusivamente jurídica e encontra-se pacificada

na jurisprudência dos tribunais superiores favoravelmente à impetrante. Há mais que


um mero fumus boni iuris.

Sendo o direito cristalino e a prova documental suficiente, o mero fato de

a impetrante ser obrigado a aguardar a demora natural do processo para poder fruir do

direito já representa grave injustiça.

Por medida de justiça social, a morosidade do processo administrativo não

pode ser imputada ao jurisdicionado sem que enseje o acionamento judiciário. A

provocação desta via dá-se por razões de indiferença da Autarquia Ré com os direitos

do impetrante, devendo possuir a seu favor uma tutela célere e eficiente.

Quanto às alegações que puderem ser comprovadas apenas

documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em

súmula vinculante, o art. 311, incisos II e III do CPC prevê a hipótese de evidência do

direito, a dispensar a demonstração do perigo de dano.

Por conseguinte, requer a este D. Juízo a concessão da tutela de evidência

em caráter liminar, inaudita altera pars, afim de que seja reconhecido e efetivado

liminarmente o direito do impetrante.

VI - DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto, requer:

a) Seja concedida a antecipação dos efeitos da sentença pela concessão

da tutela de evidência ou urgência em caráter liminar, determinando-se que a

Autoridade Coatora efetive a análise abatendo/reduzindo os débitos do Impetrante

eventualmente existentes e/ou caso reconhecido o crédito em favor do impetrante ,

ADOTE o fluxo previsto no Art. 98 da Instrução Normativa RFB nº 2.055/2021, e nos

termos do art. 300 e seguintes do CPC/15 c/c art.7º, III da lei 12.015/99, sob pena de

multa diária de R$.1.000,00;

b) a intimação da Impetrada para que preste as informações necessárias


juntando o despacho decisório pertinente aos requerimentos administrativos

protocolados, conforme estipulado na Lei 9784/99 em seu artigo 48;

c) a procedência do pedido, com a concessão do presente writ, impondo

à Receita Federal do Brasil a obrigação de fazer para que efetive a análise e determine

que a Autoridade Coatora, apurando os créditos em favor da Impetrante, ADOTE o

fluxo previsto no Art. 98 da Instrução Normativa RFB nº 2.055/2021, COMPENSANDO

eventuais tributos devidos, no prazo de 30 dias, conforme jurisprudência que integra

a presente, especialmente Acórdãos do TRF2: 5010123-42.2020.4.02.5120 e 5010125-

12.2020.4.02.5120, e caso haja saldo em favor da impetrante , EXPEÇA Ordem Bancária,

nos exatos termos da Instrução Normativa acima referida.

d) tratando-se de pedido de obrigação de fazer, requer, em caso de

desobediência, seja aplicada multa diária (astreintes) no valor de R$1.000,00 (mil reais),

valor este que deverá ser revertido em favor do Impetrante;

e) intimação do Ministério Público Federal para que se manifeste nos

autos.

Estipula-se à causa o valor de R$16.422,00 (dezesseis mil, quatrocentos e

vinte dois reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Rio de Janeiro, 30 de março de 2024.

DANIEL HENRIQUE MOREIRA DE OLIVEIRA

OAB/RJ 201203

LEANDRO LINDENBLATT MADEIRA DE LEI

OAB RJ 139779

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