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Ilmo. Sr.

Chefe da Unidade de Consultas e Julgamentos

Sujeito Passivo: JOSÉ DO PATROCINIO FILHO

Endereço: Ave. Bandeirantes, nº 2026

Município: Campo Grande MS – CEP 79.005-670

IE: 28.303.836-5 CNPJ: 37.206.984/0001-71

ALIM nº 52.437-E / 2023

José do Patrocinio Filho, acima qualificado, pelo seu representante


legal, que ao final assina. vem respeitosamente à vossa presença, apresentar

IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA

contra o ALIM nº 52.437, como faculta o art. 48, da Lei nº 2.315/01 e com
fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos.

Declara, por oportuno, em atenção ao disposto no art. 48-II, ’f’, da


Lei nº 2.315/01, que a matéria impugnada não foi submetida à apreciação
judicial e nem é objeto de consulta.

A Tempestividade

O impugnante reconhece que a apresentação da presente impugnação


ultrapassou o prazo fixado pelo art. 48 – I ‘c’, da Lei nº 2.315/01, conforme
Termo de Revelia.

Todavia, em que pese essa intempestividade, o sujeito passivo


entende existir no lançamento vícios por incorreções e omissões, capazes
até de ensejar sua nulidade, que devem ser apreciados/saneados por essa
Unidade Julgadora.
Registre-se, por oportuno, que a ciência do presente lançamento se
deu por meio eletrônico, mediante disponibilização do respectivo texto na
caixa de mensagens eletrônicas.

Ressalte-se, ainda, que essa forma de cientificação, ainda que


prevista em lei, constitui o que a doutrina jurídica denomina “ Citação
FICTA”, porque inexiste a certeza de que o interessado tenha, de fato,
tomado conhecimento do ato respectivo.

Foi o que se deu no presente caso, posto que as comunicações com o


contribuinte se deram através do endereço: hellen.r.piramide@terra.com.br,
já desativado há vários anos e que não tem sido objeto de uso pelo
contribuinte ou seus responsáveis contábeis.

Note-se, ainda, que no campo 5 do ALIM, Descrição da Matéria


Tributável, o Auditor refere-se à uma intimação fiscal, que não teria obtido
qualquer resposta por parte do contribuinte; provavelmente porque não
teve conhecimento dessa intimação.

É cediço, contudo, que as eventuais omissões ou imperfeições das


intimações são saneadas pelo comparecimento do interessado no processo,
que se aperfeiçoa nesta oportunidade através dessa impugnação, caso
admitida.

Acrescente-se, ainda, que o princípio da ampla defesa expresso na


Constituição no art. 5º - LV prescreve: “aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e os recursos a ela
inerentes;”; princípio que se revelará preterido, mormente em face de
possível erro na citação do acusado.

Esse princípio constitucional, aliás, é reiterado em nosso


ordenamento, conforme art. 5º-I, da Lei nº 2.315/01 que inspira nosso
Código Processual Administrativo, ao permitir, nos termos do seu art. 52,
parágrafo único - I, a admissibilidade da impugnação intempestiva em
razão de sua relevância, mediante despacho dessa Douta Chefia.

Sendo assim, requer seja a presente impugnação com as inclusas


razões, admitida e instaurando o respectivo litígio administrativo tributário,
em razão de sua relevância, como restará demonstrado curso da exposição
a seguir, como permite o sobredito dispositivo legal e, para tanto,
requisitando o processo de onde se encontra no momento, para as demais
providencias cabíveis.

As Razões do Impugnante

Ínclito Julgador de Primeira Instância

A Matéria Tributável

Designada no art. 142/CTN, que enumera os elementos essenciais do


lançamento, como “Determinação da Matéria Tributável, a Descrição da
Matéria Tributável, campo 5 do ALIM, é fundamental para a validade do
auto.

De fato, reiteradas vezes o Egrégio TAT/MS tem decidido que “é


nulo o ato de lançamento em que não se demonstre de forma clara e
motivada a quantificação da matéria tributável”.

É o que acontece no presente caso, como se exporá a seguir, haja


vista que a descrição da matéria tributável se apresenta inadequada, omissa
e controvertida.

É inadequada, porque não consigna claramente que aspecto da


legislação foi descumprida pelo impugnante; vale destacar que a doutrina
jurídica ensina que a “determinação da matéria tributável (elemento
essencial do lançamento) deve demonstrar, como o fato oponível se
subsume, de forma cerrada, à regra matriz da incidência tributária”,
quesito no qual a descrição fiscal deixa a desejar.

É omissa, também, pois descreva que o contribuinte “utilizou


créditos previstos no art. 3º-A, do Anexo VI ao RICMS, mas deixou de
cumprir o estabelecido no § 3º do mesmo artigo”. Porém, o citado
parágrafo, no entanto, remete seus efeitos aos art. 62-A e 62 B, da parte
geral do RICMS, que enumera uma série de procedimentos que devem
ser observados, até onde sabe cumpridos por este contribuinte impugnante,
mas a auditoria não identificada quais desses procedimentos teria sido
omitido.
E, ainda, é controversa, porque acusa de descumprimento de deveres
instrumentais, mas cobra ICMS por descumprimento de obrigação
principal; além disso descreve a infração, como “desrespeitar as regras
estabelecidas no § 3º, do art. 3º, do Anexo VI ao RICMS”, dever
instrumental?

Assim, parece cristalino que o direito à ampla defesa do acusado foi


preterido e o lançamento deve ser considerado nulo, como prevê o art. 28 –
I, d, da Lei nº 2.315/01.

A Apropriação

Como dantes afirmado, o impugnante não sabe, de forma objetiva,


qual procedimento especificamente deixou de cumprir, no
entendimento do auditor fiscal, de modo a propiciar de forma eficaz o
exercício da ampla defesa e do contraditório, contudo, referências às regras
estabelecidas no § 3º, do art. 3º, do Anexo VI ao RICMS, sugerem alguma
divergência nos procedimentos estabelecidos nos art. 62-A e 62-B, do
RICMS.

Ora, o impugnante como empresa transportadora, não optante de


crédito presumido, como facultado no art. 62-A – I, do RICMS pode
apropriar-se do crédito do imposto relativo a aquisições ou a operações
decorrentes de aquisição de combustíveis consumidos na movimentação
dos veículos utilizados, diretamente, nas prestações de serviço de
transporte tributadas.

Assim, diante da obscuridade quanto ao suposto descumprimento de


algum procedimento, resta ao impugnante, em sua defesa, apenas
descrever sua rotina, como forma de demonstrar sua escorreita condução
nesse assunto.

Este contribuinte, ora impugnante, mantem em dia sua EFD e as


aquisições de combustíveis estão devidamente registradas no Livro de
Entradas, cujos relatórios são disponibilizados tempestivamente na EFD;
como a utilização do crédito, todavia, é limitada à quantidade de
combustível efetivamente consumido na prestação de serviço de transporte
tributada que se inicia neste Estado, elabora um relatório adicional,
também entregue mensalmente a SEFAZ MS, com os dados necessários ao
cálculo do quantum a ser apropriado, já que nem todo crédito pode ser
utilizado.

Veja-se o mês de Fevereiro/2021 (objeto da exigência fiscal de R$


2.317,32), como exemplo:

No dia 03/02/2021 registra o CTe nº 11054, identificando um


transporte para a empresa SUPERGASBRAS ENERGIA LTDA saindo de
Campo Grande para Rondonópolis MT; no percurso interestadual de 497
Km, consumiu 207,76 litros.

Os serviços de transportes interestadual, durante todo o mês de


Fevereiro/2021, somaram 10.081 Km, consumiram 4.383,04 litros, ao
preço médio de R$ 3,11e importaram em R$ 2.317,32 de ICMS
apropriados.

Este valor foi lançado no Registro de Apuração do ICMS, sob o


título: 56-CRED ICMS REF. COB. ART 3-A, Anexo VI RICMS-MEDIA
PONDERADA e o débito remanescente quitado tempestivamente. Mas,
embora o crédito tenha sido apropriado conforme o regulamento, está
sendo exigido novamente, neste ALIM.

Presumindo que, apesar de toda tentativa de esmero do contribuinte


no procedimento, algum detalhe tenha sido omitido (lembrando que o
auto não identifica tal detalhe), nem por isso teria invalidado como um todo
o direito de utilização do crédito, até porque é vedado pelo direito, exigir
tributo a título de penalidade, restando apenas eventual descumprimento de
obrigação acessória passível de multa.

Deixa-se de juntar copias da LRE, LRA e Modelo auxiliar, em razão


do tamanho dos arquivos e por já se encontrarem a disposição desse Fisco,
em nome do princípio da celeridade, economia e simplicidade processuais
(art.3º-IV, ‘c’, da Lei 2.315/01). Caso esse Douto Julgador entenda,
contudo, ser necessário, não haverá problema em reapresentar, tão logo
exigido.

O Pedido

Posto Isto, requer seja o presente lançamento seja julgado


improcedente por exigir tributo exonerado pela legislação ou, caso seja
outra a convicção desse Juízo, seja declarada sua nulidade, por inadequação
da descrição da matéria tributária que implica em preterição do direito de
defesa do impugnante.

Pede e espera deferimento.

Campo Grande, 19 de Outubro de 2023.

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