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INTENSIVO III/ INTENSIVÃO FEDERAL/ FEDERAL PLENO/

AGU/DPU
Disciplina: Direito Tributário
Tema: Aula 03
Prof.: Tathiane Piscitelli
Data: 17/12/2008

MATERIAL DE APOIO

INDICE
1. Jurisprudência
1.1. EResp 644.736
1.2. REsp 204.247/CE
1.3. EREsp 168469/SP
1.4. EREsp 710240/SC
1.5. REsp 785.921/MG
1.6. EREsp 388000/RS
1.7. EREsp 702232/RS
1.8. REsp 896493/SP
1.9. REsp 197278/AL
2. Artigos Correlatos
2.1. Exceção de pré-executividade e o problema da certidão negativa de tributos
2.2. A indisponibilidade de bens e direitos prevista no art. 185-A do Código Tributário
Nacional

1. Jurisprudêcia
1.1. EResp 644.736
Corte declara inconstitucional artigo de lei que diminui prazo para contribuinte
solicitar restituição de tributos ao Fisco
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) declarou a inconstitucionalidade da
segunda parte do artigo 4º da Lei Complementar 118/05, conforme exige o princípio da “reserva
do plenário”. Segundo esse princípio, para uma das Turmas ou Seções da Casa afastar uma lei
que considera inconstitucional, é preciso antes um órgão especial declarar objetivamente a
inconstitucionalidade da matéria (controle difuso de constitucionalidade).
A inconstitucionalidade foi argüida no processo da Fazenda Nacional contra Caxangá Veículos e
incidiu sobre o dispositivo que manda aplicar retroativamente alteração introduzida pelo artigo
3º da Lei Complementar n. 118/05. Esse artigo define o termo inicial do prazo de prescrição da
ação em que o contribuinte pode pedir a devolução dos tributos sujeitos a lançamento por
homologação – aqueles nos quais o contribuinte paga antecipadamente o débito sem prévio
exame da autoridade competente.
Pela jurisprudência do STJ, à época da edição da Lei Complementar n. 118, em 2005, o prazo de
prescrição previsto no artigo 168 do Código Tributário Nacional (CTN) teria início não a partir da
data do recolhimento do tributo indevido, e sim da data de homologação do lançamento
(expressa ou tácita). Se uma empresa, por exemplo, pagasse um imposto indevido, ao fim dos
cinco primeiros anos, ocorreria a homologação tácita obrigatoriamente e o contribuinte teria
mais cinco anos para pedir a restituição, o que se chama, no Direito Tributário, da teoria dos
cinco + cinco. Logicamente, a Fazenda poderia homologar antes a quantia paga de forma
indevida, quando ocorreria um prazo de prescrição menor.
O legislador, no entanto, acabou dando nova interpretação à matéria – definida nos arts. 150,
parágrafo 1º, e 168, I, do Código Tributário Nacional – e, por meio do artigo 3º da Lei
Complementar 118/05, estabeleceu um sentido diferente do que entendia o Judiciário. O artigo
3º considera que o prazo de prescrição se inicia na data do pagamento antecipado do tributo,
seja no caso de homologação expressa ou tácita, o que suplanta a teoria dos cinco + cinco.
Segundo a Corte Especial, o legislador pode dar novo entendimento à matéria, mas não pode
atingir fatos pretéritos, especialmente o caso daqueles contribuintes que efetuaram o
pagamento indevidamente na vigência da lei anterior, como fez a segunda parte do artigo 4º da
Lei Complementar 118/05, declarada inconstitucional. Para a Corte, tal medida afronta a

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autonomia e independência dos Poderes e a garantia do direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada.
Assim, do ponto de vista prático, a prescrição deve ser contada da seguinte forma:
relativamente aos pagamentos indevidos de tributos feitos a partir de 9 de junho de 2005 – data
da entrada em vigor da lei –, o prazo para o contribuinte pedir a restituição é de cinco anos a
contar do pagamento. Relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece à tese
dos cinco + cinco, limitada ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova
(EResp 644.736).

1.2. REsp 204.247/CE


TRIBUTÁRIO - INSS - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE PRO LABORE PAGO A AUTÔNO-
MOS E ADMINISTRADORES - REPETIÇÃO DE INDÉBITO - PROVA NEGATIVA DE REPERCUSSÃO -
LEI 8.212/91, ART. 89, § 1º.
- A Contribuição Previdenciária sobre remuneração paga a autônomos não é daqueles tributos
que, por sua natureza jurídica, transfere-se a contribuinte de fato. Pode, entretanto, o INSS,
comprovando que houve repercussão, recusar a repetição ou impugnar a compensação de valo-
res pagos a título de tal contribuição.
(REsp 204.247/CE, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 26.10.1999, DJ 08.03.2000 p. 56)

1.3. EREsp 168469/SP


TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ART. 3º, I, DA LEI Nº 7.787/89, E ART. 22, I,
DA LEI Nº 8.212/91. AUTÔNOMOS, EMPREGADORES E AVULSOS. COMPENSAÇÃO. TRANSFE-
RÊNCIA DE ENCARGO FINANCEIRO. ART.
166, DO CTN. LEIS NºS 8.212/91, 9.032/95 E 9.129/95.
1. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em sede de embargos de divergência, paci-
ficou o entendimento para acolher a tese de que o art. 66, da Lei nº 8.383/91, em sua interpre-
tação sistêmica, autoriza ao contribuinte efetuar, via autolançamento, compensação de tributos
pagos cuja exigência foi indevida ou inconstitucional.
2. Tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro
são somente aqueles em relação aos quais a própria lei estabeleça dita transferência.
3. Somente em casos assim aplica-se a regra do art. 166, do Código Tributário Nacional, pois a
natureza, a que se reporta tal dispositivo legal, só pode ser a jurídica, que é determinada pela
lei correspondente e não por meras circunstâncias econômicas que podem estar, ou não, pre-
sentes, sem que se disponha de um critério seguro para saber quando se deu, e quando não se
deu, aludida transferência.
4. Na verdade, o art. 166, do CTN, contém referência bem clara ao fato de que deve haver pelo
intérprete sempre, em casos de repetição de indébito, identificação se o tributo, por sua nature-
za, comporta a transferência do respectivo encargo financeiro para terceiro ou não, quando a
lei, expressamente, não determina que o pagamento da exação é feito por terceiro, como é o
caso do ICMS e do IPI. A prova a ser exigida na primeira situação deve ser aquela possível e
que se apresente bem clara, a fim de não se colaborar para o enriquecimento ilícito do poder
tributante. Nos casos em que a lei expressamente determina que o terceiro assumiu o encargo,
necessidade há, de modo absoluto, que esse terceiro conceda autorização para a repetição de
indébito.
5. A contribuição previdenciária examinada é de natureza direta.
Apresenta-se com essa característica porque a sua exigência se concentra, unicamente, na pes-
soa de quem a recolhe, no caso, uma empresa que assume a condição de contribuinte de fato e
de direito.
A primeira condição é assumida porque arca com o ônus financeiro imposto pelo tributo; a se-
gunda, caracteriza-se porque é a responsável pelo cumprimento de todas as obrigações, quer as
principais, quer as acessórias.
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6. Em conseqüência, o fenômeno da substituição legal no cumprimento da obrigação, do contri-


buinte de fato pelo contribuinte de direito, não ocorre na exigência do pagamento das contribui-
ções previdenciárias quanto à parte da responsabilidade das empresas.
7. A repetição do indébito e a compensação da contribuição questionada podem ser assim defe-
ridas, sem a exigência da repercussão.
8. Embargos de Divergência rejeitados.
(EREsp 168469/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ
DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10.11.1999, DJ 17.12.1999 p. 314)

1.4. EREsp 710240/SC


EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ICMS INCIDENTE SOBRE A AQUISIÇÃO BENS DO ATIVO FIXO,
BENS DE USO E DE CONSUMO. CREDITAMENTO. DESNECESSIDADE DA PROVA DA NÃO-
REPERCUSSÃO. EMBARGOS PROVIDOS.
1. Cuida-se de embargos de divergência apresentados por Metalúrgica H. Wanke Ltda. em face
de acórdão de relatoria da Ministra Eliana Calmon assim ementado: "PROCESSO CIVIL – ICMS –
COMPENSAÇÃO – ART. 166 DO CTN – PROVA DA NÃO-REPERCUSSÃO.
1. Embora o ICMS seja tributo indireto, quando se trata de aproveitamento de crédi-
tos, afasta-se a aplicação do art. 166 do CTN, não se exigindo a prova negativa da re-
percussão.
2. Contudo, em se tratando de devolução (restituição ou compensação), o contribuinte
deve provar que assumiu o ônus ou está devidamente autorizado por quem o fez a
pleitear o indébito.
3. Precedentes desta Corte.
4. Recurso especial improvido." (fl. 342) Alega-se divergência com decisório de relatoria do Mi-
nistro Teori Albino Zavascki do seguinte teor: "TRIBUTÁRIO. ICMS. APROVEITAMENTO DE CRÉ-
DITOS ESCRITURAIS, NO ÂMBITO DA SISTEMÁTICA DA NÃO-CUMULATIVIDADE. INAPLICABILI-
DADE DA REGRA DO ART. 166 DO CTN, DESTINADA À HIPÓTESE DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
1. Não se exige para o reconhecimento do direito ao creditamento de valor de tributo,
no âmbito da sistemática da não-cumulatividade, a prova da assunção do encargo fi-
nanceiro correspondente ou a autorização daquele que o assumiu, porque a norma do
art. 166 do CTN aplica-se exclusivamente à hipótese de repetição de indébito.
Precedentes do STF e do STJ.
2. Recurso especial a que se dá provimento." Sustenta a embargante que a divergência aconte-
ce à medida que, o acórdão embargado firmando conclusão de que a recorrente, ora embargan-
te, pretendeu a "restituição e/ou compensação" dos créditos de ICMS relativos à aquisição de
bens destinados ao ativo fixo da empresa, entendeu ser necessária a comprovação do não-
repasse do encargo financeiro, aplicando o teor do artigo 166 do Código Tributário Nacional,
enquanto que o decisório colacionado como paradigma expressa que no aproveitamento de cré-
ditos escriturais extemporâneos não se faz necessária a prova do não-repasse, não sendo caso
de incidência do artigo 166 do Código Tributário Nacional.
2. Se o pedido formulado pela ora embargante foi no sentido de que" Seja concedida a SEGU-
RANÇA , de sorte que fique definitivamente assegurado a IMPETRANTE, o direito de creditar-se
do ICMS nas aquisições de Bens do Ativo Fixo, Bens de Uso e de Consumo, reconhecendo-se,
inclusive o direito ao crédito extemporâneo respectivo, tudo em obediência ao princípio constitu-
cional da não-cumulatividade, consagrado pela atual Constituição no seu artigo 155, II, § 2º,
inciso I", ressalta claro que a lide não versa causa de repetição ou compensação com tributos,
porém de aproveitamento de créditos escriturais em face do princípio da não-cumulatividade
caso em que inexiste a necessidade da prova da não-repercussão.
Precedentes jurisprudenciais.
3. Embargos de divergência providos.
(EREsp 710240/SC, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
10.05.2006, DJ 12.06.2006 p. 428)
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1.5. REsp 785.921/MG


TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL. PRESCRIÇÃO INTER-
CORRENTE. DESPACHO DE CITAÇÃO. INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA. INTERRUPÇÃO E SUSPEN-
SÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. ARTS. 2º, § 3º, E 8º, § 2º, DA LEI Nº 6.830/80. ART. 174 DO
CTN. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. "Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado cu-
rador especial, com legitimidade para apresentação de embargos" (Súmula 196/STJ), o que não
veda a argüição de prescrição por meio de exceção de pré-executividade, desde que não se de-
mande dilação probatória.
2. Na redação do art. 174 do CTN, norma que deve prevalecer sobre o disposto no art. 8º, § 2º,
da Lei 6.830/80, por ter estatura de lei complementar, somente a citação pessoal produz o
efeito de interromper a prescrição. Pela mesma razão, não prevalece a suspensão do lustro
prescricional em virtude da inscrição do débito na dívida ativa, prevista no art. 2º, § 3º, da Lei
6.830/80.
3. "Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano,
findo o qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente" (Súmula 314/STJ).
4. "Não se opera a prescrição intercorrente quando a credora não deu causa à paralisação do
feito" (REsp 34.752/RS, Relator Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 3.11.1998). Entretanto, se
o aresto recorrido firmou a premissa de que a Fazenda Pública dera causa à paralisação do pro-
cesso executivo, ou nada disse a respeito, conclusão diversa levaria ao reexame do conjunto de
fatos e provas contido nos autos, o que é vedado em recurso especial em decorrência da Súmu-
la 7/STJ.
5. É cabível a condenação em honorários advocatícios no acolhimento da exceção de pré-
executividade. Precedentes.
6. Não sendo desarrazoados os honorários, a aferição dos parâmetros elencados nas alíneas do
§ 3º do art. 20 do CPC importa, necessariamente, o revolvimento dos aspectos fáticos do caso,
o que é defeso no âmbito do apelo nobre. Ante o teor da Súmula 7/STJ, "a pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial".
7. Recurso especial conhecido em parte e improvido.
(REsp 785.921/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
13.02.2007, DJ 27.02.2007 p. 246)

1.6. EREsp 388000/RS


PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO. POSSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA. DESNECESSI-
DADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIO. PRECEDENTES. EMBARGOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
1. É possível que em exceção de pré-executividade seja alegada a ocorrência da pres-
crição dos créditos excutidos, desde que a matéria tenha sido aventada pela parte, e
que não haja a necessidade de dilação probatória.
2. Consoante informa a jurisprudência da Corte essa autorização se evidencia de justi-
ça e de direito, porquanto a adoção de juízo diverso, de não cabimento do exame de
prescrição em sede de exceção pré-executividade, resulta em desnecessário e indevi-
do ônus ao contribuinte, que será compelido ao exercício dos embargos do devedor e
ao oferecimento da garantia, que muitas vezes não possui.
3. Embargos de divergências conhecidos e desprovidos.
(EREsp 388000/RS, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ
DELGADO, CORTE ESPECIAL, julgado em 16.03.2005, DJ 28.11.2005 p. 169)

1.7. EREsp 702232/RS

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TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ART. 135 DO CTN. RESPONSABILIDADE DO SÓ-


CIO-GERENTE. EXECUÇÃO FUNDADA EM CDA QUE INDICA O NOME DO SÓCIO. REDIRECIONA-
MENTO. DISTINÇÃO.
1. Iniciada a execução contra a pessoa jurídica e, posteriormente, redirecionada con-
tra o sócio-gerente, que não constava da CDA, cabe ao Fisco demonstrar a presença de
um dos requisitos do art. 135 do CTN. Se a Fazenda Pública, ao propor a ação, não vi-
sualizava qualquer fato capaz de estender a responsabilidade ao sócio-gerente e, pos-
teriormente, pretende voltar-se também contra o seu patrimônio, deverá demonstrar
infração à lei, ao contrato social ou aos estatutos ou, ainda, dissolução irregular da
sociedade.
2. Se a execução foi o ônus da prova, já que a CDA goza de presunção relativa de li-
quidez e certeza, nos termos do art. 204 do CTN proposta contra a pessoa jurídica e
contra o sócio-gerente, a este compete CTN c/c o art. 3º da Lei n.º 6.830/80.
3. Caso a execução tenha sido proposta somente contra a pessoa jurídica e havendo
indicação do nome do sócio-gerente na CDA como co-responsável tributário, não se
trata de típico redirecionamento.
Neste caso, o ônus da prova compete igualmente ao sócio, tendo em vista a presunção
relativa de liquidez e certeza que milita em favor da Certidão de Dívida Ativa.
4. Na hipótese, a execução foi proposta com base em CDA da qual constava o nome do
sócio-gerente como co-responsável tributário, do que se conclui caber a ele o ônus de
provar a ausência dos requisitos do art. 135 do CTN.
5. Embargos de divergência providos.
(EREsp 702232/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
14.09.2005, DJ 26.09.2005 p. 169)

1.8. REsp 896493/SP


TRIBUTÁRIO EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. NECESSIDADE DE DILA-
ÇÃO PROBATÓRIA. INADMISSÃO. INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR TRIBUTOS.
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS INDICADOS NA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA. PRESUNÇÃO
DE LEGITIMIDADE.
1. Admite-se a objeção de pré-executividade para acolher exceções materiais, extintivas ou mo-
dificativas do direito do exeqüente, desde que comprovadas de plano e desnecessária a produ-
ção de outras provas além daquelas constantes dos autos ou trazidas com a própria exceção.
2. O mero inadimplemento da obrigação de pagar tributos não constitui infração legal capaz de
ensejar a responsabilidade prevista no artigo 135, III, do Código Tributário Nacional.
3. Não se pode, diante da presunção de certeza e liquidez da Certidão de Dívida Ativa, inverter o
ônus probatório para a exclusão dos sócios da execução fiscal.
4. Por possuir a CDA presunção juris tantum de liquidez e certeza, seria gravame incabível a
exigência de que o Fisco fizesse prova das hipóteses previstas no art. 135 do CTN.
5. Recurso especial improvido.
(REsp 896493/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
01.03.2007, DJ 13.03.2007 p. 338)

1.9. REsp 197278/AL


RECURSO ESPECIAL – ALÍNEA "A" – EXECUÇÃO FISCAL – MEDIDA CAUTELAR FISCAL – INDIS-
PONIBILIDADE DOS BENS DO SÓCIO - RESPONSABILIDADE DO SÓCIO-GERENTE – LIMITES -
ART. 135, III, DO CTN – ARTIGO 4º, § 2º, DA LEI 8.397/92 – NÃO APLICAÇÃO.
A responsabilidade excepcional do sócio-gerente somente se configura quando, no
exercício da atividade de administração da pessoa jurídica, restar demonstrado que
este agiu com abuso de poder, infração à lei, contrato social ou estatutos, a teor do
disposto no artigo 135 do CTN, ou, ainda, se a sociedade foi dissolvida irregularmente.

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Não deve prevalecer, portanto, o disposto no artigo 4º, § 2º, da Lei 8.397/92, ao esta-
belecer que, na concessão de medida cautelar fiscal, "a indisponibilidade patrimonial
poderá ser estendida em relação aos bens adquiridos a qualquer título do requerido ou
daqueles que estejam ou tenham estado na função de administrador".
Em se tratando de responsabilidade subjetiva, é mister que lhe seja imputada a auto-
ria do ato ilegal, o que se mostra inviável quando o sócio sequer era administrador da
sociedade à época da ocorrência do fato gerador do débito tributário pendente de pa-
gamento.
Recurso especial não conhecido.
(REsp 197278/AL, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em
26.02.2002, DJ 24.06.2002 p. 233)

2. Artigos Correlatos

2.1. Exceção de pré-executividade e o problema da certidão negativa de tributos


Kiyoshi Harada
jurista, professor e especialista em Direito Financeiro e Tributário pela USP
Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8166

A chamada exceção de pré-executividade é uma criação doutrinária e jurisprudencial inteligente,


fundada na lógica e no bom senso, fonte maior do Direito, consistente em obstar o prossegui-
mento de execuções desprovidas de títulos executivos válidos, sem necessidade de assegurar o
juízo da execução pela penhora. É o caso de execuções de créditos tributários atingidos pela
decadência ou prescrição, além de outras hipóteses de nulidade das certidões de inscrição na
dívida ativa, por ausência de requisitos legais, materiais e formais.
Entretanto, esse louvável avanço de nossa processualística é neutralizado por ação de agentes
fazendários, os quais, vêm sustentando que a exceção de pré-executividade presta-se a sus-
pender o curso da execução fiscal, mas não suspende a exigibilidade do crédito tributário, ne-
cessária à expedição da certidão positiva com efeito de negativa.
Esse entendimento ilógico e irrazoável vem sendo referendado por parcela dos juizes de primei-
ra instância, anulando os efeitos da sábia conquista doutrinária e jurisprudencial em relação aos
contribuintes, que necessitam, com urgência, de certidão tributária para continuidade de suas
atividades econômicas.
De forma incompreensível e lastimável vem sendo dada uma interpretação meramente gramati-
cal, por todos os agentes fazendários e parte das decisões monocráticas, ao disposto no art. 206
do CTN, que assim prescreve:
Art. 206 . Tem os mesmos efeitos previstos no art. anterior a certidão de que conste a existên-
cia de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a
penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
Mediante interpretação literal da parte final do dispositivo retrotranscrito, vem decidindo que a
suspensão do processo de execução fiscal não confere o direito à certidão positiva com efeito de
negativa, porque ela não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Essa interpretação não
seria tão absurda, se a exigibilidade do crédito tributário decorresse da execução fiscal, e não o
contrário como acontece.
A verdade é que toda norma jurídica deve ser interpretada dentro da ordem jurídica como um
todo. No caso, jamais poderia o citado art. 206 do CTN ser interpretado contra os princípios
constitucionais expressos, que asseguram a todos o livre exercício de qualquer atividade eco-
nômica, independentemente de prévia autorização dos órgãos públicos (parágrafo único do art.
170 da CF), o direito ao devido processo legal e ao contraditório e ampla defesa com os meios e
recursos a ela inerentes (art. 5º, LIV e LV da CF).

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Daí porque, admitir que a suspensão do processo de execução fiscal não importa na suspensão
da exigibilidade do crédito tributário é o mesmo que reconhecer a possibilidade jurídica de a
Fazenda promover a cobrança de seus tributos, por meio de coação física ou psicológica, já que
o meio regular de cobrança coativa está suspenso por decisão do juiz competente (juiz da exe-
cução fiscal).
Outrossim, o recebimento liminar da petição de exceção de pré-executividade, suspendendo o
curso do processo de execução, eqüivale, evidentemente, à concessão de tutela antecipatória de
que cuida o inciso V do art. 151 do CTN, implicando suspensão da exigibilidade. Este dispositivo,
também, vem sendo interpretado literalmente. A prosseguir dessa forma teria que concluir, con-
tra o bom senso e a lógica, que a sentença concessiva de segurança não suspende a exigibilida-
de do crédito tributário, porque o art. 151, IV do CTN refere-se apenas à concessão de liminar
em mandado de segurança, e não, em decisão de mérito, que é mais do que decisão liminar.
Por conta dessas interpretações solarmente equivocadas, muitas empresas, sob pena de perder
certames licitatórios, benefícios da nova lei de falências, negócios vantajosos etc. vem sendo
obrigadas a abrir mão de seus direitos constitucionais, cedendo às pressões ilegítimas e ilegais
exercidas pelo fisco, sem que encontre amparo tempestivo no órgão que exerce em caráter de
monopólio estatal a atividade jurisdicional.

2.2. A indisponibilidade de bens e direitos prevista no art. 185-A do Código Tributário


Nacional
Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7145
Aldemario Araujo Castro
Procurador da Fazenda Nacional, mestre em Direito, professor da Universidade Católica de Bra-
sília (UCB), coordenador da Especialização (à distância) em Direito do Estado da UCB
I. INTRODUÇÃO
A Lei Complementar no 118, de 2005, introduziu novo artigo no Código Tributário Nacional onde
fixa que na hipótese do devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens
à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indis-
ponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrô-
nico, aos órgãos e às entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmen-
te ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mer-
cado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
A indisponibilidade em questão limita-se ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o i-
mediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que excederem o referido limite.
Já os órgãos e as entidades aos quais se fizer a comunicação enviarão imediatamente ao juízo a
relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido [01].

II. A INDISPONIBILIDADE DO ART. 185-A DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL


II.1. O instituto da indisponibilidade de bens e direitos na ordem jurídica brasileira
A indisponibilidade veiculada pela Lei Complementar no 118, de 2005, incorporada ao Código
Tributário Nacional como o art. 185-A, não é uma novidade na ordem jurídica brasileira. Em i-
números diplomas legais constatamos a presença do referido instituto.
Realizado um apanhado, não exaustivo, da presença da indisponibilidade de bens e direitos no
direito brasileiro, encontramos o instituto nos seguintes diplomas legais:
a) arts. 36 a 38 da Lei no 6.024, de 13 de março de 1974, que dispõe sobre a intervenção e a
liquidação extrajudicial de instituições financeiras [02];
b) art. 4o da Lei no 8.137, de 6 de janeiro de 1992, que disciplina a medida cautelar fiscal [03].
c) art. 7o da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, que fixa as sanções aplicáveis aos agentes
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício das funções [04];

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d) art. 10 da Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998, que regula a qualificação de entidades como
organizações sociais [05];
e) arts. 59 e 60 da Lei Complementar no 109, de 29 de maio de 2001, que trata do regime de
previdência complementar [06];
Constatamos, ainda, a ausência de regramento processual geral para a figura da indisponibilida-
de. Assim, não existe "a indisponibilidade de bens e direitos" no direito brasileiro. Existem, à
toda evidência, "as indisponibilidades de bens e direitos", conforme o regramento aplicável em
cada uma das situações antes alinhadas [07].
Consumado o esforço de buscar os contornos comuns das várias indisponibilidades presentes na
ordem jurídica brasileira, podemos afirmar que, em geral, a indisponibilidade de bens e direitos
consiste na proibição do proprietário de bem ou direito aliená-lo (transferir para outra pessoa)
ou onerá-lo (dar em garantia, como nas hipóteses de hipoteca ou penhor). Subsiste, no entanto,
para o proprietário, a utilização ou posse [08] do bem ou direito e a percepção dos frutos dele
advindos.
Normalmente, a indisponibilidade de bens e direitos funciona como medida cautelar voltada para
a eficácia de atos futuros de constrição patrimonial [09].
II.2. A constitucionalidade do art. 185-A do Código Tributário Nacional
A constitucionalidade da presente definição legislativa tem sido impugnada ao argumento de
certa abusividade encontrada no instituto. Faz-se, inclusive, um paralelo entre a cautelar fiscal,
onde a medida liminar seria "de obrigatória concessão, sempre que requerida pelo fisco" [10], e a
imposição ao juiz, por parte do legislador, de providenciar, de ofício, o "decreto de indisponibili-
dade universal de bens e direitos".
Assim como não vingou a pecha de inconstitucionalidade da medida cautelar fiscal, certamente
não logrará êxito a irresignação em relação à indisponibilidade de bens e direitos agora inscrita
no Código Tributário Nacional. É que, nos dois casos, teremos decisão a ser proferida por um
juiz de direito, não um mero carimbador de toda e qualquer pretensão ou pleito formulado pela
Fazenda exeqüente. Com certeza, o magistrado, diante de qualquer pedido da Fazenda exe-
qüente, verificará a presença dos requisitos legais para o deferimento e a pertinência da medida
no caso concreto, aspectos abordados adiante, notadamente tratando-se de medida cautelar
que atinge, de forma particularmente drástica, o patrimônio individual ou empresarial.
Também não prospera a resistência fundada em suposta violação ao princípio constitucional do
devido processo legal. Com efeito, proíbe o Texto Maior que alguém seja privado de seus bens.
Com a indisponibilidade em tela não ocorre a privação dos bens de quem quer que seja. Conti-
nuam tais bens com a mesma propriedade anterior, a posse permanece inalterada e possibilida-
de de auferir os frutos de sua exploração é plena.
A interpretação extremada da garantia constitucional do devido processo legal significa, por via
transversa, anular outra garantia constitucional: a tutela das ameaças de lesão à direito (art. 5o,
inciso XXXV da CF). Restariam, assim, irremediavelmente afastadas todas as medidas assecura-
tórias de direitos, ou seja, das cautelares. É evidente que se fosse preciso um prolongado e pe-
noso procedimento anterior a efetivação das cautelares estas perderiam seu sentido. Ocorreria
exatamente o vaticínio do art. 798 do CPC ("... o juiz determinará as medidas provisórias que
julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da
lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.").
A "novidade" também não ofende o princípio constitucional da ampla defesa. Afinal, todos os
recursos e meios de defesa podem ser utilizados pelo executado. Poderá, o executado, depois
da citação e antes da decretação da indisponibilidade, apresentar ao juiz da execução sua situa-
ção econômico-financeira, ponderando acerca das conseqüências da providência sobre a ativida-
de econômica desenvolvida. Poderá, o executado, indicar os bens e direitos não alcançáveis pela
indisponibilidade, com vistas a resguardá-los dos efeitos da medida. Poderá, o executado, antes
e depois da decisão judicial, demonstrar a ausência de qualquer dos requisitos específicos para a
adoção da providência.

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III. A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA INDISPONIBILIDADE PREVISTA NO CÓDIGO


TRIBUTÁRIO NACIONAL
Resta claro que a indisponibilidade de bens e direitos introduzida no Código Tributário Nacional
funciona como um importante mecanismo de resguardo dos interesses da Fazenda Pública como
credora.
A importante inovação da indisponibilidade, por ordem judicial, de bens e direitos, notadamente
quando atinge o "mercado bancário" e o "mercado de capitais", representa uma crucial e neces-
sária atualização ou modernização das iniciativas voltadas para a recuperação de créditos públi-
cos não pagos. Com efeito, é inegável a preponderância da "forma financeira" de manifestação e
circulação da riqueza, vale dizer, dos patrimônios, nos tempos atuais.
Importa destacar que não se advoga uma, como a presente indisponibilidade de bens e direitos,
ou algumas soluções puramente normativas para a superação dos principais entraves do proces-
so de recuperação de créditos públicos não pagos.
Sustentamos a necessidade de um conjunto combinado ou articulado, no seio uma política pú-
blica devidamente planejada, de medidas de ordem legislativa e administrativa. De início, é pre-
ciso adotar medidas de "administração de quantidades". Não tem sentido um processo de contí-
nuo aumento do número de varas e procuradores sempre que o número de processos de execu-
ção sofre acréscimo significativo decorrente, por exemplo, da utilização mais intensa das decla-
rações e confissões de dívida, responsáveis por mais de 90% (noventa por cento) dos créditos
em cobrança judicial. Paralelamente, os principais instrumentos, sempre administrados pelo Po-
der Público, de recuperação dos créditos de reduzido valor, representativos da imensa maioria
dos feitos em tramitação judicial, devem ser os "mecanismos indutores de pagamento", na linha
do disposto no art. 195, §3o da Constituição [11]. A rigor, a atividade judicial deve ser reservada,
tanto em relação aos juízes, quanto aos procuradores, para fins mais nobres. As procuradorias
fiscais e varas especializadas devem ser unidades de atuação preferencialmente em relação aos
grandes débitos e aos grandes devedores. Fechando um novo quadro, deve ser firmada uma
posição política de prestígio às ações de cobrança e recuperação de créditos não pagos, materia-
lizada em níveis orçamentários e fluxos financeiros adequados e respeito a dignidade funcional
dos agentes públicos envolvidos [12].

IV. REQUISITOS PARA A DECRETAÇÃO JUDICIAL DA INDISPONIBILIDADE PREVISTA


NO ART. 185-A DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL
Uma leitura atenta e cuidadosa do novo art. 185-A do Código Tributário Nacional permite a iden-
tificação e sistematização dos requisitos específicos para a decretação da medida cautelar em
comento. Com efeito, exige-se:
a) a citação do devedor;
b) o não pagamento;
c) o não oferecimento de bens à penhora;
d) a não localização de bens penhoráveis.
Os requisitos acima alinhados devem ser cumulativamente considerados. Portanto, a decretação
da indisponibilidade de bens e direitos, com fundamento no art. 185-A do Código Tributário Na-
cional, pressupõe a constatação seqüencial, ou seja, na ordem posta na lei, de cada um dos re-
quisitos.
A exigência de citação do devedor garante, mantida a atualidade do registro do domicílio tribu-
tário, que a indisponibilidade de bens e direitos não será uma surpresa para o executado. Devi-
damente citado, o devedor está ciente da possibilidade, presentes os outros requisitos, do seu
patrimônio vir a ser atingido pela medida judicial.
Os dois requisitos seguintes, o não pagamento da dívida e o não oferecimento de bens à penho-
ra, não reclamam maiores considerações. Afinal, se o débito for pago, extingue-se a própria re-
lação jurídico-obrigacional que liga o Fisco ao devedor. Por outro lado, o oferecimento de bens à
penhora dispensa, quando aceitos e reduzida a termo a pertinente constrição patrimonial, qual-

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quer outra providência executória. Em regra, a satisfação do crédito público será realizada em
momento próprio no futuro por intermédio do pertinente leilão.
O último dos requisitos específicos exige considerações mais cuidadosas e relacionadas com a
dinâmica do processo de execução fiscal. Naquela seara, quando citado o devedor e ausentes o
pagamento e a nomeação de bens à penhora, abre-se para o exeqüente a oportunidade de indi-
car bens e direitos [13]. Neste sentido, a decretação da indisponibilidade prevista no art. 185-A
do Código Tributário Nacional, pressupõe a demonstração, pelo exeqüente, da adoção, sem su-
cesso, das diligências comuns ou normais de localização de patrimônio penhorável [14].
Neste ponto, deve ser efetivado um raciocínio permeado pela razoabilidade. Não seria lícita a
decretação da indisponibilidade por simples pedido do exeqüente ante a inércia do devedor cita-
do. Tal exegese implicaria em suprimir o último dos requisitos postos pelo legislador. Por outro
lado, também não seria lícito exigir do exeqüente diligências exaustivas, de âmbito nacional ou
internacional. Neste caso, a decretação da indisponibilidade seria remetida ao domínio do impra-
ticável, quase do impossível, conspirando contra a decisão legislativa que pretende a utilização
efetiva do instituto.
A indisponibilidade do Código Tributário Nacional está voltada para a melhor e mais expedita
realização do interesse do credor fazendário. Entretanto, este interesse não é absoluto, notada-
mente quando pode ser afetada, de forma particularmente gravosa ou irreversível, a sobrevi-
vência ou permanência da atividade econômica do devedor. Assim, o magistrado, ao ser chama-
do a exercitar o poder cautelar por intermédio da indisponibilidade prevista no art. 185-A do
Código Tributário Nacional, em atenção aos casos concretos e a eventual probabilidade de cau-
sar danos indesejáveis, até na ótica do credor, a quem interessa a manutenção da atividade
econômica do devedor para o pagamento dos tributos "correntes" e a existência de patrimônio a
ser utilizado na satisfação dos créditos em cobrança, pode limitar ou, em casos extremos, não
efetivar a providência legal. A singularidade antevista aqui, em caráter abstrato, pode estar re-
lacionada tanto com a situação econômico-financeira global do devedor quanto com a situação
específica de certos bens e direitos.

V. CONVERSÃO DA INDISPONIBILIDADE EM PENHORA


Efetivada a indisponibilidade de bens e direitos, nos termos do art. 185-A do Código Tributário
Nacional, o processo de execução fiscal deverá seguir o curso previsto na Lei de Execução Fiscal
(Lei no 6.830, de 1980). Neste sentido, a indisponibilidade será convolada ou convertida em pe-
nhora, intimando-se o executado para que ofereça, se quiser, embargos à execução.
Esta última consideração explicita um dos limites do decreto de indisponibilidade. Com efeito, a
medida cautelar do art. 185-A do Código Tributário Nacional não pode alcançar os bens e direi-
tos legalmente qualificados como impenhoráveis [15]. À toda evidência, não tem lógica ou sentido
indisponibilizar bens ou direitos que não podem ser penhorados e, na seqüência, alienados para
a satisfação do crédito fazendário. Sublinha-se, ainda aqui, o caráter instrumental da indisponi-
bilidade em questão.

VI. CONCLUSÕES
A Lei Complementar no 118, de 2005, introduziu novo artigo no Código Tributário Nacional onde
fixa que na hipótese do devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens
à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indis-
ponibilidade de seus bens e direitos.
A indisponibilidade veiculada pela Lei Complementar no 118, de 2005, incorporada ao Código
Tributário Nacional como o art. 185-A, não é uma novidade na ordem jurídica brasileira. Em i-
números diplomas legais constatamos a presença do referido instituto. Constatamos, ainda, a
ausência de regramento processual geral para a figura da indisponibilidade.
Em geral, a indisponibilidade de bens e direitos consiste na proibição do proprietário de bem ou
direito aliená-lo ou onerá-lo. Subsiste, no entanto, para o proprietário, a utilização ou posse do
bem ou direito e a percepção dos frutos dele advindos. Normalmente, a indisponibilidade de
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bens e direitos funciona como medida cautelar voltada para a eficácia de atos futuros de constri-
ção patrimonial.
A indisponibilidade prevista no art. 185-A do Código Tributário Nacional não padece de inconsti-
tucional. Primeiro, porque não há ação automática do magistrado, que verificará a presença dos
requisitos legais para o deferimento da providência e a pertinência da medida no caso concreto.
Segundo, porque com a indisponibilidade em tela não ocorre a privação dos bens de quem quer
que seja. Continuam tais bens com a mesma propriedade anterior, a posse permanece inaltera-
da e possibilidade de auferir os frutos de sua exploração é plena. Por fim, a "novidade" também
não ofende o princípio constitucional da ampla defesa. Afinal, todos os recursos e meios de de-
fesa podem ser utilizados pelo executado.
A importante inovação da indisponibilidade, por ordem judicial, de bens e direitos, notadamente
quando atinge o "mercado bancário" e o "mercado de capitais", representa uma crucial e neces-
sária atualização ou modernização das iniciativas voltadas para a recuperação de créditos públi-
cos não pagos. Sustentamos, na seara da otimização da recuperação dos créditos públicos não
pagos, a necessidade de um conjunto combinado ou articulado, no seio uma política pública de-
vidamente planejada, de medidas de ordem legislativa e administrativa.
Os requisitos para a adoção da medida devem ser cumulativamente considerados. São eles: a) a
citação do devedor; b) o não pagamento; c) o não oferecimento de bens à penhora e d) a não
localização de bens penhoráveis. A decretação da indisponibilidade prevista no art. 185-A do
Código Tributário Nacional, pressupõe a demonstração, pelo exeqüente, da adoção, sem suces-
so, das diligências comuns ou normais de localização de patrimônio penhorável.
Ademais, o magistrado, ao ser chamado a exercitar o poder cautelar por intermédio da indispo-
nibilidade prevista no art. 185-A do Código Tributário Nacional, em atenção aos casos concretos
e a eventual probabilidade de causar danos indesejáveis, até na ótica do credor, a quem inte-
ressa a manutenção da atividade econômica do devedor para o pagamento dos tributos "corren-
tes" e a existência de patrimônio a ser utilizado na satisfação dos créditos em cobrança, pode
limitar ou, em casos extremos, não efetivar a providência legal.
A indisponibilidade será convolada ou convertida em penhora, intimando-se o executado para
que ofereça, se quiser, embargos à execução.

NOTAS
01
As modificações operadas no Código Tributário Nacional pela Lei Complementar no 118, de 9
de fevereiro de 2005, estão diretamente relacionadas com a adoção da nova Lei de Falências
(Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005).
O novo regime falimentar extinguiu a figura da concordata e introduziu os expedientes da recu-
peração extrajudicial e judicial do devedor, termo utilizado para designar o empresário e a soci-
edade empresária. A recuperação extrajudicial funciona como uma tentativa do devedor equa-
cionar suas dificuldades com os credores sem uma intervenção judicial mais significativa. Já na
recuperação judicial, adotada depois de frustrada a recuperação extrajudicial, a intervenção ju-
dicial é decisiva. Neste momento, o devedor apresentará um plano de recuperação que será ne-
gociado com os credores reunidos em assembléia. A falência, por sua vez, poderá ser demanda-
da: a) pelo próprio devedor; b) pelo cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o
inventariante; c) pelo cotista ou o acionista do devedor e d) por qualquer credor. Será decretada
a falência do devedor que: a) sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obriga-
ção líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o e-
quivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; b) executado por
qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes den-
tro do prazo legal e c) pratica algum dos atos suspeitos previstos em lei, como a liquidação pre-
cipitada de seus ativos ou o descumprimento, no prazo estabelecido, de obrigação assumida no
plano de recuperação judicial.
Nos debates realizados para definição dos contornos da nova sistemática da falência e procedi-
mentos anteriores, prevaleceu o entendimento de que a recuperação do devedor, com a conse-
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qüente manutenção dos postos de trabalho e da atividade econômica, recomendava modifica-


ções significativas em certas prerrogativas do crédito tributário. Para tanto, paralelamente ao
projeto de lei ordinária sobre as falências, tramitou no Congresso Nacional um projeto de lei
complementar, origem da atual Lei Complementar no 118, de 2005. Cumpre observar que nas
discussões ocorridas em torno das alterações do Código Tributário Nacional terminou prevale-
cendo uma solução de compromisso. Com efeito, o crédito tributário teria algumas de suas prer-
rogativas afetadas no futuro processo de falência, mas, em contrapartida, certas definições seri-
am consagradas para reforço da posição do mesmo crédito fora do âmbito da falência. Este des-
fecho é claramente percebido na leitura da Lei Complementar no 118, de 2005.
02
Art. 36. Os administradores das instituições financeiras em intervenção, em liquidação extra-
judicial ou em falência, ficarão com todos os seus bens indisponíveis não podendo, por qualquer
forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, até apuração e liquidação final de suas res-
ponsabilidades.
1º A indisponibilidade prevista neste artigo decorre do ato que decretar a intervenção, a extra-
judicial ou a falência, atinge a todos aqueles que tenham estado no exercício das funções nos
doze meses anteriores ao mesmo ato.
2º Por proposta do Banco Central do Brasil, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, a indis-
ponibilidade prevista neste artigo poderá ser estendida:
a) aos bens de gerentes, conselheiros fiscais e aos de todos aqueles que, até o limite da respon-
sabiIidade estimada de cada um, tenham concorrido, nos últimos doze meses, para a decreta-
ção da intervenção ou da liquidação extrajudicial,
b) aos bens de pessoas que, nos últimos doze meses, os tenham a qualquer título, adquirido de
administradores da instituição, ou das pessoas referidas na alínea anterior desde que haja segu-
ros elementos de convicção de que se trata de simulada transferência com o fim de evitar os
efeitos desta Lei.
3º Não se incluem nas disposições deste artigo os bens considerados inalienáveis ou impenhorá-
veís pela legislação em vigor.
4º Não são igualmente atingidos pela indisponibilidade os bens objeto de contrato de alienação,
de promessa de compra e venda, de cessão de direito, desde que os respectivos instrumentos
tenham sido levados ao competente registro público, anteriormente à data da decretação da
intervenção, da liquidação extrajudicial ou da falência.
Art. 37. Os abrangidos pela indisponibilidade de bens de que trata o artigo anterior, não poderão
ausentar-se do foro, da intervenção, da liquidação extrajudicial ou da falência, sem prévia e ex-
pressa autorização do Banco Central do Brasil ou no juiz da falência.
Art. 38. Decretada a intervenção, a liquidação extrajudicial ou a falência, o interventor, o liqui-
dante o escrivão da falência comunicará ao registro público competente e às BoIsas de Valores a
indisponibilidade de bens imposta no artigo 36.
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade competente ficará relativamente a esses
bens impedida de:
a) fazer transcrições, incrições, ou averbações de documentos públicos ou particulares;
b) arquivar atos ou contratos que importem em transferência de cotas sociais, ações ou partes
beneficiarias;
c) realizar ou registrar operações e títulos de qualquer natureza;
d) processar a transferência de propriedade de veículos automotores.
03
Art. 4° A decretação da medida cautelar fiscal produzirá, de imediato, a indisponibilidade dos
bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação.
1° Na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade recairá somente sobre os bens do ativo
permanente, podendo, ainda, ser estendida aos bens do acionista controlador e aos dos que em
razão do contrato social ou estatuto tenham poderes para fazer a empresa cumprir suas obriga-
ções fiscais, ao tempo:
a) do fato gerador, nos casos de lançamento de ofício;
b) do inadimplemento da obrigação fiscal, nos demais casos.
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2° A indisponibilidade patrimonial poderá ser estendida em relação aos bens adquiridos a qual-
quer título do requerido ou daqueles que estejam ou tenham estado na função de administrador
(§ 1°), desde que seja capaz de frustrar a pretensão da Fazenda Pública.
3° Decretada a medida cautelar fiscal, será comunicada imediatamente ao registro público de
imóveis, ao Banco Central do Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários e às demais repartições
que processem registros de transferência de bens, a fim de que, no âmbito de suas atribuições,
façam cumprir a constrição judicial.
04
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enrique-
cimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao
Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.
05
Art. 10. Sem prejuízo da medida a que se refere o artigo anterior, quando assim exigir a gra-
vidade dos fatos ou o interesse público, havendo indícios fundados de malversação de bens ou
recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Públi-
co, à Advocacia-Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que requeira ao juízo com-
petente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus
dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público.
1o O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Có-
digo de Processo Civil.
2o Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas
bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos termos da lei e dos
tratados internacionais.
3o Até o término da ação, o Poder Público permanecerá como depositário e gestor dos bens e
valores seqüestrados ou indisponíveis e velará pela continuidade das atividades sociais da enti-
dade.
06
Art. 59. Os administradores, controladores e membros de conselhos estatutários das entida-
des de previdência complementar sob intervenção ou em liquidação extrajudicial ficarão com
todos os seus bens indisponíveis, não podendo, por qualquer forma, direta ou indireta, aliená-
los ou onerá-los, até a apuração e liquidação final de suas responsabilidades.
1o A indisponibilidade prevista neste artigo decorre do ato que decretar a intervenção ou liqui-
dação extrajudicial e atinge todos aqueles que tenham estado no exercício das funções nos doze
meses anteriores.
2o A indisponibilidade poderá ser estendida aos bens de pessoas que, nos últimos doze meses,
os tenham adquirido, a qualquer título, das pessoas referidas no caput e no parágrafo anterior,
desde que haja seguros elementos de convicção de que se trata de simulada transferência com
o fim de evitar os efeitos desta Lei Complementar.
3o Não se incluem nas disposições deste artigo os bens considerados inalienáveis ou impenho-
ráveis pela legislação em vigor.
4o Não são também atingidos pela indisponibilidade os bens objeto de contrato de alienação, de
promessas de compra e venda e de cessão de direitos, desde que os respectivos instrumentos
tenham sido levados ao competente registro público até doze meses antes da data de decreta-
ção da intervenção ou liquidação extrajudicial.
5o Não se aplica a indisponibilidade de bens das pessoas referidas no caput deste artigo no caso
de liquidação extrajudicial de entidades fechadas que deixarem de ter condições para funcionar
por motivos totalmente desvinculados do exercício das suas atribuições, situação esta que pode-
rá ser revista a qualquer momento, pelo órgão regulador e fiscalizador, desde que constatada a
existência de irregularidades ou indícios de crimes por elas praticados.
Art. 60. O interventor ou o liquidante comunicará a indisponibilidade de bens aos órgãos compe-
tentes para os devidos registros e publicará edital para conhecimento de terceiros.
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Parágrafo único. A autoridade que receber a comunicação ficará, relativamente a esses bens,
impedida de:
I - fazer transcrições, inscrições ou averbações de documentos públicos ou particulares;
II - arquivar atos ou contratos que importem em transferência de cotas sociais, ações ou partes
beneficiárias;
III - realizar ou registrar operações e títulos de qualquer natureza; e
IV - processar a transferência de propriedade de veículos automotores, aeronaves e embarca-
ções.
07
Registre-se a possibilidade de decretação da indisponibilidade de bens e direitos em situação
não explicitamente regulada em lei. Neste caso, manejando medida cautelar inominada, o re-
querente provocará o exercício do poder geral de cautela, de índole constitucional, do magistra-
do competente.
08
A indisponibilidade de bens e direitos prevista na Lei n. 9.637, de 1998, que dispõe sobre a
qualificação de entidades como organizações sociais, envolve a permanência do Poder Público
como depositário e gestor dos bens e valores indisponíveis (art. 10, parágrafo terceiro).
09
Em sentido contrário: "Deverá ser lavrado ‘termo de penhora’ dos bens cuja indisponibilidade
fora adrede decretada, intimando-se o executado na forma do artigo 12 da LEF, a fim de que,
querendo, ofereça embargos no trintídio legal. A partir deste momento, portanto, não se pode
mais falar em ‘indisponibilidade’, mas em penhora, cujos efeitos retroagem à data do decreto de
indisponibilidade, por isso que não se trata (a indisponibilização) de medida cautelar, mas de ato
executivo preparatório da penhora". LOPES, Pedro Câmara Raposo. A "Indisponibilidade Univer-
sal" da Lei Complementar n. 118/2005. Tributario.net, São Paulo, a. 5, 17/2/2005. Disponível
em: . Acesso em: 29 abr. 2005.
10
HARADA, Kiyoshi. Lei Complementar n. 118/05 e a Indisponibilidade de Bens ou Direitos. Tri-
butario.net, São Paulo, a. 5, 21/2/2005. Disponível em: . Acesso em: 29 abr. 2005.
11
A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei,
não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios.
12
Assim, com a administração adequada e profissional dos meios necessários, a advocacia pú-
blica poderá atingir ou realizar uma de suas mais nobres missões: a justiça fiscal. Afinal, somen-
te quando retirado do devedor o valor não carreado normalmente para os cofres públicos é que
este será igualado ao contribuinte, aquele que cumpriu tempestivamente com a sua obrigação
fiscal.
13
Art. 10 da Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830, de 1980): "Não ocorrendo o pagamento, nem
a garantia da execução de que trata o art. 9º., a penhora poderá recair em qualquer bem do
executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis".
14
Entende-se por diligências comuns ou normais a verificação de bens penhoráveis: a) no
domicílio tributário do devedor por intermédio de oficial de justiça; b) junto aos cartórios de re-
gistro de imóveis do domicílio tributário do devedor; c) junto ao registro de veículos automoto-
res; entre outras pesquisas usualmente realizadas.
15
Esta premissa foi expressamente consagrada no art. 59, parágrafo terceiro da Lei Comple-
mentar n. 109, de 2001 e no art. 36, parágrafo terceiro da Lei n. 6.024, de 1974.

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