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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 00º VARA

COMPETENTE POR DISTRIBUIÇÃO DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA EM


CIDADE-UF.

NOME DO CLIENTE, qualificação completa, residentes e domiciliados


nesta Cidade-UF, vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
com fundamento na Lei 4.380, de 21 de agosto de 1.964, na Lei 8.004, de
14 de março de 1.990, na Lei 8.100, de 05 de dezembro de 1.990, na Lei
10.150, de 21 de dezembro de 2.000, e com o rito estabelecido nos artigos
282, incisos e ss. do Código de Processo Civil, promover a presente:

AÇÃO ORDINÁRIA DE CONCESSÃO DE DESCONTO E COBERTURA


PELO F.C.V.S. COM LIBERAÇÃO DE HIPOTECA CUMULADA COM
REPETIÇÃO DO INDÉBITO

EM DESFAVOR DE:

BANCO TAL S/A – instituição financeira sob a forma de empresa pública


federal, dotada de personalidade jurídica de direito privado, inscrita no
CGC/MF sob nº 0000000, sediada em CIDADE-UF, e com sua Agência nesta
Cidade de TAL, na Rua TAL, nº 00, CEP 0000000, onde deverá ser citada na
pessoa de seu Representante Legal dos termos da presente.

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL E DA LEGITIMIDADE


PASSIVA DO BANCO TAL S/A

O Banco TAL S/A, além de ser o agente financeiro do contrato objeto do


presente litígio é o agente gestor do Sistema Financeiro de Habitação e do
Fundo de Compensação das Variações Salariais (cerne da questão) na
condição de sucessora do extinto Banco Nacional da Habitação – BNH,
Figurando no pólo passivo da presente ação o BANCO TAL S/A, cuja natureza
é a de empresa pública federal, competente esse R. Juízo Federal para
processar e julgar o feito, por força do art. 109, inciso I, da Carta Política de
1.988, e nos termos da vasta jurisprudência:

Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Classe: CC - CONFLITO DE COMPETENCIA - 15188
Processo: 1995.00.48344-0        
UF: SP
Órgão Julgador: PRIMEIRA SECAO
Data da Decisão: 28/11/1995     Documento: STJ000104482
Fonte DJ DATA:18/12/1995 PÁGINA:44454
Relator: ARI PARGENDLER
Decisão: POR UNANIMIDADE, CONHECER DO CONFLITO E DECLARAR
COMPETENTE O JUIZO FEDERAL DA 13A. VARA DA SEÇÃO JUDICIARIA DO
ESTADO DE SÃO PAULO, SUSCITANTE.

EMENTA

CONFLITO DE COMPETENCIA. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO.


MUTUO HIPOTECARIO. COMPROMETIMENTO DO FCVS. SE NO MUTUO
HIPOTECARIO HA COMPROMETIMENTO DO FUNDO DE COMPENSAÇÃO DE
VARIAÇÕES SALARIAIS - FCVS QUANTO AO RESIDUO DO SALDO DEVEDOR
NÃO SATISFEITO APOS O PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES PREVISTAS
CONTRATUALMENTE, O RESPECTIVO GESTOR DEVE PARTICIPAR DO
PROCESSO COMO LITISCONSORTE NECESSARIO, ASSIM DEFININDO-SE A
COMPETENCIA DA JUSTIÇA FEDERAL PARA O JULGAMENTO DA CAUSA.
CONFLITO DE COMPETENCIA CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O
MM. JUIZ FEDERAL DA 13A. VARA DE SÃO PAULO.

Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Classe: CC - CONFLITO DE COMPETENCIA - 17258
Processo: 1996.00.28992-1        
UF: RS
Órgão Julgador: PRIMEIRA SEÇÃO
Data da Decisão: 28/08/1996     
Documento: STJ000131022
Fonte DJ DATA:23/09/1996 PÁGINA:35040
Relator MILTON LUIZ PEREIRA
Decisão POR UNANIMIDADE, CONHECER DO CONFLITO E DECLARAR
COMPETENTE O JUIZO FEDERAL DE NOVO HAMBURGO-SJ/RS, SUSCITANTE.

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETENCIA.


FINANCIAMENTO DE CASA PROPRIA. SFH.
1. A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ APLAINOU A DIVERGENCIA ANTERIORMENTE
EXISTENTE, FICANDO SUPERADOS OS PRECEDENTES QUE FIXARAM A
COMPETENCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL (P. EX.: CC NUMS. 15.076-RS,
15.186-SC E 15.213-SC).
2. EM LITIGIO ORIGINADO DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE CASA
PROPRIA, BENEFICIARIO DA COBERTURA ASSEGURADA PELA FCVS,
REGRADO POR NORMAS GERAIS DO SFH, SOB O LUZEIRO DE
LITISCONSORCIO NECESSARIO DA CAIXA ECONOMICA FEDERAL, FINCA-SE
A COMPETENCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
3. CONFLITO CONHECIDO, DECLARANDO-SE A COMPETENCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL.

Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Classe: CC - CONFLITO DE COMPETENCIA - 19473
Processo: 1997.00.18462-5        
UF: RS       
Órgão Julgador: PRIMEIRA SEÇÃO
Data da Decisão: 10/09/1997     
Documento: STJ000184732
Fonte DJ DATA:03/11/1997 PÁGINA:56204
Relator MILTON LUIZ PEREIRA
Decisão POR UNANIMIDADE, CONHECER DO CONFLITO E DECLARAR
COMPETENTE O JUIZO FEDERAL DA 7A. VARA DA SEÇÃO JUDICIARIA DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, SUSCITANTE.

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETENCIA. SFH.


CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 109, I.
EM LITIGIO ORIGINADO DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE CASA
PROPRIA, REGRADO POR NORMAS GERAIS DO SFH, VERIFICADO QUE SERA
AFETADO O FUNDO DE COMPENSAÇÃO DE VARIAÇÕES SALARIAIS - FCVS,
DESCORTINA-SE O INTERESSE DA CAIXA ECONOMICA FEDERAL, FICANDO
CONFIGURADO O LITISCONSORCIO NECESSARIO E AVIVADA A
COMPETENCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
CONFLITO CONHECIDO, DECLARANDO-SE A COMPETENCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL.
No mesmo sentido
CC 21788 RS 1998/0013663-0 DECISAO:10/06/1998 DJ DATA:03/08/1998
PG:00065 CC 21786 RS 1998/0013657-6 DECISAO:10/06/1998 DJ
DATA:03/08/1998 PG:00065 CC 21716 RS 1998/0009066-5
DECISAO:10/06/1998 DJ DATA:03/08/1998 PG:00064 CC 21615 GO
1998/0004316-0 DECISAO:10/06/1998 DJ DATA:03/08/1998 PG:00064 CC
20283 MS 1997/0057597-7 DECISAO:10/12/1997 DJ DATA:25/02/1998
PG:00009 CC 20169 SP 1997/0054509-1 DECISAO:10/12/1997 DJ
DATA:25/02/1998 PG:00008 CC 19290 RS 1997/0010095-2
DECISAO:10/12/1997 DJ DATA:25/02/1998 PG:00007

Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Classe: RESP - RECURSO ESPECIAL - 155832
Processo: 1997.00.83048-9        
UF: PE       
órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA
Data da Decisão: 11/04/2000     Documento: STJ000353532
Fonte DJ DATA:08/05/2000 PÁGINA:
Relator GARCIA VIEIRA
Decisão: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Exmºs. Srs.
Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade,
dar parcial provimento ao recurso, nos termos do voto do Exmº. Sr. Ministro
Relator.
Impedido o Exmº. Sr. Ministro Francisco Falcão.
Votaram com o Relator os Exmºs. Srs. Ministros Humberto Gomes de Barros,
Milton Luiz Pereira e José Delgado.

EMENTA
SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO - LEGITIMIDADE - CEF - UNIÃO -
BANCO CENTRAL DO BRASIL - CASA PRÓPRIA - FCVS. A Caixa Econômica
Federal é parte legítima passiva nas causas versando sobre financiamento da
casa própria, com vinculação ao Fundo de Compensação da Variação
Salarial, sendo partes ilegítimas a UNIÃO e o BACEN. Recurso parcialmente
provido.

Os autores, visando a aquisição do imóvel de moradia própria onde hoje


residem, firmaram com a Requerida Contrato por Instrumento Particular de
Compra e Venda, mútuo com Obrigações e Quitação Parcial, em 25 de
outubro de 1.985, com plano de cobertura de eventuais resíduos ao término
do prazo contratual (240 meses) através de contribuição mensal ao Fundo de
Compensação das Variações Salariais – FCVS1.

Referido fundo foi criado por força da Resolução nº 25, de 16/06/1967, do


Banco Nacional da Habitação - BNH, com a extinção deste, passou ao
controle e normatização da Caixa Econômica Federal (Decreto-Lei nº 2.291,
de 21.11.86).

Juntamente com o Coeficiente de Equiparação Salarial - CES, o FCVS foi


medido advinda da criação do Plano de Equivalência Salarial - PES, e uma
forma de garantir recursos para quitar os descompassos entre a forma de
reajuste do saldo devedor e o das prestações mensais.

Durante todos os anos seguintes os Autores contribuíram


(compulsoriamente), juntamente com o encargo mensal, para o F.C.V.S,
para que, ao final do prazo contratual 2, eventual resíduo fosse por ele
suportado.

Ocorreu, entretanto, que com o advento da Lei 10.150/00 este prazo foi
antecipado, concedendo o legislador ao mutuário cujo contrato previsse
cláusula de contribuição para com o FCVS, assinado até 05 de dezembro de
1990, desconto de 100% sobre o saldo devedor atualizado, desde que não
tivesse outro financiamento que houvesse sido quitado com ônus para o
FCVS ou com ônus para o FCVS em data posterior a 05/12/1990.
1
2
Estando, pois, os Autores perfeitamente enquadrados nas condições à
concessão do benefício (o nome do Autor varão inclusive foi veiculado no
Jornal “A Tribuna”, desta Capital, em 22/11/2000, como um dos
beneficiários3), procuraram a agência da Caixa Econômica Federal, onde, sob
a alegação de terem sido titulares de um outro financiamento habitacional no
passado, tiveram verbalmente negado o seu pedido.

Dirigiu-se então o Autor varão ao Presidente da Caixa Econômica Federal em


exercício, através de petição escrita4, requerendo novamente o benefício,
sendo-lhe novamente negado, desta vez por escrito 5, sendo fundamentada a
negativa sob a alegação de que “o contrato assinado com a CAIXA por V. Sª,
contempla cláusula na qual se obriga a alienar o primeiro imóvel adquirido,
no prazo de 180 dias a contar da sua assinatura; cláusula esta
desrespeitada; e é uma das condições para que haja a cobertura do saldo
remanescente ao término do contrato ou da sua liquidação antecipada.”
(grifos nossos)

Como perfeitamente demonstrarão os Autores na exposição dos seus


direitos, esta não é uma das condições para a concessão do benefício
(quitação do imóvel) e deverá ser afastada pelo provimento final da presente
ação.

DO SEGUNDO IMÓVEL. OBJETO DA RECUSA DA CEF À CONCESSÃO


DO DESCONTO

Anteriormente à aquisição do imóvel objeto da presente demanda, foram os


Autores titulares de outro imóvel financiado pela Vitória Minas S/A, que
depois passou à responsabilidade da Economista Crédito Imobiliário, imóvel
este quitado em 20 de novembro de 1993, com recursos próprios dos
Autores e alienado em 04 de abril de 1994 através do contrato particular de
promessa de compra e venda (documento anexo).

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5
Em 04 de junho de 1998, foi lavrada a escritura “Escritura Pública de Compra
e Venda Pura e Simples, perante o Cartório do 2º Ofício de Notas de Vitória-
ES, sendo o referido imóvel transferido em definitivo para os promitentes
compradores.

Assim, somente em 1994, quase nove anos após a aquisição do atual imóvel
(financiado pela Requerida), alienaram os Autores esse segundo imóvel,
inobservado o prazo de 180 dias estipulado na cláusula décima primeira do
instrumento de contrato6, o que, segundo a requerida, viola a condição à
concessão do benefício.

Eis o cerne da questão. Eis o ponto controverso.

DO DIREITO DOS AUTORES À PRETENSÃO DE LIBERAÇÃO DA


HIPOTECA

Da Finalidade do F.C.V.S.

Como dito anteriormente, o Fundo de Compensação das Variações Salariais


tem por escopo garantir recursos para quitar os descompassos entre a forma
de reajuste do saldo devedor e o das prestações mensais.

Esclarecendo: embora a adoção da Tabela Price nos financiamentos


habitacionais resulte em prestação necessária e suficiente para a liquidação
do empréstimo ao final do prazo e à taxa de juros acordados, a situação
muda de figura com a inserção de índices e periodicidade díspares entre
aqueles praticados junto ao saldo devedor (hoje a Taxa Referencial) e às
prestações (os de reajuste da categoria profissional). Isso acaba por resultar,
ao final do prazo, em resíduo, caso os reajustes salariais sejam menores que
daqueles aplicados ao saldo ou, ao menos, em periodicidade maior, ou em
liquidação antecipada, caso ocorra o contrário.

Como a hipótese mais plausível é sempre a da existência de resíduo, criou-se


o CES, ou seja, um acréscimo à prestação originalmente calculada pela

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fórmula "Price", justamente para cobrir ou reduzir essa diferença, a qual, por
fim, ficaria a cargo do FCVS.

Todavia, a dupla CES e FCVS culminou em uma aposta fracassada (a se ver


o enorme rombo em suas contas nas contas deste último, a ponto de ser
utilizado como moeda nas negociações do PROER), isto por força da
escalada inflacionária e a consequente retração salarial que, a uma só
tacada, reduziram os valores nominais dos encargos mensais e aumentaram
os saldos devedores dos financiamentos.

Assim, a finalidade do Fundo de Compensação das Variações Salariais –


FCVS é a de, através de contribuições mensais embutidas nos encargos
pagos pelos mutuários ao decorrer do prazo contratual, assumir, em nome
do mutuário, eventuais resíduos ao término deste prazo. Uma vez pagas
todas as prestações, o agente financeiro nada mais poderá exigir do
mutuário, independentemente da existência de resíduo 7.

Da Lei 10.150, de 21 de dezembro de 2000

Em 21 de dezembro de 2.000, foi editada a Lei 10.150, que originou-se da


conversão em lei das Medidas Provisórias 1.981/1.877/1.768/1.696/1.635 e
1.520, e que dispôs sobre a novação das dívidas de responsabilidade do
F.C.V.S.8, concedendo desconto de 100% (cem por cento) sobre o saldo
devedor atualizado dos contratos que obedecessem algumas condições,
entre elas, uma em que perfeitamente se enquadram os Requerentes:
Ser titular de contrato referente a primeira ou segunda aquisição no mesmo
município e assinado até 05/12/90, contendo cláusula contratual prevendo
cobertura do saldo devedor residual pelo FCVS, em que o primeiro imóvel
não tenha sido objeto de financiamento no âmbito do SFH ou, se financiado
não foi quitado com ônus para o FCVS ou com ônus para o FCVS em data
anterior à obtenção do novo financiamento.

Esta condição também está perfeitamente descrita na “situação 2, do


documento fornecido pela CEF denominado “DECLARAÇÃO PARA
ENQUADRAMENTO À CONCESSÃO DE DESCONTO E COBERTURA PELO
FCVS”, acostado a está inicial.
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Percebe-se, pelo exposto, que a Lei 10.150 trouxe aos contratos com amparo
do F.C.V.S. uma condição equivalente ao término do prazo contratual, isto é,
se o contrato preenchesse as condições para receber o benefício ao termino
do prazo contratual, poderia receber o mesmo benefício (liberação da
hipoteca), na data da publicação da referida lei.

Entretanto, a Requerida alega não terem os Autores obedecido uma das


condições para a cobertura do saldo devedor pelo F.C.V.S. por não terem
alienado, no prazo de 180 dias, a contar da assinatura do novo contrato,
imóvel que possuíam naquela data.

Analisemos tal alegação.

Conforme a época, as regras para a concessão de financiamento permitiam


ou não a propriedade de outro imóvel ou mesmo ter o mutuário firmado
outro financiamento.

No caso em tela o financiamento está atrelado à Lei 4.380, que em seu


artigo 9º O parágrafo 1º do art. 9º da Lei 4380/64 determina que:

"As pessoas que já forem proprietárias, promitentes compradores ou


cessionários de imóvel residencial na mesma localidade não poderão adquirir
imóveis objeto de aplicação pelo SFH."

Veja, Excelência, que a restrição é quanto à possibilidade de se adquirir um


novo imóvel objeto de recursos do S.F.H. e não quanto à possibilidade de
usufruir o benefício do F.C.V.S., pois tal condição (ser proprietário de outro
imóvel) não isenta o Mutuário do pagamento de tal contribuição mensal
embutida na prestação.

A CONTRIBUIÇÃO E O RESÍDUO

A relação lógica derivada da contribuição (compulsória) está na previsão da


existência de resíduo, solução essa assumida pelos contratantes, mas não na
eventualidade da propriedade de outro imóvel, que não causa,
evidentemente, modificação no pagamento dos encargos mensais e no
desenvolvimento do contrato.
Queremos dizer: quando o mutuário assina o contrato de financiamento,
comprometendo-se a quitar não somente a parcela do FCVS, seja à vista,
seja mensalmente, mas também a ter seu encargo mensal majorado pelo
CES, o faz frente tão somente à probabilidade de existir resíduo ao final do
prazo contratual - nada mais.

E tal estipulação contratual é também favorável ao agente financiador, pois


que se antecipam parcelas não exigíveis apenas pela taxa de juros inserida.

O resíduo, então, sua antecipação, pagamento ou redução, é o que induz a


essa estipulação.

Nessa ordem de idéias, não cabe às partes discutir existência ou não de


outro financiamento de forma a impedir seja o mesmo liquidado na forma
como foi pactuado - justo porque, como dissemos, não há relação lógica
entre a contratação do FVCS e a existência de outro bem imóvel.

A questão limita-se tão somente quanto ao resíduo: daí que é impossível


admitir-se que esse elemento estranho - outro imóvel - venha a fazer parte
da equação.

Prazo de 180 dias: Interpretação sistemática

No caso em tela, a negativa é somente em função da ultrapassagem do


prazo de 180 dias sem a alienação do imóvel anterior. Entretanto, como o
agente continuou a cobrar as contribuições do FCVS, quando deveria
devolvê-las logo após o decurso desse prazo, vislumbra-se ser incabível a
cobrança da diferença de saldo.

Primeiro, via interpretação sistemática da Lei 4380/64.

O "caput" do art. 9o. da mencionada lei dispõe que

"todas as aplicações do Sistema terão por objeto,


fundamentalmente, a aquisição de casa para residência do
adquirente, sua família e seus dependentes, vedadas quaisquer
aplicações em terrenos não construídos, salvo como parte de
operação financeira destinada a construção da mesma."
(grifamos)

Confrontando-se o "caput" do art. 9º. com o seu parágrafo 1º. (citado


retro) ,vê-se logo que este último submete-se ao núcleo do sistema (a
palavra usada é "fundamentalmente") , ou seja, a aquisição de residência
pela família, sendo que a propriedade de imóvel é unicamente um regulador
na destinação dos recursos.

Além disso, pelo fato de prestigiar-se o imóvel "novo" (art. 7o. Lei 4380/64),
fica clara a preocupação do legislador na retro-alimentação do SFH via FGTS
e poupança popular, incentivando a construção civil.

Ora, se é certo que a fixação do prazo de 180 dias para a venda do imóvel
está em consonância com esses objetivos do SFH, é evidente que isso se
restringe apenas e tão somente ao caráter selecionador do destinatário da
verba. Mas, uma vez que tenha sido assinado o contrato de empréstimo, a
destinação do imóvel adquirido tenha sido para a residência da família, e o
imóvel antigo tenha sido alienado, ainda que ultrapassado o prazo, estarão
cumpridos os objetivos do sistema.

Nesse sentido as últimas decisões do Superior Tribunal de Justiça, que tem


revelado que as discussões acerca do SFH não podem jamais deixar de
considerar o aspecto social para o qual o sistema foi criado, além do que, se

"a lei, que deve ser entendida em termos hábeis e inteligentes, deve
igualmente merecer do julgador interpretação sistemática e fundada na
lógica do razoável, pena de prestigiar-se, em alguns casos, o absurdo
jurídico"

(STJ – REsp 13.416-0 – RJ – 4ª T. – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo –


DJU 13.04.1992).
Prazo de 180 dias: aceitação tácita

Igualmente, no caso, por não se ter cumprido o prazo de 180 dias e o


agente continuou a cobrar as contribuições do FCVS, nota-se que o Fundo
recebeu as quantias a que tinha direito e em momento algum contestou-as,
tendo então os Autores colaborado com a sua parte para a quitação do
resíduo, abastecendo o FCVS.

Ora, o recebimento mensal dos encargos do FCVS por tão longo tempo,
quando deveria tê-los devolvido, implica em uma aceitação tácita por parte
do Agente Financeiro, de forma a impedir que possa este acenar tal cláusula
como impeditiva à utilização do Fundo.

Caso o contrato já tenha sido quitado pelo decurso do prazo (ou por situação
que equivale a isso – caso da Lei 10.150/2000), cabe discutir qual cláusula
irá incidir: a que considera o contrato vencido antecipadamente (que sequer
foi requerido pela Ré) ou outra, que prevê a liberação do ônus após o
pagamento dos encargos mensais contratados (vigésima terceira do
contrato9).

Dentre as duas, o TRF da 4ª Região optou por considerar quitado o contrato:

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO - AQUISIÇÃO, PELO MUTUÁRIO, DE


DOIS IMÓVEIS MEDIANTE FINANCIAMENTO PELO SFH E COM COBERTURA
DO FCVS – QUITAÇÃO DO SALDO DEVEDOR DO PRIMEIRO COM OS
BENEFÍCIOS DA LEI 8.004/90 – PAGAMENTO DA TOTALIDADE DAS
9
PRESTAÇÕES DO SEGUNDO – DIREITO À QUITAÇÃO – INCIDÊNCIA DE
NORMA JURÍDICA SUPERVENIENTE (MP 1.981-52/2000). 1 – Se o mutuário,
já sendo proprietário de imóvel financiado pelo SFH, vem adquirir outro e
não cumpre a obrigação de alienar o primeiro no prazo de 180 dias, o agente
financeiro pode considerar o contrato por vencido antecipadamente,
conforme convencionado. No entanto, não lhe é dado aplicar tal cláusula
após pagas todas as prestações do mútuo, pois aí já incidiu a cláusula que
tem o contrato como quitado. 2 – Nem o contrato, nem a lei vigente à
época, previam que o FCVS quitaria um único saldo devedor. Tendo o
mutuário quitado o primeiro financiamento com os favores da Lei 8.004/90,
pagando 50% de seu saldo devedor e respondendo o FCVS pelo restante,
era-lhe lícito exigir a quitação do saldo devedor do segundo, após o
pagamento de todas as prestações, inclusive das contribuições àquele fundo.
A norma que limitou a quitação pelo FCVS a um único saldo devedor só
sobreveio com a Lei 8.100/90, não podendo apanhar contratos já
aperfeiçoados. 3 – Hipótese em que, além do mais, é aplicável o direito
superveniente (art. 462 do CPC), que afastou aquela limitação para os
contratos firmados até 05 de dezembro de 1990 (art. 3º da Lei 8.100/90,
com a redação dada pelo art. 4º da MP nº1.981-52, de 27/09/2000). DADOS
DO JULGAMENTO Órgão: Quarta Turma do TRF da 4ª Região Decisão :
Unânime Data: 07 de novembro de 2000 Publicação: DJ2 nº 229-E,
29.11.2000, p. 482 APELAÇÃO CÍVEL Nº 97.04.26490-9/PR RELATOR JUIZ A
A RAMOS DE OLIVEIRA.

Veja, Excelência, que no julgado acima, foram ambos os financiamentos


quitados com ônus do F.C.V.S., o que não é o caso dos Autores, que
quitaram o primeiro imóvel com recursos próprios.

DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

Conforme delineado na exposição dos fatos, aos Autores foi negado o


benefício da concessão do desconto com cobertura do F.C.V.S., e o banco
continuou a cobrar as prestações mensais como se dívida ainda existisse,
sendo notória a inferioridade dos Autores, quanto a capacidade de negociar
junto à instituição financeira, demonstrando a vulnerabilidade que tolhia
aqueles nestes momentos.
Como é corriqueiro nas operações que envolvem as instituições financeiras
como parte, em vista da adesividade dos contratos bancários, os Autores não
tiveram outra alternativa, a não ser continuar o pagamento, o que ocorre,
inclusive, na forma de débito em conta, como se depreende do extrato
juntado10, sob pena de terem seu contrato executado sumariamente, as
vezes através de dispositivos autoritários como o Decreto 70/66, que priva o
mutuário de embargar tal execução, ou, no mínimo, com a inclusão de seus
nomes em cadastros de restrição ao crédito, listas-negras, etc...

Entretanto, por todo o exposto, não eram mais devidas prestações desde a
edição da Medida Provisória que originou a Lei 10.150/00, motivo pelo qual
desejam exercer o seu direito à repetição do indébito nos termos do artigo
1.531 do Código Cìvil Brasileiro.

Nestes termos;

"Cabível a repetição do indébito nos contratos bancários em que o devedor


efetua o pagamento pressionado pelos mecanismos de coação utilizados pelo
credor na defesa de seus créditos. Tais mecanismos de pressão dos agentes
financeiros são conhecidos e evidenciam que os pagamentos efetuados não
o são voluntariamente. A coação, representada pela ameaça do protesto, da
restrição de crédito e da inviabilidade de exercer o devedor as suas
atividades, afasta a voluntariedade. Ainda mais, como no caso concreto, em
que a quitação do contrato decorreu de renegociação da dívida, o que deixa
o devedor em situação de inferioridade, aderindo às imposições do credor
para "renegociar".

(Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul = Apelação


Cível n.º 196062178, 5ª Câmara, rel. João Carlos Branco Cardoso)

Dessa forma, em virtude da prática abusiva por parte da Requerida, sob


pena de enriquecimento ilícito, a presente lide objetiva a repetição do valor
pago indevidamente, o que será requerido ao final.

DOS ARESTOS

10
A Determinando que nos mútuos onde o mutuário tenha contribuído para o
F.C.V.S. as normas editadas pelo agente financeiro não podem se opor à lei
e ao contrato, devendo cobrir eventuais resíduos:

Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO


Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL
Processo: 90.04.03208-8        UF: PR       
órgão Julgador: QUARTA TURMA
Data da Decisão: 16/12/1997     
Documento: TRF400057265
Fonte DJ DATA:14/01/1998 PÁGINA: 569
Relator: JUIZA SILVIA GORAIEB
Decisão: unânime
Ementa CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO.
MÚTUO HIPOTECÁRIO. SALDO DEVEDOR. CONTRATO COM CLÁUSULA
FCVS. DEL-2164/84.
1. A Caixa Econômica Federal é parte legítima para figurar no pólo passivo
da relação processual, pois a política do SFH a ela compete, como sucessora
do BNH.
2. O FCVS - Fundo de Compensação das Variações Salariais - tem por
objetivo cobrir possíveis diferenças, pagando ao agente financeiro o resíduo
existente no final do contrato.
3. As obrigações derivam da lei ou do contrato e não de normas secundárias
editadas pela credora, que procura estabelecer condições que a favoreçam.
4. Contribuindo os autores para o referido Fundo, pagando as prestações
sempre corrigidas, o resíduo no saldo devedor do financiamento deve ser
quitado, pela metade com a utilização do FCVS e o restante com o repasse
da obrigação à CEF.
5. Princípio da pacta sunt servanda.
6. Preliminar rejeitada. Recurso improvido.

No sentido de que mesmo que o mutuário tivesse dois contratos com


cobertura pelo F.C.V.S., ambos teriam direito à quitação
Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Classe: RESP - RECURSO ESPECIAL - 57672
Processo: 1994.00.37334-1        
UF: MG       
órgão Julgador: SEGUNDA TURMA
Data da Decisão: 05/11/1998     Documento: STJ000260798
Fonte DJ DATA:03/05/1999 PÁGINA:129
Relator ADHEMAR MACIEL
Decisão Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas.
Decide a SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, não conhecer do recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-
relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que
ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Votaram de acordo os
Srs. Ministros Ari Pargendler, Hélio Mosimann e Peçanha Martins. Ausente,
justificadamente, o Sr. Ministro Aldir Passarinho Júnior. Custas, como de lei.
Ementa SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. LEI N. 8.004/90 E LEI N.
8.100/90. FUNDO DE COMPENSAÇÃO DE VARIAÇÕES SALARIAIS.
MUTUÁRIO COM DOIS FINANCIAMENTOS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 3º DA
LEI N. 8.100/90.
I - A Lei n. 8.004/90 estabeleceu dois únicos requisitos para a concessão da
QUITAÇÃO do contrato de mútuo: a celebração do contrato anteriormente a
26 de fevereiro de 1986 e a instituição do contrato sob a égide do Fundo de
Compensação de Variações Salariais.
II - A Lei n. 8.100/90 criou mais uma restrição para a fruição do benefício
legal: o mutuário, com vários contratos de financiamento de imóveis situados
na mesma localidade, só poderia, dessa forma, quitar um. Entretanto, o
dispositivo legal tido como malferido possui uma ressalva: a hipótese de o
mutuário figurar como co-devedor em contrato celebrado anteriormente.
III - Não existe nenhum objetivo visado pela norma, pelo qual somente os
contratos em que a condição de co-devedor figurasse no primeiro mútuo
pudessem ser quitados antecipadamente. Não se vislumbra nenhum
elemento lógico que inspire a norma. Portanto, ela não pode ser interpretada
de forma que para o mesmo objeto, isto é, a QUITAÇÃO antecipada do
débito, as soluções sejam diversas. O resultado da interpretação não pode
ter um sentido contraditório que discrimine situações aparentemente iguais.
Tese reforçada pela Circular n. 1.939/91 do Banco Central.
IV - Irrelevante que a QUITAÇÃO do financiamento do segundo imóvel se
desse antes da expedição da referida circular, uma vez que a norma
administrativa veio simplesmente interpretar e aclarar a norma legislativa. O
direito nasceu com o diploma legal que instituiu o benefício, e não com a
circular.
V - Recurso não conhecido.

C. Julgado que bem demonstra que se o F.C.V.S. é cobrado juntamente com


as prestações deve haver o benefício, mesmo que por erro da Caixa
Econômica Federal, ao cobrar a contribuição em um financiamento de imóvel
comercial

Origem: TRF - PRIMEIRA REGIÃO


Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 01414150
Processo: 1996.01.41415-0        
UF: MG       
órgão Julgador: QUARTA TURMA
Data da Decisão: 26/11/1996     Documento: TRF100046163
Fonte DJ DATA: 03/02/1997 PAGINA: 4092
Relator: JUÍZA ELIANA CALMON
Decisão à unanimidade, negar provimento ao recurso.
Ementa CIVIL - CONTRATO - SFH - ERRO DA CEF - QUITAÇÃO - LEI N.
8.004/90.
1 - A UNIÃO é litisconsorte passiva nas demandas em que se questiona
cláusula contratual firmada por imposição do Conselho Monetário Nacional,
que sucedeu o BNH na condução da política habitacional.
2 - Ação que versa sobre erro da CEF na elaboração do contrato, sem
questionamento sobre as cláusulas do SFH.
3 - Erro da CEF que pactuou financiamento de imóvel comercial como sendo
residencial, dando o contrato como tendo a cobertura do FCVS e aceitando a
submissão da avença à Lei n. 8.004/90.
4 - Concretização da QUITAÇÃO pelo mutuário, usando dos favores da Lei n.
8.004/90 e do FCVS, com cruzados retidos aceitos pela CEF por erro.
5 - Por ter agido equivocadamente, deve a CEF assumir os prejuízos da
operação.
6 - Recurso improvido.
Outra decisão do Tribunal Regional de Primeira Região que, por analogia, se
aplica ao caso em tela, pois a contribuição mensal ao F.C.V.S. se atrela à
possibilidade de existir resíduo e não a fatores estranhos ao contrato:

Origem: TRF - PRIMEIRA REGIÃO


Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 01342336
Processo: 1995.01.34233-6        
UF: DF       
Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA
Data da Decisão: 13/04/2000     Documento: TRF100095651
Fonte
DJ DATA: 30/06/2000 PAGINA: 109
Relator
JUIZ CANDIDO RIBEIRO
Decisão
Por unanimidade, negar provimento ao recurso.

EMENTA

CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. FUNDO DE


COMPENSAÇÃO DAS VARIAÇÕES SALARIAIS. DOIS FINANCIAMENTOS NA
MESMA LOCALIDADE. COBERTURA.
1 - Hipótese na qual em um dos financiamentos o mutuário é devedor
exclusivo, e, no outro, co-devedor.
2 - Inexistência de óbice à cobertura de saldo residual pelo FCVS, à vista de
regra no sentido de que: "Ocorrendo a hipótese de um mutuário figurar
como co-devedor em contrato celebrado anteriormente, não será
considerado como tendo mais de um financiamento."
3 - Aplicabilidade ao caso de orientação do Colendo STJ em situação similar:
"A Lei nº 8.100/90 criou mais uma restrição para a fruição do benefício legal:
o mutuário, com vários contratos de financiamento de imóveis situados na
mesma localidade, só poderia, dessa forma, quitar um. Entretanto, o
dispositivo legal tido como malferido possui uma ressalva: a hipótese de o
mutuário figurar como co-devedor em contrato celebrado anteriormente. Não
existe nenhum objetivo visado pela norma, pelo qual somente os contratos
em que a condição de co-devedor figurasse no primeiro mútuo pudessem ser
quitados antecipadamente. Não se vislumbra nenhum elemento lógico qu
inspire a norma. Portanto, ela não pode ser interpretada de forma que para
o mesmo objeto, isto é, a QUITAÇÃO antecipada do débito, as soluções
sejam diversas. O resultado da interpretação não pode ter um sentido
contraditório que discrimine situações aparentemente iguais." (Resp nº
57672/MG; Rel. MIN. Adhemar Maciel; DJ 03/05/99.
Apelação improvida.

E. Julgado que decide pela liberação da hipoteca após o pagamento da


última prestação quando houver a previsão de contribuição ao F.C.V.S. ao
término do prazo contratual mesmo quando sejam controversos os valores
pagos pelos Mutuários em função de decisão proferida em outra ação:

Origem: TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO


Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 246550
Processo: 2000.02.01.054948-8        
UF: RJ       
órgão Julgador:
QUARTA TURMA
Data da Decisão: 29/11/2000     Documento: TRF200074305
Fonte DJU DATA:12/03/2001
Outras Fontes DJU FLS. 110/132 12.03.2001 DJU FLS. 110/132 12.03.2001
DJU FLS. 110/132 12.03.2001 DJU FLS. 110/132 12.03.2001
Relator JUIZ ROGERIO CARVALHO
Decisão acordam os membros da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal
da Segunda Região, a unanimidade, nos termos do voto do Relator, em
negar provimento ao recurso.
Ementa SFH. CONTRATO COM COBERTURA PELO FCVS. PAGAMENTO DA
180º E ÚLTIMA PARCELA DO FINANCIAMENTO. DIREITO à QUITAÇÃO.
DIFERENÇAS QUE APURADAS POR FORÇA DE DECISÃO PROFERIDA EM
OUTRO FEITO, DEVEM SER BUSCADAS ATRAVÉS DE AÇÃO PRÓPRIA.
Previsto no contrato que liquidado o débito com o agente financeiro, têm os
mutuários direito a obterem a QUITAÇÃO, não se pode ter como procedente
a alegação de que a liberação dos devedores dependa de providências
relacionadas à apuração de cifras a ser efetuada em ação mandamental em
que se decidiu pela aplicação do PES em favor de , entre vários
litisconsortes, dos aqui autores, ainda mais quando o ajuste em que estes
são partes, conta com a cobertura do FCVS, que se não garantir o
adimplemento total, pelo menos, pode garantir que os apelados se valham
de ofertas como as que tem sido comuns se evidenciar ultimamente,
noticiadas que são até pela imprensa, de grandes descontos dados pela
própria apelante, os quais permitem a QUITAÇÃO de avenças firmadas em
épocas como a do contrato aqui objeto de discussão. Frustada esta última
hipótese, caberá a CEF buscar em juízo o seu direito, evitando-se, assim, que
litígios anteriores, como o presente, venham a se arrastar por longo tempo
sem solução devida. Apelo improvido.

Decisão que bem demonstra que não se pode confundir norma editada para
impedir desvios de recursos do S.F.H. para outros fins com a finalidade da
contribuição mensal pelo Mutuário junto ao F.C.V.S.:

Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO


Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL
Processo: 97.04.15205-1        UF: RS       
Orgão Julgador: TERCEIRA TURMA
Data da Decisão: 10/09/1998     Documento: TRF400063915
Fonte DJ DATA:30/09/1998 PÁGINA: 474
Relator JUIZA LUIZA DIAS CASSALES
Decisão UNÂNIME
Ementa SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. AQUISIÇÃO
DE MAIS UM IMÓVEL NO MESMO MUNICÍPIO. SEGURO
HABITACIONAL.
1. Não se pode confundir uma cláusula do negócio de
financiamento, decorrente de lei e ditada para impedir que
recursos destinados à aquisição da casa própria servissem a
outras finalidades, com o contrato de seguro, cuja principal -
o pagamento do prêmio - foi satisfeita.
2. Tendo os mutuários contribuído para o FCVS durante todo
o contrato e estando resgatadas todas as prestações do
mútuo, deve ser quitado o contrato, com a liberação da
hipoteca.

Nesta decisão, proferida no ano de 2.000, o Tribunal Regional Federal da 4ª


Região, julgando um caso análogo ao dos Autores (A MP 1.981 deu origem à
Lei 10.150/00), reconheceu o direito de os Mutuários terem a liberação da
hipoteca, mesmo já tendo anteriormente um imóvel quitado com recursos do
F.C.V.S. (o imóvel anterior dos Autores foi quitado com recursos próprios),
verbis:

Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO


Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 286584
Processo: 1999.04.01.070691-0        UF: SC        Orgão
Julgador: QUARTA TURMA
Data da Decisão: 24/10/2000     Documento: TRF400078376
Fonte DJU DATA:29/11/2000 PÁGINA: 390
Relator JUIZ EDUARDO TONETTO PICARELLI
Decisão A TURMA, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO
AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.
Ementa ADMINISTRATIVO. SFH. MAIS DE UM
FINANCIAMENTO. LIBERAÇÃO DE HIPOTECA. SALDO
DEVEDOR. FUNDO DE COMPENSAÇÃO DAS VARIAÇÕES
SALARIAIS. LEI Nº 8.100/90. MP 1981. CANCELAMENTO DA
HIPOTECA. O art. 3º, caput, da Lei nº 8.100/90, com a
redação determinada pela MP nº 1.981, impede a QUITAÇÃO
do saldo devedor pelo FCVS, para quem possui mais de um
financiamento, apenas dos contratos celebrados após a
vigência da Lei nº 8.100/90. Embora os mutuários tenham se
comprometido, na época da celebração do contrato, a vender
o imóvel anteriormente financiado pelo SFH, o qual também
contava com cobertura do FCVS, a CEF, mesmo não tendo
ocorrido a venda, não considerou vencida antecipadamente a
dívida e permaneceu recebendo as prestações, cancelando,
unilateralmente, a cobrança da contribuição para o FCVS.
Uma vez pagas todas as prestações do financiamento, o saldo
devedor remanescente deve ser quitado pelo FCVS. Deferido
o cancelamento da hipoteca. Apelação dos autores provida.

6-H. Este aresto demonstra que mesmo o imóvel anterior tendo sido vendido
após os 180 dias, a finalidade do S.F.H. foi atingido, isto é, foi alcançada a
finalidade social do sistema:

Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO


Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 276465
Processo: 1999.04.01.040958-7        UF: RS        Orgão
Julgador: QUARTA TURMA
Data da Decisão: 28/11/2000     Documento: TRF400079571
Fonte DJU DATA:07/02/2001 PÁGINA: 178
Relator JUIZ ZUUDI SAKAKIHARA
Decisão A TURMA, POR UNANIMIDADE, NEGOU
PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO
RELATOR.
Ementa SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. DUPLO
FINANCIAMENTO. ALIENAÇÃO DE UM DOS IMÓVEIS.
QUITAÇÃO PELO FCVS.
1. O mutuário que, ao contratar novo financiamento com
recursos do SFH, obrigou-se a alienar o outro imóvel, também
adquirido com o financiamento do SFH, no prazo de 180 dias,
tem direito à cobertura, pelo FCVS, do saldo final
remanescente, ainda que a alienação só tenha sido possível
uns anos após. Considera-se razoável o prazo em que foi feita
a alienação, pois, no caso considerado, manteve-se
preservada a intenção da lei, que é evitar a aquisição
especulativa de imóveis com recursos oriundos da poupança
popular.
2. Apelação não provida.

DOS PEDIDOS

De todo o exposto é a presente para requerer:

1º) seja citada a Requerida, no endereço inicialmente declinado, na pessoa


de seu representante legal, para que, querendo, apresente contestação no
prazo legal, sob pena de confissão e revelia, requerendo desde já os
benefícios do artigo 172, par. 2º do CPC;

2º) seja, ao final, declarado o direito dos Requerentes à concessão do


desconto com cobertura pelo F.C.V.S., com estribo na Lei 10.150, de 21 de
dezembro de 2.000, e, por conseqüência, a liberação da hipoteca referente
ao contrato objeto da presente demanda, para que nada mais dos
Requerentes possa ser exigido com base no referido contrato;

3º) que a Requerida seja condenada à devolução dos valores pagos


indevidamente pelos Autores em virtude da continuidade da cobrança das
prestações, desde o advento da Medida Provisória que originou a Lei
10.150/00, valor este que deverá ser apurado através de perícia matemático-
financeira nos termos do artigo 1.531 do Código Civil Brasileiro;

4º) Requerem, por derradeiro, a condenação da Requerida em custas e


demais despesas processuais, bem como em honorários advocatícios ao
prudente arbítrio de Vossa Excelência.

Sendo a matéria toda de direito e documental a prova, desnecessária, data


vênia, a dilação probatória; entretanto, caso assim não entenda Vossa
Excelência, protesta pela juntada posterior de documentos, perícia técnica e
pelo depoimento pessoal do representante legal da Requerida sob as penas
da lei processual, sem prescindir de outros meios de prova em Direito
admitidos e moralmente legítimos.

Dão à causa, nos termos do artigo 259, inciso V, do Código de Processo Civil
o valor de R$ 000000 que é o valor do saldo devedor atual do contrato.

Nestes Termos,

Pedem Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO

ADVOGADO

OAB Nº

OBS: MODELO DE PETIÇÃO PARA SE BASEAR E CRIAR SUA


PRÓPRIA PETIÇÃO!
ATENCIOSAMENTE, EQUIPE CANAL DIREITO

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