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EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CRIMES
CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. ART. 25 DA LEI N.
7.492/1986. NUMERUS APERTUS. GESTÃO TEMERÁRIA.
GERENTE DE AGÊNCIA BANCÁRIA. AGENTE ATIVO.
ADEQUAÇÃO LEGAL.
1. Gerente de agência bancária é passível de imputação de
gestão fraudulenta de instituição financeira, nos termos da Lei
n. 7.492/1986, que define os crimes contra o Sistema
Financeiro Nacional.
2. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as
razões reunidas na insurgência são incapazes de infirmar o
entendimento assentado na decisão agravada.
3. Agravo regimental improvido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as
acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior
Tribunal de Justiça, por unanimidade negar provimento ao agravo
regimental nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros
Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), Maria
Thereza de Assis Moura e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro
Relator.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis
Moura.
Brasília, 1º de setembro de 2011 (data do julgamento).
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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 917.333 - MS (2007/0008680-2)
RELATÓRIO
c) aplicável ao caso dos autos a Súmula 7/STJ, pois, "com base nas
provas dos autos, concluiu que o agravante não poderia ser penalizado e
considerado como parte legítima para responder pelo crime previsto na lei
federal" (fl. 1.155); e
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d) o agravante não "teria poder de mando" e seus atos "estariam
subordinados à aprovação de seus superiores hierárquicos", a afastar a
configuração de gestão temerária.
É o relatório.
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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 917.333 - MS (2007/0008680-2)
VOTO
O ora agravante foi denunciado pela prática do delito descrito no art. 4º,
parágrafo único, da Lei 7.492/1986, nestes termos (fl. 1.042 – grifo nosso):
[...]
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O Tribunal de origem, ao absolver o atual agravante, fixou (fl. 1.050):
[...]
A concepção da definição legal do delito que é de gestão da instituição
financeira já limita o conceito da qualificação pessoal exigida ao círculo de
agentes com poderes gerais e superiores de decisão e reforça este
entendimento a objetividade jurídica. Com efeito, os bens objeto da proteção
penal estão na política econômica do governo e estabilidade e segurança do
mercado, daí não se concebendo eventos de lesão a semelhantes
interesses em condutas praticadas por funcionários que não integram a
cúpula e que por si sós não podem causar prejuízos de modo a pôr a
instituição financeira, que como tal só pode ser reconhecida no todo, em
risco com correlatos resultados de abalos no SFN.
Um gerente de agência não passa disto, gere a agência, não a instituição
financeira. Esta é gerida por seus diretores, pelo escalão superior, por
administradores com amplitude de poderes abrangentes da instituição
financeira em toda a sua extensão.
[...]
Contra esse julgado foi interposto recurso especial, o qual foi provido
pelo eminente Ministro Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP), no
sentido de condenar o ora agravante pelo delito de gestão fraudulenta (fls.
1.130/1.135).
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Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
[...]
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o
controlador e os administradores de instituição financeira, assim
considerados os diretores, gerentes.
§ 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado)
o interventor, o liqüidante ou o síndico.
§ 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou
co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea
revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena
reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei n. 9.080, de 19.7.1995)
[...]
Os autos registram que o prejuízo experimentado pela Caixa, à época,
ultrapassavam a um milhão de dólares. É inegável, pois, a existência de
magnitude de lesão financeira e de prejuízos morais tanto para a Caixa como
para o Sistema Financeiro Nacional, que, com certeza, se sentiu abalado e
teve sua credibilidade arranhada por tais condutas. E tanto isto é verdade
que foi editada lei especial para punir esses tipos de delito (Lei n. 7.492/86).
[...]
Diante do exposto e por mais que dos autos consta, com base no art.
386, VI, do CPP, absolvo Anézia Barbosa Chaves, qualificada, da imputação
feita contra sua pessoa, e, com suporte no art. 4º, parágrafo único, da Lei n.
7.492/1986, condeno Paulo Roberto Giresini Siviero e Iran Barbosa
Chaves, qualificados, individualmente, a três anos de reclusão e ao
pagamento da multa de R$ 5.200,00 (cinco mil e duzentos reais),
correspondente a vinte dias-multa, já atualizada e convertida. A pena privativa
será cumprida, desde logo, em regime aberto, com trabalho fora do
estabelecimento, sem vigilância, e recolhimento durante o período noturno e
nos dias de folga, exceto de quarta para quinta e de sábado até segunda,
cujo horário de saída e chegada fica a critério do estabelecimento penal [...]
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Por fim, desarrazoada a suposta incidência, in casu, da Súmula
182/STJ, pois o recurso especial (fls. 1.059/1.073) do ora agravado impugnou, de
forma adequada, todos os fundamentos do acórdão a quo (fls. 1.042/1.053).
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2007/0008680-2 REsp 917.333 / MS
MATÉRIA CRIMINAL
Relator
Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ZÉLIA OLIVEIRA GOMES
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RECORRIDO : PAULO ROBERTO GIRESINI SIVIERO
ADVOGADO : ROBERTO TEIXEIRA DOS SANTOS
INTERES. : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF
ADVOGADO : LEONARDO DA SILVA PATZLAFF E OUTRO(S)
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes contra o Sistema
Financeiro Nacional
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : PAULO ROBERTO GIRESINI SIVIERO
ADVOGADO : PAULO ESTEVÃO DA CRUZ E SOUZA E OUTRO(S)
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
INTERES. : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF
ADVOGADO : LEONARDO DA SILVA PATZLAFF E OUTRO(S)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator."
Os Srs. Ministros Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), Maria
Thereza de Assis Moura e Og Fernandes votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
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