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PRÁTICA SIMULADA V (CÍVEL) - CCJ0151


SEMANA 3

CASO CONCRETO: XIX Exame da OAB ? Direito Administrativo. Adaptado.

Marcos Silva, aluno de uma Universidade Federal, autarquia federal, inconformado com
a nota que lhe fora atribuída em uma disciplina do curso de graduação, abordou a
professora Maria Souza, servidora pública federal, com um canivete em punho e, em
meio a ameaças, exigiu que ela modificasse sua nota. Nesse instante, a professora, com o
propósito de repelir a iminente agressão, conseguiu desarmar e derrubar o aluno, que, na
queda, quebrou um braço. Diante do ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo
Disciplinar (PAD), para apurar eventual responsabilidade da professora. Ao mesmo
tempo, a professora foi denunciada pelo crime de lesão corporal. Na esfera criminal, a
professora foi absolvida, uma vez que restou provado ter agido em legítima defesa, em
decisão que transitou em julgado. O processo administrativo, entretanto, prosseguiu, sem
a citação da servidora, pois a Comissão nomeada entendeu que a professora já tomara
ciência da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores. Ao
final, a Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena de
demissão. O PAD foi encaminhado ao reitor da universidade para a decisão final, que,
sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de
demissão à servidora, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em
relação à criminal. Em 11/01/2017, a servidora foi cientificada de sua demissão, por meio
de publicação em Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções, e, em
22/02/2017, procurou seu escritório para tomar as medidas judiciais cabíveis,
informando, ainda, que, desde o afastamento, está com sérias dificuldades financeiras.
Como advogado(a), elabore a peça processual adequada para amparar a pretensão de sua
cliente, analisando todos os aspectos jurídicos apresentados.

Elabore a peça adequada, considerando que:

I. não há necessidade de dilação probatória;

II. já transcorreram mais de 30 (trintas) dias desde a publicação da demissão;

III. deverá ser adotada a medida judicial cujo procedimento seja, em tese, o mais célere.
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) FEDERAL DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO ESTADO (...)

(10 ESPAÇOS)

MARIA SOUZA, nacionalidade, estado civil, professora, portador da carteira de


identidade nº (número), inscrito no CPF sob o nº (número), residente e domiciliado na Rua
(nome da rua), (número), (bairro), (cidade), (UF), (CEP), (endereço eletrônico), vem por
meio de seu advogado com endereço profissional (endereço completo), (endereço
eletrônico), onde recebe notificações, conforme Artigo 106, I, do Código de Processo Civil,
com base no artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal, na lei 12.016/09 vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência impetrar:

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR

Pelo rito especial, contra ato do Relator da Universidade Federal de (estado), com endereço
na Rua (nome da rua), (número), (bairro), (cidade), (UF), (CEP), (endereço eletrônico),
pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I - JUSTIÇA GRATUITA

Com fundamento constitucional no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, e


infraconstitucional na Lei nº 1.060/1950, a autora requer a V. Exª a concessão do benefício
da gratuidade de justiça, tendo em vista que, em razão das dificuldades financeiras
enfrentadas pela autora desde sua demissão, está desempregada e sem condições de arcar
com as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.

II - DOS FATOS

A Autora, Maria Souza, foi atacada em sala de aula por um dos seus alunos,
Marcos Silva, que, com um canivete em punho e, em meio a ameaças, exigiu que ela
modificasse sua nota que lhe foi atribuída em uma disciplina do curso de graduação. Nesse
instante, com o propósito de repelir a iminente agressão, a professora conseguiu desarmar e
derrubar o aluno, que, na queda, quebrou um braço.

Diante do ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD),


para apurar eventual responsabilidade da professora. Ao mesmo tempo, ela foi denunciada
pelo crime de lesão corporal.

Na esfera criminal, ela foi absolvida, vez que restou provado ter agido em
legítima defesa, em decisão que transitou em julgado. O processo administrativo, entretanto,
prosseguiu, sem a citação da servidora, pois a Comissão nomeada entendeu que ela já
tomara ciência da instauração do procedimento por meio da imprensa e de outros servidores.
Ao final, a Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora à pena de
demissão.

O PAD foi encaminhado à autoridade competente para a decisão final, que, sob
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o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão


à servidora, afirmando, ainda, que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal.

Em 11/01/2017, ela foi cientificada de sua demissão, por meio de publicação em


Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções, e, em 22/02/2017, procurou seu
escritório para tomar as medidas judiciais cabíveis, informando, ainda, que, desde o
afastamento, está com sérias dificuldades financeiras, que a impedem, inclusive, de suportar
os custos do ajuizamento de uma demanda.

III - DOS FUNDAMENTOS

III.1 - DA CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

Presentes os requisitos legais, conforme artigo 5º LXIX, o Mandado de


Segurança será concedido para proteger direito líquido e certo, sempre que haja ilegalidade
ou com abuso de poder por parte de autoridade.

Verifica-se presente o “fumus boni iuris” ante a incontestável necessidade de


notificação da autora para defesa em Processo Administrativo Judicial, em virtude do
cumprimento do preceito Constitucional contido no artigo 5º LV e artigo 22 da Lei
8.112/90. Corroborada com o fato da autora já ter sido absolvida em esfera criminal, em
virtude da excludente de ilicitude em razão da legítima defesa, o que também afasta a
demissão em PAD, por força do artigo 132 VII da lei 8.112/90.

Já o “periculum in mora”, se verifica em razão da séria dificuldade financeira


passada pela autora, que perdeu como a demissão sua fonte de renda.

IV - DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Conforme o artigo 5º LXIX da Constituição Federal da República Federativa do


Brasil e do artigo 1º da lei 12.016/2009 será concedido o Mandado de Segurança para
proteger direito líquido e certo, sempre que ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer
pessoa física sofrer violação por parte de autoridade.

V - DA TUTELA DE URGÊNCIA

O artigo 300 do Novo Código de Processo Civil define como requisitos para
antecipação de tutela a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

O perigo ou receio de dano irreparável (periculum in mora) resta demonstrado


uma vez que a Autora não está percebendo proventos em razão da sua demissão e, por conta
disso, passa por dificuldades financeiras.

A probabilidade do direito/verossimilhança das alegações (fumus boni iuris) está


consubstanciada na nulidade do PAD por ausência de citação, com flagrante violação aos
princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, capitulados no Art.
5º, LIV e LV da CRB/88 c/c Art. 143 da Lei nº 8.112/90, bem como pela inobservância do
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fato de que a sentença penal absolutória transitada em julgado necessariamente vinculará o


conteúdo da decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei nº 8.112/90 c/c o
Art. 65 do CPP.

Logo, em razão dos vícios do PAD, ora apresentados, e do prejuízo/lesão sofrido


pela Autora em decorrência de sua demissão, imperiosa é a concessão da presente tutela de
urgência, com a determinação da reintegração da Autora ao cargo público, sem prejuízo do
direito ao pagamento dos salários atrasados e de todas as vantagens do cargo.

VI - DO MÉRITO

Primeiramente, o Art. 5º, inciso LIV e LV da CRFB/88 garante o direito ao


devido processo legal, ao contraditório e a ampla defesa. Vejamos:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de


seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes;

No mesmo sentido, o Art. 143 c/c 161, §1º da Lei 8.112/90 estabelece que
qualquer procedimento administrativo destinado à apuração de eventual ato ilícito cometido
pelo servidor público, seja sindicância ou PAD, deve assegurar ao acusado a ampla defesa.
Vejamos:

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de


irregularidade no serviço público é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante
sindicância ou processo administrativo disciplinar,
assegurada ao acusado ampla defesa.
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será
formulada a indiciação do servidor, com a
especificação dos fatos a ele imputados e das
respectivas provas.
§ 1o O indiciado será citado por mandado
expedido pelo presidente da comissão para
apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez)
dias, assegurando-se-lhe vista do processo na
repartição.

Na situação apresentada, a Autora só foi cientificada, por meio de publicação


em Diário Oficial, após a sua demissão. Tal ato do Poder Público viola os princípios do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.

Outrossim, na hipótese de absolvição penal com fundamento em excludente de


ilicitude, como a legítima defesa, não há espaço para aplicação do resíduo administrativo
(falta residual), vez que constitui uma das hipóteses de mitigação ao princípio da
independência entre as instâncias, capitulado no Art. 2º da CF/88.

Ademais, a decisão proferida na esfera penal necessariamente vinculará o


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conteúdo da decisão administrativa, nos termos do Art. 125 e 126 da Lei nº 8.112/90 c/c o
Art. 65 do CPP.

Assim, ante aos vícios do PAD, ora apresentados, imperioso é a anulação do ato
demissional, bem como a determinação da reintegração da servidora ao cargo público, sem
prejuízo do direito ao pagamento retroativo de todas as verbas e vantagens do cargo desde a
suspensão da sua remuneração, em razão da lesão patrimonial sofrida pelo não recebimento
dos vencimentos, na forma do Art. 28 da Lei nº 8.112/1990.

VII - DOS PEDIDOS

EX POSITIS, é a presente para requerer que Vossa Excelência digne-se de:

a) a concessão da justiça gratuita em razão das dificuldades financeira enfrentadas pela parte
Autora, na forma da Lei nº 1.050/1960;
b) a concessão da tutela de urgência para garantir a reintegração da servidora aos quadros
funcionais da autarquia federal, até a decisão final, com fulcro no Art. 9º c/c Art. 701 do
NCPC;
c) a citação do Réu para que, querendo, contestar o feito no prazo de lei;
d) a confirmação da tutela de urgência com a anulação do ato que resultou na demissão da
servidora e a condenação do Réu à reintegração da servidora aos quadros funcionais da
autarquia federal, bem como ao pagamento retroativo de todas as verbas e vantagens do
cargo a que a Autora faria jus se em exercício estivesse.
e) a produção de provas por todos os meios admitidos em direito e necessários a solução
da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos;
f) a condenação do Réu ao pagamento das custas processuais e aos honorários advocatícios.

VIII - DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00.

Nestes termos,

Pede Deferimento.

Local, data

Advogado

OAB/UF

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