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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRETOR DO JUIZADO

ESPECIAL CRIMINAL ADJUNTO À SEGUNDA VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE CAXIAS DO SUL.

PRISCILA PELLIZZARI, brasileira, administradora, casada,


portadora do RG de n.º 1106504408, expedido pelo SSP/RS, inscrita no
CPF sob o n.º 016.278.670-07, residente e domiciliada à Rua Amílcar
Rossi, n.º 546 B, Bairro Nossa Senhora das Graças, CEP 95.095-155,
Cidade de Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, Estado do Rio
Grande do Sul, por intermédio de seu Advogado, mediante instrumento
procuratório anexo, vem à presença de Vossa Excelência, com
fundamento no art. 144 do Código Penal,1 requerer o presente

PLEITO ACAUTELATÓRIO DE EXPLICAÇÕES,

em face de MARIO DÍAZ DEL CASTILLO VALENTI, brasileiro, casado,


médico, inscrito no CPF sob o n.º 594.507.460-87, com endereço
residencial à Rua Plácido de Castro, n.º 273, Torre 02, apto 901, Bairro
Exposição, CEP 95.0130-000, Cidade de Caxias do Sul, Estado do Rio
Grande do Sul, pelas razões de fato e de direito a seguir delineadas:

I. DO CABIMENTO DO PEDIDO DE EXPLICAÇÕES:

Ilustre Julgador.

Como cediço, veicula o art. 144 do Código Penal, o instituto do


pedido de explicações nos crime contra a honra, quando, quem se julgar
ofendido por referências, alusões ou frases, infere calúnia, difamação ou
injúria:

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Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria,
quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou,
a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
1
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode
pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las
ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
ofensa.

Constitui, outrossim, típica providência de ordem cautelar,


destinada a aparelhar eventual ação penal principal.

Portanto, o objetivo da presente medida visa apenas e tão somente


esclarecer por meio da interpelação do requerido, situação de possível
imputação de fato desabonador em relação à honra objetiva da ora
requerente.

Noutra dimensão, apesar de não encontrar disciplina própria no


Código de Processo Penal, entende a melhor doutrina e jurisprudência que
deve ser utilizado, por analogia, o processamento encontrado no Código
de Processo Civil,2 haja vista que nele existem normas que regulamentam
o expediente de que se lança mão.

Ademais, registre-se que, na presente medida, inexiste qualquer


pretensão acusatória a ser analisada pelo Poder Judiciário.

Assim, a presente medida se limita à expedição de notificação


formal ao requerido, para que esse, se desejar, preste esclarecimentos
sobre suas equívocas declarações abaixo esposadas.

II. DAS RAZÕES DA MEDIDA:

A ora requerente foi galgada ao posto de monitora substituta do


Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) do Complexo Hospitalar da
Unimed de Caxias do Sul na data de 24/06/2019, sendo efetivada na

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Art. 726 e seguintes.
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função em 01/03/2020 (ANEXO 01). O cargo de monitora no setor referido
é ocupado única e exclusivamente pela requerente até a presente data.

Por outro lado, o requerido atua como médico na mesma instituição


cooperativa.

Nessa senda, em 23/07/2020, a requerente tomou conhecimento


por meio da ex-coordenadora administrativa de seu setor (ANEXO 02),
funcionária LEDA MARIA CARINI, de uma mensagem de WhatsApp
enviada na data de 30/01/2020 pelo requerido à atual gerente de serviços
do Complexo Hospitalar da Unimed, funcionária ADRIANA DENISE
ECKER, em que se infere, possivelmente, a prática de crime contra a
honra da ora interpelante (ANEXO 03).

Na oportunidade, o requerido teria dito, após diversos


apontamentos críticos em relação a alguns dos profissionais que
compunham o Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) da instituição, que
sua atual monitora, além de desempenhar administração “ineficiente”, seria
“coautora” na “ocultação de irregularidades” ocorridas naquele setor.

Significa dizer: do contexto narrado se infere que o requerido pode


ter ultrapassado ao seu direito de manifestação quando além de rotular a
ora interpelante como “ineficiente”, afirma que essa enquanto profissional
estaria mancomunada em coautoria, para, de forma conivente, esconder
“irregularidades” praticadas no âmbito do CDI.

Nessa vertente, conquanto o ora interpelado não revele na


mensagem enviada quem seriam a(s) pessoa(s) que estaria(m) em conluio
com a interpelante ao ocultar irregularidades, muito menos tenha
esclarecido quais ilicitudes tenham sido omitidas por ela e terceiro(s), pode
se extrair da narrativa que o requerido atribuiu à requerente conduta
desabonadora e ofensiva à sua reputação.

Ora, exercendo a requerente o papel de monitora de um dos mais


importantes setores do aludido Complexo Hospitalar, jamais poderia essa

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compactuar com qualquer espécie de irregularidade, sobretudo se tratando
de atos ilícitos praticados intencionalmente no exercício da função, na
medida em que assim agindo poderia a interpelante incorrer em falta
funcional grave, como, por exemplo, improbidade administrativa, desídia
no desempenho de suas funções, mau procedimento, etc.

No mesmo contexto, tomou conhecimento a requerente que por


conta das colocações do requerido, sua ex-chefe no setor, funcionária
LEDA MARIA CARINI, fora obrigada a, perante seus superiores,
apresentar esclarecimentos sobre a atividade desempenhada pela ora
interpelante (ANEXO 04).

Assim, incontroverso que a atribuição de fatos dessa extirpe, uma


vez confirmados, possuem o condão de macular a honra objetiva da
pessoa atacada, se amoldando, em tese, ao crime de difamação,
capitulado no art. 139, caput, do Código Penal.3

Em síntese, o presente pedido de explicações merece guarida, para


que o requerido, se desejar, após interpelado, venha esclarecer:

A) O que quis dizer o requerido quando referiu que a requente


ocultava irregularidades em coautoria, enquanto monitora
do CDI do Hospital da Unimed de Caxias do Sul?

B) Quais foram as irregularidades ocultadas pela requerente


no exercício de sua função que o requerido tem
conhecimento?

C) Com quem a requerente agia em coautoria ocultando


irregularidades, enquanto monitora do CDI do Hospital da
Unimed de Caxias do Sul?

3
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
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III. DOS REQUERIMENTOS:

Posto isso, requerer a Vossa Excelência:

A) Seja o requerido notificado para que apresente, no prazo legal,


as explicações aos questionamentos constantes nesta exordial;

B) Prestadas ou não as explicações pretendidas, sejam os autos


entregues a requerente,4 para que essa possa adotar as medidas que
entender cabíveis.

Nestes termos, pede deferimento.

Caxias do Sul, 30 de julho de 2020.

Vitor Zimermann

OAB/RS n.º 120.753

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Código de Processo Civil:
Art. 729. Deferida e realizada a notificação ou interpelação, os autos serão entregues ao
requerente.
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