Você está na página 1de 15

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE MANDAGUARI - ESTADO DO PARANÁ.

BRAZ CORCINI VEQUETINI e APARECIDA


MARGIOTO VEQUETINI, brasileiros, casados sob o regime da
comunhão universal de bens, agricultor e do lar, residentes e
domiciliados na Rua Manoel Zacarias Martins, 496, Jardim
Cristina II, em Mandaguari-PR, respectivamente, portadores das
Cédulas de Identidade, RG. sob nº 4.234.679-9 e RG. sob nº
3.034.735-8 SSP/PR., inscritos nos C.P.F./M.F. sob nº
006.628.629-88 e 087.977.659-53, por seu procurador judicial,
adiante assinado, advogado devidamente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, sob nº 19.627,
com escritório profissional situado no SBS, Quadra 04, Lotes
3/4, 18º andar, Ed. Matriz, CEP. 70.092-900, Brasília-DF,
Fones (61) 414-6087 e 9265-9340, onde recebe intimações
(mandato incluso), vem à presença de Vossa Excelência,
respeitosamente, propor

A Ç Ã O C O N F E S S Ó R I A

em face de

1
CECÍLIO SORRILHA e sua esposa AURORA
GIROTO SORRILHA, brasileiros, casados sob o regime de comunhão
universal de bens, residentes e domiciliados na Rua Pedro
Simões, 200, Conjunto Mandaguari I, em Mandaguari-PR, ele
aposentado, ela do lar, respectivamente portadores das Cédulas
de Identidade sob nºs. 3.059.137-2 SSP/PR. e 000.374.762
SSP/MT. e inscritos no C.P.F./M.F. sob nºs. 092.667.719-53 e
555.839.381-53;

MANOEL GARCIA NEGRETI e sua esposa MARIA


DE FÁTIMA BIGHI GARCIA, brasileiros, casados sob o regime de
comunhão universal de bens, residentes e domiciliados na Rua
Romário Martins, s/nº, lote 36a, em Mandaguari-PR (telefone:
44-233-5525), ele aposentado, ela do lar, respectivamente
portadores das Cédulas de Identidade sob nºs. 840.604 SSP/PR.
e 6.273.279-2 SSP/PR. e inscritos no C.P.F./M.F. sob nºs.
204.621.589-34 e 092.667.719-53 e

ÁLVARO MUNHOZ e sua esposa VERA LÚCIA


PEREZ SBROLINI MUNHOZ, brasileiros, casados sob o regime de
comunhão de bens, residentes e domiciliados na Rua Dr. Vital
Brasil, 333, centro, em Mandaguari-PR (telefone: 44-233-2279),
ele engenheiro químico, ela do lar, ele portador da cédula de
identidade sob nº 3.011.863-4 SSP/PR, inscrito no C.P.F./M.F.
sob nº 582.330.839-68, pelos fatos e fundamentos jurídicos a
seguir expostos:

I – DOS FATOS

A segunda Requerente é proprietária do


imóvel rústico Lote de terras sob nº 289/290-4, com área de

2
0,90 alqueire paulista, situado na Gleba Ribeirão Keller,
nesta Comarca, matriculado sob nº 12.247, no Cartório de
Registro de Imóveis, conforme se infere da inclusa certidão
imobiliária, expedida em 18.02.2004, aqui denominado de IMÓVEL
DOMINANTE.

Os Requeridos Cecílio/Aurora e
Manoel/Maria de Fátima são proprietários em comum (50% para
cada) do imóvel rústico Lote de Terras sob nº 289/290-2, com
área de 1,06 alqueire paulista, situado na Gleba Ribeirão
Keller, nesta Comarca, matriculado sob nº 10.777, no Cartório
de Registro de Imóveis, conforme se infere da inclusa certidão
imobiliária, expedida em 18.02.2004, aqui denominado de
primeiro imóvel serviente.

Os Requeridos Álvaro e Vera Lúcia são


proprietários do imóvel Lote de Terras sob nº 290-A, com área
de 7,00 alqueires paulistas, situado na Gleba Ribeirão Keller,
nesta Comarca, matriculado sob nº 1.079, no Cartório de
Registro de Imóveis, conforme se infere da inclusa certidão
imobiliária, expedida em 20.02.2004, aqui denominado de
segundo imóvel serviente.

Os prédios rústicos acima descritos se


confrontam, conforme se infere da inclusa planta, sendo que o
imóvel dominante e o primeiro imóvel serviente são frutos de
subdivisão realizada anteriormente do imóvel remanescente lote
de terras sob nº 289/290 (vide planta).

Demonstrado que as partes são legítimas


proprietárias dos imóveis rústicos acima citados, ora
dominante e servientes, passamos ao litígio propriamente dito.

3
Conforme se infere da inclusa foto aérea,
tirada na década de 80 (antes da subdivisão feita), existia
uma passagem (carreador) que atravessava as propriedades acima
citadas, a qual servia de divisa entre os imóveis do Requerido
Álvaro e a da Requerente/demais Requeridos. A passagem, como
se vê na foto, dava acesso a via pública existente, e continua
sendo cedida verbalmente pelos Requeridos, eis que antes
destes adquirirem seus lotes aquela passagem já existia.

Pois bem, a segunda Requerente adquiriu o


imóvel dominante, em data de 02.10.2003, encontrando aquela
passagem esburacada – feito, pelo que se sabe, executado pela
Cooperval, por determinação do Requerente Álvaro, proprietário
de um dos imóveis servientes e confrontantes (209-A), acima
descrito, visando impedir que as águas pluviais desembocassem
no seu lote.
Em decorrência dos mencionados buracos, os
Requeridos Manoel, Cecílio e Álvaro, proprietários dos prédios
servientes – que cedem o caminho ao imóvel dominante –
permitiram que aquele caminho fosse refeito do modo correto
(ampliado). Isso se daria da seguinte forma: a nova passagem
abrangeria 1,5 metro do lado da propriedade dos Requeridos
Manoel e Cecílio, e idêntica medida do lado da propriedade do
Requerido Álvaro, com elevação suficiente a proteger das
enxurradas e com escoamento natural das águas pluviais.

O Requerido Álvaro, visando reconstruir o


carreador nos moldes corretos, se dispôs a pagar as despesas
relativas à elevação da passagem e construção de caixas de
contenção de águas pluviais para os dois lados da estrada,
tudo de acordo com as necessidades técnicas exigidas,
inclusive, arcaria com a reposição de mudas de café porventura
destruídas, em razão do alargamento da estrada, com relação ao

4
lado dos imóveis dominante, da Requerente, e, primeiro
serviente, dos Requeridos Manoel e Cecílio, incluindo os
fertilizantes necessários e mão-de-obra utilizada para o
replantio.

Os Requeridos Manoel e Cecílio, por sua


vez, apesar de não arcarem com as despesas, acabaram por não
autorizar a realização das obras, alegando que não admitiriam
a entrada de máquinas em seu cafezal, permitindo apenas que se
refizesse o carreador conforme antes existia e, quanto à
possível erosão, eles impediriam as suas maneiras.

Mesmo assim, a nova passagem foi


construída, porém, sem a observância das obras de conservação
de solo, previstas nas normas exigidas pela EMATER. O
Requerido Álvaro, então, não aceitou as condições
anteriormente estabelecidas, terminando por autorizar a
empreiteira, que fazia as obras de preparo de suas terras para
o replantio da cana-de-açúcar, a construir um murundum de
terras na divisa das propriedades confrontantes, abrindo uma
passagem totalmente em sua área, conforme se vê das fotos
anexas e, por conseqüência, obstruindo a passagem antes
existente.

Em razão disso, ainda, o imóvel dominante


ficou encravado, ou seja, sem acesso a via pública.
Atualmente, os Requerentes somente conseguem ter acesso ao
carreador pulando o monte de terras que atravessa toda a
divisa, impondo enorme sacrifício antes inexistente. Sem
contar que a atual passagem, dividida pelo monte de terra, se
encontra, em sua totalidade, no segundo imóvel serviente, a
foi cedida, apenas verbalmente, pelo Requerido Álvaro, cujo
prazo, inclusive, já se expirou.

5
Existem, ainda, vestígios da antiga
passagem que outrora dava acesso ao imóvel dominante, bem
antes dos Requeridos ali se estabelecerem.

Os Requeridos Manoel e Cecílio não foram


prejudicados com a montanha de terras, pois possuem a passagem
para a via pública, cedida pelo Sr. Manoel Messias Costa,
proprietário do lote de terras sob nº 289/290-5 (vide planta),
conforme se vê das matrículas anexas.

Referido caminho também foi cedido aos


Requerentes, conforme se vê na matrícula do imóvel dominante,
no entanto, fisicamente não é possível utilizá-lo, em razão de
que o lote acima citado não faz nem divisa com aquele imóvel
(vide planta).

Os Requeridos, deste modo, negam a


existência da servidão, criando embaraço aos Requerentes,
impedindo o livre exercício de tal direito.

Somente os Requerentes, Excelência, estão


sendo prejudicados pelo impedimento de utilizar a passagem
antes existente, primeiramente, porque para utilizarem o
carreador têm que passar por cima da fileira de terras,
impondo sacrifício, e, em segundo lugar, porque o murundum, em
dias de chuva, faz com que somente o imóvel dominante receba a
totalidade das águas pluviais.

Os Requerentes, por sua vez, tentaram


resolver amigavelmente a questão, todavia não tiveram êxito,
não tendo outra alternativa a não ser socorrerem-se da
presente medida judicial, visando que se declare a existência

6
da servidão de passagem, condenando, ainda, os Requeridos a
fazer cessar o embaraço que impede o livre exercício da
servidão constituída, determinando-os, desta forma, a retirar
a montanha de terras que atravessa o imóvel dominante.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Excelência, a presente ação visa


reconhecer e restabelecer a servidão de passagem existente no
lote da segunda Requerente, ora imóvel dominante, e que é a
única forma de acesso à via pública existente no local,
fazendo cessar o embaraço que impede o livre exercício de tal
direito.

O Requerido Álvaro, proprietário do


segundo imóvel serviente, está impedindo o uso pacífico da
passagem, ao colocar uma fileira de terra nos limites das
propriedades, negando, portanto, a existência da servidão.

Já os demais Requeridos, proprietários do


primeiro imóvel serviente, também são responsáveis pela
obstrução da passagem, pois impediram o seu refazimento, ou
ampliação, que facilitaria a saída das águas pluviais,
negando, da mesma forma, a existência da servidão, tornando-
se, igualmente, legítimos para responder a lide.

Trata-se, portanto, de ação confessória


que tem por função primordial reconhecer a existência da
servidão, quando contestada ou negada.

Vem definida na doutrina como “A ação


real, que assiste ao titular de uma servidão, para obter, como

7
o reconhecimento desta, a cessação da lesão, que lhe suprime
totalmente, ou pelo menos, lhe perturba o respectivo
exercício” (Das servidões – Arnaldo Rizzardo – 1. ed. – Ed.
Aide – p. 153).

Segundo Ovídio A. Baptista Silva in Curso


de Processo Civil, vol. 1, 5. ed. rev. e atual., São Paulo,
Revista dos Tribunais, 2000, p. 180, a “ação confessória
compete ao titular do direito real de servidão, seja ele
proprietário, enfiteuta ou usufrutuário do prédio dominante,
para pedir ao juiz que reconheça a existência da servidão
(eficácia declaratória) e proíba o réu, que há de ser o
proprietário do serviente (eficácia condenatória), a não
embaraçar o livre exercício da servidão”. E continua dizendo
que “é uma ação real imobiliária que tem por fim a proteção
das servidões prediais. Ela tem cabimento sempre que o
proprietário do prédio serviente, negando a existência do
gravame que constitui a servidão, cria embaraço ao
proprietário do prédio dominante, dificultando ou impedindo o
livre exercício de tal direito”.

Leciona WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO in


Curso de Direito Civil – Direito das Coisas – Ed. Saraiva – p.
274 que:

“a restrição imposta a um prédio para o uso


e utilização de outro, limita-se às
necessidades do prédio dominante”.

Acentua, ainda, CARVALHO SANTOS (Código


Civil Interpretado, IX/115) que a perda do exercício de alguns
dos direitos dominiais do serviente se prende ao fato de

8
tornar o prédio dominante “mais útil, ou pelo menos mais
agradável”, não havendo licitude em “reclamar passagem por
simples comodidade” e explicita, invocando o direito romano:
“a servidão deve ser exercida “civiliter”, isto é, pelo dono
do prédio dominante...dentro dos limites das necessidades que
ela propusesse satisfazer”(p. 223).

Na espécie sub judice, a ação confessória


tem a finalidade de reconhecimento e declaração da existência
da servidão de passagem que atravessava os limites dos prédios
servientes, pois os Requerentes se vêem impedidos do seu
exercício livre em razão da montanha de terras colocada sobre
a antiga passagem (vide fotos).

Os Requerentes encontram, na confessória,


o amparo necessário para satisfazerem a suas pretensões, pois,
“o titular de direito de servidão defende sua existência em
juízo por meio da ação confessória, denominação do direito
justineaneu da antiga vindicatio servitutis. É procedimento de
rito ordinário, que tem por finalidade o reconhecimento desse
direito real sobre coisa alheia, se contestado pelo dono do
prédio serviente. Nessa ação, discute-se o fundamento da
servidão. Seu cunho é petitório” (SÍLVIO DE SALVO VENOSA –
Direito Civil – 4. ed. – Editora Atlas – 2004 – p. 455).

Na espécie, demonstrada a prova da


titularidade do prédio dominante pela segunda Requerente e dos
imóveis servientes pelos Requeridos, impõe-se demonstrar a
necessidade do reconhecimento e restabelecimento da servidão
de passagem.

Não é difícil essa constatação, afinal, o


imóvel dominante se encontra encravado, conforme já exposto

9
anteriormente. Pela inclusa planta, pode-se observar que a
única saída para a via pública existente era a passagem antes
existente no local, a qual foi obstruída em razão da montanha
de terras que foi colocada na divisa daquele imóvel.

Assim, os Requerentes não têm o exercício


livre da antiga passagem, em razão do refazimento inadequado
da estrada, da fileira de terras e das divergências existentes
entre os Requeridos. Como dito, a única forma de chegar a via
pública existente, é ter que ‘escalar’ o monte de terras, o
que lhe impõe sacrifício demasiado, que deve ser remediado
pelo Estado. Apesar de terem sido autorizados a usar a
passagem refeita, esta autorização foi apenas verbal e o prazo
já se expirou, sem falar que se localizada dentro do segundo
imóvel serviente e o seu acesso se dá somente após os
Requerentes terem que passar por cima do monte de terras que,
como visto nas fotos anexas, não é pequeno.

Ressalte-se que somente os Requerentes


estão sendo prejudicados.

Todavia, a simples retirada da fileira de


terras não será o suficiente para encerrar os problemas da
Requerente. Pois se assim for, permanecerá o problema das
águas pluviais que iriam continuar desembocando no imóvel da
Requerente. Assim, faz-se necessário, também, que a passagem
seja ampliada, conforme tinha sido acordado anteriormente
pelos Requeridos, porém não cumprido pelas razões acima
expostas. Ou seja, mediante ampliação de 1,5 metros para cada
lado da estrada.

É bem verdade que os limites de 1,5 metros


não foram negados pelos Requeridos. O impasse se formou quando

10
o Requerido Cecílio se negou a destruir os pés de café de sua
propriedade.

Excelência, o reconhecimento da servidão


de passagem não está sendo pleiteado por mero deleite ou mesmo
menor sacrifício do prédio dominante, para fim exclusivo de
satisfação pessoal dos Requerentes, utilizando-a apenas como
atalho particular, ao contrário, está presente a sua
necessidade, pois o murundum de terras lançado sobre a estrada
está impedindo o exercício pacífico da passagem.

Não se cuida, pois, de comodidade, mas sim


de necessidade.

Portanto, todos os pressupostos


necessários ao reconhecimento da servidão de passagem estão
presentes, in casu, a saber: existência de prédio encravado e
sacrifício para o prédio serviente.

Esse é o entendimento da jurisprudência:

“CONFESSÓRIA - DIREITO REAL - SERVIDÃO DE


PASSAGEM NÃO COMPROVADA. A ação confessória
tem por finalidade afirmar a existência da
servidão, quando negada ou contestada,
devendo ser intentada pelo titular do
direito, que é o proprietário do prédio
dominante. Para que se declare a existência
de servidão de passagem, necessário que
exista prova escorreita de sua necessidade,
não podendo ser instituída para mera
satisfação pessoal do proprietário do
prédio dominante, ou como simples

11
atravessadouro particular”. (TAMG – 3ª C.
Cív. – Ap. Cív. 0349855-9 – Rel. Duarte de
Paula – j. 20.02.2002)

“AÇÃO CONFESSÓRIA – PRÉDIO ENCRAVADO –


INEXISTÊNCIA DE SAÍDA DESTINADA A TRÂNSITO
DE VEÍCULOS PARA A VIA PÚBLICA –
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DO AUTOR – DIREITO DO
RÉU À INDENIZAÇÃO CABAL – APELAÇÃO
IMPROVIDA. Provada a condição de prédio
encravado da propriedade rústica do autor
da demanda, por não ter saída adequada a
via pública, impõe-se a confirmação da
sentença pela qual foi julgada procedente a
ação confessória por ele proposta contra o
proprietário do imóvel serviente limítrofe,
para a obtenção da ampliação de uma
servidão de caminho destinada a animais e
pedestres já existente, a fim de permitir o
trânsito de veículos, mediante a
indenização cabal ao réu aos danos daí
resultantes”. (TAMG – 7ª C. Cív. – Ap. Cív.
0262971-4 – Rel. Fernando Bráulio – j.
11.03.1999)

Destaca-se, ademais, que a passagem


anteriormente utilizada já existia há muito tempo, antes mesmo
dos Requeridos adquirirem seus imóveis, conforme se vê, por
exemplo, na inclusa foto aérea tirada na década de 80. Ou
seja, referida servidão de trânsito é decorrente do exercício
aparente e continuado por décadas, o que implicaria na
procedência da demanda ainda que assentasse em utilidade ou

12
mera conveniência, ou ainda que existisse outro caminho para
atingir a via pública.

Nesse sentido:

“AÇÃO CONFESSÓRIA – SERVIDÃO DE PASSAGEM -


NULIDADE – SENTENÇA – FUNDAMENTAÇÃO –
OUTORGA UXORIA – NÃO SE COMINA DE NULA A
SENTENÇA QUE CONTENHA O RELATÓRIO, OS
FUNDAMENTOS E O DISPOSITIVO, COM EXAME E
JULGAMENTO DAS TESES DA DEMANDA, MESMO QUE
OMITA O JULGADOR OS DISPOSITIVOS DE LEI EM
QUE BASEOU A FUNDAMENTAÇÃO – NÃO SE
VISLUMBRA QUALQUER VIOLAÇÃO DAS REGRAS
ESTATUÍDAS NOS INCISOS I E II DO ART. 235
DO CC, SE CONSTA DOS AUTOS O CONSENTIMENTO
DA MULHER DO REQUERENTE, QUE CONSTITUI
ADVOGADOS PARA DEFENDER SEUS INTERESSES,
EIS QUE A APRESENTAÇÃO DO INSTRUMENTO DE
PROCURAÇÃO, AINDA QUE TARDIA, E CAPAZ DE
SANAR A OMISSÃO OCORRIDA NOS TERMOS DO ART.
13, DO ESTATUTO PROCESSUAL. A SERVIDÃO DE
TRANSITO DECORRENTE DO EXERCÍCIO APARENTE E
CONTINUADO DA POSSE POR MAIS DE VINTE ANOS
PODE-SE SE ASSENTAR NA UTILIDADE OU MERA
CONVENIENCIA. NÃO SE EXIGINDO A
INEXISTÊNCIA DE OUTRO CAMINHO PARA ATINGIR-
SE A VIA PÚBLICA”. (TAMG – 3ª C. Cív. – Ap.
Cív. 0243408-4 – Rel. Jurema Brasil Marins
– j. 01.10.1997).

13
Inobstante a isso, in casu, a passagem se
trata de direito do proprietário de prédio encravado, ao qual
não se pode opor os vizinhos (art. 1.285, CC), devendo,
portanto, de qualquer forma, ser imposta.

Enfim, impõe-se que se declare a


existência da servidão, bem como, que se condene os Requeridos
a cessarem, imediatamente, o embaraço que impede o exercício
livre daquele direito, determinando-os a retirarem a fileira
de terras que atravessa a propriedade dos Requerentes.

III - DO PEDIDO

DIANTE DO EXPOSTO, requer a Vossa


Excelência que se digne em DECLARAR A EXISTÊNCIA DA SERVIDÃO
DE PASSAGEM, RECONHECENDO-A E RESTABELECENDO-A, bem como
CONDENAR OS REQUERIDOS a fazer cessar o embaraço que impede o
exercício livre de tal direito, determinando-os,
imediatamente, a retirar a montanha de terras que atravessa o
imóvel dominante, sob pena de multa a ser arbitrada por este
r. Juízo.

IV - DOS REQUERIMENTOS

Isto posto, nos termos dos arts. 222, ‘f’,


c/c 221, II, ambos do CPC, requer a citação dos Requeridos
Manoel Garcia Negreti e sua esposa por Oficial de Justiça e,
quanto aos demais, através da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (E.B.C.T.), por intermédio de AR (aviso de
recebimento), para, querendo, contestarem a presente ação, sob
pena de revelia e confissão.
14
V - DAS PROVAS

Prova o alegado por todo o gênero de


provas em direito admitidas, em especial pelo depoimento
pessoal dos Requeridos, sob pena de confissão, pelos
documentos acostados e juntada de novos, se necessário, e,
principalmente, pela oitiva de testemunhas e, ainda, prova
pericial.

Requer, ainda, a juntada posterior da


procuração no prazo de quinze dias.

VI - DO VALOR DA CAUSA

Atribui-se à causa o valor de R$ 260,00


(duzentos e sessenta reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Mandaguari, 2 de fevereiro de 2005.

RUBENS ALBERTO ARRIENTI ANGELI


OAB/PR 22.224 – ADVOGADO

15

Você também pode gostar