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Processo nº XXXXXXXX
1. DOS FATOS
Verifica-se que inexiste nos autos do processo em epígrafe laudo pericial acerca da
arma que supostamente foi utilizada para praticar o crime. Verifica-se também que se faz
presente confissão de Tício.
Tal denúncia foi distribuída a este juízo e recebida na data de 06/03/2023 pelo juiz, que
determinou a citação do Acusado para apresentar sua defesa, citação esta que restou efetivada
no dia 09/06/2023. Em razão disto, apresenta a presente manifestação.
2. DAS PRELIMINARES
O que foi apresentado na peça acusatória foi a simples alegação de que o acusado teria
realizado dois disparos com arma de fogo, calibre 40, contra a vida do Servidor, no momento
em que esse estava lotado de suas funções. Observa-se que o Ministério Público não ofereceu
maiores esclarecimentos acerca do fato, restando-lhe ausente maiores detalhes.
vale registrar que não há, nos autos, prova da materialidade e indícios de autoria
delitiva, o que fortalece o argumento de que a denúncia deve ser rejeitada, pois para a
propositura da ação penal esses elementos são necessários. Percebe-se que não há provas de
que o crime de fato foi praticado, a única "prova” que se faz presente é a confissão de Tício, o
que não pode ser valorado individualmente em razão do disposto no art. 197 do CPP. Muito
menos há indícios de ligação de qualquer fato que tenha ocorrido com o Acusado.
Desta feita, infere-se que a denúncia oferecida contra Tício Santos está inepta, devendo
ser rejeitada por este juízo. O art. 395 do Código Processual Penal estabelece esta
possibilidade, dispondo que a denúncia ou queixa será rejeitada quando manifestamente
inepta, situação que ocorreu no caso em comento.
Destaca-se ainda que, após o oferecimento da denúncia há sua apreciação pelo juízo
competente que decide acerca da possibilidade de aceitação ou rejeição, para somente depois
dar prosseguimento à ação penal com a citação do acusado para apresentar resposta à
acusação, quando não a rejeitar, conforme disposto no art. 396 do CPP.
4. DA NULIDADE
Ante o disposto no art. 6º, VII, do CPP a autoridade policial deve determinar a
realização do exame de corpo de delito quando tiver conhecimento da prática de conduta
delituosa. Já o art. 158 do mesmo diploma legal determina que esse exame é indispensável
sempre que se tratar de infração que deixe vestígios.
Ressalta-se que in casu o crime apontado pelo Ministério Público em sua denúncia é o
de tentativa de homicídio por motivo fútil com emprego de arma de fogo. Trata-se de crime
não transeunte, ou seja, que deixa vestígios, sendo um deles a arma de fogo. Dessa maneira,
indispensável é, neste caso, a realização do exame de corpo de delito.
Acerca disso, percebe-se que se trata de uma nulidade processual prevista no art. 564,
III, “b”, e IV, do CPP. Segundo estes dispositivos legais, ocorrerá nulidade quando faltar o
exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, bem como quando houver
omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
Dessa forma, requer que seja declarada a nulidade do processo, tendo em vista a não
realização do exame de corpo de delito.
5. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
De acordo com o art. 397, III, do CPP determina que o juiz pode absolver
sumariamente o acusado, após apresentada a resposta à acusação, quando se verificar que o
fato não constitui crime.
Diante disso, é necessário incidir sobre o caso em comento o princípio do in dubio pro
réu, ou seja, havendo dúvidas não se pode prejudicar o réu. Ora, o Acusado não pode ser
prejudicado por uma ação penal que não poderia nem ter sido iniciada, pois são ausentes
elementos indispensáveis para tanto.
Em razão disso, requer que seja o Acusado absolvido sumariamente, pela não
constituição de crime.
6. ATENUANTES
Vale resslatar ainda, que a resposta à acusação é o momento em que o Acusado pode se
defender de tudo o que foi alegado contra ele e apresentar todos os argumentos possíveis para
sua defesa. Tendo em vista tal questão cabe ainda falar acerca das circunstâncias que atenuam
a pena, previstas no art. 65 do CP.
mencionado dispositivo legal, qual seja a hipótese de ter o agente menos de 21 (vinte e um)
anos de idade na data do fato ou mais de 70 (setenta) na data da sentença.
Além de tal atenuante, é perceptível que o Réu faz jus também à atenuante estabelecida
no inciso III, “d”, do art. 65 do diploma penal. Este dispositivo faz referência à circunstância
de ter o agente confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime.
Conforme já apresentado, Tício confessou o crime e, apesar de não poder ser usada
individualmente para servir como prova de materialidade e autoria, posteriormente pode ser
utilizada para atenuar a pena, conforme previsto no mencionado artigo legal.
Desta feita, requer a concessão das atenuantes previstas no art. 65, incisos I e III, “d”,
do Código Penal.
7. DOS PEDIDOS
a) A rejeição da denúncia, vez que está ela inepta, nos termos do art. 41 do CPP;
c) Não sendo acatado o pedido acima, a absolvição sumária do Acusado, em razão de o fato
não constituir crime, em conformidade com o art. 397, III, do CPP;
d) Não sendo decidido pela absolvição sumária, a desqualificação do crime, visto que não há
perícia sobre a arma de fogo, de forma a não incidir sobre o caso a qualificadora do § 2º-A
do art. 157 do CP;
e) Cumulativamente à alínea “d”, a concessão das atenuantes previstas no art. 65, incisos I e
III, “d”, do CP;
Nestes termos,
Pede deferimento.
ADVOGADO
OAB Nº XXXXX
ROL DE TESTEMUNHAS:
1. XXXXXXXXXXXXXXXXX, RG Nº XXXXXXX
2. XXXXXXXXXXXXXXXXX, RG Nº XXXXXXX
3. XXXXXXXXXXXXXXXXX, RG Nº XXXXXXX