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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Faculdade de Direito

Larissa Dos Reis de Oliveira – TIA: 32076207


Lavínia Oliveira Infantini – TIA: 32022433
Mirella Moraes Gomes – TIA: 32086814
Roger Moreira Alho – TIA: 32039131
Thomaz Bonfim Duailibi – TIA: 41812621

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA I

Professor: Rogério Cury

São Paulo
2023
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRIBUNAL
DO JÚRI DA COMARCA DE SANTOS – MG

Processo n°

TÍCIO, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu


advogado que esta subscreve, conforme procuração anexa (doc. 1), vem, à presença
de Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS ESCRITAS/MEMORIAIS, com
fulcro no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir aduzidas.

I – DOS FATOS

Tício foi investigado pela prática do delito de tentativa de


homicídio ocorrido na cidade de Santos-MG.

Ocorre que, durante a investigação, sem qualquer motivação, o


magistrado decretou de ofício, a interceptação do telefone pertencente ao investigado,
por meio da qual foi possível localizar a testemunha Serena, com quem o investigado,
em um diálogo, revelou que pretendia matar a vítima.

Diante disso, Tício foi denunciado pela prática do delito previsto


no art. 121 c.c. o art. 14, II do CP.

Durante a fase instrutória, ficou comprovado, por meio de


documentos, entre eles notas fiscais de hotel e restaurantes, que o acusado, na ocasião
dos fatos, não se encontrava na cidade de Santos-MG, mas em Manaus-AM.

Ao fim da instrução, tanto a acusação quanto a defesa não


requereram diligências e, por fim, o Ministério Público, quando intimado, pugnou pela
pronúncia do acusado, nos exatos termos da denúncia.

II – DA PRELIMINAR – DA PROVA ILÍCITA:


De início, cumpre esclarecer que a suposta revelação de que Tício
pretendia matar a vítima não merece prevalecer nos autos.

A suposta revelação é oriunda de uma interceptação telefônica


sem qualquer motivação, o que contraria o disposto no artigo 4º da Lei 9296/96, o qual
dita:

“Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação


telefônica conterá a demonstração de que a sua realização
é necessária à apuração de infração penal, com indicação
dos meios a serem empregados.”

Não obstante, além de não demonstrar a necessidade da


realização da interceptação telefônica, não houve fundamentação para tal decisão, o
que diverge do disposto no artigo 5º da Lei 9296/96, o qual afirma que:

“Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de


nulidade, indicando também a forma de execução da
diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias,
renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova.”

Portanto, a prova colhida referente a revelação da pretensão de


Tício em matar a vítima deve ser desentranhada dos autos conforme artigo 157,
caput do Código de Processo Penal, assim dispõe o artigo:

“Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas


do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as
obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

(...)”

III – DO MÉRITO – DA NEGATIVA DE AUTORIA

O Ministério Público, em breve síntese, consigna que o acusado


deva ser pronunciado, aduzindo terem restado comprovados a materialidade e os
indícios suficientes de autoria do crime a ele imputado.
Note-se, no entanto, que nos autos ficou comprovado, por meio
de documentos, entre eles notas fiscais de hotéis e restaurantes, que o acusado não
estava, na ocasião dos fatos, na cidade de Santos/MG mas sim em Manaus/AM.

Nestes limites, não há nos autos indícios patentes quanto a sua


participação na tentativa de homicídio. Sob pena de se cometer ato de iniquidade, este
E.Juízo não poderá se convencer de forma em subjetivo e pronunciá-lo nos termos
previstos no artigo 413, do CPP.

Com efeito, não havendo indícios de autoria nos presentes autos,


haverá de ser julgada improcedente a pretensão ministerial punitiva, absolvendo
sumariamente o acusado, nos termos do artigo 415, inciso II, do Código de Processo
Penal, ou, subsidiariamente, impronunciando o acusado Tício, visto que, ausentes os
pressupostos e requisitos inerentes ao citado delito, nos termos do artigo 414, do CPP.

IV – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

1. Preliminarmente, seja reconhecida a nulidade do feito a partir


da fase de investigação, ofertando-se o benefício ao acusadon

2. Seja a prova ilícita desentranhada dos autos, de acordo com


o artigo 157, caput, do CPP

3. No mérito, seja o réu absolvido sumariamente, nos termos do


artigo 415, inciso II, do Código de Processo Penal, por restar provado não ser ele autor
ou partícipe do crime.

4. Subsidiariamente, sendo outro o entendimento, requer que


seja o acusado impronunciado, nos termos do artigo 414 do CPP, diante das provas
quanto à inexistência de indícios suficientes de autoria ou participação de Tício.
Nestes termos,

Pede deferimento.

Santos/MG, 20 de março de 2023.

ADVOGADO(A)

OAB n° _____

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