Você está na página 1de 5

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE MISERICÓRDIA/BA

AUTOS Nº: ...

CHUMBINHO, nacionalidade..., estado civil..., profissão, inscrito no CPF sob o nº


residente e domiciliado na rua ...nº ... bairro ..., e FICHA LIMPA, nacionalidade...,
estado civil..., profissão, inscrito no CPF sob o nº residente e domiciliado na
rua ...nº ... bairro ..., por suas advogadas que a subscreve, (procuração anexa), vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar

RESPOSTA A ACUSAÇÃO

com fulcro nos arts 50, § 1º da lei 11.343/2006 e 396 e 396-A do Código de
Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito abaixo aduzidos

I DOS FATOS

Mário Jorge, morador de um bairro violento na cidade de Misericórdia/BA,


dominado pela disputa pelo tráfico de drogas. Dirigiu-se até a Delegacia de Polícia
para oferecer detalhes como o nome, endereço e telefone do maior traficante do
local, intitulado de Chumbinho.
A autoridade policial representou, ao juízo competente, a interceptação das
comunicações telefônicas de Chumbinho, pedido esse que foi deferido. Durante a
escuta telefônica autorizada judicialmente, a autoridade policial captou
incidentalmente diálogos entre Chumbinho e Ficha Limpa, ocasião em que Ficha
Limpa desabafou e acabou confessando que foi traído pela esposa e que queria
vingança. Assim, ambos combinaram o modus operandi da morte.
A autoridade policial representou ao Juízo da Vara Criminal de
Misericórdia/BA pela prisão preventiva Chumbinho e Ficha Limpa por tráfico de
drogas e tentativa de homicídio, o que foi deferido.
I DAS PRELIMINARES

Inépcia da denúncia

É inepta, formalmente, porquanto imprecisa, mormente quando deixou de


especificar a atitude dolosa, sua participação, se é que ao menos existiu e
materialmente inepta por falta de comprovação da materialidade do delito.

Lei de Drogas

De acordo com a Lei 11.343/2006, não se admite a prisão em flagrante e o


recebimento da denúncia pelo crime de tráfico de drogas sem que seja
demonstrada, ao menos em juízo inicial, a materialidade da conduta por meio de
laudo de constatação preliminar da substância entorpecente, que configura condição
de procedibilidade para a apuração do ilícito em comento.
Conquanto para a admissibilidade da acusação seja suficiente o laudo de
constatação provisória, exige-se a confecção do laudo definitivo para que seja
prolatado um edito repressivo contra o denunciado pelo crime de tráfico de
entorpecentes.
Desta forma, entende-se que, para que se examine a aptidão de uma peça
acusatória, há de interpretar-se o disposto no art. 41 do Código de Processo Penal.
A denúncia é lastreada em indícios e suposições, não observou os requisitos
mínimos que poderiam oferecer uma persecução criminal. Com efeito, a denúncia
deve ser rejeitada (CPP, art. 395, inc. I e III).
Quanto a chumbinho e Ficha Limpa não se pode imputar-lhes crime algum,
pois os dois crimes mencionados na denúncia tratam-se de crimes materiais
necessitando a comprovação da materialidade do delito.

III DO DIREITO

Da ausência de materialidade
Nos crimes que deixam vestígios, como in casu, ao menos até a prolação da
sentença, imprescindível o exame de corpo de delito, nos termos do art. 158 do
Código de Processo Pena Por isso, a comprovação da materialidade da infração
penal, máxime propositada à caracterização da justa causa para a ação criminal,
mostra-se inarredável. Não fossem suficientes os argumentos antes explanados,
não se perca de vista que, tratando-se de ação penal de rito especial, haja vista o
prin7cípio da especialidade, incide-se a respectiva norma legal.
Quanto aos delitos envolvendo entorpecentes, há a Lei nº 11.343/2006, que,
de similar maneira, adota esse mesmo proceder, ad litteram:
Art. 50 - Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e
quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
‘1Nada disso ocorreu, obviamente. O fundamento, usado para referendar a
denúncia, foi, tão-só, a quebra de sigilo telefônico, em que, nessa, supostamente
existem passagens que “certamente” apontam para o tráfico de drogas.

Da nulidade da interceptação telefônica

Sem que haja apuração autônoma antes da deflagração de interceptações


telefônicas, a medida deve ser declarada ilícita.

Da fase da cogitação do iter criminis

Na cogitação não existe ainda a preparação do crime, o autor apenas


mentaliza, planeja em sua mente como vai ele praticar o delito, nesta etapa não
existe a punição do agente, pois o fato dele pensar em fazer o crime não configura
ainda um fato típico e antijurídico pela lei, sendo irrelevante para o direito penal.
Enquanto encarcerada nas profundezas da mente humana, a conduta é um
nada, totalmente irrelevante para o direito penal. Somente quando se rompe o
claustro psíquico que a aprisiona, e materializa-se concretamente a ação, é que se
pode falar em fato típico (CAPEZ, 2008, p.241).

IV DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:

a) absolvição sumária dos acusados nos termos do artigo 397, III, CPP.

Termos em que pede deferimento

Misericórdia...de...de...

Advogados:
Luciléia Couto- OAB...
Renita Gonçalves-OAB...
DESAFORAMENTO

Conceito: O processo sai de um foro de determinado juízo e vai ser remetido para ser julgado
pelo Júri de outro juízo.
Cabimento:
1. Interesse da ordem pública
2. Dúvida sobre a imparcialidade do júri
3. Dúvida sobre a segurança pessoal do réu
4. Não realização do julgamento, no período de 6 meses a contar da preclusão da pronúncia
em virtude de comprovado excesso de serviço.
Fundamento legal: Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida
sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento
do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação
do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da
mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.
Competência
A competência sobre a decisão do desaforamento é o Tribunal de Justiça.
Prazo: Se o pedido de desaforamento for por excesso de serviço, o julgamento não vai poder
ser realizado em 6 meses a contar do trânsito em julgado da pronúncia, pode ser feito o
desaforamento. Primeiro há que ouvir o juiz competente e depois a parte contrária
Teses: a Súmula 712 do STF, impõe a nulidade da decisão que determina o desaforamento de
processo da competência do júri sem audiência da defesa.
Pedidos: A legitimidade para pedir o desaforamento é do MP, assistente, querelante (se for
uma ação penal privada), o acusado ou o juiz.
O pedido de desaforamento é possível após o trânsito em julgado da sentença de pronúncia,
ou seja, quando tal decisão se mostrar definitiva. É preciso que o tribunal decida primeiro
sobre essa questão da pronúncia, porque pode ser que o próprio tribunal venha a absolver
sumariamente aquele acusado. Se o julgamento já ocorreu não há sentido para o
desaforamento.

Você também pode gostar