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EXCELETÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIIREITA DA 1ª VARA

CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JURI DA COMARCA DE.....


Processo nº....
Recorrente: Helena
Recorrido: Ministério Público

Helena, já qualificada nos autos em epígrafe, através se seu advogado


infra-assinado, com procuração anexa, (com os poderes especiais do art.44 do
CPP), vem respeitosamente, á presença de Vossa Excelência, por não se
conformar com a decisão de fl...., nos termos do art. 581, IV, do Código de
Processo Penal, interpor o presente;

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


Diante dessa conjuntura, requer seja recebido o recurso e procedido o
juízo de retratação, nos termos do art. 589, do Código de processo penal.
Se mantida a decisão, requer seja o recurso encaminhado ao Tribunal
de Justiça, com as razões já inclusas, para o seu devido processamento.

Nestes termos,
Espera deferimento,

Local, 9 de novembro de 2020


Advogado
OAB, n....

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ......


Recorrente: Helena
Recorrido: Ministério Público
Processo nº.....

Colênda Câmara Criminal


Helena, já qualificada nos autos em epígrafe, através se seu advogado
infra-assinado, com procuração anexa, (com os poderes especiais do art.44 do
CPP), interpôs recurso em sentido estrito, por não se conformar com a decisão
de fl...., vem a presença de Vossas Excelências ofertar, com base no art.588
do Código de Processo Penal:

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

I-DOS FATOS
A recorrente foi denunciada por supostamente ter praticado o fato
tipificado no art.123 do CP, porém foi pronunciada por supostamente infringir o
disposto no artigo 124 do CP. Por não estar de acordo com essa decisão,
interpôs recurso em sentido estrito, e a partir de agora passa a expor as razões
do recurso.

II – DO DIREITO

A – PRELIMINARES.

O Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor da recorrente


pela prática do crime prenunciado no art.123 do Código Penal, o juiz proferiu
decisão pronunciando a recorrente pela prática do crime previsto no art. 124 do
Código Penal, entretanto, a decisão de pronúncia deve ser anulada.

Conforme se observa nos autos, a testemunha de nome Lia trouxe


nova notícia que nunca constou na denúncia, no sentindo de que a recorrente
teria dado a informação de ingeriu substância abortiva, fato pelo qual o
magistrado proferiu decisão de pronúncia pela prática do crime previsto no art
124 do Código Penal.

Todavia, o Magistrado violou o disposto no art. 411, §3º, do Código


de Processo Penal, c/c o art. 384 do Código de Processo Penal, já que, tendo
em vista o surgimento de fato novo durante a instrução criminal, deveria ter
concedido vista para o Ministério Público aditar a denúncia, nos termos do art.
384 do Código de Processo Penal.
Vejamos:
 Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender
cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância
da infração penal não contida na acusação, o Ministério
Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5
(cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o
processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo
o aditamento, quando feito oralmente.

 Art. 411.  Na audiência de instrução, proceder-se-á à


tomada de declarações do ofendido, se possível, à
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela
defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e
procedendo-se o debate

[...]

§ 3o  Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se


for o caso, o disposto no art. 384 deste Código. 

Contudo, diante do exposto deverá ser declarada a nulidade da


decisão de pronúncia contra a recorrente.

B – PROVA ILÍCITA

A autoridade policial representou pela interceptação telefônica, o que


foi deferido pelo Juiz. Todavia, trata-se de evidência ilícita.

Como previsto art. 123 do Código Penal, o crime de Infanticídio é


apenado com detenção de dois a seis anos. Entretanto, conforme art. 2º, III, da
Lei n. 9.296/96, vejamos:

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações


telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes
hipóteses:

[...]

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no


máximo, com pena de detenção.

Veja que apenas é admitida a interceptação telefônica se a


ocorrência investigada constituir infração penal apenada juntamente com
reclusão. Além disso, o crime de aborto, prenunciado no art. 124 do Código
Penal, igualmente é apenado com detenção. Portanto, trata-se de evidência
ilícita.
Além disto, a autoridade policial somente tomou conhecimento da
Testemunha de nome Lia, devido a interceptação telefônica que foi aplicada de
forma ilícita, em virtude deste fato, o depoimento de Lia trata-se de prova ilícita
por devivação, motivo pela qual deve ser desentranhada dos autos, conforme
os termos do artigo art. 157, §1º, do Código de Processo Penal.

Art. 157.  São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas


do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as
obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais.                 

§ 1o  São também inadmissíveis as provas derivadas das


ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das
primeiras.

MÉRITO

a) MATERIALIDADE

Durante a ação penal, foi juntado aos autos laudo de necropsia


ocorrido no corpo da criança. A evidência técnica concluiu que a criança já
nascera morta. Contudo, nunca houve prova da materialidade do crime de
aborto, uma vez que a perícia não apontou que a criança faleceu em virtude de
eventual ingestão de substância abortiva.

Portanto, a recorrente deverá estar absolvida sumariamente, nos


termos do art. 415, I, do Código de Processo Penal, vejamos:

415.  O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o


acusado, quando:          .

I – provada a inexistência do fato; 

Logo sucessivamente, ser impronunciada, nos termos do art. 414 do


Código de Processo Penal, vejamos:

 Art. 414.  Não se convencendo da materialidade do fato ou


da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o
acusado.   
b) AUTORIA DO FATO

A recorrente constantemente negou todos os fatos. O magistrado se


baseou na interceptação telefônica e no depoimento de Lia para proferir a
sentença.

Ocorre que, conforme exposto acima, a interceptação telefônica e o


depoimento da testemunha foi obtido de modo ilícito, devendo este ser
desentranhado dos autos do processo, conforme artigo 157 do CPP.

Portanto, não havendo qualquer componente de evidência acerca da


autoria, deveria o Magistrado manifestar na sentença no sentindo da
impronúncia ou mesmo da absolvição sumária, pois não demostrada nenhuma
autoria do crime.

Por conseguinte, a recorrente requer a reformar da decisão com a


intenção de que seja proferida a decisão de absolvição sumária bem com
sucessivamente a impronúncia.

III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, com a


REFORMA DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim de que:

a) seja declarada a ilicitude e nulidade da interceptação telefônica, devendo ser


desentranhada dos autos, nos termos do art. 157 do Código de Processo
Penal. 

b) seja declarada a ilicitude e nulidade da interceptação telefônica, devendo ser


desentranhada dos autos, nos termos do art. 157 do Código de Processo
Penal. 

c) seja declarada a nulidade da decisão de pronúncia; 

d) seja declarada a ilicitude e nulidade do testemunho de Lia, porque se trata


de prova ilícita por derivação, devendo ser desentranhada dos autos, nos
termos do art. 157, §1º, do Código de Processo Penal.
e) seja declarada a nulidade da decisão de pronúncia; 

f) seja a recorrente absolvida sumariamente, com base no art. 415, II,


do Código de Processo Penal.

g) seja a recorrente impronunciada, nos termos do art. 414 do Código de


Processo Penal.

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