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AO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE

ITAJAÍ – SC

LUCIANE DA SILVA, brasileira, divorciada, desempregada,


inscrita no CPF sob o n° 732.992.199-87, documento de identidade nº
32.956.177-3, sem endereço eletrônico, residente e domiciliada na Rua
Camboriú, n° 689, Centro, Itajaí/SC, CEP 88301-451, vem, respeitosamente,
perante esse Juízo, propor a presente

AÇÃO DE INTERDIÇÃO COM PEDIDO DE CURATELA


PROVISÓRIA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Em face de MARIA DE LOURDES SILVA, brasileira,


divorciada, inscrita no CPF sob o n° 666.517.279-15, portadora do RG
1.206.882, sem endereço eletrônico, residente e domiciliada na Rua Camboriú,
n° 689, Centro, Itajaí/SC, CEP 88301-451.

1. INICIALMENTE

DA GATRUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, a parte autora roga pela concessão da gratuidade
da justiça, uma vez que, devido a sua pouca condição financeira, deve ser
considerada pobre na forma da lei e, assim o sendo, faz jus, nos termos do
artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988, bem como com fulcro
no art. 98 e seguintes do CPC/15, à gratuidade da justiça, tudo conforme
declaração de hipossuficiência anexa.

DISPENSA DA REALIZAÇÃO PRÉVIA DA AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO
Com fulcro no artigo 319, VII, do Código de Processo Civil é requerida a
realização prévia de conciliação, com a finalidade de celeridade processual,
como também, uma resolução pacífica entre as partes, porém, o autor é pela
dispensa de tal audiência, visto que a curatelada se encontra em estado de
debilidade mental, restando-se inapta a comparecer à mesma, razão pela qual
postula pela supressão do ato.

3. DOS FATOS

A Requerente quer fazer o pedido de curatela sua mãe, Maria


de Lourdes da Silva que tem 83 anos, por motivos de "demência por Alzheimer
moderada à grave", como descrito na declaração feita pelo médico com a CID
G 30.1, sendo totalmente dependente da filha (requerente) para atividades civis
e sociais. Além disso, a interditanda encontra-se em quadro depressivo
associado a síndrome demencial como descrito pela geriatra nos documentos
acostados nos autos.

3. DO DIREITO
3.1 DA INTERDIÇÃO

Como se sabe, a interdição ou curatela é uma medida de amparo criada


pela legislação civil por meio do qual se declara a incapacidade para a prática
dos atos da vida civil.

Procurando estabelecer uma evidente conexão com os artigos 3° e 4° do


Código Civil, o art. 1.767 apresenta o rol das pessoas sujeitas à curatela:

I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental,


não tiverem o necessário discernimento para os atos
da civil;

II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem


exprimir a sua vontade;

III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados


em tóxicos;

V - os pródigos.

No presente caso, conforme indicado no preâmbulo, há um exemplo


clássico de caso de falta de discernimento para atos da vida civil, já que se
encontra a interditanda em estado que a impossibilita a plena capacidade de
compreensão da vida e do cotidiano, devido a demência por Alzheimer, em
decorrência de uma patologia permanente e progressiva, devidamente
atestada, como já se comprovou, coadunando-se com a previsão disposta no
inciso primeiro do artigo acima aludido.

3.2 – DA NECESSARIA NOMEAÇÃO DA REQUERENTE


COMO CURADORA DA INTERDITANDA

A curatela, conforme já estabelecida, constitui um instituto de interesse


público, destinada, em sentido geral, a reger a pessoa ou administrar bens de
maiores, porém incapazes de regerem sua vida por si, em razão de moléstia,
prodigalidade ou ausência. Como o próprio nome diz, o objetivo da instituição é
proteger os interesses da pessoa com deficiência, cuidando de tudo o que diz
respeito à sua pessoa e ao seu patrimônio dentro dos limites da necessidade,
conforme bem acentua Maria Berenice Dias:

“A Curatela é um instituto protetivo dos maiores de


idade, mas incapazes, isto é, sem condições de
zelar por seus próprios interesses, reger sua vida e
administrar o seu patrimônio.”

Além disso, possuem legitimidade para tal pleito, os entes descritos no


texto do art. 1.768 do Código Civil, nos seguintes termos:
“A interdição deve ser promovida:
I - pelos pais ou tutores;
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;
III - pelo Ministério Público.”

Principalmente, destaca-se que na nomeação de curador o julgador


deve ter em vista a situação que melhor se amolda aos interesses do
interditado, não podendo permitir que questões econômicas e interesses
particulares prevaleçam sobre o seu bem-estar.

Como a requerente é a filha da interditanda e já cuida da saúde, da vida


civil e do cotidiano, requer o direito de ser nomeada como curadora da mesma.

3.3. DA CURATELA PROVISÓRIA EM ANTECIPAÇAO


DE TUTELA

Dispõe o art. 273, inciso I, do Código de Processo Civil:


“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte,
antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação
e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação;”

A prova inequívoca do transtorno mental da interditanda deflui dos


elementos de convicção coligidos aos autos – sobretudo a avaliação
psicológica acostada, comprovando quadro depressivo associado a síndrome
demencial e demais receituários e procedimentos medicamentosos, que
demonstram a incapacidade da interditanda para reger a sua pessoa e
administrar sua vida civil.
4. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:


a. 1) a concessão dos benefícios da gratuidade de
Justiça, haja vista que a requerente está desempregada e não tem condições
de arcar com a despesa;
b. A concessão da tutela provisória de urgência, nos
termos do art. 300 do Novo CPC, com a nomeação da autora como curadora
provisória da interditanda, a fim de que aquela possa representá-la nos atos da
vida civil, sobretudo na adequada gestão dos recursos fundamentais à sua
manutenção;
c. A citação do interditando para que, em dia a ser
designado, seja efetuado sua entrevista, nos termos do art. 751 do Novo CPC;
d. A Intimação do Ministério Público para que
acompanhe o feito ad finem, conforme artigo 178, II, do Código de Processo
Civil;
e. Seja julgado procedente o pedido, confirmando-se a
antecipação da tutela, para nomear em definitivo a autora como curadora da
interditanda, que deverá representá-la ou assisti-la em todos os atos de sua
vida civil, de acordo com os limites da curatela prudentemente fixados na
sentença;
f. Protesta provar o alegado por todos os meios de
prova admitidos em direito, que ficam desde já requeridos, ainda que não
especificados.
Dar-se-á causa o valor de R$ 0,00 (novecentos cinquentas
e quatro reais) a títulos fiscais.

Termos em que,
Pede Deferimento.

Itajaí, 25 de abril de 2023.

Édio de Oliveira Júnior


Advogado OAB/SC 11271
[documento assinado digitalmente]
Acadêmica:
Tatiana dos Santos Pereira
Sara Ingrid Mendes Pereira

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