Você está na página 1de 9

CAROLINNE MIRANDA

ADVOGADA
OAB/BA 66.349

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA _


VARA DE FAMÍLIA ÓRFÃOS, SUCESSÕES E INTERDITOS DA COMARCA
DE BARREIRAS–BA.

PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO – IDOSA ACIMA DE 80 ANOS

SIMONE ALVES PEREIRA DA SILVA, brasileira, casada, operadora de


caixa, portadora da carteira de identidade RG nº 09.854.745-30 e inscrita no CPF
sob nº 010.463.205-48, residente e domiciliada à Rua Doze, nº 41, bairro
Arboreto, na cidade de Barreiras-BA, CEP: 47.811-633, por sua advogada que
esta subscreve, constituída na forma do incluso instrumento de mandato, vem,
com fulcro no artigo 1.767 do Código Civil, combinado com o
artigo 747 do Código de Processo Civil, a presença de Vossa Excelência, propor
a presente

AÇÃO DE INTERDIÇÃO COM PEDIDO DE CURATELA PROVISÓRIA EM


TUTELA DE URGÊNCIA

em face de VALDELICE ALVES BARRETO, brasileira, viúva, agricultora


aposentada, contando com 82 anos de idade, portadora do RG nº 08.866.307-
89 SSP/BA, inscrita no CPF sob nº 000.112.175-88, residente e domiciliada à
Rua Taperoá, nº 3379, bairro Rio Grande, na cidade de Barreiras-BA, CEP:
47.800-614, consubstanciado nos motivos fáticos e de direito a seguir aduzidos.

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, requer os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, com


base no artigo 5°, XXXIV, “a”, da Constituição da República Federativa do Brasil

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

– CRFB/1988, pois a autora não possui condições financeiras para arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio
e da sua família, enquadrando-se nos termos do artigo 98 e seguintes, do Código
de Processo Civil de 2015.

II. DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

A interditanda é pessoa idosa, prestes a completar 83 anos de idade, o


que justifica o trâmite do processo de forma prioritária, de modo a garantir a plena
satisfação da tutela jurisdicional, nos termos do Estatuto do Idoso e do
artigo 1.048, I, do Código de Processo Civil.

III. DOS FATOS

A interditanda é pessoa idosa, contando com quase 83 anos de idade e


não possui o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil,
sendo incapaz de reger sua pessoa e seus bens, devido a perda de sua
independência, porquanto portadora de demência não especificada (CID F03) e
mobilidade reduzida (CID Z74.0), conforme cópia de relatório médico em anexo,
impossibilitando que esta realize atos da vida cotidiana como ir ao banco, ir ao
médico, ir ao cartório, a igreja, além das atividades domésticas e hábitos de
higiene, que já não consegue realizar sozinha, tendo em vista que não está
conseguindo se locomover por conta própria, e que sua memória está afetada,
considerando que por vezes esquece do próprio nome e desconhece as pessoas
que a rodeiam.

Atualmente, Francisca, ora irmã da interditanda, e mãe da autora


(conforme documentação anexa), vem cuidando da interditanda e administrando
sua vida para que nada lhe falte. De modo que ajuda a interditanda a se
locomover, dá banho, alimenta, entre outras tarefas do dia a dia que a idosa não
consegue mais fazer sozinha.

Pois bem, cabe salientar que a Sra. Francisca, que é irmã da interditanda
e mãe da requerente, auxilia e reside com a interditanda desde o falecimento do

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

marido desta, que ocorreu no dia 04/07/2021. Assim, atualmente, a interditanda


vive sob vigilância constante da Sra. Francisca, já que não detém mais o
elementar discernimento para alimentar-se apropriadamente, medicamentar-se
rigorosamente de acordo com as prescrições médicas, comparecer às consultas
médicas, dentre outras atividades necessárias.

Ocorre que, em razão da total dependência da idosa para com a Sra.


Francisca, esta não consegue sair de casa para resolver assuntos da vida civil
da interditanda, a exemplo de sacar seu benefício previdenciário, ir ao cartório,
entre outros, tendo que pedir a ajuda de sua filha, ora sobrinha da interditanda,
ora Requerente, para isso, motivo pelo qual, faz-se necessária a nomeação
desta como curadora.

Ademais, conforme exposto anteriormente, a interditanda vive sob a


vigilância da mãe da Requerente, e é aposentada por idade, pelo INSS, e em
razão da idade, exige-se que faça prova de vida de tempos em tempos na
agência bancária onde recebe seu benefício, além de que retira seu benefício,
mediante o uso de sua digital, o que logicamente não pode realizar, em razão de
suas limitações físicas e mentais.

Diante disso, o pessoal da agência bancária ao constatar o estado de


limitação da interditanda no banco, orientou a Sra. Francisca e a Requerente a
irem ao cartório juntamente com a idosa, para que que fosse lavrada uma
procuração, para que a Autora pudesse realizar atos em nome da interditanda.
Contudo, em razão de não se lembrar do nome da sobrinha, e de quem ela se
tratava, recebeu-se orientação do cartório no sentido de que procurasse o
judiciário para que pudesse ser nomeada curadora da idosa, visto que esta
precisa que alguém proteja seus interesses, tendo em vista que a própria já não
possui aptidão física ou mental para fazê-lo.

A requerente é Sobrinha da interditanda, conforme observa-se em


documentos acostados nos autos, de modo ser pessoa legítima a interpor esta
demanda.

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

Assim, diante de todo o exposto, verificam-se os problemas de saúde que


impossibilitam a interditanda de reger sua vida cível

Destarte, ante esse défice intelectual duradouro, a interditanda que é


viúva, sendo que da união com o falecido marido, não foram concebidos filhos e
não possui bens, e por estar sob os cuidados de sua irmã que também já é idosa,
deu-se a necessidade de nomeação da autora como sua curadora.

Assim, posto os fatos acima narrados, a Requerente ajuíza o presente


pedido de interdição com pedido de curatela provisória em antecipação de tutela,
pretensão ao qual faz jus, conforme os argumentos de Direito a seguir expostos.

IV. DO DIREITO

a) Dos Fundamentos da Interdição

O art. 1º. Do Código Civil estatui que toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil. Assim, liga-se à pessoa a ideia de personalidade, que é
consagrado nos direitos constitucionais de vida, liberdade e igualdade.

É cediço que a personalidade tem a sua medida na capacidade de fato ou


de exercício, que, na lição de Maria Helena Diniz:

é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil, dependendo,


portanto, do discernimento, que é critério, prudência, juízo, tino,
inteligência, e, sob o prisma jurídico, da aptidão que tem a pessoa de
distinguir o lícito do ilícito, o conveniente do prejudicial.

Todavia essa capacidade pode sofrer restrições legais quanto ao seu


exercício, visando a proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica
apreciável. Assim, ainda no magistério de Maria Helena Diniz, a incapacidade é
a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil.

Os artigos 3º e 4º do Código Civil graduam a forma de proteção, a qual


assume a feição de representação para os absolutamente incapazes e a de
assistência para os relativamente incapazes, a saber:

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os


atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os


exercer: (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei
nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146,
de 2015) (Vigência) (grifo nosso)
IV - os pródigos.

A incapacidade cessa quando a pessoa atinge a maioridade, tornando-se,


por conseguinte, plenamente capaz para os atos da vida civil.

Entretanto, pode ocorrer, por razões outras, que a pessoa, apesar da


maioridade, não possua condições para a prática dos atos da vida civil, ou seja,
para reger a sua pessoa e administrar os seus bens. Persiste, assim, a sua
incapacidade real e efetiva, a qual tem de ser declarada por meio do
procedimento de interdição, tratado nos arts. 747 a 758 do Código de Processo
Civil, bem como nomeado curador, consoante o art. 1.767 do Código Civil.

No que tange à legitimidade para a interposição da presente ação,


preconiza o art. 747, do Código Civil que:

Art. 747. A interdição pode ser promovida:


I - pelo cônjuge ou companheiro;
II - pelos parentes ou tutores; (grifo nosso)
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o
interditando;
IV - pelo Ministério Público.
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por
documentação que acompanhe a petição inicial.

Dessa forma, como já mencionado, a Requerente é parente da


interditanda, mais precisamente, sua sobrinha, o que a torna pessoa legítima à
interposição da presente ação.

Nos termos do Código de Processo Civil:

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:


I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

(...)

Nesse diapasão, conforme se verifica dos atestados médicos que seguem


anexos, a interditanda, que sofre demência não especificada e mobilidade
reduzida, possui problemas com a memória, e está apresentando problemas
com a locomoção. Sendo certo que estas enfermidades não permitem que a
mesma administre sua própria vida civil.

Desta forma, demonstrado está, que a interditanda não tem mínimas


condições de gerir e administrar sua pessoa e seus bens, sendo imprescindível
que seja representada pela Requerente que, com o termo de curatela, poderá
dar melhores condições de vida à tia.

b) Da Curatela Provisória em Tutela de Urgência

A tutela pretendida nesta demanda deverá ser concedida de forma


antecipada, posto que, a presente ação preenche os requisitos estabelecidos
pela lei, senão veja-se:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

A prova inequívoca do déficit intelectual e físico da interditanda deflui dos


documentos anexos e dos fatos já aduzidos, os quais demonstram a
incapacidade da interditanda para reger a sua pessoa.

Desse modo, consubstanciada está a verossimilhança da alegação, a


plausibilidade do direito invocado (fumus boni juris), ante a proteção exigida pelo
ordenamento jurídico pátrio aos interesses do incapaz.

Ademais, conforme exposto anteriormente, a interditanda vive sob a


vigilância da mãe da Requerente, e é aposentada por idade, pelo INSS, e em
razão da idade, exige-se que faça prova de vida de tempos em tempos na
agência bancária onde recebe seu benefício, além de que retira seu benefício,

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

mediante o uso de sua digital, o que logicamente não pode realizar, em razão de
suas limitações físicas e mentais.

Diante disso, o pessoal da agência bancária ao constatar o estado de


limitação da interditanda no banco, orientou a Sra. Francisca e a Requerente a
irem ao cartório juntamente com a idosa, para que que fosse lavrada uma
procuração, para que a Autora pudesse realizar atos em nome da interditanda.
Contudo, em razão de não se lembrar do nome da sobrinha, e de quem ela se
tratava, recebeu-se orientação do cartório no sentido de que procurasse o
judiciário para que pudesse ser nomeada curadora da idosa, visto que esta
precisa que alguém proteja seus interesses, tendo em vista que a própria já não
possui aptidão física ou mental para fazê-lo.

Conforme já narrado, a interditanda não está lúcida, e, em razão disso,


não detém o elementar discernimento para a prática dos atos da vida civil, torna-
se temerária e incerta a adequada gestão dos recursos fundamentais à sua
manutenção.

Assim, demonstrado está o fundado receio de dano de difícil reparação


(periculum in mora) ao patrimônio da interditanda, até a efetivação da tutela
pleiteada.

V. DOS PEDIDOS

Perante o acima exposto, requer-se:

a) Sejam DEFERIDOS os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA em prol


da Requerente, com fulcro no Artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e
Artigo 98 do Código de Processo Civil, em face de ser a mesma pobre na
acepção jurídica do termo, não possuindo condições de arcar com as
despesas do processo sem prejuízo do próprio sustento e de sua família;

b) Seja deferido o benefício de Prioridade de Tramitação, com fulcro nos


art. 1.048, I do CPC c/c e art. 71 da Lei 10.741/03, uma vez que a
interditanda é pessoa idosa, sendo determinada à secretaria da Vara a

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

devida identificação dos autos e a tomada das demais providências


cabíveis para assegurar, além da prioridade na tramitação, também a
concernente à execução dos atos e diligências relativos a este feito.

c) A concessão da Tutela de Urgência, com base no art. 300 do CPC,


nomeando a Requerente como curadora provisória da interditanda, a fim
de que possa representá-la nos atos da vida civil, sobretudo na adequada
gestão dos recursos fundamentais à sua manutenção, convertendo-se em
Curatela definitiva ao julgamento final da presente Ação.

d) Sejam os pedidos da presente Ação de Interdição com pedido de Curatela


Provisória em Tutela de Urgência julgados procedentes, confirmando-se
a tutela de urgência para nomear em definitivo a Requerente como
curadora da interditanda, que deverá representá-la e assisti-la em todos
os atos de sua vida civil, de acordo com os limites da curatela
prudentemente dispostos em sentença, nos termos do art. 755 do CPC.

e) A citação da interditanda, no endereço descrito no preâmbulo desta peça,


para que, em dia a ser designado, seja efetuado o seu interrogatório, nos
termos do art. 751 do CPC.

f) A representação da interditanda na presente lide pelo digno membro do


Ministério Público, nos termos dos arts. 178, II e 752, § 1º, ambos
do CPC.

g) O deferimento da produção de todos os meios de prova em Direito


admitidos, em especial a documental, juntada posterior de documentos,
expedição de ofícios, depoimentos pessoais das partes e outras que se
façam necessárias, bem como a oitiva de testemunhas.

Atribui-se a causa o valor de R$ 1.212,00 (mil duzentos e doze reais), nos


termos do art. 291 do Código de Processo Civil.

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000
CAROLINNE MIRANDA
ADVOGADA
OAB/BA 66.349

Termos em que,
Pede e espera pleno deferimento.

Barreiras - BA, 20 de abril de 2022.

CAROLINNE DE SOUZA DE MIRANDA


OAB/BA nº 66.349

77 98114-7350 | 77 98874-7463
carolinne2123@gmail.com
Rua H, nº 50, Baraúna, Barreiras – BA | 47.800-000

Você também pode gostar