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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12° VARA DA FAMÍLIA E SUCESSOES DO

FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO - ESTADO DE SÃO PAULO.


AÇÃO DE CURATELA COM PEDIDO DE
CURATELA PROVISÓRIA EM TUTELA
DE URGÊNCIA
Juarez Felix de Godoy Neto, solteiro, desempregado, C.P.F. nº 776.746.778-34, residente e
domiciliado no endereço CEP 00000-000, na cidade , estado de São Paulo , não possui endereço
eletrônico, vem respeitosamente, por intermédio de sua advogada que esta subscreve, com
endereço eletrônico email do parceiro@email.com(procuração em anexo), à presença de Vossa
Excelência, ajuizar, com fulcro nos artigos 1767, inciso I, e 1768, inciso II, ambos do Código Civil,
e artigos 747 e seguintes do Código de Processo Civil, a presente AÇÃO DE CURATELA COM
PEDIDO DE CURATELA PROVISÓRIA EM TUTELA DE URGÊNCIA em face de Nome , brasileira,
solteira, aposentada, portadora da Cédula de Identidade nº 00000-00e do C.P. F. nº
000.000.000-00, sem endereço eletrônico, residente e domiciliado na Endereço321, km 357 -
Sitio Liberdade, Gleba 2 - na cidade Arealva/SP, estado de São Paulo, pelos fundamentos de
fato e de direito a seguir expostos.

I. DOS FATOS
O Requerente é filho da Requerida, a qual foi diagnosticado com "ESQUIZOFRENIA PARANOIDE"
(CID F.20), encontrando-se impossibilitada de exercer suas funções civis , consoante se verifica
do laudo médico aportado em anexo, constatado por médico psiquiatra que a acompanha.
A Requerida está internada em clinica Geriátrica para tratamento da psicose, e faz
acompanhamento no CAPS I desta Comarca, desde o ano de 2016, no entanto, a Requerida é
aposentada não exerce qualquer atividade social.
Assim, o Requerente realizada os cuidados com a Requerida, no entanto, atualmente está
internada em casa de repouso, documentos em anexo.
Importante ressaltar que, o Requerente necessita trabalhar e não possui tempo integral para os
cuidados com a genitora, e devido a agitação da Requerida foi necessário a internação em casa
de repouso para que recebesse o cuidado necessários, como por exemplo, alimentação e
higiene pessoal.
Vale mencionar que, a Requerida tem outra filha que também é portadora de esquizofrenia,
sendo que, o autor também ingressou com pedido de curatela em face da irmã (documento em
anexo).
Nesta toada, a concessão da curatela ao Requerente fará com que esta possa administrar os
bens de sua genitora, honrar todos os débitos, e tudo o mais para o bom e fiel cumprimento
deste.
Patente, portanto, a necessidade da presente intervenção jurisdicional, porquanto a
demandada não possui condições de manifestar sua vontade e gerir plenamente os atos da vida
civil (conforme documentos médicos em anexo), não restando alternativa, senão a nomeação
de curador para que possa regularmente representar seus interesses e administrar seu
patrimônio.

II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


II.I - DA CURATELA
As recentes alterações ao ordenamento jurídico trazidas pelo Estatuto da Pessoa com
Deficiência (Lei nº 13.146/2015), em consonância com a normativa internacional da Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, primam por
assegurar e promover os direitos e liberdades das pessoas com deficiência, bem como a plena
inclusão social.
Nesta vereda, manteve-se como instrumento de proteção à pessoa com deficiência o instituto
da curatela, entendida esta como medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível - artigo 84, §
3º, da Lei nº 13.146/2015.
Frisa-se que a deficiência não afeta a capacidade civil da pessoa, consoante expõe o artigo 6º da
Lei nº 13.146/2015, podendo ela se casar e constituir união estável, exercer direitos sexuais e
reprodutivos, exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a
informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar, conservar a fertilidade,
exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária, e exercer o direito à guarda, à
curatela e à adoção. E disto aqui não se cogita.
Por outro lado, o que se pretende com a jurisdicionalização é justamente preservar a
capacidade civil da Requerida, integrando-o socialmente e lhe devolvendo a dignidade para o
exercício rotineiro dos atos da vida civil, o que, na espécie, apenas pode se dar por meio da
constituição da situação de curatela.
Os artigos 84, § 1º, e 85, § 1º, ambos da Lei nº 13.146/2015 deflagram o entendimento
segundo o qual a decretação da curatela se pauta na excepcionalidade concreta que evidencie
que o instrumento seja necessário para a saúde da vida social da pessoa com deficiência.
Estas situações de excepcionalidade estão perfeitamente delineadas no artigo 1.767 do Código
Civil, sendo a causa presente no inciso III a que perfeitamente reflete o caso em testilha.
Vejamos:
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, pro causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
II - (Revogado pela Lei nº 13.146/2015);
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico (grifo meu);
IV - os pródigos.
Os documentos médicos aportados em anexo subsumem-se perfeitamente ao delineado no
artigo 1.767, inciso III, do Código Civil. Vejamos:
O Médico Psiquiatra Dr. Ramon A. Leon Ituarte, CRM Número de inscrição, que acompanha a
Requerida desde 2016, através do CAPS (CENTRO DE ATENÇAO PSICOSSOCIAL), informou no
relatório médico que a Requerida se encontra em acompanhamento psiquiátrico neste CAPS-I
desde 06/01/2016, por ser portadora de (CID F20.0), medicação atual: Quetiapina 100mg,
decanoato de haloperidol 01 ampola I.M de 15/15 dias, Clonazepan 2mg, Fluoxetina 20 mg.
Nesta baila, por intermédio do laudo médico supramencionado, percebe-se que a Requerida
acometido por esquizofrenia e, devido a doença, falta coerência na contextualização de suas
colocações, estando inapta ao desempenho das atividades da vida civil.
Ao exposto, acrescenta-se que a recente regulamentação da curatela traz a necessidade de
traçar os termos e limites de sua extensão, considerando-se que a decretação deve ser
proporcional às necessidades da pessoa com deficiência, consoante demonstra o artigo 1.772
do Código Civil:
Art. 1.772. O juiz determinará, segundo as potencialidades da pessoa, os limites da curatela, circunscritos às
restrições constantes do art. 1.782, e indicará curador.

Na espécie, considerando que a Requerida encontra-se inapta ao exercício das atividades da


vida civil, requer-se que a curatela seja estendida a todos os atos de cunho patrimonial e
negocial a serem praticados pelo réu.
II.II - DA PERTINÊNCIA SUBJETIVA
O artigo 1.768 do Código Civil dispõe que:
Art. 1.768. O processo que define os termos da curatela deve ser promovido:
I - pelos pais e tutores;
II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente; III - pelo Ministério Público;
IV - pela própria pessoa.

Ainda, o artigo 747 do Código de Processo Civil informa que:


Art. 747. A interdição pode ser promovida por: I - pelo cônjuge ou companheiro;
II - pelos parentes ou tutores;
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando;
IV - pelo Ministério Público.

No caso concreto, o filho da Requerida possui condições para ser o curador da Requerida e
administrar seus bens.
Frisa-se que a Requerida é solteira e não possui qualquer união estável.
Assim sendo, o Autor é a pessoa mais apta a ser nomeada como curador da Requerida, visto ser
ele o único que pode promover os cuidados e honrar com as dívidas e receber sua
aposentadoria, ajudando-a em todas as situações de necessidade, além de ter conhecimento
dos gastos mensais do réu.

III - DA CURATELA PROVISÓRIA EM TUTELA DE URGÊNCIA


O artigo 87 da Lei nº 13.146/2015 determina que:
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com deficiência
em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de ofício ou a requerimento do
interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do
Código de Processo Civil.

Ademais, os artigos 294 e 300, caput, ambos do Código de Processo Civil informam que a tutela
provisória de urgência de natureza antecipada poderá ser concedida quando houver: a)
probabilidade do direito; b) perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo e; c) quando
não houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Vejamos:
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. Parágrafo único. A tutela provisória
de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

No caso em testilha, a probabilidade do direito está perfeitamente comprovada por intermédio


da documentação médica aportada em anexo. O laudo médico atesta ser a Requerida portador
de CID F 20.0 - esquizofrenia Paranoide, estando inapta aos atos da vida civil , com
comprometimento da memória a longo prazo, Logo, ela precisa de um curador para os atos de
natureza patrimonial e negocial.
Os requisitos atinentes ao perigo de dano/risco ao resultado útil do processo e a relevância e
urgência (artigo 87 da Lei nº 13.146/2015) também estão devidamente presentes. Vejamos.
Assim sendo, o Próprio médico constatou a necessidade da medida. Contudo, estando ela
inapta para os exercícios da vida civil, não logrando a custear as despesas, é de extrema
relevância e urgência a nomeação do Autor como curador, pois ela será a responsável pelo
recebimento dos aludidos valores da aposentadoria da genitora e de todas as despesas, pois a
Requerida não discernimento da realidade dos fatos.
Ainda, não há perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão, pois a qualquer momento a
curatela poderá ser levantada.
Por fim, cumpre ainda mencionar, conforme explicitado anteriormente, que o Autor é pessoa
idônea para exercer o cargo de curador, pois é o filho da Requerida, sempre esteve presente
em todos os momentos da vida dela, ajudando-a e cooperando com suas dificuldades, Ademais,
a Requerida é solteira e não possui qualquer união estável.
Vale mencionar que, a Requerida tem outra filha que também é portadora de esquizofrenia,
sendo que, o autor também ingressou com pedido de curatela em face da irmã (documento em
anexo).
Portanto, uma vez comprovados os requisitos atinentes à relevância e urgência, probabilidade
do direito, perigo de dano/risco ao resultado útil do processo e a ausência de perigo de
irreversibilidade da medida, é o presente para requerer a concessão da tutela provisória o
Requerente, comprometendo- se a desempenhar fielmente o encargo, auxiliando a irmã em
todos os atos necessários para o cumprimento dos deveres da vida civil.

VI - DOS PEDIDOS
Frente ao exposto, requer-se a Vossa Excelência:
A) A concessão, inaudita altera pars , da curatela provisória em tutela de urgência ao Sr. Nome-
Autor da demanda - para que ele possa administrar os atos da vida civil da Requerida,
mormente a prática de atos de cunho patrimonial e negocial, como o recebimento de
aposentadoria, bem como, pagamento dos débitos em questão e administração de bens, uma
vez comprovada a relevância e urgência, probabilidade do direito, perigo de dano/risco ao
resultado útil do processo, além da ausência de perigo quanto à irreversibilidade da medida,
nos moldes do artigo 87 da Lei nº 13.146/2015, e artigos 294 e 300, ambos do Código de
Processo Civil, convertendo-se em Curatela Definitiva ao final da presente ação;
B) A citação da Requerida, por intermédio de Oficial de Justiça (artigo 247, inciso II, do CPC), A
citação terá de se realizada no local de sua internação, onde reside, ou seja, clinica Elika
Residencial Geriatrico , endereço Endereço321, km 357 - Sitio Liberdade, Gleba 2 - na cidade
Arealva/SP, estado de São Paulo.
C) A intimação do Representante do Ministério Público para que acompanhe o presente feito
como fiscal da ordem jurídica, nos moldes do artigo 178, inciso II, e 752, § 1º, ambos do Código
de Processo Civil;
D) A realização de perícia médica com a interditando, nos moldes do artigo 753 do CPC, caso
Vossa Excelência repute necessário;
E) A INTEGRAL PROCEDÊNCIA da presente ação, reconhecendo-se a incapacidade da Requerida
de desempenhar os atos da vida civil, DECRETANDO-SE a curatela e NOMEANDO o Autor como
Curador, expressando- se como termos e limites do instituto (artigo 1.772 do Código Civil) que
ela se estenda a todos os atos de cunho patrimonial e negocial a serem praticados pela
Requerida;
F) A Concessão dos benefícios da justiça gratuita para as partes;
G) A intimação deste procurador acerca de todos os atos processuais, nos moldes do artigo 272,
do Código de Processo Civil;
H) Seja a Requerida condenada ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios,
fixados estes no importe de 20% (vinte por cento) do total da condenação, nos moldes dos
artigos 82 e 85, § 2º, ambos do Código de Processo Civil;
Por fim, requer-se a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a
produção de prova pericial, oitiva da parte contrária, de testemunhas (cujo rol será
apresentado oportunamente), juntada de novos documentos (artigos 369 e 373, ambos do
Código de Processo Civil) e outras provas que se fizerem necessárias no curso do processo.
Dá-se à causa o valor de R$ 00.000,00para efeitos fiscais.
Termos em que,
Pede Deferimento.
São Paulo, 02 de Junho de 2023.
Nome
00.000 OAB/UF

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