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DISCIPULADO

01

Pastor Setorial: Pr José Miguel

Superintende Escola Bíblica: Pr Manoel Maurinho


Bem vindo à família de Deus!

“Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele,
enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram
ensinados, transbordando de gratidão.”

Colossenses 2:6-7

Receber a Jesus como Senhor e Salvador, e crer em seu


maravilhoso nome, lhe dá o poder de ser filho de Deus ( João
1.12). Qual é o alvo de Deus para um filho recém-nascido?
Ele deseja que você cresça espiritualmente, firmado na Sua
Palavra.

Estas lições tem o propósito de ajudar você a compreender o


projeto de Deus para a sua vida. Mas o texto principal sempre
será a Bíblia. As lições são como ferramentas para facilitar
seu entendimento das Escrituras nos ensinos principais da
vida cristã. Para que você estude com maior proveito,
sugerimos:

 Leia a Bíblia diariamente – Em cada lição há textos bíblicos selecionados de acordo com o assunto a
ser estudado.

 Guarde no coração – Se possível, memorize o versículo citado, durante a semana. A Palavra de Deus
é a espada que o Espírito Santo usa para nos defender nas lutas da vida cristã (Efésios 6.17). Então,
quanto mais versículos memorizar, mais vitórias você obterá.

Lembre-se que você está fazendo um dos melhores investimentos de sua vida. Ao procurar conhecer e viver
a Palavra de Deus, sua alma estará ancorada em Cristo Jesus para a vida Eterna.

Equipe de Discipuladores

(Edição de Janeiro/2014)
Conteúdo

LIÇÃO 01 – A BÍBLIA : A BIBLIOTECA DE DEUS ......................................................... 6

LIÇÃO 02 - CONHECENDO DEUS............................................................................ 10

LIÇÃO 03 – POR QUE JESUS É DIFERENTE ............................................................. 13

LIÇÃO 04 - O DISCÍPULO E O PECADO ................................................................... 16

LIÇÃO 05 - O DISCÍPULO E A FÉ ............................................................................. 19

LIÇÃO 07 - AS DISCIPLINAS DA VIDA CRISTÃ ......................................................... 25

LIÇÃO 08 - ORAÇÃO: O DIÁLOGO DA ALMA COM DEUS ........................................ 29

LIÇÃO 09 - O DISCÍPULO E O JEJUM ...................................................................... 32

LIÇÃO 10 - O DISCÍPULO E O BATISMO NAS ÁGUAS ............................................. 35

LIÇÃO 11 - A IMPORTÂNCIA DA CEIA DO SENHOR.............................................. 37

LIÇÃO 12- A MORDOMIA DO DÍZIMO .................................................................. 41

LIÇÃO 13 – A FELICIDADE DOS JUSTOS ................................................................. 45


Discipulado

LIÇÃO 01 – A BÍBLIA : A BIBLIOTECA DE DEUS

Texto bíblico: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela
paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança ” (Romanos 15:4).

Introdução

Nada, no que diz respeito ao homem, é perfeito, nada é permanente. Com o passar dos anos, mudam-se as
decisões, os costumes, os valores, a linguagem, os conceitos e até as mais obstinadas afirmações. Hoje o
homem “diz”; amanhã ele mesmo se contradiz. A criatura é assim, mas não o Criador! O Senhor nosso Deus é
perfeito, imutável e suas Palavras permanecem para sempre.

Muitos se frustraram na insana tentativa de querer “mudar” a Palavra de Deus, ou desacreditá-la, distorcê-la e
até frear a sua influência. Impossível! Não há como negá-la... Não há como detê-la.

Afinal, que livro é esse que tanto fascina a humanidade? Como pode uma obra tão antiga manter-se tão atual e
relevante? E como explicar que o Livro mais lido e estudado na história tenha ainda tantas coisas novas a
ensinar? Quem o escreveu? Quando foi escrito? Como chegou até nós?

I. Conhecendo os escritores

Ao longo de 1.600 anos (1.500 A.C a 95 d.C) Deus escolheu vários tipos de pessoas (cerca de 40) para
escreverem os 66 livros que conhecemos como as Sagradas Escrituras. Alguns desses autores eram homens
cultos, outros eram rústicos, alguns foram sacerdotes, outros foram juízes e até reis. Uns registraram fatos
históricos, outros tiveram revelações, ou deram conselhos, na forma de doutrinas, de provérbios e até de
poemas.

O que nos impressiona é que a maioria desses homens nem chegaram a se conhecer e muito menos leram o
que os outros escreveram, Mas todos esses escritos, quando foram reunidos, mostraram uma harmonia sem
precedentes.A Bíblia é, na verdade, uma só obra, inspirada por uma só “mente”, que desenvolveu um só
“tema” – “A história as Salvação”. É a única enciclopédia do mundo que conta ao homem a verdade acerca de
seu passado, de seu presente e de seu futuro.

Cada autor escreveu os pensamentos e ideias que Deus colocou em sua mente. Ao ler a Bíblia, você está
ouvindo as próprias palavras de Deus. A inspiração dos escritores é divina, as a maneira de se expressar é
humana. É como um músico que usa diferentes instrumentos para produzir os mesmos acordes – cada
instrumento emitirá aquelas notas com o som que lhe é peculiar, mas é o músico quem comanda a melodia.
Deus é o músico; a Palavra é a música e os diferentes instrumentos são os autores escolhidos para redigir a
Obra, “porque nunca ,jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” ( 2Pe 1.21). Aliás, por toda a Bíblia encontramos mais
de 2.500 expressões do tipo “ Assim diz o Senhor, dizendo”; “Disse Deus”; “Assim dirás aos filhos de Israel”.

II. Compreendendo seus escritos

A Bíblia é dividida em duas partes: o Antigo testamento (AT), com seus 39 livros (Genesis a Malaquias),
escritos antes do nascimento de Cristo (a. C.); e o novo testamento (NT), com 27 livros ou cartas escritos
depois do nascimento de Cristo (d.C). A palavra “Testamento” expressa o compromisso que Deus fez com seu
povo, antes da chegada do Messias e a “aliança” que Jesus (o Messias) estabeleceu com os crentes, através do
Seu sangue: o compromisso da salvação, da filiação, da regeneração, da capacitação e da vida eterna.

Os livros do AT foram escritos inicialmente em tábuas de barro e depois em rolos feitos de couro
(pergaminhos), em hebraico, que era ( e ainda é) o idioma usado pelo povo judeu ). Mas, para os documentos
do NT foram usadas folhas de papiros (um papel rústico).

O grego era o idioma oficial em todo o Império Romano, por isso todo o NT foi escrito em grego; com
exceção de Mateus (hebraico) Veja como era a maneira deles escreverem:

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Hebraico - Genesis 1.1 “No principio criou Deus o céu e a terra”

Grego – João 1.1 “ No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus.

“Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος.”

Para facilitar o estudo das Escrituras, seus livros foram divididos por assuntos ou classificações.

1. Antigo testamento
a. Livros da lei: Genesis a Deuteronômio. Este conjunto de livros, chamados de “Torá” pelos judeus, foi
escrito por Moisés e descreve aproximadamente 3.000 anos de história ( de adão à entrada na Terra
prometida).

b. Livros históricos: Josué à Ester. Os 12 livros históricos cobrem um período de aproximadamente 1.100
anos: da conquista de Canaã até 100 anos após o exílio na Babilônia.

c. Livros poéticos: Jó a Cantares. Estas obras trazem os princípios eternos que nos ajudam a obter sucesso a
vida diária, apesar das circunstancias difíceis que, às vezes, enfrentamos.

d. Profetas maiores: Isaías a Daniel. Eles são chamados assim por treme sido mais os mais notáveis
profetas (escritores) de Israel e por terem tido um ministério mais duradouro.

e. Profetas menores: Oséias a Malaquias. Estes 12 profetas são chamados “menores” devido ao breve
período de seus ministérios. Atuaram em momentos críticos na história de Israel e Judá, chamando o
povo ao arrependimento e reconciliação, preparando-o para a chegada do Messias.

f. Anos de silencio. Entre o último livro do AT (Malaquias) e o primeiro do NT passaram-se quatrocentos


anos sem que Deus se manifestasse, quer por meio de profetas, quer pela inspiração de algum livro. Ele
desejava que Israel aprendesse a esperar com fé e fidelidade pelo cumprimento de Suas promessas a
respeito do Messias ( Leia Romanos 15.4).

2. O Novo Testamento

a. Os Evangelhos: Mateus a João. Foram escritos em forma de uma narrativa histórica da vida, da obra e
dos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo. Cada autor enfatizou um aspecto diferente da pessoa de Jesus,
de acordo com o propósito e o público a quem se dirigiu.

b. A história da Igreja: Atos dos Apóstolos. Este livro foi escrito por Lucas, como um registro detalhado do
avanço do cristianismo, desde a ascensão de Jesus até a prisão de Paulo em Roma, quando até mesmo o
Imperador Nero teve a oportunidade de ouvir o Evangelho.

c. Epistolas Paulinas: Romanos a Filemon. Paulo não apenas evangelizou e fundou igrejas, mas também
cuidou de seu crescimento espiritual por meio de cartas de ensino e correção. Algumas eram destinadas
aos rebanhos (igrejas) e outras eram instrução aos pastores ( 1 e 2 Timóteo, Tito) e uma foi destinada a
um irmão na fé ( Filemon).

d. Epistolas gerais: Hebreus a Judas. Estas foram escritas, na maior parte, aos cristãos da cultura judaica que
habitavam fora de Israel, mas os ensinamentos nela s contidos são válidos para todas as culturas.

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e. Livro profético: Apocalipse. Este também poderia ser classificado como uma “epístola geral”, a qual
mostra, de forma profética, como Deus tratará com os israelitas no final dos tempos, bem como a igreja e
os incrédulos.

III. Autenticando sua obra

Não há sombra de dúvidas quanto ao fato dos 66 livros contidos na Bíblia formarem uma única e harmoniosa
obra – a Palavra de Deus – tendo em vista o maravilhoso efeito que produzem na vida de homens e povos, por
sucessivas gerações. Mas, como saber se não existem outros documentos inspirados, ainda perdidos ou a
serem escritos? Esta também foi uma grande preocupação dos primeiros cristãos.

Com o passar das décadas, após a morte dos apóstolos, a igreja primitiva se viu obrigada a definir quais textos
deveriam ser aceitos como regra inerente de fé e conduta (Efésios 2.29; 2 Pedro 3.2; Judas 17). Era preciso
perpetuar a doutrina dada por Deus aos apóstolos, evitando que as futuras gerações se corrompessem com os
ensinamentos de falsas epístolas que, ainda nos dias de Paulo, começaram a circular entre as Igrejas ( 2 Ts
2.1,2; Gl 1.9). A lista dos escritos considerados sagrados recebeu o nome de “Canon” que significa a “medida
exata”.

A definição do que seria uma escritura verdadeiramente inspirada por Deus obedeceu alguns princípios de
averiguação. Para a confirmação segura de sua canonicidade foi submetido minuciosos exames, observando
certos critérios:

1. Autoridade divina. O autor fala em nome do Senhor ou descreve seu ponto de vista? Revela quem é
Deus, o que tem feito e o que espera de nós, ou simplesmente narra um fato?

2. Autoridade profética. Seu autor humano era reconhecido em meio à comunidade cristã como “um homem
de Deus” – profeta, apóstolo, líder cristão, ou algo semelhante ( P2 Pedro 1.20-21)?

3. Autoridade confiável. Os fatos históricos ou afirmações teológicas se sustentam quando comparados aos
demais livros? Deus não mente nem se contradiz.

4. Autoridade dinâmica. Tal escrito tem transformado a vida de seus leitores e ouvintes? Tem demonstrado
autoridade para ensinar, repreender, corrigir e edificar de forma eficaz e proveitosa ( 2 Tm 3,1,17; Hb
4.12)?

5. Autoridade reconhecida. Seus destinatários reconheceram e acolheram a orientação nela contida? Seus
ensinos se mostram relevantes em qualquer contexto?

6. Autoridade preservacional. Houve preocupação em providencias cópias e fazê-las circular por iniciativa
dos que receberam o documento? Houve preocupação de preservar os originais e suas cópias, mesmo
com risco da própria vida?

IV. O que a Bíblia fala sobre a inspiração

As escrituras sagradas trazem um registro fiel da autorrevelação que Deus fez de si mesmo aos homens.
Nenhum cristão autêntico tem dificuldade em aceitar sua divina inspiração. Mas, com certeza, algumas
questões despertam nossa curiosidade e não há mal algum em indagarmos a respeito: “como os escritores
discerniam o que deveria se escrito?”...”a participação humana em sua confecção não abre margens para
possíveis erros?”

1. Toda escritura é inspirada por Deus (2 Timóteo 3.16). Os escritores eram homens comuns, mas a
iniciativa, o conteúdo e todo poder que dela resulta são da competência exclusiva de Deus. Tanto é
verdade que nem ao menos são citados os escritores. Eles tiveram seu valor, mas o mérito da “autoria”
é inteiramente atribuído a Deus.

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2. Homens falaram da parte de Deus ( 2 Pe 1.19-21). O texto é taxativo ao afirmar que todo o conteúdo
da Bíblia foi registrado por meio de “revelação profética”, e nunca por iniciativa humana. Esta
Palavra “movidos pelo Espírito” tem a mesma raiz da palavra usada por Paulo em Atos 27.15 “sendo
o navio arrastado com violência”; mostrando que o Espírito de Deus conduziu os escritores no que
Deus queria que escrevessem.

3. A espada do Espírito ( Ef 6.17; Hb 4.12). Poderia o homem elaborar um meio de defesa e ataque a
inimigos que nem ao menos conhecia (principados e potestades)? Poderia o homem confeccionar um
“guia seguro” para desvendar as profundezas da própria lama e da alma alheia? Não! Somente o
Criador de nossas almas estaria apto para penetrar a tal nível, e só Ele poderia mostrar-nos como fazê-
lo.

V. O que Jesus afirma sobre a inspiração


O ministério de Jesus foi pautado nas Escrituras, sendo Ele mesmo a Palavra de Deus que se
tornou Vida (João 1.1,3,14). Foi usando as Escrituras que Jesus autenticou seu ministério ( João
5.39), combateu os falsos ensinos ( Mt 5.31,32), fortaleceu seus apóstolos ( Mt 26.54), abençoou
seus discípulos (Jo 17.17) e até mesmo se defendeu ( Mt 4.4,7,10). Nos dias de Jesus o novo
testamento ainda não tinha sido escrito, mas devemos salientar que o Cristo que considerava as
Escrituras do AT como a “Palavra inspirada de Deus” é o mesmo que prometeu (e cumpriu) aos
apóstolos a inspiração do Espírito de Deus para que propagassem os Seus ensinamentos. Ito
coloca os escritos de seus discípulos em pé de igualdade com as antigas Escrituras. Além disso,
tanto o AT como o NT, afirma que Deus mostrou a eles o que deveriam escrever ( Jeremias 30.2;
1 Co 2.12-13).

Conclusão

Através dos séculos, Deus tem preservado Sua Palavra para que a humanidade conheça toda a verdade sobre o
seu passado, seu presente e seu futuro. É por meio dela que conhecemos a dimensão do amor de Deus por nós.
As escrituras chegaram até nós por meio de homens escolhidos por Deus; por meio da seleção na escolha dos
livros certos, supervisionada por Ele mesmo; por meio da reprodução de inúmeras cópias exatamente iguais às
originais (hebraico, aramaico e grego); e por meio da tradução das Escrituras no idioma de outras nações.

Sobre a inspiração da Bíblia podemos afirmar que ela tem uma dupla autoria! O homem é o escrivão, mas toda
a iniciativa, a iluminação e a supervisão são Daquele que o escolheu e o preparou para este trabalho ( Gálatas
1.15-20).

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LIÇÃO 02 - CONHECENDO DEUS

Texto Bíblico: “Cheguem perto de Deus, e ele chegará perto de vocês.”–


(Tiago 4.8a)

INTRODUÇÃO

Conforme o que está escrito em Efésios 2.12, no tempo em que você não havia recebido ao Senhor Jesus
como seu único e suficiente salvador, vivia sem Deus no mundo. Por isso, todo o novo crente deve,
imediatamente, após aceitar a Cristo como salvador de sua vida, começar a conhecer o seu Senhor. É sempre
nesta ordem: primeiro, vem o ato de fé, depois, a busca do conhecimento de Deus. Do ponto de vista humano,
você teria de conhecê-lo bem antes, para depois crer nele. Mas, no caso do cristão, é diferente; ele nasce e vive
espiritualmente pela fé em Deus. Os seus conhecimentos deverão se submeter à fé. Nunca Ao contrário.
O Senhor deseja que você agora entregue a ele todas as áreas de sua vida e confie plenamente nele. Isso só é
possível, se conhecê-lo bem. Então, tenha o desejo de obter o conhecimento divino.
Para entender o mundo em que vive, ter senso de direção, edificar-se interiormente e saber qual é a sua missão
nesta vida, você tem de conhecer Deus. Talvez você tenha várias ideias a respeito do Senhor, mas elas devem
corresponder àquilo que é dito sobre o criador. E mais, a compreensão que o crente pode ter sobre quem é o
Todo-Poderoso, é consequência da revelação que o Onipotente deu de si mesmo. Você já estudou, na lição
anterior, que a revelação de Deus se deu através da Bíblia. Uma manifestação com linguagem compreensível a
todas as pessoas. Mas jamais alguém teve a compreensão total do Onipotente, pois o que se pode conhecer de
Deus está além da capacidade humana.
Esta lição se propõe a lhe ajudar nesta aprendizagem, a qual deve durar por toda sua vida.

I. CONHECENDO DEUS ATRAVÉS DE SUAS QUALIDADES

Deus tem muitas qualidades, através das quais Ele se identifica com os homens, e, ao mesmo tempo, torna-se
diferente de todos os seres espirituais. Você descobre quais são as qualidades de Deus, ao conhecer os seus
nomes. Deus mesmo se revela, faz-se conhecer, ao proclamar o seu nome (leia Êxodo 6.2 e 3). O Senhor
queria ser reconhecido pelo povo de Israel, através de seus feitos. Por que conhecer o Senhor pelo nome? No
caso de Deus, é muito mais do que o conjunto de letras do português ou de qualquer outro idioma. É o nome
que revela aos homens as qualidades do Criador. Além disso, é uma maneira de se responder quem é o Todo-
Poderoso.

Na Bíblia, os nomes de Deus mais comuns são:

- O seu nome deve ser invocado na adoração (leia Gênesis 12.8);

- O seu nome deve ser temido (leia Deuteronômio 28.58);

- O seu nome deve ser louvado (leia 2 Samuel 22.50);

- O seu nome deve ser glorificado (leia Salmo 86.9);

- O seu nome não pode ser tomado em vão (leia Êxodo 20.7);

- O seu nome não pode ser profanado, nem blasfemado (leia Levítico 18.21; 24.16);

- O seu nome deve ser santificado e bendito (leia Mateus 6.9);


- Deus: - Quando você o encontra no texto Bíblico, ele fala do seu poder criativo e total.

- Senhor ou Jeová: - É Deus relacionado com as pessoas, para ajudá-las e salvá-las.


O vocábulo Deus, com outras combinações, como ‘altíssimo’, ‘suficiente’, ‘eterno’, e ‘conosco’, revela as
qualidades do Senhor e mostra a sua maneira de agir entre as pessoas.

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Senhor: - no sentido de governador e dominador, é aquele que exige o serviço e a lealdade do seu povo.

Pai: - Mostra que todas as coisas e o ser humano foram criados por ele e estão debaixo de proteção.

II. CONHECENDO DEUS ATRAVÉS DOS ASPECTOS DE SEU CARÁTER

Você também conhece Deus, ao estudar o que Ele é em si próprio, e em relação ao universo e aos seres por
Ele criados. Tudo isso é chamado de atributos divinos, ou seja, aspectos do seu caráter.

Existem os aspectos que só Deus possui e nada há que os lembre nos homens ou nos outros seres por Ele
criados.

O primeiro deles é a soberania. Significa que Deus é chefe, maioral ou supremo. No universo em que está a
terra, só há um dirigente: o Todo-Poderoso. Para você, isto é encorajador, porque tem a segurança de que nada
há fora do controle do Senhor, e os seus planos são, de fato, realizados. Leia o Salmo 103.16.

O segundo aspecto é a eternidade. Nunca houve um tempo em que Deus não existisse. Ele não teve princípio
e jamais terá fim. Não se limita ao tempo. Porque é eterno, vê o passado e o futuro de modo tão claro como
contempla o presente. Nesta perspectiva, Ele sabe o que é melhor para a vida do crente. Você pode confiar
nele. Leia Isaías 44.6.

A Onisciência é o terceiro aspecto divino. Deus possui todo o conhecimento que existe. Nada o pega de
surpresa. A onisciência do Senhor permite que ele tenha conhecimento de tudo antes e depois da salvação de
cada ser humano. Ele perdoa os pecados do homem e o aceita em sua família. Leia Hebreus 4.13.

O quarto aspecto divino é a onipresença. Significa que Deus é infinito e está presente em todo o tempo e
espaço. Ninguém pode se esconder de sua face. Mas a presença do Senhor deve ser experimentada em todo o
tempo para se receber as suas bênçãos de uma maneira bem real. Leia Jeremias 23.24.

Deus tem mais do que poder necessário para realizar todas as coisas. Isto quer dizer que Ele é onipotente, o
seu quinto aspecto divino. O crente tem certeza de sua salvação, porque o Senhor é Todo-Poderoso. Esta força
se manifesta no evangelho de Cristo, para a salvação dos homens. Veja o que diz a Bíblia em Romanos 1.16:
‘Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que
crê’. Deus mostra a sua onipotência, através do seu poder de criar: ‘No princípio criou Deus os céus e a terra’
(Gênesis 1.1). O Criador preserva todas as coisas, cuida e manifesta a sua providencia para o crente, pela sua
onipotência. Leia Hebreus 1.3 e Efésios 3.20 e 21.

O sexto aspecto divino diz que Ele é imutável. Jamais muda em sua natureza e aspectos. Será sempre bom,
justo e verdadeiro. Você pode crer nas suas promessas, porque Ele cumpre todas. Nele, podemos confiar:
‘Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa: porventura diria ele, e não o
faria? Ou falaria, e não o confirmaria?’ (Números 23.19).

Existem, também, os aspectos vistos no relacionamento de Deus com o homem. Eles se manifestam de forma
limitada nos outros seres criados.
O primeiro aspecto é a retidão. É impossível Deus fazer algo errado. Por causa de sua retidão, Ele exige
perfeição em todos os que desejam estar em sua presença. Leia Mateus 5.48.

É um estilo de vida para ser vivido pela graça de Deus, pois é humanamente impossível ao homem ter a
perfeição total de Deus. O segundo aspecto é a justiça. Deus jamais age com desonestidade. A justiça divina é
manifestada no livramento do inocente, na condenação do pecador, no perdão para quem se arrepende, no
castigo do ímpio, na salvação do homem e na vitória às causas do seu povo. Leia 2 Timóteo 4.8.
O amor é outro aspecto divino. Na verdade, Deus é amor. Esta virtude do Senhor é perfeita e infinita.
A maior demonstração de amor de Deus foi a de conceder o seu próprio Filho para morrer em nosso lugar,
através do seu sacrifício na cruz do Calvário.

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O último aspecto tratado nesta lição é a verdade. Deus é a verdade absoluta. O homem deseja ardentemente
encontrá-la. Porém, muitos a procuram em outras fontes. Como você já veio a Jesus, sua busca terminou, pois
Cristo á a verdade. Leia João 8.32.

III – CONHECENDO DEUS, JESUS E O ESPÍRITO SANTO

O Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo existem em unidade e são três pessoas reais e distintas, porém,
conscientes uma da outra. Elas trabalham juntas em favor do ser humano.
Em João 15.16, a afirmação de Jesus: “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de
enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim”, significa que há unidade entre
o Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo de tal forma que os três são um só Deus. A unidade é resumida em 1
Coríntios 8.4: “Não há outro Deus, senão um só”.
O Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo há distinções, sem que isto signifique que Eles discordem um do Outro,
deixem de cooperar entre si em favor dos homens. Eles são distintos, mas em unidade. Leia 1 Coríntios 13.13.

Conclusão

1. Tenha agora um momento de oração a Deus. Agradeça por tudo e peça para ajudá-lo, durante toda a
sua vida cristã, a temer, louvar, glorificar e bendizer o seu nome poderoso.

2. Faça uma reflexão por alguns minutos e descubra em quais áreas de sua vida Deus precisa ser
soberano.

3. Pense, pelo menos, em três pessoas que ainda não são crentes, e fale a elas sobre o grande amor de
Deus.

4. Pare e pense sobre a sua vida na semana que passou. Descubra em que momento você praticou a
retidão, a justiça, o amor e a verdade. Tome a decisão de demonstrar estes aspectos divinos em você na
semana seguinte. Deus o ajude.

5. Assuma um compromisso com Deus de sempre procurar conhecê-lo melhor, através da sua Palavra,
em oração e em uma vida dedicada ao serviço do Senhor.

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LIÇÃO 03 – POR QUE JESUS É DIFERENTE

Texto bíblico: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.”Hebreus 13.8

Introdução

Há dois mil anos, Jesus nasceu em uma pequena cidade da Judéia. Ele era membro de uma família pobre, em
um dos menores países do mundo. Viveu apenas trinta e três anos, dos quais somente os três últimos foram
dedicados ao ministério público. Ele tinha a aparência de homem comum. Foi condenado e crucificado entre
dois ladrões..Entretanto a vida e a morte de Jesus não foram comuns. A história foi dividida em “antes” e
“depois” Dele. A data do cabeçalho dos jornais testemunha o fato de que, como confirmou o historiador
Kenneth S. Latourette: “Jesus foi a personalidade mais influente que viveu neste planeta”. Mas por que Jesus é
tão diferente?

I. Porque Jesus afirmou ser o próprio Deus

Por que o nome dos grandes líderes religiosos não agride tanto as pessoas como o nome de Jesus? Por que
Buda não reivindicou ser Deus: Moises nunca disse ser Jeová; Maomé não se identificou como Alá. Mas
Jesus, o carpinteiro de Nazaré, declarou: “Eu sou o messias” (João 4.26). Nas demais religiões, os
ensinamentos são mais importantes do que o mestre. Porém, no cristianismo, o centro de tudo é a pessoa de
Jesus Cristo.

A questão principal no cristianismo não é o que as pessoas pensam de Jesus, mas que atitude as pessoas
tomam diante das afirmações que Ele fez.

1. Jesus é a única via de ligação que possibilita um relacionamento do homem com Deus. “Disse-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14:6
2. Jesus é o único recurso para o perdão dos pecados. Portanto, agora nenhuma condenação há para os
que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do
Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Romanos 8:1-2
3. Jesus é o único salvador. “ E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.”Atos 4.12

Por outro lado, os discípulos de Jesus eram judeus de profundas convicções religiosas que acreditavam em um
único Deus. Eram monoteístas, porém, reconheceram-No como Deus encarnado. Por outro lado, no Antigo
Testamento há cerca de 60 profecias diretas a respeito do Messias e mais de 270 menções, as quais se
cumpriram todas em uma única pessoa – Jesus Cristo.

II. Porque Jesus planejou nossa salvação

Quando o pecado entrou no universo, pela ação de Lúcifer e depois chegou à família humana pela
desobediência de Adão e Eva, Deus não foi pego de surpresa. Pois antes mesmo da criação, havia um plano
para salvar o homem caído. Se religião é “a tentativa do homem encontrar a Deus”, o cristianismo é “ a
iniciativa de Deus alcançar o homem”. Jesus é diferente, porque planejou e deu os primeiros passos em nossa
direção para salvar-nos, depois estendeu a mão para capacitar-nos a dar o primeiro passo em direção a Ele.

Em nenhuma outra religião, o ser divino ofereceu amor incondicional ao ser humano pecador. Pelo contrário,
nas demais religiões, o ser humano deve merecer o livramento, a promoção ou a salvação. Por isso Jesus é
diferente.

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1. Jesus é Deus que ama. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que Deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crer não pereça,mas tenha a vida eterna (João 3.16).” Por meio do
sacrifício na cruz, Jesus realizou no tempo certo o que tinha planejado na eternidade.
2. Jesus é o Deus que busca. “ na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu
antes dos tempos eternos” (Tito 1.2). Se verdadeiramente buscamos a Jesus é porque Ele nos buscou
primeiro.

III. Porque Jesus é o padrão de salvação

Em todas as religiões, a bondade, a generosidade e a compaixão pesam na balança na hora da salvação.


Porém, no cristianismo, nem uma boa obra, caridade ou piedade é capaz de mudar a mente de Deus acerca de
nós e de nossos pecados. Muita gente age como um menino de sete anos que afirmava que tinha um metro e
oitenta de altura, e tinha mesmo, porém, de acordo com o metro que ele havia fabricado! O ser humano se
esquece que a santidade de Deus é tão radicalmente diferente, que nenhuma bondade humana pode se
aproximar dela, a não se por intermédio de Jesus Cristo. “ Porque não há distinção, pois todos pecaram e
carecem da glória de Deus” ( Romanos 3.22b-23)”

1. Jesus ensinou que a salvação não é para quem merece, mas para quem recebe. “Porque pela graça sois
salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, e dom de Deis; não de obras, para que ninguém se glorie
(Efésios 2.8-9)”. A salvação não pode ser comprada ou adquirida por nossos atos nem por rituais
religiosos.
2. Deus, não aceita a justiça humana, apenas a justiça de Cristo. “Não por obras de justiça praticadas por
nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou... por meio de Jesus Cristo (Tito 3.5-6)”. Toda
bondade humana somada nunca mudará a mente de Deus a respeito de um único pecado.

IV. Porque só Jesus dá vida

Alguém que está se afogando precisa de um salva-vidas qualificado para ajudá-lo. Mas a humanidade não está
apenas se afogando, ela está (espiritualmente falando) morta em delitos e pecados (Efésios 2.1). Não
precisamos apenas de uma corda ou de uma boia, precisamos de alguém que nos tire da água e nos dê vida. As
outras religiões pegam pessoas boas e tentam melhorá-las, mas só Cristo pega pessoas mortas e as ressuscita.
Se Jesus não nos salvasse, nunca seríamos salvos; se Ele não nos reconciliasse com o Pai, nunca seríamos
reconciliados.

V. Porque Jesus é o único Deus que tem amigos pecadores

Há alguns anos, um grupo de ateus publicou um panfleto no qual pretendia colocar em dúvida o caráter de
Deus, Eles destacaram que Abraão mentiu acerca de sua esposa para salvar a própria vida e, não obstante foi
chamado “amigo de Deus”.Jacó era mentiroso e enganador, contudo foi chamado “príncipe com Deus”. Davi
era adúltero e assassino, mas foi chamado de “homem segundo o coração de Deus”. Os ateus perguntaram:
Que tipo de Deus se relaciona com homens pecadores e os chama de amigos?

Da mesma forma que o solo mais seco precisa de chuva, assim aqueles que são grandes pecadores são os
primeiros a perceber que têm uma necessidade que só Deus pode satisfazer. E assim como a terra não faz
nenhuma contribuição quando a chuva cai, mas se beneficia do presente recebido, assim nos beneficiamos da
justiça que não merecemos. Lembre-se das palavras de Cristo: “não vim chamar justos, e sim pecadores ao
arrependimento”(Mateus 9.13). Nem alguma outra religião reivindica ter um Deus poderoso e perfeito que Se
torna semelhante à criatura para salvá-la e relacionar-se com ela. Por isso, até que saibamos quanto somos
maus, nunca saberemos quão bom é Deus.

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Discipulado

1. Jesus permaneceu justo e, ao mesmo tempo, tornou-se justificador daqueles que creem. “Para ele
mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”(Romanos 3.26). Deus Pai exige de nós
uma justiça que não temos, mas Deus Filho morreu uma vida de perfeita obediência e se ofereceu
como sacrifício perfeito, o qual o Pai aceitou em nosso favor.
2. Jesus nos tirou da sarjeta sem sujar-se. “Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”(Romanos
5.8). Como disse o filósofo Pascal: “A encarnação mostra ao homem o tamanho de sua miséria através
do tamanho do remédio necessário”. Deus Pai vê o homem por meio da perfeição de Jesus, por isso
pode chamá-lo amigo.

VI. Porque Jesus venceu a morte

O diferencial do cristianismo em relação às outras religiões está na ressurreição de Cristo ( 1 Coríntios 15).
Não é pregada a ressurreição em nenhuma outra religião, porque ela contradiz a doutrina gnóstica de que a
matéria é má. E contradiz o pensamento oriental de que perdemos nossa individualidade mediante um ciclo de
renascimentos.

A ressurreição foi a comprovação final sobre tudo o que foi afirmado de Cristo e por Cristo. Pedro, na ocasião
em que os apóstolos discutiam sobre a necessidade de um substituto para Judas Iscariotes, alegou que era
necessário que escolhessem um dos discípulos para ser, juntamente com eles, testemunha da ressurreição de
Cristo ( Atos 1.22). Paulo, quando andava pelo areópago em Atenas, disse: ”porquanto estabeleceu um dia em
que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos,
ressuscitando-o dentre os mortos!” (Atos 17.31). Cristo é exclusivamente Senhor, Salvador e Mediador entre
Deus e os homens. Tudo isso é comprovado pela sua ressurreição, e nisso consiste a diferença que Jesus faz.

1. Na ressurreição, Jesus provou ser o filho de Deus (Romanos 1.4).


2. Na ressurreição, Jesus confirmou a verdade de tudo o que dissera (Mateus 28.6)
3. Na ressurreição, Jesus garantiu a nossa ressurreição ( 1 Co 15.20-22; 2 Co 4.14)
4. Na ressurreição, Jesus venceu a morte, o diabo e o pecado ( 1 Coríntios 25-26).

Conclusão

Vivemos em um mundo com muitas novidades tecnológicas e teológicas. Estamos na era do instantâneo, da
lei do menor esforço. As pessoas buscam constantemente atalhos para conseguir aquilo que almejam.
Religiosamente falando, não é diferente. Qualquer pessoa pode crer em qualquer coisa, contanto que não
afirme ser a verdade. Em nome da tolerância, acolhe-se tudo, qualquer movimento religioso. Assim, muitos
não encontram a verdade, encontram engano, porque afirmam haver muitas religiões e muitos deuses. Mas
sabemos que:

Jesus é o unigênito Filho de Deus, o único mediador entre Deus e o homem, e o único Salvador pelo qual os
homens podem ser salvos. Ele é o cabeça da Igreja, criador e sustentador de todas as coisas, e juiz do mundo.
Ele é completamente homem e completamente Deus, sendo tanto a segunda pessoa da trindade como o
homem Jesus de Nazaré, que nasceu da virgem Maria. Tanto sua natureza humana como a Sua natureza divina
estão unidas para sempre em uma única pessoa. Ele viveu de modo perfeito, sem pecado, realizou milagres,
ensinou discípulos, sofre e morreu na cruz como sacrifício voluntário pelos nossos pecados. Foi sepultado e
permaneceu no túmulo por três dias, ressuscitou dos mortos e ascende ao céu. Ele está agora à destra do Pai e
intercede por aqueles que lhe pertencem, que confiam Nele para a salvação, não com base em obras, mas por
sua infinita graça.

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Discipulado

LIÇÃO 04 - O DISCÍPULO E O PECADO

Texto bíblico: “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque pecado é a
transgressão da lei” 1 João 3.4

Introdução

A palavra pecado é a tradução do latim “peccatum”, cujo sentido é falta, ação má, erro ou crime. No
vocabulário bíblico, o termo significa errar o alvo, no sentido de alcançar o padrão estabelecido por Deus.

Esta lição vai mostra que o pecado é, como o apóstolo João escreveu “a transgressão da lei”, e sabemos que é
a lei de Deus.

Até que tenhamos aceitado esta definição bíblica, não conseguiremos entender o plano da redenção de Deus,
através de Jesus Cristo.

I. A origem do pecado

1. A origem do mal
O problema da origem do mal que está no mundo tem sido considerado um dos mais profundos problemas da
filosofia e da teologia. Pergunta-se: “Se Deus é bom e criou todas as coisas, como explicar o mal? Se Deus é
soberano e todo poderoso, como entender o império das trevas”?

Teólogos, pesquisadores e estudiosos tem sido unânimes em atribuir a origem do mal a uma rebelião que
houve no mundo angelical. Deus criou um exército de anjos, e todos eram bons ao sair das mãos de seu
criador ( Genesis 1.31; Ne 9.6; Sl 148.2-5;Cl 1.16). Mas houve uma queda no mundo angelical, em que
legiões de anjos se separaram de Deus. O tempo exato dessa queda não se conhece. No entanto, alguns textos
bíblicos fazem alusão a esse fato ( 1 Tm 3.6; 2 Pe 2.3; Jd 6)

2. A soberania de Deus e o mal


A primeira pergunta que se deve encarar quando confrontamos a soberania de Deus com o mal é: se Deus é
absolutamente soberano em poder, então por que Ele, com um só movimento de sua Mão, não elimina
completamente o mal da sua criação?

Entretanto, precisamos nos lembrar de que o mal não é um acidente ou uma coisa que não tenha sido prevista
por Deus, pois neste caso Ele não poderia prever, como Ele prevê, seu fim. O mal deve seguir o seu curso e
fazer sua demonstração total para que possa ser julgado, não como uma teoria mas como uma realidade
concreta ( Gn 15.16). O trigo e o joio devem crescer juntos até o final dos tempos (Mateus 13.30). Ele
designou um dia no qual julgará o mundo com justiça através do homem que destinou (Atos 17.31). Assim
sabemos que o mal será julgado e destruído para sempre, como diz as Escrituras (Apocalipse 20.10) e esta
verdade final é que importa, e dela jamais podemos nos esquecer.

3. A árvore do conhecimento do bem e do mal


Muitas especulações foram levantadas através dos séculos sobre esta árvore de Genesis 2.17, e a primeira
coisa que temos a considerar é que a árvore do conhecimento do bem e do mal é um símbolo. Não no sentido
de que ela não tenha existido, mas que ela representava algo abstrato. Precisamos compreender que a árvore
desempenha um papel na oportunidade que dá, e não na qualidade que possui; como uma porta cujo letreiro
anuncia apenas o que há do outro lado dela. Pode não ter havido nada de excepcional acerca desta árvore.
Pode ter sido semelhante a muitas árvores do jardim, Distinguia-se pelo fato de que sobre ela estava a

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Discipulado

expressa proibição de Deus. Essa árvore era o alvo estabelecido pelo Senhor criador, mas o homem errou este
alvo.

Em que consiste o mal? A essência do mal está em não crer, não atender, não obedecer à proclamada, explícita
e ouvida ordem ou vontade de Deus. A essência do pecado é a desobediência à ordem de Deus. Alguém
resumiu assim: “ Quando o homem prova da arvore e morre, é o fato de desobediência a Deus que gera a
morte e não a ação do fruto sobre ele.”

4. Por que somos culpados pelo pecado de Adão?

As escrituras atestam que todo ser humano, qualquer que seja, está desqualificado desde o seu nascimento e
tem uma natureza decaída por causa de Adão. Todos nós herdamos uma natureza pecaminosa, uma terrível
inclinação para o pecado ( Sl 51.5). Em todos lugares encontramos pessoas violando os padrões éticos, morais
e espirituais estabelecidos. Ninguém os guarda perfeitamente. Uma simples observação da natureza humana
nos ajuda a verificar que não é necessário ensinar uma criança a pecar.

5. Existem níveis de pecado?


A Igreja católica romana historicamente faz diferença entre pecado mortal e pecado venial, o que significa que
alguns pecados são mais hediondos que outros. Pecado mortal é assim chamado porque é suficientemente
sério para destruir a graça salvadora na alma. Ele mata a graça, e por isso é chamado de mortal. Este conceito
foi rejeitado pelos protestantes do século XVI, uma vez que todo pecado é mortal, no sentido que merece a
morte. Porém, o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo é capaz de destruir a salvação que Cristo
adquiriu para nós. Portanto, podemos afirmar que em termos de culpa, todo pecado é sério, mas em termos de
consequência, os pecados podem ter efeitos diferentes.

II. Quatro respostas bíblicas acerca do pecado

1. Pecado é a incapacidade de alcançar o padrão estabelecido por Deus para os homens ( Ec 7.29) apesar
de Deus tê-lo feito para a Sua glória ( Is 43.7)
2. Pecado é a quebra da lei divina ( Tiago 2.10)
3. Todo pensamento mau é pecado ( Mateus 5.28; Mt 15.19-20)
4. Pecado é quando sabemos fazer o bem e não o fazemos ( Tiago 4.17;Romanos 3.9-18)
Sendo assim concluímos que o pecado é uma tendência humana para desviar-se da ordem dada por Deus e
estabelecer-se na sua própria posição, indo por seu próprio caminho.

III. Conceito de pecado no mundo atual


Em todas as épocas, muitos têm negado a necessidade humana de salvação. Isso provém, geralmente, de sua
concepção errônea de Deus e de uma visão incorreta do que seja pecado.

Ouve-se falar de pecado como uma ilusão, como autoimagem negativa e falta de confiança própria; como
uma doença ou como um simples erro de direcionamento na vida. Quando isso acontece, a obra redentora de
Cristo é necessariamente deformada, e naturalmente a expiação que Ele realizou é eliminada. Somente quando
reconhecemos o pecado em toda sua hediondez, como tudo o que contraria o caráter perfeitamente santo de
Deus, é que percebemos quão necessitado está o homem de salvação. Nossa necessidade se deriva de:

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Discipulado

Pecado pessoal Aqueles atos e atitudes individuais que contrariam o caráter santo de Deus –
omissão e a comissão
Natureza pecaminosa Condição em que se encontram todas as faculdades do homem, tornando-o
incapaz de agradar a Deus
Pecado imputado A culpa que todo homem carrega pela participação no pecado de adão

IV. Consequência do pecado de Adão para a raça humana

A queda corrompeu o homem integralmente: moral, espiritual, psicologia e fisicamente. Estes textos deixam
claro que o agente dominador da carne é o pecado ( Romanos 8.3; Gálatas 5.19-21; Efésios 2.3; Colossenses
3.5; Tiago 3.15).

A Bíblia nos relata as consequências do pecado sobre a raça humana:

1. Ausência de comunhão com Deus (Isaías 59.1-2)


2. Corrupção da natureza humana (Marcos 7.21-23)
3. Sentimento de culpa (Genesis 3.7)
4. Conflito com o próximo (Genesis 3.12; 4.8-16)
5. Sofrimento e morte (Romanos 6.23)

V. É possível vencer o pecado?

Alguns de nós sabemos que, a fim de prosseguirmos com Deus, muitas vezes é preciso ir contra os nossos
desejos e pensamentos, deixando a cruz de Cristo intervir e silenciar aquele apelo das nossa vontades. O autor
da carta aos Hebreus nos chama a resistir ao pecado que tão facilmente nos persegue, e nos adverte as tentar
superar tais pecados com mais empenho ( Hebreus 12.4). O apóstolo Paulo descreve sua experiência usando
uma ilustração esportiva ( 1 Coríntios 9.24-25) e nos ensina que a luta pela santificação é difícil, mas a vitória
é possível.

1. Precisamos praticar os exercícios do domínio próprio ( 1 Co 9.25): Todo atleta em tudo se domina.
Desta expressão vem a palavra agonia. Este domínio exige esforço, fazer o máximo possível, dar
duro. Não é um esforço frouxo, mas determinado. Precisamos identificar em nossa vida aqueles
desejos e atitudes que não conseguimos conter e colocá-los diante de Deus, abandonando-os.

2. Precisamos idealizar o objetivo ( 1 Co 9.26): Paulo sabia onde estava a faixa de chegada, Para ele, o
objetivo era estar face a face com o Senhor, na eternidade. E lá ele mantinha os seus olhos, por isso, o
desprendimento dos próprios interesses. Ele sabia qual era o seu alvo. Foi essa convicção que fez com
que o apóstolo afirmasse em Filipenses 3.14 “prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação
de Deus em Cristo Jesus”.

3. Precisamos morrer para nós mesmos ( 1 Co 9.27): Há uma ênfase na forma como Paulo trazia a sua
carne, isto é, os seus desejos carnais, em sujeição total. Ele não queria ser desqualificado, ou seja,
chegar ao final da corrida, mas não receberia a sua coroa.

Conclusão

Os cristãos não são apenas “pessoas boas”; são, ou espera-se que sejam, pessoas novas. Que cada um de nós
não nos tornemos apenas conhecedores da Palavra de Deus, mas operosos praticantes, que manifestam,
através de atitudes e ações, a nova vida que agora temos pela fé no Filho de Deus

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Discipulado

LIÇÃO 05 - O DISCÍPULO E A FÉ

Texto bíblico: “Se com tua boca confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” (Romanos 10.9)

Introdução

O Brasil é um país de multiforme cultura, onde se prega “fé” como um assunto que não se discute. Este fato
reforça a necessidade de repensarmos e discutirmos o valor da genuína fé salvadora, à luz da Bíblia. A
doutrina da salvação bíblica não acomoda uma fé pluralista, cujas diferentes expressões populares,
sofisticadas, intelectuais ou místicas, servem como diferentes maneiras de se falar a mesma coisa oi chegas ao
mesmo fim.

A fé e o arrependimento desempenham papel de cooperação no processo de salvação. O arrependimento sem a


fé não tem efeito, entretanto, a fé salvadora por si é suficiente. Fé em Cristo corresponde ao a abandono do
pecado, e abandono revela e fé em Cristo. Ou seja, fé e arrependimento apontam para Cristo como Salvador e
Senhor!

Abordaremos a verdadeira fé, trabalhando seu significado original discorrendo sobre mentiras e verdades,
levantando suas evidencias e definindo o que vem a ser crer em Cristo.

I. Fé no seu significado original


O conceito de fé no Antigo Testamento surge da raiz de alguns termos hebraicos que indicam “confiança
digna, lealdade e fidelidade”, “confiante descanso numa pessoa, coisa ou testemunho”, “aceitação da
veracidade de um testemunho”, “entrega confiante”, “esperança em Deus quanto ao presente e futuro”

No Novo testamento, fé é altamente preeminente. O substantivo no grego (fé, fidelidade, confiança, lealdade)
e o verbo cognato (crer, estar convencido, confiar, dar crédito) ocorrem ambos mais de 2409 vezes e o
adjetivo (fiel, confiável, digno de confiança) ocorre 66 vezes. Sua aplicação mais comum é de crença ou
convicção intelectual apoiada em testemunho ( 2 Co 4.13; Fp 1.27) e completa confiança ( Rm 3.22, 25; Ef
2.8).

No Evangelho de João, o verbo crer ocorre quase 100 vezes, e o seu uso mais forte focaliza a pessoa de Cristo,
a partir do propósito do livro em João 20.30. Para João, a fé revela a atitude mediante a qual o homem
abandona toda a confiança em seus próprios esforços para obter a salvação. A fé não consiste em aceitar
meramente as coisas como sendo verdadeiras, mas confiar numa pessoa, em Jesus Cristo.

II. Mentiras sobre a fé bíblica


Há alguns conceitos distintos que precisamos registrar, pois não dizem respeito a fé salvadora.

1. Fé intelectual
É necessário que o homem tenha conhecimento sobre a pessoa e obra de Cristo: “como crerão naquele de
quem nada ouviram” ( Romanos 10.14) Mas conhecimento de fatos sobre Deus ou Cristo não é suficiente
porque os pecadores tem conhecimento de Deus ( Salmo 19.1-4) e os próprios demônios tem conhecimento da
pessoa e das obras de Deus ( Tiago 2.19).

2. Fé histórica
Concordar com ou aprovar determinados fatos também ao basta. A fé salvadora vai muito além. Nicodemos
parecia concordar com fatos sobre a identidade e missão de Jesus, porém, isso não lhe garantia a entrada no

19
Discipulado

Reino dos Céus ( João 3.1-3). O rei Agripa acreditava nos profetas, mas não tinha a fé salvadora ( ?Atos
26.26-28). A fé histórica resulta da tradição ou educação religiosa.

3. Fé miraculosa
Muita gente acreditou no poder de Jesus após a multiplicação dos pães e peixes, a ponto de desejarem torna-lo
seu Rei ( João 6.14-15), porém, isto mão isentou que Jesus identificasse sua incredulidade ( João 6.26,64). O
interesse das pessoas dizia respeito somente àquilo que Ele poderia oferecer.

4. Fé temporal
Por ser passageira e momentânea esta fé se baseia na vida emocional e busca a satisfação pessoal. A parábola
do semeador ilustra muito bem a fé temporal que sucumbe às tribulações e provações da vida( Mateus 13.20-
22).

III. Verdades sobre a fé bíblica


A partir da Bíblia, a fé salvadora é apresentada como confiança.

1. Confiança individual
A fé salvadora é apresentada em termos individuais ( João 3.16,36; 6.47; At 16.31; Rm 1.16) Seu modo de
operação não se dá coletivamente, mas individualmente, Assim, como na experiência da vida cada pessoa
nasce e morre sozinha, o mesmo acontece com a fé salvadora.

2. Confiança pessoal
A fé salvadora não é mística, imaginária, psicológica ou relativa,; porém, real e pessoal ( Romanos 8,16) e
atinge integralmente o âmago do ser.

a. Esfera intelectual: reconhecimento real e positivo do Evangelho


b. B. Esfera emocional: Atração pela verdade e Pessoa de Cristo
c. Esfera volitiva; apropriação da verdade e da pessoa de Cristo

3. Confiança relacional
Por ser pessoal, a fé salvadora também se caracteriza como uma experiência relacional. Através da fé
salvadora o pecador justificado entre na esfera de eterna comunhão e filiação com Deus (João 1.12; João
6.37; 7;37; 14.16; Mt 11.28-30)

“Fé salvadora é a “convicção produzida pelo Espírito Santo no coração, quanto à veracidade do
Evangelho, e uma segurança (confiança) nas promessas de Deus em Cristo”

Luis Berkhof

IV. Nas evidências da fé


A Bíblia ensina que a fé salvadora apresenta evidencias internas e externas

1. Internamente: Ministério do Espírito Santo, habitando em cada salvo ( Romanos 8.9); 1 João 4.13) e
testificando o seu relacionamento com Deus ( Romanos 8.16).
2. Externamente: Sinais da nova vida refletindo a transformação em Cristo, a qual, entre outra
evidencias, manifesta:
a. Fome e obediência À palavra de Deus ( João 5.24; 1’4;21; 1 Pe 2.2-3)
b. Desejo de orar ( Romanos 12.12; Cl 4.2; 1 Ts 5.17-18)
c. Amor pelo povo de Deus ( João 13.34-35; Hebreus 10.24-25)
d. Abandono do pecado ( Tt 2.11-12; 1 Co 6.9-11); 1 Pe 1.14-16)

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Discipulado

e. Repúdio ao ocultismo e à idolatria ( Atos 19.18-20); 1 Ts 1.9)


f. Testemunho espontâneo do amor de Deus ( Atos 1.8; 4.10; 1 Pe 3.15).

V. O significado de crer em Jesus


O exclusivo objeto da fé salvadora é Jesus Cristo. Crer em Cristo implica em não depender nem confiar mais
na religiosidade, cerimonialismo, rituais, misticismo, boas obras, piedade, instituições religiosas, pessoas ou
ética pessoal com vistas a algum merecimento eterno. Mas depender e confiar unicamente na graça de Deus
estendida aos pecadores através de Cristo, o Filho de Deus ( João 20.21),que foi morto em lugar de pecadores
e ressuscitou a terceiro dia ( Romanos 10.8-9); 1 Co 15.3-4) e é o único meio de salvação ( João 3.16; 6.47;
14.6; 2 Co 5.17; Ef 2.8-1-; 1 Tm 2.5-6).

Conclusão

A fé em Cristo não é somente a base de nossa salvação, mas a provisão para a vida cristã, santificação,
crescimento e amadurecimento. Que você, como salvo, posa a cada dia reafirmar as palavras de Paulo: “já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne,
vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim ( Gálatas 2:20)

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Discipulado

LIÇÃO 06 – A ALEGRIA DE FAZER PARTE DA IGREJA.

Texto bíblico: “ Alegrei-me quando me disseram: “Vamos à caso do Senhor”! (Salmo 122.1).

Introdução

Não existe nada melhor que ser crente e fazer parte da família de Deus. Este sentimento de alegria parece ser
algo estranho hoje em dia, Muitos têm feito da sua participação na igreja, um exercício de rotina e
formalismo, sem alegria e contentamento espiritual. O autor do Salmo 122 expressa a sua alegria: Alegre-me
quando me disseram: Vamos à caso do Senhor. Ele ficou extremamente alegre por ser convocado a ir para a
Casa de Deus, que estava construída em Jerusalém. Este sentimento era compartilhado por todo judeu,
principalmente por aqueles que estavam exilados na Babilônia, os quais cantavam: Jerusalém, a minha maior
alegria (Salmo 137.6).

Ser da Igreja de Deus e poder ir à igreja devem ser motivos de alegria para um cristão.

1. Alegria por causa da natureza da Igreja.


Há neste salmo três figuras que ilustram a natureza do Senhor:

a. Casa de Deus. A casa do Senhor tem dois sentidos bíblicos: espaço físico separado para cultuar a Deus (1
Crônicas 29.3; 2 Crônicas 7.2) e igreja povo comprado e redimido por Jesus (Efésios 2.20-21; 1 Pedro
2.5,9,10). O apóstolo Pedro usa a expressão “casa espiritual”, um simbolismo do templo do Antigo
Testamento, como a casa ou moradia de Deus. No Novo Testamento, a igreja habitada pelo Espírito
Santo, é o único e verdadeiro templo ou casa de Deus ( Efésios 2.19-22; 2 Coríntios 6.16). Por isso
devemos sentir alegria em vir à igreja. Devemos desejar a comunhão com os irmãos, no templo ou nas
casas. Somos Igreja, povo de Deus, para vivermos em comunhão fraternal.
Lembre-se que o céu é a casa do nosso Pai, o nosso lar celestial ( Salmo 23.6; João 14.1-3).

b. Jerusalém Celeste. A cidade de Jerusalém aponta para a Jerusalém celestial, a cidade eterna, a igreja
redimida reunida no céu ( Gálatas 4.26). A história de Deus começa num jardim ( Genesis 2) e termina
numa metrópole celestial ( Apocalipse 21).
O autor da carta aos Hebreus fala da igreja como a cidade do Deus vivo ou a Jerusalém celestial, povo
redimido e arrolado nos céus ( Hebreus 12.22,23). Os heróis da fé venceram por causa da aspiração por
essa pátria celestial e superior ( Hebreus 11.16).
Quem faz parte da igreja não vive isolado, triste e acabrunhado. A igreja é a comunidade daqueles que
tem destino certo e seguro. É o povo da esperança! Não existe no mundo e na história um povo tão
especial.

c. Palácio do Rei. O palácio do Rei é onde mora a família real ( 1 Crônicas 29.1). Todo cristão faz parte
da família de Deus, a verdadeira família real. A igreja de Jesus é raça eleita, o sacerdócio real, a nação
santa e o povo exclusivo de Deus ( 1 Pedro 2.9; Apocalipse 1.5,6). Jesus revela o seu reinado e
senhorio através da Igreja ( Efésios 1.21-23). Pela graça de Deus, Ele nos ergueu do pó, tirou-nos do
lixão e nos fez assentar com os príncipes do seu povo ( Jó 36.7). a igreja é a família e o rebanho de
Deus ( Efésios 2.18); João 10.16), é o Israel de Deus ( Gálatas 6.16). Meu irmão sinta-se feliz e
honrado em fazer parte da Igreja. Não deixe de congregar! Busque comunhão com Deus e com seus
irmãos.

2. Alegria por causa da importância da Igreja

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Discipulado

A Bíblia jamais utilizou o termo IGREJA para designar um prédio ou uma denominação. A igreja é o povo de
Deus ( Lucas 1.68;2.30-32), a comunidade dos eleitos, chamados, justificados e glorificados por Deus (
Romanos 8.28-30). No salmo 122, o salmista fala da casa do Senhor, como lugar de adoração, lugar de
instrução e lugar de serviço.

a. Lugar de acolhimento: O salmista diz que é para onde sobem as tribos, as tribos de Israel ( Salmo
122.4). A igreja é local de acolhimento, ajuntamento e comunhão. A igreja é importante porque acolhe o
perdido. E por isso que um dos filhos de Coré declarou: “O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho
para si, que acolhe os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos exércitos. Rei meu, Deus meu ( Salmos
84.3). No salmo 100, o salmista compara a igreja a um rebanho; somos o seu povo e rebanho do seu
pastoreio ( Salmo 100.3). Jesus usa esta mesma comparação, dizendo: As minhas ovelhas ouvem a minha
voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará de minha mão ( João 10.27-28).
b. Lugar de adoração. O salmista afirma que é para a Igreja que o povo de Deus vai com objetivo claro:
para renderem graças ao nome do Senhor ( Salmo 122.4). A Igreja é a congregação daqueles que adoram e
louvam a Deus, em espírito e em verdade. Por isso o salmista diz que os fiéis devem louvar a Deu, na
assembleia dos santos (Salmo 149.1). Bendizei ao Senhor, vós todos, servos do Senhor, que assistis na
Casa do Senhor, nas horas da noite (Salmo 134.1). Os discípulos de Jesus sempre iam ao templo para
louvar ( Lucas 24.52,53).

c. Lugar de instrução. O profeta Malaquias diz: Porque os lábios do sacerdote devem guardar o
conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar instrução, porque ele é mensageiro do Senhor dos
Exércitos ( Malaquias 2.7). Os sacerdotes exercitam o seu ministério no templo e as pessoas iam lá para
serem instruídas. Jesus sempre ia ao templo para ensinar ( Mateus 26.55). A igreja é o local propício para
o estudo e a meditação da palavra de Deus (Salmo 27.4). O crente deve ir à igreja para ouvir a pregação da
Palavra.

d. Lugar de trabalho. A segunda parte do Salmo fala sobre as bênçãos desejadas pelo crente em favor da
igreja. Este desejo pelo bem da Igreja resulta do amor a Deus e aos seus irmãos e amigos. Duas bênçãos
são desejadas: Paz e prosperidade. Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios (
Salmo 122.7). O salmista transforma seu desejo em atitude, identificando-se como alguém que trabalha
para o bem da Igreja. Há duas maneiras de transformarmos esses desejos em atitude. A primeira é orando
pela igreja e na Igreja. Deus declara: Estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração
que se fizer neste lugar ( 2 Crônicas 7.15). A segunda, é trabalhar ou empenhar-se pelo seu bem e para
seu desenvolvimento. A base deste trabalho encontra-se na doutrina dos dons espirituais, quando todo
membro do corpo recebe um dom espiritual. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo
naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda
junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si
mesmo em amor ( Efésios 4.15-16).

Conclusão

Participar da Igreja é o maior privilégio que uma pessoa pode receber de Deus. Apresentamos alguns motivos
pelos quais devemos amar a igreja:

1. A igreja é a única instituição que nosso Senhor prometeu edificar e abençoar ( Mateus 16.18).
2. A Igreja é o lugar de reunião dos verdadeiros adoradores ( Filipenses 3.3).

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Discipulado

3. A Igreja é assembleia mais preciosa sobre a terra, uma vez que Cristo a adquiriu com o seu próprio
sangue ( Efésios 5.25; 1 Coríntios 6.19).
4. A Igreja é expressão terrena da realidade celestial (Mateus 6.10).
5. A igreja por fim triunfará, tanto no âmbito local como universal ( Filipenses 1.6).
6. A Igreja é a esfera de comunhão espiritual ( Hebreus 10.22-25).
7. A Igreja é quem proclama e protege a verdade divina ( 1 Timóteo 3.15).
8. A Igreja é o local principal de edificação e crescimento espiritual ( Efésios 4.11-16).
9. A igreja é plataforma de lançamento para evangelização do mundo ( Tito 2.11).
10. A Igreja é o ambiente em que se desenvolve e amadurece uma liderança espiritual ( 2 Timóteo 2.2).
Algumas razões pelas quais devemos ir à igreja:

1. Vou à igreja hoje porque a Bíblia ordena que eu não deixe de congregar como fazem alguns (Hb 10.25).
2. Vou à igreja hoje porque ela é o corpo de Cristo e, como membro desse corpo, minha presença, cooperação e serviço
são importantes para seu bom funcionamento (Ef 4.16).
3. Vou à igreja hoje porque essa será uma forma de expressar a verdade de que estou andando na luz, mantendo
comunhão com meus irmãos (1Jo 1.7).
4. Vou à igreja hoje porque o Espírito Santo habita não somente no meu corpo físico, mas também na comunidade da fé
e anelo desfrutar dessa presença da maneira mais intensa possível (Ef 2.21,22).
5. Vou à igreja hoje porque sou um servo do Senhor e a Bíblia afirma que a adoração conjunta é uma forma de servi-lo
(At 13.2).
6. Vou à igreja hoje porque ali serei equipado para o serviço do Reino por meio da ministração dos pastores e mestres
(Ef 4.11,12).
7. Vou à igreja hoje porque amo a Jesus e a forma mais clara de provar isso é por intermédio do cuidado de suas ovelhas,
possível somente quando mantenho a proximidade delas (Jo 21.15).
8. Vou à igreja hoje porque Satanás não quer que eu vá e anela que eu a abandone totalmente afinal (1Ts 3.5).
9. Vou à igreja hoje porque, depois de passar uma semana testemunhando tantas podridões no mundo ao meu redor,
preciso de restauração num ambiente amigo, instrutivo e santo (Cl 3.16).
10. Vou à igreja hoje porque onde está o pastor, ali deve estar a ovelha; onde está o mestre, ali deve estar o discípulo; e
onde está o Senhor ali deve estar o servo (Jo 12.26).
11. Vou à igreja hoje porque uma igreja vazia desanima o pregador, levando-o a realizar o trabalho sem motivação e,
como servo do Reino, a última coisa que eu quero que aconteça é que os mestres da Palavra percam o entusiasmo (At
4.29).
12. Vou à igreja hoje porque um número maior de pessoas presentes a tornará mais alegre, viva e animada e quero
contribuir para que isso ocorra (At 2.42-47).
13. Vou à igreja hoje porque ali receberei alimento espiritual e não posso passar dias a fio sem receber esse alimento (Mt
4.4).
14. Vou à igreja hoje porque em cada ajuntamento dos santos, o Senhor ministra sua graça de forma diferente, de
maneira que o que eu perder hoje jamais poderei recuperar amanhã (At 4.31).
15. Vou à igreja hoje porque um número maior de pessoas oferece ao Senhor um louvor mais forte, bonito e vibrante e
isso se harmoniza melhor com a glória que é devida ao seu nome (Sl 148).
16. Vou à igreja hoje porque, como os falsos mestres e os crentes nominais dizem a todo tempo que é perfeitamente
possível viver bem longe dela, não quero que esses servos do diabo apontem para mim como uma prova enganosa de
suas mentiras (1Tm 4.1,2).
17. Vou à igreja hoje porque, geralmente, o crente que não leva isso a sério acredita na ilusão de que está bem
espiritualmente e que pode abrir mão do culto coletivo, sendo essa a causa de muitas quedas(1Co 10.12).
18. Vou à igreja hoje porque outras pessoas, como meu cônjuge e filhos, dependem de mim para ir e não posso privá-las
dessa influência santa que pode marcar sua vida, protegê-las do erro e até livrá-las do mal para sempre (Js 24.15)
19. Vou à igreja hoje porque uma igreja fraca nesta geração será uma igreja morta na próxima e não posso sequer sonhar
em dar qualquer contribuição para que essa tragédia ocorra (Jz 2.10-12).
20. Vou à igreja hoje porque é preciso inculcar, nas crianças que ali frequentam, o padrão de uma igreja forte, a fim de
que elas almejem reproduzir esse mesmo padrão em suas próprias igrejas quando forem adultas (Pv 22.6).
21. Vou à igreja hoje porque quero que os visitantes que ali estiverem vejam uma reunião calorosa e dinâmica, a fim de
que tenham um vislumbre real do que é a comunhão cristã e se sintam atraídos por ela (Jo 13.35).
22. Vou à igreja hoje porque chegará o dia em que não terei mais forças para ir e, nesse dia, quero me alegrar com a
lembrança de todas as minhas idas, em vez de chorar todas as minhas ausências (Ec 12.1).

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Discipulado

Disponível em http://www.igrejaredencao.org.br/ibr/index.php?option=com_content&id=1209:por-que-vou-a-igreja-hoje-parte-
1&Itemid=114#.UmkQTFOmZ8w

PORQUE IR À IGREJA?

Um frequentador de igreja escreveu para o editor de um jornal e declarou que não faz sentido ir aos cultos
todos os domingos. “Eu tenho ido à igreja por 30 anos e durante este tempo devo ter ouvido uns 3.000
sermões. Mas, por minha vida, com exceção de um ou outro, eu não consigo lembrar-me da maioria deles...
Assim, eu penso que estou perdendo meu tempo e os pastores também estão desperdiçando o tempo deles".

Esta carta iniciou uma grande controvérsia na coluna "Cartas ao Editor", para alegria do editor chefe do jornal,
que recebeu diversas cartas, das quais, ele decidiu publicar esta resposta de outro leitor:

"Eu estou casado há mais de 30 anos. Durante este tempo minha esposa deve ter cozinhado umas 3.000
refeições. Mas, por minha vida, com exceção de uma ou outra, eu não consigo me lembrar da maioria delas,
mas de uma coisa eu sei, todas elas me nutriram e me deram a força que eu precisava para fazer o meu
trabalho. Se minha esposa não tivesse me dado estas refeições, eu e nossos filhos estaríamos desnutridos ou
mortos. Da mesma maneira, se eu não tivesse ido à Igreja para alimentar minha alma e de minha família,
estaríamos hoje em terríveis condições espirituais".

LIÇÃO 07 - AS DISCIPLINAS DA VIDA CRISTÃ

Texto biblico: “Exercita-te a ti mesmo em piedade. Porque o exercício corporal para pouco aproveita,
mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir” (1 Tm 4.7,8).

Introdução

Infelizmente, pouca importância damos às disciplinas da vida cristã. Mostram as Escrituras, todavia, que, sem
o seu exercício, jamais alcançaremos o alvo que nos traçou Deus através de Cristo: a estatura de um ser
humano perfeito, como perfeito era Adão antes de haver transgredido a lei divina.
Por que as disciplinas da vida cristã são tão importantes? Em que reside o seu mérito? Em sua doutrina? Ou
em sua devoção? Aliás, que doutrina não é devocional e que devoção não é doutrinal? Os santos do Antigo e
do Novo Testamento, em sua peregrinação rumo à Jerusalém Celeste, disciplinavam-se de tal forma que,
ousada e bravamente, venceram um mundo comprometido com o maligno.
Deseja você também triunfar? Não se esqueça das disciplinas espirituais. Ande como Jesus andou; torne-se
parecido com o seu Senhor.

I. O que são as disciplinas da vida cristã

John Wesley cultivava a piedade, de tal maneira, que os seus colegas, na universidade, apelidaram-no de o
metodista. No orar e no estudar a Bíblia, metódico. Erguendo-se ele como um perfeito exemplo de vida cristã,
não lhe foi penoso avivar a Inglaterra no século 18. Wesley sabia o quanto são importantes, para o crente, as
disciplinas devocionais (Tt 1.7,8).
1. Definição. Disciplinas da vida cristã são os exercícios espirituais, prescritos na Bíblia Sagrada, cujo
objetivo é proporcionar ao crente uma intimidade singular com o Pai Celeste, constrangendo os que nos
cercam a glorificar-lhe o nome (Hb 12.8).
2. Elementos das disciplinas da vida cristã. De conformidade com as Sagradas Escrituras, estas são as
disciplinas a que deve submeter-se o crente: adoração a Deus, leitura diária e sistemática da Bíblia, oração,

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Discipulado

serviço, mordomia do corpo e dos bens, etc. Tem você se dedicado a essas observâncias? Outros elementos,
igualmente valiosos, poderiam ser aqui arrolados; estes, porém, já são mais do que suficientes, para mostrar a
sublimidade de nossa carreira cristã.

II. Símbolos das disciplinas da vida cristã

Há pelo menos três figuras que salientam as disciplinas da vida cristã: o soldado, o atleta e o agricultor. Sem
exercício, perseverança e sacrifício pessoal, jamais seremos bem-sucedidos quer no campo de batalha, quer
nas competições públicas ou no amanho da terra (Pv 23.23).

1. A disciplina do soldado( 2Tm 2.3-5).Tinha o apóstolo, em mente, o antigo soldado grego que, no campo
de batalha, preferia o sacrifício da própria vida a existir sem honra. No sentido metafórico se refere aquele
que suporta sofrimento na causa de Cristo. O apostolo Paulo no seu ensino a Timóteo, seu filho na fé, para
que ele melhor estendesse usa esta metáfora, comparando o ministro cristão ao soldado da época, isto é,
seu treinamento, sua ação, combate e sofrimento pela causa na função que exercia. Assim entendemos que
como cristãos que somos temos esta responsabilidade diante do Senhor, de sermos bons soldados de
Cristo. Para isto acontecer precisamos ter o cuidado para não nos embaraçar com negócio desta vida.
Também precisamos possuir as armaduras de Deus Ef 6.10-18.

2. A disciplina do atleta: (1Co 9.24,25):A figura do atleta disputando em um estádio. Paulo estava falando
neste texto de um estádio do comprimento de 600 pés gregos ou um oitavo de milha romana Mt 14.24; Lc
24.13; Jo 6.19; 11.18; Ap 14.20; 21.16. Se naqueles estádios, punham-se os competidores a lutar por uma
vitória efêmera e corruptível, nós avançamos em busca de eternos galardões. Por isto temos de, à
semelhança daqueles atletas, portar-nos de maneira viril e disciplinadamente: "E todo aquele que luta de
tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível" (1 Co
9.25).

3. A disciplina do agricultor. A agricultura é a mais antiga das ciências; foi o primeiro trabalho de Adão e
Eva (Gn 1.26-30). O cultivo da terra, principalmente depois da queda de nossos primeiros pais, tornou-se
estressante e árduo. Eis porque o agricultor tanto carece de disciplina e paciência: "O lavrador que
trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos" (2 Tm 2.6). No cultivo do fruto do Espírito também não
devemos prescindir de disciplina e paciência. Afinal, temos de melhorar a cada dia, refletindo em tudo a
imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tem você agido com disciplina em seu cotidiano? Porta-se com a bravura e o desprendimento do soldado no
combate às forças do mal? Abstém-se dos entretenimentos mundanos na conquista da coroa incorruptível? E o
fruto do Espírito? Vem você cultivando-o pacientemente como aquele que lavra a terra?

III. A eficácia das disciplinas da vida cristã

Na História das Assembléias de Deus no Brasil, o irmão Emílio Conde narra como o Movimento Pentecostal
chegou aos longes mais desconhecidos de nosso país. Diante daqueles relatos, é-nos impossível conter a
pergunta: "Como Daniel Berg e Gunnar Vingren lograram tal façanha?" Disciplinados na piedade, foram
capazes de suportar o insuportável e, assim, alargar as fronteiras do Reino de Deus.

1. As disciplinas da vida cristã são eficazes contra o pecado. Exilado em Babilônia, Daniel jamais
deixou-se atrair por aqueles deuses belicosos e sensuais. Afinal, quando ainda adolescente, propusera

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Discipulado

no coração não se contaminar com os manjares e vinhos do rei (Dn 1.8). E, assim, pôde ele caminhar
toda uma longevidade na presença de Deus. Tinha o profeta suficiente disciplina, a fim de recusar as
ofertas da mais luxuriante metrópole do século VI a.C. Você é suficiente forte para dizer não ao
pecado?
2. As disciplinas da vida cristã são eficazes no serviço cristão. Foi Paulo, certamente, o mais aplicado
missionário do Cristianismo. Em pouco tempo, quer acompanhado por Barnabé, quer auxiliado por
Silas, logrou o apóstolo espalhar a mensagem cristã de Antioquia a Roma. Disciplinadíssimo, possuía
um senso de abnegação tão grande que, mesmo às vésperas de sua execução pelas autoridades
romanas, não deixou de anunciar as Boas Novas de Salvação (2 Tm 4). Deseja você alcançar a
excelência no serviço cristão? Aja como um soldado, porte-se como um atleta e cultive a perseverança
do agricultor.
3. A autêntica autodisciplina

a. É olhar para as prioridades essenciais da vida


 Com disposição no combate espiritual - 2 Tm 2.3 Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom
soldado de Jesus Cristo Jo 16.33 Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.
 Com disciplina no objetivo espiritual - 2 Tm 2.4 Ninguém que milita se embaraça com
negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. Lc 9.62 E Jesus lhe
disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.
 Com fidelidade no esforço espiritual - 2 Tm 2.5 E, se alguém também milita, não é coroado se
não militar legitimamente I Co 15.58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e
constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no
Senhor.
b. É olhar para os verdadeiros valores da vida

 O que é digno de ser cultivado - 2 Tm 2. 6 O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar
dos frutos 2 Co 9.6 E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que
semeia em abundância, em abundância ceifará.
 O que é digno de ser alcançado - 2 Tm 2. 7 Considera o que digo, porque o Senhor te dará
entendimento em tudo. Rm 12.2 E não sede conformados com este mundo, mas sede
transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus
 O que é digno de ser praticado - 2 Tm 2.9 Pelo que sofro trabalhos e até prisões, como um
malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa. 2. Tm 4.2 Que pregues a palavra, instes a
tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.

c. É olhar para a preparação superior da vida

 Faça a obra com abnegação - 2 Tm 2.10 Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos,
para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. Mt
16.24 Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a
si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;
 Faça a obra com fidelidade - 2 Tm 2.11 Palavra fiel é esta: que se morrermos com ele,
também com ele viveremos Sl 101.6 Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para
que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.

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 Faça a obra com convicção - 2 Tm 1.12 se sofrermos, também com ele reinaremos; se o
negarmos, também ele nos negará. Fp 3.14 Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana
vocação de Deus em Cristo Jesus.

Conclusão

Sem disciplina, não poderemos jamais agradar ao que nos arregimentou para o seu exército. Adoremos, pois, a
Deus. Leiamos a Bíblia. Oremos. E exerçamos a mordomia de nossos corpos, haveres e tempo. Somente assim
haveremos de exaltar a Cristo em nosso ser.
Os heróis da fé “não fruíram logo os seus troféus”, conforme cantamos em nossos cultos de oração. Antes,
lutaram de forma denodada e fidelíssima, até que o Senhor fosse plenamente glorificado em seus corpos.
Quando lemos o capítulo 11 de Hebreus, fascinamo-nos, de imediato, por aqueles homens e mulheres que, na
marcha para os céus, operaram o impossível. O segredo? A disciplina da piedade.
Sejamos disciplinados em tudo; dominemo-nos em todas as coisas.

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LIÇÃO 08 - ORAÇÃO: O DIÁLOGO DA ALMA COM DEUS

Texto bíblico: Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com
toda perseverança e súplica por todos os santos (Efésios 6.18)

Introdução

A oração distingue os discípulos de Jesus como a mais excelente e única comunidade de clamor da história (
Atos1.14). ´a oração é o ato pelo qual o crente, através da fé em Cristo Jesus e mediante a ação intercessora do
Espírito Santo, aproxima-se de Deus com o propósito de adorá-lo render-lhe ações de graça, interceder pelos
salvos e pelos não salvos, e apresentar-lhe as petições de acordo com a Sua suprema e inquestionável vontade
(Romanos 8.26; João 15.16).

I. Os fundamentos e os objetivos da oração

1. A doutrina da oração tem seus fundamentos:

a. Nos ensinos da Bíblia.


b. Na necessidade de o homem buscar a Deus.
c. Na experiência dos homens e mulheres que porfiaram em desejar a presença de Deus.
d. Na convicção de que Ele é bom para nos atender as petições.

2. Os objetivos da oração

O pastor erudito Mathew Henry, discorre sobre um dos objetivos da oração: “Quando Deus pretende dispensar
grandes misericórdias a seu povo, a primeira coisa que faz é inspirá-lo a orar”. Todos já nos sentimos
impulsionados a orar com mais intensidade nos momentos de decisão e de angústias; não podemos viver
distanciados da presença divina.

a. Buscar a presença de Deus. “Quando tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: O
teu rosto, Senhor, buscarei” (Salmo 27.8). Seja nos primeiros alvores do dia, seja nas ultimas trevas da
noite, o salmista jamais deixava de ouvir o chamado de Deus para contemplar-lhe a face.

b. Agradecê-lo pelos imerecidos favores. Se nos limitarmos às petições, nossa oração jamais nos
enlevará ao coração do Pai. Mas se, em tudo, lhe dermos graças, até mesmo nas tribulações que nos
sitiam a alma, haveremos de ser surpreendidos pelos cuidados divinos ( Sl 116.12-14)

c. Interceder pelo avanço do Reino de Deus. Na oração modelo, insta-nos o Senhor Jesus a orar:
“venha o teu Reino” ( Mateus 6.10). No Novo testamento, os apóstolos, mesmo às voltas com as
perseguições, quer dos gentios, quer dos judeus rebeldes, oravam, a fim de que, em momento algum,
a Igreja de Cristo acabasse por ser detida em seu avanço rumo aos confins da terra.

d. Apresentar a Deus nossas necessidades. Não temos de preocupar-nos com as nossas carências; em
glória, o Pai celeste no-las supre ( Filipenses 4.19). Além disso, Ele é “poderoso para fazer [...] além
daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera ”(Efésios 3.20).

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e. Confessar a Deus nossos pecados e faltas ( Daniel 9.3-6). Não se limitava Daniel a confessar os
pecados de seu povo; nessa cofissão, sentida e repassada por um pranto incontido, também se incluía.
3. Cultivando o hábito da oração
John Bunyan, autor de “O Peregrino”, um dos maiores clássicos da literatura evangélica, faz-nos uma séria
observação: “Jamais serás um cristão, se não fores uma pessoa de oração”. Todavia, de que forma poderemos
nós cultivar a prática da oração?

a. Orar cotidianamente. Quantas vezes devemos nós orar por dia? Fizéssemos a pergunta a Bunyan,
responder-nos-ia: “Ore continuamente”. Alias, esta é a recomendação das Sagradas Escrituras aos que
desejam vencer o mundo ( 1 Ts 5.17)

b. Sem interferências. “ Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora e Teu
Pai, que vê o que está oculto; e o Teu Pai, que vê o que está oculto te recompensará ( Mateus 6.6).
Quando você estiver orando não admita nenhuma interferência: desligue o celular, o computador,
enfim, desligue-se do mundo à sua volta. Nada é tão importante do que a audiência que você marcou
com Deus.

II. Princípios da oração

1. Bom é saber que temos um relacionamento com Deus – Jesus nos incentiva a orar, pois nada nos dá
mais segurança do que a certeza de que estamos sendo ouvidos. Quando Salomão acaba de construir o
templo e o consagra ao Senhor, Deus faz uma linda declaração de amor ao relacionamento com o ser
humano: “ De hoje em diante meus olhos estarão abertos e os meus ouvidos atentos às orações feitas neste
lugar...meus olhos e meu coração nele sempre estarão ( 2 Crônicas 7.15-16).

 O relacionamento com Deus deve ser persistente: “Pedi...buscai...batei...” (Mateus 7.7). Talvez estas
palavras tenham sido deliberadamente colocadas em escala ascendente de persistência. Todos os três
verbos estão no imperativo e indicam a perseverança que devemos ter em nossas petições a Deus.

 O relacionamento com Deus se estende a todas as pessoas. “pois todo o que pede recebe; o que
busca encontra; e a quem bate, abri-se-lhe-á” (Mateus 7.8). O relacionamento com Deus é estendido a
todos os que querem.

2. Bom é saber que Deus nos atende conforme a sua vontade – Jesus exemplifica este segundo principio
precioso através de uma pequena parábola ( Mateus 7.9-11). Ele usa o exemplo que todos os Seus
ouvintes eram familiarizados: uma criança faminta pede a seu pai um pedaço de pão ou de peixe para
saciar a fome. Qual é o pai que não atenderá a este simples pedido? Será que o ser humano é tão mal a
ponto de um pai oferecer algo que prejudicaria seu filho? Jesus está dizendo que os pais, ainda que sejam
maus, isto é, egoístas por natureza, amam a seus filhos e lhe dão coisas boas. Se pessoas decaídas,
depravadas espiritualmente são capazes de oferecer e fazer coisas boas imagine Deus sendo bom, santo e
sábio! O que ele é capaz de oferecer aos Seus filhos ( Mateus 7.11)?

Devemos ter o coração profundamente grato por isso. Mas é bom lembrarmos que Deus não nos oferece
tudo o que lhe pedimos, pois Ele não está comprometido em fazer assim ( 1 João 5.14). Imagine o Senhor
respondendo todos os desejos de Adolf Hittler ou de Saddan Hussein ou mesmo todos os nossos pedidos.
Martyn Lhoyd-Jones escreveu: “Em minha vida anterior, tal como sucede a todos os outros, com
frequência fiz a Deus certos pedidos; tenho pedido que Deus faça determinadas coisas, nas quais na

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oportunidade eu desejava e cria que fossem as melhores para mim. Mas agora nas atuais circunstancias em
que vivo, volvendo os olhos para o passado, assevero que estou profundamente grato ao Senhor por Ele
não me haver concedido certas coisas que eu lhe havia pedido”.
Algumas vezes Deus fecha algumas portas em nossa cara, embora no momento não pareça ser legal, não
ficamos felizes e satisfeitos, e até nos revoltamos. Mas Deus é bom e sábio, conhece quais dádivas são
boas e quais realmente não são. Creia nisso: “ a vontade do Senhor sempre é “boa, perfeita e agradável”
(Romanos 12.2)

III. Visão distorcida da oração

1. A oração é descabida: Alguém diz: “Se necessito informar os meus pedidos a Deus para que Ele
saiba, então este Deus é pequeno demais”. Ou, “se Deus já sabe, por que orar?” Nossa resposta deve
ser: “ Deus espera que lhe peçamos, não porque permaneça ignorante até que falemos. O motivo
relaciona-se conosco, não com Ele. A questão não é se Deus pode ou tem poder para nos oferecer
coisas excelentes, mas se estamos prontos a receber tais coisas. A oração é a maneira escolhida por
Deus para expressarmos a nossa consciente necessidade e a nossa humilde dependência Dele.

“A oração não transforma Deus, mas transforma aquele que ora ( James Houston)”

2. A oração é desnecessária: Alguns podem dizer o seguinte: “ tenho amigos que não são cristãos,
consequentemente não oram e tem um emprego melhor que o meu, portanto a oração é desnecessária
porque as coisas vão acontecer em minha vida mesmo sem eu orar.” Neste ponto temos que nos
lembrar da graça comum de Deus, que são todos os benefícios que Ele oferece tanto para justos como
para injustos ( Mateus 5.45). Porém, há também a graça específica, que é fruto do relacionamento do
cristão com Deus. Devemos, portanto, fazer uma diferenciação das bênçãos de Deus como Criador
(para todos) e das bênçãos de Deus como Pai (para seus filhos) ( Romanos 10.12-13). A oração é
necessária, pois se oramos pelo pão de cada dia ( Mateus 6.11), não é porque tememos morrer de
fome (pois muitos não oram e recebem o pão, sem agradecer), mas oramos por saber que o pão vem
de Deus, e por sermos filhos, é apropriado reconhecermos a nossa dependência e a nossa gratidão.

3. A oração é improdutiva: Alguns podem pensar que a oração é improdutiva pelo fato de muitas de
nossas orações não serem respondidas conforme solicitamos a Deus. A Bíblia apresenta exemplos de
orações não respondidas: Moisés pede para entrar na terra prometida, e qual a resposta de Deus? Não!
(Dt 3.23-29). Devemos nos lembrar que Deus não é um servo pronto a atender todos os nossos
pedidos, sejam eles quais forem. Oração é diálogo com Deus, não é imposição!

Conclusão

Podemos concluir esta lição tomando conhecimento de algumas verdades:

 Oramos porque reconhecemos nossa dependência de Deus


 Oramos porque Deus é Pai – isto requer obediência e submissão à sua boa, perfeita e agradável vontade.
 Qual é a vontade de Deus? – isto requer conhecimento da Palavra.
 Oração requer fé ( Hebreus11.1-6) – uma coisa é conhecer a vontade de Deus, outra é nos humilharmos
diante Dele e expressarmos nossa confiança.
 O amor a Deus, à Igreja , à obra evangelística são a base de nossa motivação para orarmos.
 Deus nunca erra – isto requer satisfação e contentamento

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LIÇÃO 09 - O DISCÍPULO E O JEJUM

Texto bíblico: “quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os
seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, Para não pareceres aos homens que
jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente.”(Mateus 6:16-18)

Introdução:

Chegamos a um dos aspectos da vida cristã menos pregado, ensinado e vivido nos últimos tempos. Ouve-se
que para sermos crentes espirituais é necessário orar, ler a Bíblia e ter comunhão com a igreja, ser dizimista...
Todos estes aspectos são essenciais na vida de cada crente em Jesus, mas algo que pouco ouvimos como sinal
de nossa espiritualidade é a pratica do jejum

Podemos destacar dois aspectos para o descrédito do jejum em nossos dias:

 O jejum, como resultado das excessivas práticas ascéticas da Idade Média: Esse fenômeno deu ao
jejum uma péssima reputação. Foi submetido aos mais rígidos regulamento e praticado com extrema
automortificação e flagelação. A cultura moderna reagiu com muita força a esses excessos e foi
tendenciosa a ponto de confundir jejum com mortificação.
 O jejum foi esquecido por uma preocupação excessiva com a saúde. A propaganda convenceu-nos de
que se não tomarmos três boas refeições ligeiras, corremos o risco de não ter boa saúde e, quem sabe,
até morrer de fome.

Quem tentar jejuar pode ser bombardeado da seguinte maneira: “o jejum é prejudicial à saúde, ele minará as
suas forças e você não poderá trabalhar”. Tudo isso é mera tolice, pois o corpo humano, embora possa
sobreviver pouco tempo sem água ou sem ar, pode passar muitos dias, antes que comece uma inanição, isto é,
prostração por falta de alimento.

Vejamos alguns exemplos bíblicos que mostram esta prática:

 Moisés jejuou no monte Sinai imediatamente depois que foi renovada a aliança pela qual Deus aceitou
Israel como Seu povo ( Êxodo 24.18).
 Josafá, vendo que o exércitos de Moabe e Amon avançavam sobre ele, ordenou jejum ( 2 Crônicas
20.1-3).
 A rainha Ester, antes de arriscar a vida diante do rei, convocou todos os judeus para jejuar por ela ( Et
4.16).
 Esdras proclama Jejum antes de levar os exilados de volta a Jerusalém ( Ed 8.21-23)
 A igreja primitiva, antes de enviar Paulo e Barnabé à primeira viagem missionária, também fez jejum
( Atos 13.1-3).

E sempre bom olharmos para o exemplo de nosso mestre, Jesus, que antes de começar Seu ministério público
praticou o jejum por quarenta dias e quarenta noites ( Mateus 4.1-11). Em nosso texto bíblico está escrito que
Jesus incentiva seus discípulos a jejuar. Vamos estudar dois aspectos a respeito do jejum nesta lição.

I. O que não é jejum


1. Jejum não é uma exibição espiritual. Segundo alei mosaica, somente o jejum do Dia da Expiação era
obrigatório ( Nm 29.7).Depois do exílio da babilônia, quatro jejuns anuais eram observados pelos
judeus ( Zc 7.5; 8.19). Nos tempos de Jesus, os fariseus jejuavam duas vezes por semana ( Lc 18.12),

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Discipulado

mas estes mesmos fariseus colocavam cinza na cabeça ao jejua e desfiguravam o rosto com o objetivo
de demonstrar publicamente sua pseudo religiosidade. Jesus se preocupava com essa nossa tendência
ao exibicionismo, por isso condenou a atitude hipócrita e ordenou: “Tu, porém, quando jejuares, unge
a cabeça e lava o rosto (Mateus 6.17)” Praticar jejum não é uma forma de exibir nossa espiritualidade.

2. Jejum não é uma forma de se fazer regime. Sabe-se de casos em que a pessoa tem a seguinte intenção:
“vou jejuar e aproveitar para perder uns quilinhos”. O fato de abster-se de alimentos proporciona uma
tendência a perder peso, mas o jejum é uma disciplina espiritual, e não um mero pretexto para fazer
regime. A moderação ao comer faz parte da disciplina pessoal no tocante ao corpo, sendo uma
excelente maneira de esmurrá-lo; mas isso não é a mesma coisa que jejuar. Jejuar é abster-se
completamente de alimentos, na busca de certos alvos espirituais, como a oração, a meditação ou a
busca do Senhor, devido a alguma razão peculiar, ou sob circunstâncias especiais. Se você quer perder
peso, faça um regime, pratique esporte, abandone o sedentarismo para ter uma vida saudável. O jejum
bíblico serve a outros propósitos.

3. Jejum não é pratica obrigatória da religião. O jejum não é uma disciplina somente cristã. Todas as
grandes religiões do mundo reconhecem o seu mérito. Zoroastro praticava o jejum, Sócrates e
Aristóteles jejuavam. Mesmo Hipócrates, pai da medicina, acreditava no jejum. Mas o fato a
considerar é que a prática do jejum não deve ser um fim em si mesmo. Se jejuarmos de maneira
mecânica, ou meramente com a finalidade de jejuar, então estaremos quebrando os princípios bíblicos
do assunto, como vimos na introdução. Não podemos dizer: “Bem, agora que eu me tornei um cristão,
terei de jejuar tal dia e em tal época do ano, porque isso faz parte de minha religião”. A finalidade do
jejum deixa de existir quando é praticado dessa forma. Há crentes que, sem entendimento, pensam ter
obrigação de fazer ou ter alguns costumes como lei imutável. Isto também não é o verdadeiro jejum.

4. Jejum não é uma garantia de resultados imediatos. Pra alguns o jejum é um mecanismo, uma fórmula,
uma chave para abrir as portas do céu e serem derramadas chuvas de bênçãos em nossa vida. É um
erro pensar em fazer jejum para obter resultados imediatos. Transformar jejum em certeza absoluta de
recompensa imediata é um grande engano.

II. O que é jejum

Algumas definições:

“ Falando estritamente, é uma total abstenção de alimento ”


“ O jejum refere-se à abstenção de alimentos para finalidades espirituais ”
“Abstinência, total ou parcial de alimentação, em certos dias, por penitencia ou prescrição médica
( Dicionário Aurélio)

1. Jejuar é humilhar-se diante de Deus. O termo que poderia ser usado neste ponto é o de penitencia por
pecados passados ( Salmo 35.13; Is 58.3-5). Há inúmeros exemplos mostrando que jejuar é humilhar-
se por seus pecados. Neemias reuniu o povo “com jejum e pano de saco” (Neemias 9.1-2) e fizeram a
confissão de seus pecados; depois da pregação de Jonas em Nínive, os ninivitas se arrependeram e
proclamaram um jejum, e se vestiram de pano de saco ( Jn 3.5); logo depois de sua conversão, Saulo,

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Discipulado

ficou um período de três dias sem comida e bebida ( At 9.9). O propósito do jejum não é obter
determinada reputação, mas, sim, expressar a nossa humildade diante do Todo-Poderoso.

2. Jejuar é crer na misericórdia de Deus e criar um espírito totalmente dependente. Se o arrependimento


e o jejum andam juntos, a oração e o jejum, ainda mais. Quando precisamos buscar a Deus para
orientação ou para receber as bênçãos especiais Dele, é necessário jejuar e acreditar que o Senhor é
misericordioso, vai nos atender conforme a Sua vontade, e criamos em nós um espírito que se
satisfaz com a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.

3. Jejuar é exercitar autodisciplina. Em 1 Coríntios 9.24-27, Paulo trás a figura do atleta que, para
receber o prêmio, empenha-se em autodisciplina física, alimentar e comportamental. Atualmente,
veem-se pessoas mais indisciplinadas por causa da agitação, do corre-corre da vida cotidiana. O
jejum, sendo uma abstinência voluntária de alimentação, é uma forma de aumentar o nosso
autocontrole.

4. Jejuar é partilhar com o necessitado. Um aspecto bem pouco observado por nós cristãos é o fato de
partilhar com o necessitado aquilo que temos recebido do Senhor. A ideia é bem simples e muito
prática: Faça o jejum, e o valor que você economizou em sua refeição, dê aos que estão necessitados.
Deus condena o jejum hipócrita dos habitantes de Jerusalém, pois eles oprimiam os seus empregados
nos dias em que faziam jejum ( Is 58). Quando não fazemos algo de prático em nossa jornada de fé,
significa que não há uma ligação entre o que cremos e o que fazemos. A vida religiosa exige de nós
justiça e caridade. Pense um pouco nisto e coloque em prática.

Conclusão

Portanto, por arrependimento ou por misericórdia, por autodisciplina ou por amor solidário, temos bons
motivos bíblicos para a prática do jejum na vida cristã. Jesus nos ensina sua relevância e nos convida a uma
vida cristã que envolva o jejum, e nossa vida espiritual crescerá abundantemente.

Não se esqueça que o próprio Jesus condenou o jejum dos fariseus, porque a motivação deles era errada. Jejue
com a motivação e com as razões certas, humilhe-se, creia na misericórdia de Deus, pratique a autodisciplina e
ajude os que mais precisam.

Vale ressaltar ainda que para orar não precisamos estar em jejum, mas ao jejuar é importante estar em oração,
ou, pelo menos, em espírito de oração. Sabendo que há um “efeito potencializador” de um no outro.

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Discipulado

LIÇÃO 10 - O DISCÍPULO E O BATISMO NAS ÁGUAS

Texto bíblico: " De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam sua palavra; e, naquele dia,
agregaram-se quase três mil almas" (Atos 2.41).

Introdução

Apesar de tudo que você aprendeu aqui é provável que ainda tenha dúvidas em relação a necessidade e a
importância do batismo na experiência cristã. Talvez ainda esteja questionando: Que mérito tem esse ritual
para minha vida com Deus? Qual o significado desse ato? Por que devo me batizar? O batismo é obrigatório
ou opcional?

I. Importância do batismo

O batismo é assunto de extrema importância tanto para a igreja quanto para você, novo convertido. Como
sempre aconteceu, ainda hoje é pelo batismo que o novo crente, a igreja e o mundo reconhece a identificação
do batizado com Cristo e com a igreja local. Sem batismo ninguém é aceito como uma parte do povo de Deus
na igreja. Sem fazer parte desse povo, dessa família e Deus, você fica impossibilitado de crescer
espiritualmente conforme deseja o Senhor Jesus. Como a comunhão nutritiva da igreja, você crescerá dia após
dia.

II. O significado do batismo

1. Definição: Batismo significa " mergulho", " submersão". É a primeira ordenança de Cristo, através da qual
o novo convertido passa a fazer parte de igreja local.

2. Conceito: O batismo ilustra a experiência da regeneração efetuada pelo Espírito Santo no pecador,
experiência está que se relaciona com a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Significa que quando o pecador
aceita a Cristo como único e suficiente Salvador passa por uma transformação tão radical, que só pode ser
explicada como sendo morte e sepultamento do velho ser e ressurreição de uma nova criatura para viver uma
nova vida com Deus. Em outras palavras, quando o pecador aceita a morte de Jesus como morte vicária, isto é,
para substituí-lo diante da justiça de Deus, morre também com Ele. Mas assim como Jesus não ficou na
sepultura, antes ressuscitou, o que nEle crê ressuscita com Ele, para viver eternamente. Desse modo, o
batismo simboliza a morte para o mundo e a ressurreição para uma nova vida de fé em Cristo Jesus.

É evidente que essa regeneração para uma nova vida de fé não se dá no momento em que a pessoa se batiza,
mas sim no momento em que a pessoa se submete a Cristo pela fé. O batismo simboliza simplesmente uma
realidade já alcançada pelo pecador.

III. A necessidade do Batismo

1. É necessário porque Cristo o ordenou: O batismo nas águas não é uma opção para o crente, é um
mandamento do Senhor: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo" (Mt. 28.19). Todo crente fiel e que de fato ama ao Senhor Jesus sentirá prazer em cumprir esse
mandamento. A admissão no Reino de Deus se dá através da fé no sacrifício de Cristo associada ao verdadeiro
arrependimento. Todavia, é o ato do batismo que possibilita o acesso a igreja visível.

2. É necessário porque Cristo deu o exemplo. "Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão,
para ser batizado por ele. Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.
Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o
Espírito Santo de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt. 3.13-17).

Era da vontade de Deus que se batizassem todos os que aceitassem o seu reino, de que João Batista era o

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Discipulado

precursor. Por isso Jesus, que veio para instruí-lo, deu o exemplo, batizando-se também. Além disso, no
batismo Jesus estava se identificando com a raça de que veio ser representante para salvá-la. Se o próprio
Jesus foi batizado, não há como se entender que um crente não o queira. A necessidade é evidente.

3. É necessário porque os crentes do inicio da igreja cristã nos deixaram o exemplo. Após terem sido cheios
do Espírito e ouvirem o inflamado sermão do apóstolo Pedro, os primeiros crentes de Jerusalém não hesitaram
diante da oportunidade de serem batizados (Atos 2.41).

IV. O método bíblico do batismo

Água respingada sobre a cabeça, óleo na fronte e tantas outras invencionices que vemos por aí, não passam de
criações do homem não tendo respaldo bíblico. Por essa razão, orientamos os novos convertidos a se
submeteram unicamente ao batismo bíblico, que é imersão total, ou seja, mergulhar o corpo totalmente dentro
da água.

Existem basicamente quatro evidências de que a forma bíblica do batismo é a imersão total: a evidência do
texto bíblico; a evidência do significado da palavra batismo; a evidência da história e a evidência do
simbolismo do batismo.

1. Evidência do texto bíblico: Os textos que narram o batismo de Jesus dizem: "E logo, quando saía da água..."
(Mc 1.10). O texto que narra o batismo por Filipe declara: "E mandou parar o carro, e desceram ambos a água,
tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E quando saíram da água..." (At 8.38,39).

Esses trechos não deixam dúvida. É improvável que, vezes seguidas, os ministrantes dos batismos tivessem
que entrar na água com os que eram batizados, se fosse aspersão de água. Aliás, a ser assim nem mesmo o
candidato precisaria entrar na água.

2. Evidência do significado da palavra. Como afirmamos acima, a palavra vem do grego "baptizo", que
significa imergir completamente. Se a própria palavra traz esse sentido, é claro que as demais formas de
batismo não passam de ensinamentos insignificantes e sem apoio nas Escrituras Sagradas.

3. Evidência da História. Os livros de História Eclesiástica ensinam que até o ano de 150 D.C.
aproximadamente, só era praticada a imersão como forma de batismo.

4. Evidência do simbolismo do batismo. Desde que o batismo simboliza a morte, o sepultamento e a


ressurreição, como já assinalamos anteriormente, a sua forma de administração não pode ser outra, a não ser a
imersão total.

Conclusão

O batismo nas águas é uma demonstração pública de que você morreu para o mundo (o velho homem) e está
assumindo uma nova vida em Cristo: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive
em mim" (Gl 2.20).

Ninguém pode pertencer a uma igreja sem se submeter ao batismo, e uma pessoa que se negue a esse sublime
ato, embora diga ser crente, estará oferecendo evidência de seu equívoco.

É verdade que o batismo não salva, mas é necessário que você seja batizado conforme claramente ensina a
Palavra de Deus.

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LIÇÃO 11 - A IMPORTÂNCIA DA CEIA DO SENHOR

Texto bíblico: "Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do
Senhor, até que venha" (1 Co 11.26).

Introdução

A Ceia do Senhor é um ato de suma importância, em si mesmo e na vida do crente. Ela não é um mero
símbolo, mas sim uma das verdades centrais da nossa fé. A Ceia do Senhor lembra a paixão e a morte de
Cristo em nosso lugar, bem como a sua segunda vinda. Tendo em vista suas verdades bíblico-teológicas, cabe-
nos tomar assento à mesa do Senhor com solenidade e redobrada reverência.

I. O que é a Ceia do Senhor

A Ceia do Senhor não é apenas um ato celebrado pela igreja, mas também uma proeminente doutrina bíblica.
Em geral, todos sabem como proceder, todavia poucos conhecem a doutrina, pois depende do estudo da
Palavra.

A Bíblia afirma que Paulo recebeu o ensino da Ceia do Senhor diretamente do Senhor: "Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei" (v.23). Provavelmente ele o tenha recebido durante os três anos em que
estivera a sós com Deus na Arábia, sobre os quais as Escrituras silenciam (Gl 1.11,12,15-17).

São duas as ordenanças da Igreja Cristã originadas do ministério terreno de Nosso Senhor Jesus Cristo: o
batismo e a Ceia do Senhor. Com o seu batismo, no rio Jordão, Ele iniciou o seu glorioso ministério (Mt 3.13-
16), encerrando-o com a instituição da Ceia do Senhor, sua paixão e morte redentora (Mt 26.26-30). Enquanto
o batismo fala da nossa fé em Cristo e ocorre apenas uma vez na vida do crente (Mc 16.16), a Ceia do Senhor
diz respeito à nossa comunhão com Ele, e deve ser sempre renovada (Lc 22.14,15).

a. Definição e designações. A Ceia do Senhor é uma ordenança da Igreja, instituída por Jesus na noite em que
ele foi traído. Na Bíblia, ela é chamada de "Ceia do Senhor" (1 Co 11.20) e "comunhão do corpo e do sangue
de Cristo" (1 Co 10.16).

b. Ordenança ou sacramento. A Ceia do Senhor é conhecida pelos evangélicos como ordenança, por
constituir-se numa ordem dada por Cristo aos santos apóstolos.

Os católicos romanos e certas alas do protestantismo costumam denominá-la de sacramento.

1. Os elementos da Ceia do Senhor

São elementos da Ceia do Senhor o pão e o vinho por representarem, respectivamente, o corpo e o sangue do
Senhor Jesus.

a. O pão. Por ser este alimento o símbolo da vida, Jesus assim identificou-se aos seus discípulos: "Eu
sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede" (Jo
6.35). Por conseguinte, quando o pão é partido, na celebração da Ceia, vem-nos à memória o
sacrifício vicário de Cristo, através do qual Ele entregou a sua vida em resgate da humanidade caída e
escravizada pelo Diabo.
b. O vinho. Identificado na Bíblia como "fruto da vide" e "cálice do Senhor" (Mt 26.29; 1 Co 11.27), o
vinho na Ceia lembra-nos o sangue de Cristo vertido na cruz para redimir a todos os filhos de Adão:
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã
maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo,
como de um cordeiro imaculado e incontaminado" (1 Pe 1.18,19). Portanto, o pão e o vinho são,
biblicamente, o memorial do Calvário; representam o corpo e o sangue de Cristo, oferecidos por Ele

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Discipulado

como sacrifício expiatório para redimir-nos de nossos pecados. É a explicita, profunda e confortadora
simbologia das Sagradas Escrituras.

II. Conceitos teológicos

A Ceia do Senhor tem um significado importantíssimo para a igreja. Jesus disse, no seu discurso aos judeus,
estas palavras que os escandalizaram: “Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu
sangue, não tendes vida em vós mesmos” (Jo 6.53). Jesus falava de uma identificação total do homem crente
com Ele. A Ceia é constituída de dois elementos: o PÃO e o VINHO. Em relação a Cristo, o pão simboliza o
seu corpo. Quando Ele disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”(Mt 26.26) e “…isto é o meu sangue”(v28).
Evidentemente, estava falando de modo figurado, porque ali estava Ele, com o seu corpo e o pão; com o seu
sangue, e diante dele, o vinho. O pão é pois, o símbolo do corpo de Cristo e o vinho é o símbolo do sangue de
Cristo.

a. Alguns creem que o pão é o próprio corpo de Cristo, e o vinho o sangue literalmente.
(Transubstanciação) visão aderida pela Igreja Católica Romana.
b. Alguns creem que o pão e o vinho permanecem inalterados, mas espiritualmente Cristo está presente
no pão e no vinho. (Consubstanciação) Termo adotado pelos Luteranos.
c. Para outros o pão e o vinho há apenas uma simbologia do Corpo e do sangue de Cristo ( Ordenança).
“E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a Páscoa.” (Mt. 26:19).

III. A igreja deve ser uma comunidade de fé e amor

O apóstolo Paulo transmitiu aos coríntios o que ele mesmo recebera pessoalmente do Senhor (I Co 11.23-25).
Não podemos determinar com certeza o modo como Paulo recebeu esta revelação. Sabemos que não recebeu o
evangelho de “homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.12).

a. A Ceia do Senhor é uma celebração pública da morte do Senhor - A partir de agora, Paulo passa a
assegurar-lhes que a morte de Cristo deve dominar seus atos, e obviamente, não era isso o que
acontecia em Corinto. A ênfase de Paulo está no fato de cada celebração ser uma proclamação pública
da morte do Senhor, “até que ele venha” (l Co 11.26). Há um elemento da expectativa em cada
celebração da Ceia do Senhor. Atrás, aponta para a sua morte; à frente, aponta para a sua volta. Deste
modo, devemos participar da comunhão até que Cristo venha buscar a sua igreja (l Ts 4.14-18).

Paulo lembrou aos coríntios o significado original da Ceia do Senhor, recordando como o próprio
Senhor Jesus a instituiu na “noite em que foi traído”. A referência indireta de Paulo a Judas talvez
fosse um desafio casual aos coríntios em função do comportamento deles. O apóstolo transmitiu aos
coríntios os que ele mesmo recebera pessoalmente do Senhor (Gl 1.12).

A morte e ressurreição de Cristo são o fundamento da nossa salvação. Sem o sangue de Jesus, não
teria havido uma igreja em Corinto e em nenhuma parte do mundo. Ficariamos ainda esperando a
salvação, perdidos na nossa ignorância e idolatria, ou, na melhor das hipóteses, aproximando de Deus
por meio do sacrifício diário de pombas, cordeiros e cabras.

Mas o Calvário transformou essa lúgubre cena! Jesus tem providenciado uma aliança melhor (Hb 8.6),
um convenio que tem durado séculos e continuará vigente até a volta de Jesus. O cântico de louvor ao
Cordeiro do o de Apocalipse o diz muito bem: “Digno és de tomar o livro e de abrir seus selos, porque
foste morto e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua , e povo, e nação; e
para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e reinarão sobre a terra (Ap 5.9,10).

b. A Ceia do Senhor é uma aliança de amor com o Senhor - Por meio do derramamento do sangue de
Jesus, o Cordeiro Pascal (l Co 5. 7), judeus e gentios, ricos e pobres, homens e mulheres podem
conhecer a gloriosa liberdade do perdão e ter um conhecimento pessoal de Deus.

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Discipulado

Os cristãos que participam deste relacionamento pessoal, desta aliança com o Senhor, também
participam de uma aliança uns com os outros (Rm 13.8). Para os coríntios a morte de Cristo não era o
ponto central; sua volta não era importante, e o amor de Cristo não os dominava.

c. A Ceia do Senhor exige um constante autoexame - Participar do sacramento “indignamente” é tornar-


se “réu do corpo e do sangue do Senhor” (I Co 11.27,28). Quando Paulo fala de alguém que come e
bebe o cálice indignamente, ele está dizendo que tal pessoa se torna culpada de derramar o sangue de
Cristo; isto é, se coloca não do lado dos que estão participando dos benefícios de sua paixão, mas do
lado dos que foram culpados por sua crucificação (Hb 10.29).

IV. A bênção em participar da ceia do senhor

São muitas as pessoas que evitam participar da Ceia do Senhor porque não sentem dignos. Por outro lado, há
também aqueles que se consideram aptos a participar, sem fazer auto- exame. As instruções de Paulo aqui são
adequadas e essenciais: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim como do pão e beba do cálice” (I Co
11.28).

a. O autoexame visa atingir discernimento espiritual - O autoexame visa, especialmente, certificar-se de


que o cristão está vivendo e agindo em amor e honestidade para com todas as pessoas. Cada cristão
tem a obrigação, não de atingir um patamar moral ou espiritual de perfeição, mas de buscar uma
autoavaliação rigorosa e honesta perante Deus e os homens (At 24.16).

Para os coríntios havia o perigo de participar da Ceia do Senhor como se esta celebração fosse igual a
qualquer outro banquete comum (I Co 11.29).Paulo diz que isto significava não discernir o corpo do
Senhor (l Co 10. 16-21).

O autoexame é determinado por Paulo como meio de levar o cristão a participar “dignamente” da Ceia
do Senhor, sendo assim evitada a profanação mencionada nos versículos 26 e 27 de l Coríntios 11.
Paulo fala da ideia de fazer um autoexame, uma auto-investigação, em que o cristão procura discernir
se é própria a sua participação na Ceia, por serem dignos os seus motivos e as suas ações.

Assim, pois, é necessário que o homem faça um “inventário” de si mesmo. E preciso que o cristão
enfrente de modo honesto os seus pecados com o propósito de abandoná-los. Deveria perdoar a seus
irmãos e buscar deles o perdão para as ofensas pessoais que porventura os tenham atingido por sua
culpa.

b. O autoexame visa resgatar o temor de Deus - Para Paulo, nós deixamos de “discernir o corpo do
Senhor” quando não reconhecemos a presença de Cristo no meio da congregação, mais particular-
mente, durante o sacramento do seu corpo e sangue. Isso acontece em algumas igrejas, exatamente
porque os cristãos participam da liturgia da Ceia do Senhor mecanicamente, sem que estejam,
propriamente, se alimentando “de Cristo pela fé e com ação de graças” (I Co 11.29-31).

c. A falta de autoexame acarreta males para o cristão - Paulo é taxativo com os coríntios que
participavam da Ceia do Senhor sem seriedade e temor. Esta foi à causa de enfermidades, fraquezas e
até mesmo de mortes na comunidade de Corinto (l Co 11.30).

Tais incidentes não teriam ocorrido, se eles tivessem julgado a si mesmos adequadamente (l Co 11. 31). De
acordo com Paulo, estas disciplinas divinas, são gestos de amor e não de mero castigo (I Co 11.32). Para os
cristãos não há julgamento pelo pecado, porque este já foi pago uma vez por todas pelo próprio Cristo (Jo
5.24; Rm 8.1,2).

V. A Ceia do Senhor é celebração de comunhão e gratidão

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Discipulado

Paulo se mostrou bastante preocupado com a maneira como os coríntios estavam se expondo ao julgamento de
Deus ao participarem da Ceia do Senhor, que descreve a natureza desse ato como uma festa de amor: “Esperai
uns pelos outros. Se alguém tem fome, como em casa” (l Co 11.33,34).

a. A Ceia do Senhor é uma ocasião para partilhar - Um dos propósitos da Ceia do Senhor é usar de
solidariedade para com os pobres (2Co 8.13-15). As Escrituras nos mostram que os fortes devem
auxiliar os fracos, e os ricos, ajudar os pobres, sobretudo seus irmãos (Gl 6.10).Porém, os coríntios
pareciam entender mal esse propósito da celebração da Ceia do Senhor, pois alguns dos membros se
mostravam bastante egoístas (I Co 11.20).
b. A Ceia do Senhor é uma ocasião para praticar o altruísmo - Os coríntios, no seu egoísmo e exagero
das coisas, acabavam comendo e bebendo indignamente na Ceia do Senhor. E um ato de hipocrisia
comer do pão e beber do vinho que representam nossa união com Cristo, se, i conduta dos cristãos,
não se manifesta nossa união uns com os outros em Cristo (Ec 11.1,2; Mt 25.35-46).
c. A Ceia do Senhor é uma ocasião para se fortalecer espiritualmente - Geralmente o pão é inteiro, e o
partimos para comê-lo, alimentando-nos. Assim também o corpo de Cristo teve de ser sacrificado no
Calvário para que pudéssemos desfrutar da liberdade espiritual e receber poder físico e espiritual. O
pão sem levedura nos lembra que Cristo é imaculado, ou seja, sem pecado.

João 6.48-51 nos ensina que a participação do corpo e do sangue de Jesus é espiritual, significando receber
dele sustento e energia totais. Cumpre-nos lembrar a morte expiatória e a agonia de Cristo, pois estas foram as
mais sublimes expressões de altruísmo e amor dedicados à humanidade (Jo 3. 16).

Assim é que quando nos acercamos da mesa, lembrando-nos de que se trata da mesa do Senhor, e não nossa;
que o sacramento é de Cristo, e não nosso. Aproximamo-nos dele a fim de receber a sua presença e poder (I
Co 11.25,26). A ordenança da Ceia do Senhor é levada a efeito para mostrar Cristo aos homens, para
conservá-lo na lembrança dos cristãos, e, sobretudo, para relembrar aquele item agora mencionado, ou seja, a
“morte” de Cristo.

É importante conservar o seu sacrifício expiatório perante os olhos daqueles que estão na comunhão da igreja,
a fim de que os mesmos possam permanecer firmes, constantes e sempre abundantes na obra do Senhor,
sabendo que o vosso trabalho não será vão, no Senhor’ (I Co 15.58).

Conclusão

Tendo em mente o exposto, devemos sentar-nos à mesa do Senhor, com discernimento, temor de Deus e
humildade. Conscientizemo-nos, pois, de que, ali, não estão meros símbolos, mas o sublime memorial da
paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Caso contrário, seremos contados como réus diante de Deus.
Que o Senhor nos guarde a todos, por sua graça.

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Discipulado

LIÇÃO 12- A MORDOMIA DO DÍZIMO

Texto Bíblico - “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e
depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos (Ml 3. 10).

Introdução
Disse certo escritor que “o dízimo é a muralha que o cristianismo edifica para sustar os ataques do
materialismo”. Sem dúvida, a doutrina do dízimo tem sido debatida e rebatida por vários grupos com a
intenção de negá-la como doutrina do cristianismo. Entretanto, é inegável essa doutrina porque ela põe em
evidência o fato de que somos mordomos dos bens que Deus nos tem dado a usufruir. O dízimo foi
estabelecido nos primórdios da criação do homem, reconhecido por Jesus quando esteve na terra como o
“Verbo feito carne” e mantido pelos seus discípulos na formação da Igreja. O dízimo está diretamente ligado à
ideia da mordomia cristã.

I. O que é dizimo

O dízimo é o hábito regular pelo qual um cristão, procurando ser fiel à sua crença, põe à parte, pelo menos dez
por cento de suas rendas, como um reconhecimento das dádivas divinas. Ele reconhece, assim, que Deus é o
Senhor de todas as fontes terrenas, escreveu G. Ernest Thomas. (Confira o assunto com as Escrituras: I Co
10.26; Ag 28; Sl 50. 10,11; Os 2. 8,9)

Quando um crente se recusa a entregar o dízimo ao Senhor, é porque ainda não reconheceu plenamente o
senhorio e a bondade de Deus. Usufrui dos bens que a terra proporciona, mas age como “posseiro” ou
“grileiro”, que se apossa da terra e dos seus bens, sem reconhecer qualquer direito de propriedade alheia.
Quando tributamos a Deus com os nossos dízimos, estamos reconhecendo, automaticamente, o senhorio de
nosso Deus (I Co 10.26; Ag 2.8).

O dízimo não tem valor mercantilista, nem pode ser visto como um investimento. É um ato de amor e de
adoração que devotamos àquele que tudo nos concede. É uma aliança prática entre Deus e o homem. Quem é
fiel no dízimo, haverá de usufruir de todas as bênçãos que o Senhor reservou-nos em sua suficiência”.
A entrega amorosa e voluntária do que possuímos a Deus é conhecida, também, como mordomia cristã. Ou
seja: como seus mordomos, cabe-nos administrar, devocional e amorosamente, o que nos entregou Ele,
visando o serviço de adoração, a expansão de seu Reino e o sustento dos mais necessitados. A mordomia
cristã, por conseguinte, é a administração de quanto recebemos do Senhor. Por isso requer-se de cada
mordomo, ou despenseiro, que se mantenha fiel ao que Deus lhe confiou (1 Co 4.2).

1. Algumas verdades sobre o dízimo

a. É um dever de todo crente. Não importando quanto cada um produz, todos os que servem ao Senhor
têm, entre outros compromissos, o de entregar o seu dízimo. Ml 3.10 diz: “Trazei os dízimos à casa do
tesouro”. Ser cristão é ser partícipe de privilégios, mas é também assumir responsabilidades
intransferíveis. Entregar o dízimo é uma delas.

b. É um ato de obediência. Trazer a quantia devida e entregá-la no templo é uma questão de


obediência. Ml 3.8 diz: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós dizeis: Em que te roubamos? Nos
dízimos e nas ofertas alçadas”. Segundo este texto, o homem se coloca em franca desobediência
quando não traz os dízimos à casa do tesouro.

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Discipulado

c. É um ato de fé. Os dízimos não são dados ao pastor da igreja, mas sim ao Senhor e à sua obra. Para
se compreender isso é necessário que se tenha uma mente transformada. É quase impossível ao não
regenerado chegar a esta compreensão. Mas o crente nascido de novo o faz de coração e por fé.

d. É um ato de amor com a obra de Deus. Ml 3.10b diz: “para que haja mantimento em minha casa”.
O crente quando entrega seu dízimo, precisa fazê-lo na certeza de que a sua contribuição é que
possibilita a marcha da Igreja, sustenta seus projetos missionários e a mantém em crescimento.

e. É um ato de gratidão. O dízimo, quando praticado de forma correta, constitui-se em demonstração


de nossa gratidão ao Senhor. Ele nos tem dado tudo, por que não lhe daremos o dízimo que é tão
pouco?

f. O dízimo é entregue ao Senhor. É necessário que se saiba que o dízimo é entregue, em última
instância, ao Senhor. É uma consagração que se faz ao Deus Todo-Poderoso.

g. O local da entrega dos dízimos. Os levitas eram os responsáveis pelo seu recebimento (Hb 7.9). O
povo poderia trazer parte de sua colheita ou o correspondente em dinheiro. Após a construção do
templo em Israel, e principalmente após o cativeiro babilônico, todos os recursos financeiros eram
trazidos à Casa do Senhor. É por isto que o texto de Malaquias 3.10 diz:” Trazei todos os dízimos”.
Não é correto ao crente entregar suas contribuições financeiras onde lhe aprouver. Existem alguns que
deliberadamente o estão “enviando” para este ou aquele pastor, ou missionário, mas o verbo enfatiza a
ação de “trazer” e não de “enviar”.

h. Sobre que tipo de renda deve-se dizimar. O dízimo deve ser separado ao Senhor sobre tudo o que
produzirmos. Se tenho uma, duas, três ou mais fontes de rendas, devo separar o que pertence ao
Senhor de todas estas fontes.

i. Cada um contribui proporcionalmente aos seus rendimentos. O valor não reside na quantia que
entregamos, mas no ato de ofertar a Deus. Este privilégio não exclui a ninguém. Sobre a viúva pobre,
Jesus respondeu: “Em verdade vos digo que esta pobre viúva depositou mais do que todos os que
depositaram na arca do tesouro”. A razão para esta resposta é simples: o dízimo é proporcional aos
nossos rendimentos. A oferta da viúva era maior porque em relação aos outros ela nada tinha, mas em
seu quase nada, dera tudo.

II. A contribuição na bíblia

A mordomia cristã, como devoção e adoração a Deus, não surgiu com o Cristianismo; é um ato que nasceu
com o homem, e vem perpetuando-se ao longo da História Sagrada. Quer no Antigo quer no Testamento
Novo, deparamo-nos com homens e mulheres que, afetuosamente, tudo entregavam ao Senhor, pois do Senhor
tudo haviam recebido.

a. Abel. Um dos mais perfeitos tipos de Nosso Senhor Jesus Cristo, ofereceu Abel um sacrifício
a Deus: “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e
atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta” (Gn 4.4).

b. Abraão. Abraão foi o primeiro herói da fé, segundo o registro bíblico, a trazer os dízimos ao
Senhor que, naquela oportunidade, era representado por Melquisedeque que lhe “trouxe pão e
vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão
pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que
entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (Genesis
14.18-20 ).

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Discipulado

c. Israel. Os filhos de Israel tinham por obrigação trazer os dízimos aos levitas, a fim de manter
em perfeito funcionamento o serviço do santuário: “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos
em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação” (Nm 18.21
).

d. Jesus não foi contra os dízimos, mas contra a hipocrisia dos que os traziam: “Mas ai de vós,
fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda hortaliça e desprezais o Juízo e o amor de
Deus! Importava fazer essas coisas e não deixar as outras” (Lc 11.42).

e. A Igreja Primitiva contribuía regularmente no primeiro dia da semana: “No primeiro dia da
semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando,
para que se não façam coletas quando eu for” (1 Co 16.2 - ARA).

f. Na Igreja Primitiva o dízimo era o referencial mínimo. Eis o exemplo de Barnabé: “José, a
quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita,
natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés
dos apóstolos” (At 4.36,37 - ARA).

III. Bênçãos advindas da fidelidade em dizimar

a. O devorador é repreendido. Produzir muito não significa, necessariamente, ter o suficiente para se
conseguir segurança nas finanças. Se o devorador estiver livre para agir, tudo o que se ganha será
sempre pouco. É como depósito feito em sacolas sem fundo (Ml 3.11).

b. Respeito pelos de fora. “Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma terra
deleitosa, diz o Senhor dos exércitos” (Ml 3.12). Este texto ensina que entregar fielmente o dízimo
traz ao crente um elevado conceito por parte de todos.

c. Vitória sobre a avareza. Ef 5.5; Cl 3.5. Assumir uma atitude correta em relação ao dízimo permite
ao crente vencer sentimentos negativos como a avareza e o egoísmo, preparando-o a ter um coração
mais predisposto a dar do que a receber.

d. Dispõe o coração de Deus em nosso favor. “Tomai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o
Senhor dos exércitos” (Ml 3.7). Nossa atitude de voltar-se para Deus permite que Ele se volte para
nós. Isto nos mostra que o tema do dízimo faz parte do elenco das grandes virtudes cristãs.

2. Quatro classes de contribuintes

Em toda igreja existem quatro classes de contribuinte, que são:

a. Os dizimistas fiéis. São os 300 de Gideão, que sempre dão e têm para dar. Quanto mais
contribuem, mas têm prazer em contribuir. Esses são os que mantêm o equilíbrio financeiro da
igreja.
b. Os dizimistas infiéis. São os que assumem o compromisso diante de Deus e da igreja e depois de
algum tempo falham ou desistem de uma vez. Outros que também pertencem a esta classe são os
que dão apenas uma parte do dízimo, para ver o seu nome na lista da tesouraria. São como
Ananias e Safira.
c. Os liberais não dizimistas. Esta classe é a menos numerosa. Não são contrários ao dízimo e nem
combatem os dizimistas. Mas não o são porque ainda não compreenderam a doutrina do dízimo.

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d. Os antidizimistas, mesquinhos e derrotistas. Esta classe é a mais numerosa em todas as igrejas.


São crentes perigosos e nocivos ao crescimento da obra e do Evangelho. São antidizimistas
declarados e se opõem a qualquer campanha financeira.

IV IDÉIAS ERRADAS QUANTO AO DÍZIMO.

a. Não é legalismo. Moisés, inspirado por Deus, estabeleceu que o povo, como um todo,
deveria entregar aos sacerdotes a décima parte de tudo que arrecadassem. Com o passar do
tempo, o povo passou a fazê-lo apenas por causa do peso da lei, sem discernir o verdadeiro
sentido de sua ação. Ações meramente legalistas tem pouco ou nenhum valor diante de Deus.

b. Não é um substituto das virtudes cristãs. Entregar o dízimo não exime o crente da prática
das grandes virtudes da Bíblia. Em Lucas 11. 42, Jesus repreende os fariseus: “Ai de vós,
fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda hortaliça e desprezais o juízo e o amor de
Deus! Importa fazer estas coisas e não deixar as outras” A prática do dízimo não desobriga o
crente de produzir o fruto do Espírito e de ser um exemplo para os que com ele convivem.

c. Não deve se transformar numa carga insuportável. Deve ser uma manifestação espontânea
e livre; fazê-lo com constrangimentos diminui, ou anula, o valor do ato em si. Às vezes, a
avareza e conceitos errados se interpõem como um obstáculo para que o crente haja de
maneira correta e de todo coração. O dízimo deve ser entregue com liberalidade e alegria.

d. Não concede poder de barganha. Hoje em dia, há pessoas que se sentem tentadas a negociar
com Deus, e algumas vezes com a liderança da igreja, imaginando que o tamanho e
assiduidade com que entregam seu dízimo lhes darão mais prestígio ou quem sabe um cargo
de destaque na igreja. Este tipo de ação é comum em corações que precisam urgentemente
amadurecer e alinhar o valor das coisas em seu devido lugar.

e. Não nos torna merecedores da graça divina. O substantivo “graça” já diz tudo por si
mesmo; toda bênção que recebemos é inteiramente por mérito de Deus. Ele é tão bom que nos
concede todas as coisas sem que o mereçamos. Nosso dízimo não compra a graça divina:
“pela graça sois salvos, por meio da fé” (Ef 2.8,9).

Conclusão
Os dízimos e as ofertas, por conseguinte, devem ser trazidos a Deus não como uma penosa obrigação; devem
ser entregues como um ato de ações de graças. Não agiam assim os santos do Antigo e do Novo Testamento?
Mostremos, pois, ao Pai toda a nossa gratidão; ofertemos não para sermos abençoados, mas porque já fomos
abençoados. O ofertar faz parte tanto do nosso culto público como individual. Devemos ser fiéis na entrega da
décima parte de nossa renda, pois, tudo pertence a Deus. Nosso trabalho, família, nossa saúde, tudo provém de
Deus. O fato de não sabermos se estaremos vivos amanhã, indica que, inclusive, a nossa vida é uma dádiva
divina.

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LIÇÃO 13 – A FELICIDADE DOS JUSTOS

Texto bíblico: Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele
disse: Não te deixarei, nem te desampararei. “Hebreus 13.5”

Introdução

Todos nós buscamos durante a vida a felicidade. Esperamos, através da posse de bens e valores que o mundo
nos oferece, alcançar essa felicidade. Na maioria das vezes nos frustramos, quer por não conseguir o alvo
desejado, quer por não alcançar nas nossas realizações a felicidade por completo. Nesse sentido, encontramos
um ditado popular que diz “a felicidade de pobre dura pouco”.

Asafe, no Salmo 73, nos relata sua própria experiência de frustração por depositar sua felicidade nos bens que
aparentemente trazem a felicidade aos ímpios.

O apóstolo Paulo tem posição diferente quando relata em Filipenses 4.11b-13 “ pois aprendi a estar satisfeito
com o eu tenho.Sei o que é estar necessitado e sei também o que é ter mais do que é necessário. Aprendi esse
segredo e, portanto,sempre e em todo lugar e em qualquer situação, eu me sinto contente, esteja alimentado ou
com fome, tenha muito ou tenha pouco. Posso enfrentar qualquer coisa com a força que Cristo me dá “ (
NTLH).

Encontramos a razão de Paulo fazer esta declaração, sob a inspiração do espírito Santo, por saber que Deus é a
única fonte de felicidade verdadeira, pois não necessita de nada pra fazê-lo assim. E ainda mais, Deus nos
torna tão felizes que, mesmo quando temos pouco daquilo que o mundo oferece, temos bênçãos espirituais que
o Senhor nos dá.

Tanto Paulo, como o escritor da epístola aos Hebreus, nos fala da alegria em contentar-nos com as bênçãos
que o Senhor nos concede, porque somos guardados pelo Senhor ( 1 Timóteo 6.6-9; Hebreus 13.5).

1. O segredo desta felicidade.

A felicidade que o mundo oferece, na maioria das vezes, está baseada nas circunstancias da vida e em coisas
externas ao homem. A felicidade que Deus nos dá, vem de dentro do nosso coração, e não depende de
qualquer circunstância externa a nós. É por isso que o salmista Davi exclama “Somente em Deus, ó minha
alma espera silenciosa, porque dele vem a minha esperança” ( Salmo 62.5).

a. Felicidade real e não aparente. Quando vemos o ímpio com suas riquezas e sua aparente felicidade,
não podemos contemplar o seu interior, e até mesmo nos esquecemos do seu final, como ocorreu com
o salmista no Salmo 73.2,3,7. A felicidade dele é aparente e seu final é trágico.
A felicidade que Deus nos dá está presente no meio das maiores dificuldades (2 Co 4.7-18).
Entristecemos-nos quando circunstancias adversas nos cercam, como todo ser humano; entretanto,
podemos estar capacitados por Deus para mesmo nossas ocasiões mantermos nosso contentamento (2
Co 4.17-18).

b. Promessa de socorro. Em segundo lugar, temos a promessa de que o Senhor Jesus é poderoso para
nos socorrer (Hebreus 2.18). Ele não somente é poderoso, mas conhece todas as nossas dificuldades e

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sofrimento, pois Ele passou por todas as provações, sofreu quando tentado, e conhece todas as nossas
necessidades ( Hebreus 4.15,16).
O crente, quando aprende o segredo de que Paulo fala, nos momentos em que passa por problemas
não murmura, não resmunga, não reclama de Deus; pelo contrário, ama a Deus e glorifica o seu nome,
confiado nas promessas de socorro bem presente.
Quando manifesta seu descontentamento pelas dificuldades que está enfrentando, o faz através da
oração ( Filipenses 4.7;13).

c. De onde vem a felicidade. Outro aspecto importante de nossa felicidade é o fato de que ela é obra de
Deus ( Filipenses 4.11,13; 2 Co 12.9; Rm 15.12). Não se trata de uma aceitação passiva da situação
em que nos encontramos, mas antes, é a certeza positiva de que Deus tem suprido nossas necessidades
( Mateus 6.25-32; Is 49.13). Podemos estar contentes por haver sido satisfeitos pela graça de Deus.
Ela é produzida em nós através de sua palavra e por uma profunda comunhão entre nós e Deus ( João
15.11; Sl 128.1-4; At 2.46). É o fruto da ação intensa do Espírito Santo em nós ( Atos 13.52; Gálatas
5.22).

d. A felicidade para Jesus. A alegria do crente, que faz a sua felicidade, está ainda alicerçada em fazer
a vontade de Deus ( Salmo 128.1; Romanos 12.2). O cumprir com a vontade de Deus não só opera
em nós a felicidade, mas também a felicidade deriva do fato de estarmos fazendo a vontade de Deus.
O próprio Jesus, quando interpelado por seus apóstolos, declarou que o que o satisfazia era fazer a
vontade daquele que o enviou ( João 4.34). Em João 15.1-11, o Senhor conclui a primeira parte da
parábola da videira, ensinando sobre a necessidade de uma comunhão íntima com o Pai e a obediência
à sua palavra, afirmando “o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo”, na proporção do
cumprimento deste ensino.

e. A felicidade independente de dificuldades. Ensina-nos ainda a palavra de Deus, que a felicidade do


crente ainda persiste, seja qual for a dificuldade que enfrentamos. Aliás, é o motivo de gozo para o
cristão o fato de poder passar por tribulações por amor de Cristo ( 1 Pedro 4.12-19; Tiago 1.2-4; 2
Coríntios 4.7; romanos 5.3; 2 Coríntios 7.4). Através das tribulações, que são passageiras, não
permanecem para sempre, Deus aperfeiçoa, em nós o caráter cristão, e nos conduz a maior
maturidade.

2. O caminho do contentamento

O caminho para chegarmos a uma vida de contentamento, onde a alegria da vida cristã pode ser gozada,
independentemente das circunstancias em que vivemos, passa pelo aprendizado de alguns princípios bíblicos:

a. Negue-se a si mesmo. Existe por aí, uma falsa pregação da Palavra de Deus, que anuncia “aceitem a
Jesus e todos os seus problemas serão resolvidos”. Não encontramos a menor sustentação para tal
afirmação. Pelo contrário, ao lermos Lucas 9.23,24 encontramos: “Se alguém que vir após mim,
negue-se a si mesmo, dia a dia tome a cruz e siga-me”. Vida cristã é vida de renúncia, negação a
muitos prazeres que o mundo oferece que são sinônimos de felicidade.
Temos em Jesus o exemplo maior de renúncia ( Filipenses 2.7-8; Isaías 53.7). Apesar de toda sua
renúncia, Ele declarava que o seu prazer estava em fazer exatamente a vontade do Pai. A medida que

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Discipulado

nos aproximamos do modo como Cristo viveu, seguindo seu exemplo e abnegação, mais seremos
felizes.

b. Viver na dependência completa de Deus. Sem Deus, nada que fazemos pode nos satisfazer
completamente ( Isaías 55.2-3). O apóstolo Paulo nos ensina que o desenvolvimento de nossa
salvação se dá com tremor e temor, dentro da compreensão de que “é Deus quem efetua tanto o
querer como o realizar, segundo a sua vontade”. Isso implica em que a vida cristã autentica e,
portanto, feliz, se dá na medida em que nossas realizações sejam fruto dessa dependência de Deus,
submetendo-nos à sua vontade, Não há felicidade fora da dependência de Deus.

c. Buscar a satisfação de Jesus. Para o homem as figuras que melhor caracterizam a satisfação humana
é o alimento ( pão e água). Utilizando essas figuras Jesus nos ensina que somente nele encontramos
completa satisfação para as nossas vidas (João 6.51; João 7.37,38). E complementando esse mesmo
ensino, nos diz “tereis vida, e vida abundante” e a vossa alegria seja completa” na medida que o
recebamos e dele dependamos.

d. Nosso alvo esteja posto no seu reino. Somos forasteiros neste mundo (Hebreus 11.13-16). Na
medida em que vivemos essa realidade cristã, nossos alvos e objetivos tendem a mudar de direção e
propósitos. Assim, passamos a nos preocupar com o tesouro ajuntado nos céus, onde a ferrugem e a
traça não destroem, nem o ladrão rouba. Encaramos as lutas da vida como bom soldado, que participa
dos sofrimentos de Cristo ( 2 Timóteo 2,3-5). Longe de sua pátria, sabe que o conforto final será
gozado no momento que regressar à mansão Celeste.

e. Goza plenamente as bênçãos que lhe são acrescidas dia a dia. “todas as coisas contribuem para o
bem daqueles que amam a Deus “ A cada instante Deus tem nos cercado de toda sorte de benção.
Toda Sua criação, a vida, a proteção, e especialmente a Salvação em Seu filho Jesus. Todas essas
coisas que Deus fez, leva-nos a compreender que Ele é bom, e mesmo em meio às dificuldades
podemos ter gozo e paz.

f. Compreender que Deus está no comando de todo o Universo. Sua ação é tão completa que Ele nos
diz que nenhum fio de cabelo cai de nossas cabeças, sem que esteja sob seu inteiro controle. Em
Lucas 12.6,7, Mateus. 6.25-32 encontramos promessas de Deus do seu cuidado especial para conosco
na sua condução de cada detalhe da criação. Não temos um Deus distante, que depois de ter criado
tudo, ausentou-se, mas um Deus sempre presente.

Conclusão

A verdadeira felicidade está desvinculada de qualquer circunstancia ou bem material que o mundo possa
oferecer, a despeito de ser esse o conceito presente neste século. Ela depende exclusivamente de Deus, que
aplica em nossos corações na medida que fazemos a sua vontade. Podemos, na prática da vida cristã, gozar de
pleno contentamento; mesmo sofrendo por Cristo; mesmo em circunstancias adversas, por que são
passageiras; mesmo nas provações, que nos edificam e aperfeiçoam nosso caráter cristão.

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