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INTRODUÇÃO 3
ABRAÂMICA 21
MOSAICA 32
DAVÍDICA 44
A NOVA ALIANÇA 55
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AS SETE ALIANÇAS
Parte I
Introdução
A BASE DA ALIANÇA – COMUNHÃO COM DEUS
a) Deus sempre quis esta comunhão com o homem. Isto faz parte do propósito eterno de
Deus e é um desejo constante do seu coração.
b) Porém, Deus procura comunhão em maior intensidade nos períodos de crise no seu
plano para a humanidade. A história de Deus com o homem é uma história de amor. Um
relacionamento de amor envolve crises. Princípios e leis não produzem crises, mas nos
relacionamentos pessoais sempre há crises. O próprio Deus tem crises no seu plano
com o homem, justamente porque não é um plano mecânico, mas um plano que
depende do seu relacionamento pessoal com o homem.
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c) No tempo final do plano de Deus, Ele procura muito mais ter comunhão com os homens.
O fim da história da humanidade é a maior crise que já houve no plano de Deus.
d) Você está disponível para ter esta comunhão com Deus? Você quer dar sua vida para
andar com Deus e ter um relacionamento com Ele nestes dias finais do seu plano na
terra? Ele tem muito que falar a respeito da consumação do seu plano e está
procurando pessoas para andar e conversar com ele.
Em Amós 3:3-7, lemos que para duas pessoas andarem juntas, elas precisam estar de
acordo, ter harmonia entre si. Se Deus quer andar conosco, e nós não estamos em harmonia
com Ele, é certo que Deus não vai mudar! Só resta uma opção – nós temos de mudar!
No versículo 7 vemos o resultado de Deus andar com o homem.
Ele declara que não faz coisa alguma na terra sem antes conversar sobre isto com seus
amigos os profetas. De fato, Deus realiza sua obra na terra através de revelar seus segredos a
homens que irão cooperar com Ele no seu propósito. Na comunhão de andar junto com o
homem, Deus lhe revela seus segredos. Isto torna o homem participante e colaborador na
execução do plano que foi compartilhado.
A fim de ver como isto tem acontecido através da história do homem, iremos examinar
rapidamente alguns personagens na Bíblia que tiveram esta comunhão com Deus e que assim
participaram do plano de Deus.
1. Adão
Deus fez o primeiro homem na sua própria imagem a fim de ter comunhão com ele. Este
seria evidentemente um requisito básico para ter comunhão – estar na imagem de Deus. O
homem só pode ter comunhão com outros que tenham a mesma imagem. É impossível ter
comunhão com um cachorro ou um cavalo, por exemplo.
Gn 3:8-10. À tardinha Deus procurava o homem para ter comunhão com Ele. Mas o
pecado entrou com a transgressão do mandamento de Deus, e a comunhão foi cortada. O
homem perdeu sua comunhão com Deus porque escolheu conhecimento, ciência, filosofia,
ética e moralidade (o fruto do conhecimento do bem e do mal). E assim perdeu-se a vida cuja
fonte está em Deus. A mesma escolha existe até hoje e o mesmo dilema para os homens.
Perdemos a vida e ficamos com o conhecimento que produz morte, temores e frustrações. A
história das sete alianças é a história de como esta comunhão que traz vida foi perdida e como
Deus tem procurado restabelecê-la.
2. Enoque
Gn 5.22-24. Enoque foi o sétimo homem depois de Adão (Jd 14). Ele foi como que as
primícias da comunhão completa, que no final da história levará toda a igreja a ficar para
sempre em comunhão com Jesus. Pois Enoque foi trasladado, e isto é uma figura do
arrebatamento da igreja na vinda de Jesus. A trasladação de Enoque fala da igreja saindo do
sistema deste mundo para estar para sempre em comunhão com Jesus. Enoque andou com
Deus e desapareceu, corpo, alma e espírito. Antes de desaparecer, Enoque profetizou da
segunda vinda de Jesus. Isto foi porque andou com Deus e Deus lhe compartilhou os seus
segredos. A própria vida de Enoque e o seu desaparecimento se tornaram uma profecia.
Muitos falam hoje sobre o arrebatamento da igreja, mas é preciso saber quando e como
será este arrebatamento. A vida de Enoque mostra claramente que o arrebatamento é uma
conseqüência de comunhão. Se ele não tivesse andado com Deus não teria havido a
trasladação. Se a igreja não está em comunhão com Jesus, como será arrebatada?
3. Noé
Gn 6.8-14. Nos dias de Noé, Deus passou por uma crise tão forte no seu plano que se
decepcionou com o homem e se arrependeu de tê-lo criado. Porém, Noé achou graça aos
olhos do Senhor.
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É incrível pensar que um homem andando com Deus salvou toda a humanidade e o
plano de Deus. Deus tinha tanta comunhão com Noé que chegou a contar-lhe tudo. O que
pretendia fazer, como ia destruir o mundo, e como ele poderia salvar sua família através da
arca. Ele revelou seus segredos a Noé e mostrou como daria continuidade ao seu plano
através da descendência dele.
Se a vida de Enoque mostra como Deus vai arrebatar e tomar para si um povo em
comunhão com ele, a vida de Noé mostra como Deus vai preservar no meio da tribulação e
juízo sobre o mundo o povo que anda com ele e acha graça aos seus olhos. Não são princípios
contraditórios, mas complementares.
4. Abraão
Gn 17:1. Deus falou com Abraão para andar na sua presença e ser perfeito. Se
andarmos na presença de Deus, seremos perfeitos. Não há outra conseqüência possível.
Abraão foi chamado amigo de Deus (Is 41:8; II Cr 20:7; Tg 2:23). Deus revelou para ele
grandes segredos. Além do propósito imediato de dar continuidade ao seu plano, formando
uma nação e dando-lhe uma terra, Paulo mostra que Deus anunciou a Abraão o evangelho da
promessa (Gl 3:8). Assim, embora o cumprimento fosse ainda bem distante, Deus mostrou ao
seu amigo e profeta (Gn 20:7) a Nova Aliança. E no seu relacionamento com Deus, os
primeiros passos foram dados para a realização destes planos. Ele se tornou o pai de todos os
que crêem (Gl 3:7), pois a sua fé na promessa de Deus foi o alicerce da nova aliança.
5. Moisés
Êx 33.11. Deus tinha tanta amizade com Moisés que falava com ele face a face. A Bíblia
fala que jamais um homem mortal alcançou tanta intimidade com Deus a ponto de falar com
Ele como qualquer fala a seu amigo (Dt 34:10-12). Deus falava com ele dos seus propósitos,
das suas intenções, e até mesmo dos seus sentimentos. Falou com ele a respeito da formação
da nação de Israel, como tirá-la do Egito, e como formá-la como povo exclusivo de Deus na
terra. Consultou-o antes de derramar a sua ira por causa da desobediência do povo. Mostrou-
lhe o futuro da nação de Israel, sua desobediência, e a vinda de um profeta semelhante a ele
(Dt 18.15).
6. Elias
I Rs 17:1. Elias era um homem que vivia na presença de Deus, e por isto sua palavra
era a própria palavra de Deus. Tal era o grau de intimidade que Elias tinha com Deus que
falava: “em cuja presença estou”. Ele não tinha apenas estado com Deus ontem, mas vivia na
presença de Deus constantemente. Ele podia falar “segundo a minha palavra”, porque era
amigo de Deus e sabia o que Deus queria fazer.
7. Davi
At 13:22. Davi era um homem segundo o coração de Deus. Esta passagem fala que
Deus achou Davi. Isto significa que ele estava procurando alguém. Ele queria um amigo e o
encontrou em Davi. É difícil para nós entendermos que Deus tem necessidade de alguma
coisa, mas é isto que vemos aqui. Deus precisa de amigos para cumprir o seu plano, e está à
procura deles. Você quer que Deus o ache?
Davi tinha problemas sérios na sua vida, mas Deus o amava por causa do seu coração.
Ele procurou uma morada para Deus acima de todos os outros interesses pessoais (Sl 132:1-
5). Tudo que ele fazia para Deus, ele fazia com todas as suas forças. Ele amava a Deus
ardentemente. Dançava diante da presença de Deus com tudo que tinha. Ajuntou materiais
para a casa de Deus com todo empenho possível. E Deus mostrou-lhe o plano da sua casa e
deu-lhe no Espírito visão da Nova Aliança, da graça de Deus e da vinda do Messias.
8. Maria
Lc 10:38-42. Jesus dava muito mais valor a Maria porque ela ficava sentada aos seus
pés. Jesus queria comunhão e era isto que Maria também procurava. Não é que as atividades
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de Marta eram desnecessárias ou sem importância. Nem significa que não devemos fazer
nada. A lição é que o mais importante é a comunhão. Muitas vezes nos refugiamos em
ocupações para não ter comunhão. Temos medo do que Deus pode fazer conosco. Achamos
que Ele vai nos castigar ou exigir algo difícil de nós. Porém quando temos um encontro com
Deus descobrimos que ele não é assim: antes quer envolver-nos com seu amor, a fim de
transmitirmos o mesmo amor aos outros.
9. João
Jo 13:26. Jesus não amava este discípulo por causa da sua aparência ou personalidade.
Ele era o discípulo mais amado de Jesus porque estava sempre perto d’Ele. Alguém falou certa
vez que João ficava sempre junto de Jesus porque era filho do trovão e sempre tinha que pedir
perdão por alguma coisa! O certo é que ele tinha mais intimidade com Jesus e mais acesso a
Ele do que os outros discípulos. Por causa da intimidade Jesus falava dos seus segredos com
ele. Alguns se contentam em apenas ser discípulo e estar andando com Jesus. Outros querem
chegar o mais perto possível e ter uma amizade mais íntima com Ele. João era um destes.
10. Paulo
Fp 3:7-11; II Co 12:1-5. Paulo tinha tal amizade com Deus que foi arrebatado ao terceiro
céu e ouviu coisas que não eram lícitas ao homem falar. Sua experiência foi semelhante a
Enoque que andou com Deus e foi arrebatado, e a Moisés que tinha uma intimidade com Deus
que homem algum alcançou. Paulo foi um amigo de Deus que compartilhou de coisas
profundas, do mistério que ficara oculto desde os séculos eternos, do plano de Deus para a
igreja através dos séculos vindouros, e da vinda de Cristo.
Poderíamos falar de outros ainda, como Daniel que foi chamado homem mui amado.
Cada pessoa tinha um relacionamento com Deus, um pouco diferente dos outros. O
relacionamento foi descrito de maneira diferente em cada caso: o amigo de Deus, um homem
segundo o coração de Deus, o discípulo que Jesus amava, etc. Mas de uma forma ou de outra
todos eram amigos de Deus. Como Jesus mostra em João 15:14, o amigo é diferente do servo,
porque, se interessa nos assuntos de Deus e conversa livremente com Ele.
Então vemos que, através da Bíblia e da história do homem, Deus tem procurado
pessoas com quem Ele pudesse andar e conversar a fim de cumprir o seu plano por intermédio
dessas pessoas. Este é o escândalo de particularidade, e se manifesta de forma especial em
Cristo que é a pessoa que cumpriu de fato todo o plano de Deus. Ele é a imagem de
Deus e tinha comunhão perfeita com Deus como homem. Agora Deus vai desenvolver o
seu plano, realizado potencialmente em Cristo, através de outras pessoas na mesma imagem.
Este relacionamento que Deus procura com as pessoas é um relacionamento de amor e
amor produz crises. Às vezes preferimos fugir de relacionamentos pessoais porque trazem
sofrimento. Mas sem este sofrimento, sem o processo que é necessário para ter
relacionamento, sempre ficaremos isolados e cortados de qualquer amizade e amor humanos.
Da mesma forma, se entrarmos em relacionamento com Deus e andarmos com ele, mesmo
que passarmos por crises, no fim teremos amizade e comunhão com Ele, e isto é vida eterna!
O próprio Deus passa por crises, porque é um Deus de amor. E por isto os homens que
buscam a Deus e que procuram ter comunhão com Ele também passam por crises. Deus quer
conversar com pessoas que sejam seus amigos, porque assim através desta comunhão Ele
poderá passar as crises e cumprir seu plano.
Crises e sofrimentos alargam o nosso coração, permitindo-nos entrar e apreciar a glória
de Deus. Sem sofrimento o coração fica endurecido e insensível. Deus quer pessoas que
tenham abertura e sensibilidade para com Ele, que sintam a necessidade de conversar com
Ele, que sintam o drama do que passa no seu coração. Uma pessoa assim pode mudar todo o
curso da história.
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ALIANÇA
Vimos que comunhão com Deus é andar e conversar com Ele, e que esta comunhão é o
alicerce da aliança que Deus faz com o homem.
Aliança é um acordo solene entre duas ou mais pessoas para fazer ou não fazer algo
específico. Quando duas pessoas querem fazer algo juntas de uma forma mais permanente,
estabelecem um contrato com certas condições e requisitos, a fim de poderem continuar
andando juntas.
Uma aliança na Bíblia é simplesmente o conjunto de condições pelas quais Deus
promete andar com seu povo. A Bíblia é uma história de alianças. Deus é um Deus de amor, e
Ele tem desejo de se casar. Ele é uma pessoa, com personalidade e desejos definidos. Ele é
dinâmico, cheio de sentimentos e emoções. Ele não quer ficar sozinho e por isto criou o
homem. Seu propósito é comunhão, ter uma casa, uma família e para isto precisa se casar.
Mas Deus não quer fazer aliança com quem ele não conhece. Primeiro precisa haver
comunhão, pois se não gostamos de andar e conversar com Deus, como podemos entrar em
aliança com ele?
A história do plano de Deus do início ao fim é uma história de comunhão, aliança e
casamento. Deus não só quer ter comunhão de vez em quando, visitar ou passear conosco.
Ele quer andar e habitar com o seu povo numa morada permanente. Todas as alianças que
Deus já fez com o homem podem ser vistas como passos para chegar a este alvo final que é
casamento, união e comunhão permanente entre Deus e o homem.
A própria formação da Bíblia mostra a centralidade da aliança no plano de Deus. Ela
consiste do Velho Testamento, ou Velha Aliança, e Novo Testamento, ou Nova Aliança.
A Velha Aliança é representada pela lei de Moisés e enfatiza a obrigação do homem de
obedecer a fim de manter comunhão com Deus. Se ele obedecesse, Deus cumpriria sua parte
em abençoar, em ter comunhão e em dar vida eterna para ele. Se ele desobedecesse, Deus o
castigaria e ele seria eternamente rejeitado.
Portanto, na velha aliança havia uma lacuna entre Deus e o homem, porque este não
conseguia cumprir o seu lado da aliança. A condição da aliança é obediência ou morte, e isto
cria um abismo entre Deus e o homem que este nunca consegue transpor.
A Nova Aliança é a vinda de Deus em carne para abolir as condições do lado do
homem. Desta forma acaba-se a lacuna entre Deus e o homem, pois agora as condições são
todas do lado de Deus. Deus veio em carne para poder habitar entre nós, de acordo com seu
objetivo eterno. Só precisamos crer e aceitar o que ele prometeu. Até a fé vem de Deus (Ef 2:8;
Fp 2:13). Se Deus efetua tanto o querer como o realizar, não sobrou nada para nós fazermos.
Não há lugar para o orgulho humano, só para louvar a Deus pela sua obra. É uma aliança
incondicional com Deus.
Na verdade, Deus fez sete alianças com o homem através da Bíblia. O período de
história conhecido como a Velha Aliança englobou seis alianças, sendo que a Nova Aliança é a
sétima. São sete alianças porque sete é o número de perfeição. Na simbologia numérica, três é
o número de Deus, da trindade, e quatro é o número da criação. Sete, portanto, seria Deus
unido com a criação, formando um todo completo e perfeito. Neste sentido as sete alianças
representam uma só aliança. Cada aliança representaria uma parte do todo, assim como cada
cor é uma parte do arco-íris e da luz completa.
Todas as alianças falam do desejo de Deus de firmar uma aliança eterna e permanente
com seu povo. Representam as várias épocas da história e a forma como Deus estabeleceu
condições para andar e conversar com seu povo naquela época específica. Não foi como se
Deus quisesse experimentar vários tipos de relacionamentos, ou como se ele estivesse sempre
fracassando nos seus propósitos e passando a tentar outro plano. Antes representam os
passos e ajustamentos que Deus fez na jornada progressiva para o seu alvo final.
Deus nunca muda o seu alvo. Ele quer andar e habitar conosco. Ele quer casar-se com
seu povo. Mas para isto ele precisa desenvolver um relacionamento de amor, precisa
conquistar e atrair o seu povo para si. Este relacionamento de amor envolve crises,
ajustamentos e mudanças. Deus mudou de tempos em tempos as condições da aliança com
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seu povo a fim de poder caminhar para o seu alvo final. O alvo de Deus nunca muda, mas Ele
se acomoda às necessidades do homem para prosseguir para lá. Então as sete alianças não
representam sete alvos ou sete fracassos, mas uma seqüência significativa e necessária para
acompanhar as nossas necessidades, as nossas crises no relacionamento com Ele.
Deus trata conosco como filhos que crescem e que precisam de coisas diferentes em
épocas diferentes. Deus é um Deus de misericórdia, mas também de severidade e disciplina,
que visita a iniqüidade e julga retamente. Precisamos de amor, mas precisamos de disciplina
também. Há alianças que são mais negativas, com mais disciplina e condenação. Outras já são
mais graça e misericórdia. Tudo faz parte do propósito de Deus de preparar seu povo para
morar eternamente com ele. Deus pôs diante de si um alvo difícil, mas ele vai obtê-lo!
A FIGURA DO TABERNÁCULO
A ALIANÇA ETERNA
Queremos estudar as sete alianças para conhecer o plano único de Deus de firmar uma
aliança eterna conosco. Desta forma podemos compreender melhor o seu alvo final e nos
encaixar nele. Através de estudar as sete alianças, obteremos uma visão de águia, uma vista
panorâmica de todo o plano de Deus. Assim veremos a Bíblia não como uma coletânea de
ensinos, histórias e palavras disjuntas, mas como um plano unido e harmonioso que caminha
para uma única consumação final.
Vamos examinar algumas passagens que mostram a aliança eterna como alvo final de
todas as alianças que Deus fez com o homem.
Gn 9:16. Deus está falando com Noé que o arco-íris o faria lembrar de sua Aliança
Eterna com o homem. Nesta passagem Deus está fazendo uma aliança específica com Noé
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para não destruir mais a terra com água. Mas representa o desejo de Deus de ter um pacto
permanente com o homem.
Gn 17:7,13,19. Quando Deus fez sua promessa a Abraão, Ele disse que seria uma
Aliança Perpétua, com a descendência de Abraão para sempre. Deus é fiel às suas promessas
específicas, mas vemos atrás delas o desejo de Deus de firmar um compromisso ou aliança
permanente com seu povo também. Deus promete nos prover de alimento todos os dias,
alimento espiritual que nunca faltará ao seu povo.
Nm 18:19. A Aliança Perpétua do sustento dos sacerdotes que ministravam diante de
Deus. Deus faz provisão para os seus servos que deixam outras coisas para viver para Ele.
Deus não faz alianças de qualquer maneira. Até pequenos detalhes ele promete e firma de
maneira permanente. Ele quer um relacionamento firme, uma aliança duradoura, não algo
esporádico ou sem compromisso.
II Sm 23:5. Deus fez uma aliança com Davi também, de edificar a sua casa através da
sua descendência que estaria para sempre no seu trono. Era uma aliança específica que Deus
guardou, mas falava da mesma aliança eterna que Deus sempre ansiava firmar com seu povo.
I Cr 16:14-17. Davi está cantando sobre a promessa dada a Abraão, Isaque e Jacó, que
se estende a todo o seu povo, e que fala da Aliança Perpétua ou Eterna.
ls 24:5. Os homens quebram a Aliança Eterna porque desprezam a graça e o amor de
Deus.
ls 55:3. Deus deu uma promessa incondicional a Davi. A descendência de Davi podia
falhar, mas Deus não falharia. De fato, Jesus, filho de Davi, sentou-se no trono para sempre.
Recebemos através de Jesus as fiéis beneficências de Davi, quando cremos na sua promessa.
Jr 32:38-40. Deus prometeu operar no coração do homem para tornar-lhe impossível se
separar de Deus, ou Deus do homem. Esta é a Aliança Eterna. Deus nunca cessará de fazer o
bem para o homem. Será uma aliança indissolúvel.
Ez 37:26-28. Vemos aqui a morada permanente de Deus com seu povo. A Aliança
Eterna ou a Nova Aliança está bem clara no Velho Testamento. Não poderia haver uma
descrição melhor da aliança eterna do que esta que encontramos aqui.
Hb 13:20-21. Temos aqui a Aliança Eterna no sangue de Jesus, prefigurada por todas
as outras alianças anteriores.
Vemos então que as sete alianças que estudaremos através da Bíblia inteira falam do
propósito singular de Deus de firmar uma aliança eterna com seu povo. A separação entre
Deus e o homem acabará para sempre e estaremos ligados eternamente com ele em perfeita
comunhão.
AS SETE CRISES
Antes de iniciar o estudo detalhado de cada uma das sete alianças, devemos ver as sete
crises que causaram as alianças. Qualquer relacionamento de amor envolve crises, e a história
de Deus e o homem não constitui uma exceção. À medida que o plano de Deus se
desenvolvia, e Ele procurava andar com o homem e o atrair para si, havia crises que
terminavam uma aliança e criavam a necessidade de fazer um novo ajustamento, uma nova
mudança no relacionamento. Daí surgia uma outra aliança e dava-se mais um passo para
atingir o alvo de Deus.
As crises são uma parte inevitável de relacionamento. O amor traz sofrimento e crises,
mas ao mesmo tempo o relacionamento se aperfeiçoa. O importante é chegar ao alvo final que
é uma aliança eterna e permanente com Deus, onde não haverá mais crises nem mudanças,
só comunhão e união perfeitas para sempre!
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AS SETE ALIANÇAS
Parte II
Temos aqui a primeira revelação da lei de Deus. "Não faça isto, pois se fizer certamente
morrerá". A lei traz morte. Porém, tornou-se necessário introduzir a lei por causa da primeira
crise, a queda de Satanás.
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2. Multiplicação com dores e domínio da mulher (Gn 3:16).
Agora não é multiplicação para o fim de dominar a terra para Deus. A tarefa agora é
dominar a mulher. Num sentido o propósito original de Deus continua através da multiplicação
do homem para expressá-lo na terra, e forma-se assim um paralelo com a primeira aliança.
Mas como conseqüência do pecado, as condições são radicalmente mudadas. Ao invés de
multiplicarem-se como um processo natural da vida, o homem e a mulher vão se multiplicar
com dores. Ao invés de serem companheiros na tarefa de dominar o mundo para Deus, o
homem terá que lutar para dominar a mulher. E evidentemente isto o impedira em grande parte
de se dedicar a sujeitar o mundo, pois ele terá que se ocupar primeiramente com o governo do
seu próprio lar.
Então esta também é uma aliança bastante negativa, pois são as condições e regras
que Deus deu para uma humanidade em declínio progressivo. O dilúvio foi apenas uma figura
da destruição que vai purificar o mundo, mas não mudou o coração do homem. Mas esta
aliança também tem aspectos positivos, a fidelidade de Deus revelada pelo arco-íris, e a
promessa do sangue que nos dará vida e verdadeiro alimento.
Em Gênesis 9:20-27, encontramos a profecia de Noé sobre seus três filhos. Não faz
parte propriamente da aliança Noética, mas é importante para ver o que aconteceu com seus
descendentes, e como foi a nova ordem depois do dilúvio.
Os três filhos de Noé em ordem de idade foram Sem, Jafé e Cam. Cam foi amaldiçoado,
porque não teve receio de levar notícias infames a respeito do seu pai e espalhá-las lá fora.
Não respeitou sua autoridade. Sem foi abençoado, e a sua descendência foi dada a revelação
de Deus. Deus é o Deus de Sem. A revelação começou com Abraão, descendente de Sem.
Jafé foi o que mais se multiplicou. Sua descendência se converteu ã revelação do Deus de
Sem, e assim, habitou nas tendas de Sem. A descendência de Cam tornou-se escrava dos
outros. Mas eles também são abençoados através de Abraão.
As três primeiras alianças devem ser estudadas em conjunto. Todas as três tratam da
humanidade em declínio. Tratam também da humanidade como um todo. A partir da quarta
aliança, Deus tratará com um povo especial e começará a fase ascendente do plano de Deus
em que a comunhão entre Deus e o homem será progressivamente restaurada.
A primeira aliança mostra a situação original do homem, os privilégios, direitos e
condições que Deus lhe deu. Mostra também o propósito original que Deus tinha para o
homem. A segunda e terceira mostram como Deus tratou com a entrada do pecado no mundo,
como o homem caiu progressivamente e as condições que Deus colocou sobre a humanidade
em conseqüência do seu estado. Tudo isso, embora negativo e triste, e necessário entender,
antes de começar o plano de Deus para restaurar o homem.
Faremos agora uma comparação entre os itens dessas primeiras três alianças, para
entendê-las melhor.
3. Na aliança Edênica estavam nus e inocentes. Olhavam para Deus e não para si
mesmos. Tinham a glória de Deus e não sentiam medo e nem insegurança. Na aliança
Adâmica tinham roupas para se cobrirem, mas agora estavam auto conscientes. Olhavam para
si e tinham medo e insegurança. Perderam a glória de Deus e sentiam medo de Deus. O
instinto é esconder-se de Deus, não andar em comunhão com Ele.
4. O alimento na primeira aliança era frutas e ervas. Não envolvia esforço humano. Na
segunda aliança era pão produzido à custa de trabalho e fadiga, com a necessidade de vencer
sobre os espinhos e abrolhos. Na terceira aliança, incluía carne de animais, envolvendo guerra
com o resto da criação. Aqui também há uma linha progressiva de decadência.
Na aliança Noética Deus proibiu o homem de comer sangue de animais para não
receber vida de outra fonte senão daquela que Ele mesmo iria prover: o sangue de seu Filho.
7. Na aliança Edênica havia uma escolha: obediência ou morte. Esta é a escolha que a
lei nos proporciona. Na aliança Adâmica temos a conseqüência da escolha que o homem fez,
exílio e morte. É a punição de Deus sobre o homem por causa da sua escolha. Na aliança
Noética temos a continuação e desenvolvimento desta punição, medo e guerra como clima
social reinante na humanidade.
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AS SETE ALIANÇAS
Parte III
Abraâmica
INTRODUÇÃO
Antes de iniciar o estudo da 4ª aliança, queremos examinar dois esquemas que darão
uma visão global das alianças e as situarão no contexto da cronologia do plano de Deus.
Esquema 1
Esquema 2
1. Éden 7. Jesus
2. Adão 6. Davi
3. Noé 5. Moisés
4. Abraão
Aqui também temos uma visão da Bíblia inteira. Nas primeiras alianças, o homem estava
em declínio. Cada aliança encontra o homem numa posição mais baixa que a anterior.
Abraão foi chamado no ponto mais baixo, e representa o começo da fase ascendente,
onde o homem começa a se aproximar de Deus.
Muitas vezes no plano de Deus e preciso descer antes de poder subir e atingir o seu
alvo. Precisamos entender isso e esperar com paciência a hora de Deus para começar a subir.
O SANDUÍCHE
As três primeiras alianças formam um conjunto e devem ser estudadas juntas. Elas se
relacionam com a queda progressiva do homem, e com a ordem de Deus de multiplicar-se e
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encher a terra. Nelas Deus está tratando com toda a humanidade, não com somente uma
parte. Na primeira, Deus proibiu o homem de comer da arvore do conhecimento do bem e do
mal. Na segunda Ele o proibiu de comer da árvore da vida. Na terceira Ele o proibiu de comer
sangue. Foram as soluções de Deus para resolver cada crise em que o homem foi entrando.
Depois de Noé, ao invés do homem encher a terra conforme Deus lhe ordenou, ele fez
uma torre para se unir na base errada. Mais uma vez, o homem, e o plano de Deus para ele,
estavam em crise. Deus espalhou o homem e confundiu as suas línguas.
Desta forma começou a quarta aliança, e a etapa do plano de Deus que está em vigor
até hoje. Até a sétima aliança, a Nova Aliança em Jesus, constitui uma seqüência, uma
continuação da aliança feita com Abraão, conforme veremos.
Abraão ouviu o chamado de Deus de sair da sua terra e atravessou o rio Eufrates. Por
isto foi chamado hebreu é alguém quê atravessou o rio. Ele foi o primeiro crente, pois ouviu o
evangelho pela primeira vez e creu (Gl 3:8). Ele ouviu uma promessa cuja condição era
somente crer, confiar no poder de Deus para cumprir o que prometera. Cada passo da vida de
Abraão era uma questão de ouvir uma palavra de Deus e confiar nela. É exatamente isto o
evangelho, uma palavra de Deus ouvida e recebida com fé.
Deus não falou com Abraão para multiplicar-se e encher a terra. Era para ele habitar
numa terra especifica e alcançar toda a terra através da benção do seu descendente. Todas as
demais alianças foram feitas nesta terra com os seus descendentes.
Então a quarta, quinta e sexta alianças também formam um conjunto que devem ser
estudadas juntas. Podemos dizer que estas três alianças formam um sanduíche. Deus fez
promessas incondicionais da sua graça a Abraão (4ª) e a Davi (6ª), mas entre eles veio Moisés
com a Lei. Então Abraão e Davi representam as duas fatias de pão, e Moises é o recheio da
carne (a Lei) no meio. Estaremos estudando com maiores detalhes o plano de Deus para ver
por que a Lei veio nesta ordem, entre duas alianças de graça.
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Os Encontros de Deus com Abraão
a. Deus prometeu a Abraão um filho gerado por ele mesmo (v. 4).
b. Confirmou que sua descendência seria numerosa como as estrelas do céu (v. 5).
c. Abraão foi justificado pela fé (v. 6).
d. Confirmou a promessa da terra (v. 7).
e. O prazo determinado para a descendência possuir a terra de fato foi estipulado (v.
13).
f. Deus fez uma aliança com Abraão de dar-lhe a terra (v. 18).
Deus prometeu a terra, e até firmou uma aliança para deixar sua promessa mais segura,
mas mostrou que antes viria um tempo de trevas e escravidão no Egito.
É bom notar que Deus não levou a mal a pergunta de Abraão. Ele quis saber como se
cumpriria a promessa já que não tinha filho. Deus explicou para Abraão até mais do que este
perguntara. Se pedirmos a Deus para nos explicar algo sobre seu plano e nossa participação
nele, Ele nos responderá além das nossas expectativas.
a. Um novo nome para Deus: O Deus Todo-poderoso (v. 1). Esta é a chave da
santificação: andar na presença de Deus e ser perfeito.
b. A promessa renovada de: fazer da sua descendência um povo (v. 2 ).
c. A promessa renovada de fazer de Abraão uma bênção para todas as famílias da
terra (v. 3). Abraão será pai de muitas nações. Esta é a primeira vez que Abraão é
chamado de pai.
d. Abria recebe um novo nome: Abraão (v. 5). Seu nome foi mudado.
e. Deus vai fazer uma aliança eterna de ser para sempre o Deus da sua descendência.
É a promessa do casamento (v.7).
f. A renovação da promessa da terra (v. 8).
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g. O sinal da aliança: a circuncisão. Circuncidar-se não é a aliança em si, pois a aliança
foi feita através de crer na palavra de Deus. A circuncisão é uma prova da fé, uma
ação da fé. Quem crê e está em aliança vai mostrar um sinal exterior da sua fé.
h. Sarai recebe um novo nome, Sara ou princesa. Ela é mãe de nações (vv. 15-19).
i. O filho da promessa será através dela e não de outra pessoa (v. 16).
j. O nome do filho da promessa será Isaque ou riso. A aliança é com ele e não com
Ismael (v. 19).
k. O tempo do nascimento deste filho foi determinado (v. 21).
l. Ismael será um povo numeroso também (v. 20).
Podemos ver que em cada encontro Deus chegava mais perto de Abraão e o
relacionamento prosseguia. Cada vez mais a promessa ia se tornando mais clara e explicita.
Deus falou que usaria a descendência de Abraão, depois confirmou que lhe daria um filho, que
seria através de Sara, sua mulher, e finalmente tratou diretamente com Sara e com a sua
incredulidade (no 7º encontro).
Havia espaços de 10 ou 14 anos entre um encontro e outro (ver Gn 12:4; 16:3 e 17:1).
Temos que ficar firmes; às vezes demora, mas precisamos aguarda que Deus volte a falar
conosco outra vez.
A ALIANÇA ABRAÃMICA
Os primeiros três itens da aliança Abraamica se relacionam com a promessa que Deus
fez a Abraão em Gênesis 12:1-3, e os trataremos juntos.
1. A Terra. Deus falou com Abraão: “Sai da tua terra e vai para uma terra que te
mostrarei, uma terra que ainda não conheces".
2. O Povo. Ele também falou “Sai do teu povo, e Eu farei de ti uma grande nação”. Ele
teria que deixar sua terra, mas ganharia outra, e sair do seu povo, porém para Deus começar
através dele uma nova nação.
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A Nova Jerusalém desce dos céus (Ap 21:1-3), mas depende do que está acontecendo
conosco hoje, como povo d’Ele. Se não encontrarmos a nossa herança agora e não a
possuirmos, esta cidade não aparecerá. O povo de Deus está espalhado sobre a terra e não
encontrou a posição no Espírito onde Deus possa estabelecer o seu reino e usar-nos na terra
como Ele quer. Mas a volta dos judeus a Israel é um sinal de que Deus quer fazer o mesmo
com a igreja. Precisamos crer que há uma terra a ser encontrada, que temos uma herança, que
há uma posição de união e vida no Espírito aonde Deus vai nos usar para abençoar todas as
famílias da terra. A promessa de Deus a Abraão vai ser uma realidade total, mas antes
precisamos ser o seu povo na terra.
FÉ DEUS
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Há três elementos aqui: a pessoa que crê, o alvo ou depósito da sua fé, e o processo da
fé.
Como diz o texto em Gênesis 15, Abraão creu numa palavra especifica que Deus lhe
deu. A sua fé lhe foi atribuída como justiça.
Comumente falamos que a fé justifica ou salva. Mas isso dá uma idéia errada. Não é a
fé que justifica. Quando alguém crê em Deus, ou confia em algo que Ele fala, ou o tem como
fiel a sua promessa, isso permite que Deus o justifique. É Deus quem justifica, mas a fé é o
processo que o permite fazê-lo.
Hoje há muita ênfase em fé no sentido de acreditar em si mesmo, liberar o poder do
positivismo, acreditar no sucesso, etc. A fé tem poder, mas isso não salva nem justifica
ninguém. Depende do alvo, ou depósito da nossa fé. O elemento central não é tanto o desejo
de receber aquela promessa e beneficiar-se da bênção, mas a confiança em Deus e na sua
palavra, e a convicção que Ele será sempre confirmado como fiel e verdadeiro. Quando nós
cremos no caráter fiel, imutável, santo e verdadeiro de Deus, Ele nos justifica (ver também
Gl 3:6).
E qual foi o resultado desta fé? Foi o nascimento de um filho-milagre. Ismael foi uma
obra da carne que veio de uma forma totalmente natural e que não trouxe nenhum beneficio à
vida de Abraão.
Mas Isaque foi um milagre de Deus totalmente impossível pelas leis naturais.
Fé sem obras e morta (Tg 2:26), mas as obras da fé são obras sobrenaturais, não obras
que conseguimos produzir por nós mesmos.
Vejamos como isso é aplicado a nós em Gálatas 3:2, 14. Como no caso de Abraão,
temos uma promessa, ou uma palavra específica dada por Deus, e que são as boas novas do
evangelho.
O alvo da nossa fé, que é ao mesmo tempo aquele que trouxe estas boas novas para
nós, é Jesus Cristo. E o milagre que acontece como resultado da nossa fé é o recebimento do
Espírito Santo. Podemos esquematizar assim:
Novamente, não e a fé que justifica, mas crer nesta promessa, colocando nossa
confiança numa pessoa, é que libera a ação de Deus que nos justifica. Isto não é uma teoria
bonita, isto é realidade pela operação sobrenatural de Deus pelo Espírito Santo em nós. Não
somos salvos por obras naturais (Ismael) nem por uma fé que não produz resultados (fé
morta). Quando realmente cremos em Jesus, quando ouvimos a palavra com fé, recebemos a
promessa de Abraão que e o Espírito Santo, e que nos justifica por produzir obras
sobrenaturais em nós (ver também Ef 2:8-10).
Abraão não produziu obra alguma para sua justificação, mas pela sua fé Deus pôde
operar milagrosamente. E este princípio é o mesmo ate hoje.
6. O Sinal da Aliança: a Circuncisão (Gn 17:9). Agora entra outro aspecto da aliança
com Abraão.
Não e só fé, e faca também.
A fé vem primeiro, como podemos observar em Gênesis (fé cap.15; faca cap.17) é como
Paulo enfatiza em Romanos 4:11-13. A circuncisão não foi dada como uma espécie de lei, mas
como o selo da sua fé. Deus é um Deus de aliança. Ele quer relacionamento e confiança, e
isso leva a uma aliança. Primeiro ·tem que haver esta fé e confiança, e isso nos levará a um
compromisso firme e inviolável. Deus quer um povo de aliança, um povo que tenha coragem de
manifestar um sinal externo, ou visível, da sua aliança invisível.
Paulo explica o significado da circuncisão para a Nova Aliança em Romanos 2:28-29,
Filipenses 3:3 e Colossenses 2:11-12. A circuncisão também é uma obra do interior, pelo
Espírito, mas envolve o despojamento das obras da carne. Por isso é usada a simbologia da
faca, mortificando e despojando pelo Espírito as obras da carne (ver também Rm 8:12).
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Morremos com Cristo, portanto mortificamos as obras do corpo que já morreu (Cl 3:3-5). A
circuncisão é o sinal da nossa fé. A morte e o despojamento das obras da carne são o sinal da
nossa fé.
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AS SETE ALIANÇAS
Parte IV
Mosaica
INTRODUÇÃO
A aliança de Deus com Moisés, ou por intermédio de Moisés, é a quinta das sete
alianças que estamos estudando. Vimos que as três primeiras alianças acompanharam a
queda progressiva do homem, e tratam com toda a humanidade. Na quarta aliança, com
Abraão, Deus escolheu um homem individual e chamou-o para uma terra específica ao invés
de ordená-lo a se multiplicar e encher a terra. Foi nessa aliança que Deus anunciou pela
primeira vez as boas novas do evangelho. Abraão creu na promessa de Deus e foi
estabelecida a aliança.
Vimos também que a quarta, quinta e sexta alianças formam uma unidade da mesma
forma que as três primeiras. Usamos a ilustração de um sanduíche para representar o fato de
que as alianças com Abraão e Davi revelaram a graça de Deus, enquanto a aliança com
Moisés, que veio entre as outras duas, foi a aliança da Lei.
Antes então de examinar a aliança Mosaica, devemos dar uma olhada no significado
deste “sanduíche”. Por que esta aliança com as condições duras da lei, que talvez simbolize a
própria “Velha Aliança” ou “Velho Testamento”, foi interposta entre as das alianças da graça?
Por que esta aparente contradição? Devemos seguir mais as alianças da Graça ou da Lei? Por
que Deus permitiu estas notas discordantes tão-próximas umas das outras?
Uma passagem chave para entender esta situação á Gálatas 3:16-24. Paulo, que foi o
grande promulgador da graça de Deus, mostra que na realidade a Nova Aliança em Jesus não
foi um concerto novo e contrário à Velha Aliança com Moisés. A graça veio primeiro, com
Abraão, e a Lei que apareceu 400 anos depois, não anula esta promessa incondicional de
Deus. Deus tem um plano que continua sempre firme. Depois da promessa a Abraão, Deus
deu a Lei para Moises, mas tudo faz parte do mesmo plano de Deus.
A Lei é diferente da promessa, mas não e contrária a ela. A promessa promete vida pela
fé, enquanto a lei exige obras e obediência para que se alcance a vida. Parece uma
contradição, mas na verdade a lei está concordando e cooperando com o plano de Deus. Ela
veio como um instrumento necessário para provar a necessidade da graça, para mostrar que é
impossível alcançar a vida pelos meios que ela oferece. Se o homem houvesse alcançado a
vida pela Lei, seria uma negação da promessa, mas não foi assim. A Escritura, ou a Lei,
encerrou todos debaixo do pecado para que a graça pudesse ser recebida pelos que crêem.
A lei veio para mostrar esta necessidade do homem, e para guardar a humanidade até
que Jesus, o descendente de Abraão, pudesse vir tirar a Lei e implantar a Nova Aliança. Ele foi
o cumprimento da promessa a Abraão, a bênção para todas as famílias da terra.
Outro sinal que mostra que a lei não anulou a promessa a Abraão e que na seqüência
do plano de Deus, a sexta aliança, com Davi, voltou ao mesmo tema de graça. Como o recheio
do sanduíche, a Lei foi necessária, mas não foi o fim nem o alvo do plano de Deus. Foi uma
época intermediária, um período e uma dispensação especial para cumprir um propósito
imediato. Deus deu a promessa a Abraão, e este experimentou a graça de Deus na vida dele.
Porém ninguém pode receber a graça de Deus sem sentir necessidade, sem sentir o próprio
pecado e insuficiência. Deus queria preparar não só um indivíduo, mas um povo inteiro para
receber a graça de Deus.
Assim a palavra de Deus a Abraão foi: “Eu vou fazer tudo”, e a Moisés foi: “Vocês têm
de fazer tudo”. Apesar de ser um contraste tão forte, e duas dispensações tão diferentes, no
fim Deus queria que o povo todo chegasse ao ponto onde na Nova Aliança Ele pudesse dizer
novamente: “Já fiz tudo em Jesus”.
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O PROPÓSITO DA LEI
8. O propósito da lei não é salvar, porém condenar, mostrar o pecado, tirar todas as
saídas naturais para o homem salvar a si mesmo. Deus é justo e Ele exige justiça do homem.
O homem não consegue ser justo. A lei tem um papel importante, porém negativo, de mostrar a
injustiça do homem. As boas novas do evangelho não são boas novas para quem não se acha
injusto ou incapaz de atingir o alvo de Deus.
9. O resultado da Lei é que toda a glória seja atribuída a Deus, e que o homem nunca
receba glória para si. Isto é resultado da condenação do homem. O homem natural gostaria de
realizar tudo sozinho, mas a Lei o condena e corta todos os seus esforços até que ele sinta
necessidade da graça de Deus. O homem não precisa apenas de ajuda, mas precisa deixar
Deus fazer tudo.
Segundo Hudson Taylor, missionário para a China, há três etapas para se chegar à
maturidade. A primeira é quando o homem pede a Deus para ajudá-lo nos seus planos de
realizar uma obra para Deus. A segunda é quando reconhece que não deve pedir a Deus para
ajudar nos seus planos, mas cooperar com os planos de Deus. E a terceira é quando
reconhece que não pode fazer nada, e se entrega a Deus para que Deus faça a obra dele na
sua vida.
10. A lei é necessária para reger os relacionamentos horizontais de um povo. Um
homem sozinho com Deus não envolve uma situação tão complexa, mas para governar um
povo, é preciso ter lei. Um homem sozinho pode ouvir de Deus e viver de acordo com esta
palavra, mas para levar todo um povo a conhecer a Deus, a situação fica bem mais complexa.
A lei do Espírito no interior do homem ainda não fora revelada, e assim precisava de uma
estrutura firme para guardar o povo até que surgisse a Mova Aliança (ver Gl 3:23).
11. A Lei é uma sombra ou figura de tudo aquilo que seria realizado como realidade
pela graça. A Lei é um professor que nos mostra através de símbolos o que Deus quer cumprir
pela graça. Mostra em figuras o verdadeiro propósito de Deus, é uma tesouraria cheia das
riquezas de Deus. Revela mas não cumpre. Neste sentido, a Nova Aliança não mudou a Lei,
mas levou-a para o interior, ao invés de deixá-la como um símbolo ou uma exigência exterior. A
Lei exige e a graça cumpre, mas é a mesma palavra ou objetivo de Deus. A Lei mostra as
multiformes facetas, fatores e detalhes da personalidade de Deus e das coisas que Ele quer
cumprir através da graça. É como um pintor que usa sombras escuras para realçar a luz. O
negativo da Lei ressalta o positivo da graça de Deus.
12. A lei guardou a humanidade até o tempo da graça. O tempo certo do
descendente nascer. A Lei fechou todas as outras portas até o tempo determinado para a
revelação da graça. Até chegar o cumprimento da promessa, precisava da lei. Deus tem muita
paciência para cumprir os seus planos e às vezes demora muitos anos até passar à próxima
etapa.
13. O povo não queria ouvir diretamente de Deus, queria um mediador. A Lei tornou-
se este mediador. Na graça não há mediador (Gl 3:l9-20). A Lei serviu como mediador, por um
tempo, para que o povo pudesse ver que assim não funciona. Assim ao chegar o tempo da
graça, eles estariam prontos para conhecer a Deus sem mediador. Então a Lei guardou o povo
até o tempo certo, e levou-o à condição certa também. Esta condição era querer ouvir a voz de
Deus e saber que contato indireto por mediador não soluciona os problemas dos homens. Na
Nova Aliança Jesus, como Deus e homem ao mesmo tempo, é Deus falando conosco
diretamente.
Antes de entrar em maiores detalhes sobre cada um dos pontos da aliança Mosaica,
queremos falar rapidamente sobre todos eles para obtermos uma visão global.
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1. A Lei: as tábuas de pedra com os dez mandamentos. Este ponto é sinônimo da
aliança Mosaica.
2. O Tabernáculo: o modelo da casa de Deus que Moisés recebeu no monte.
3. O Sacerdócio: o ministério que Deus ordenou para servir na casa de Deus, o
sacerdócio levítico.
Veremos melhor depois como estes três primeiros pontos são interligados. Um não tem
sentido sem o outro. A Lei não pode ser ouvida nem praticada sem a casa de Deus. A casa de
Deus foi edificada para conter a Lei. O sacerdócio serve na casa, e sua função é ouvir a
palavra de Deus, a Lei é proclamada ao povo na casa. Sem uma casa e sem uma mensagem
(a Lei de Deus) o sacerdócio não tem função. Então, na realidade, formam um só conjunto.
4. A Terra: o alvo do ministério de Moisés foi levar o povo para a terra. Foi para isso que
ele o tirou do Egito. Apesar de não entrar ele mesmo na terra, ele a viu. Ele tinha visão, e
mostrou-a ao povo. A Lei não pode entrar na terra prometida, mas leva o povo até lá, e dá uma
visão dela. Foi a Lei que preparou o povo para a Nova Aliança e levou-o ao ponto de poder
entrar. Josué, figura de Jesus, foi quem realmente o introduziu na terra. Isto não significa que a
Lei não tem mais valor na terra. Como veremos, guardar a Lei é condição para entrar na terra e
para permanecer nela.
5. O Sábado: este foi o sinal da aliança com Moisés, o repouso sabático. É um contraste
interessante, o sinal de mandamentos e ordenanças era o descanso, era não fazer nada.
Podemos ver aqui também que a Nova Aliança está escondida na Velha.
6. Sinais e Prodígios: na libertação do Egito e na provisão miraculosa no deserto.
7. Obediência ou Morte: Se o povo obedecesse, resultaria em vida, se desobedecesse
resultaria em morte. É semelhante à Aliança Edênica, onde havia a pena de morte se
comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Agora passaremos a ver cada um destes pontos com maiores detalhes.
1. A LEI
1. Criação: Deus usa as coisas criadas, todo o universo, para expressar a si mesmo,
para nos falar (Rm 1:20).
2. Consciência: Deus escondeu também a sua palavra no nosso interior (Rm 2:15).
3. Pedra: Deus escreveu a sua Lei nas tábuas de pedra (Dt 5:22).
4. Papel: Esta é a edição que conhecemos como a Bíblia. É também uma edição escrita
como a anterior, só que destinada a ser divulgada e espalhada no mundo inteiro, o livro mais
lido pelos homens.
5. Pessoa: Uma edição “ilustrada”, a palavra de Deus em carne, na pessoa de Jesus
Cristo (Jo 1:1,14,18).
6. Coração: Agora a Lei é escrita não só na consciência para nos condenar, mas no
centro da existência do homem, na fonte de todas as suas ações, pela Nova Aliança (Jr 31:33).
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7. Corpo: Na etapa final da revelação de Deus ao mundo, Ele se expressa através das
cartas vivas que são a igreja. A Lei escrita no coração se manifesta através das vidas de
muitas pessoas, da mesma maneira que ocorreu com Jesus (II Co 3:2).
Deus falou e a criação veio a existir. Deus falou e a consciência registrou. Deus falou e
escreveu na pedra. Deus falou e homens escreveram no papel. Deus falou e Jesus o revelou
em pessoa. Agora ele fala no coração e quer falar com todo o seu corpo.
O importante em todo este esquema é o fato que Deus fala. Ter os Dez Mandamentos
na pedra e não ter a voz de Deus não adianta. Hoje temos a Bíblia que carregamos assim
como os judeus carregavam a arca. É a nossa possessão mais preciosa. A arca era o centro
do tabernáculo porque continha as tábuas de pedra. Hoje temos a Bíblia. Mas o propósito do
lugar especial reservado para a arca era para ser um lugar onde Deus falasse com o homem
(Ex 25:22). Deus tem o mesmo propósito hoje.
Então existe a palavra viva, a voz de Deus falando no presente, e a palavra escrita que
registra e preserva o que Ele já falou. A palavra viva é mais importante, porque sem ela a
palavra escrita não pode existir. Mais ainda, se não ouvir a voz de Deus, a pessoa não pode
entender nem obedecer a palavra escrita. O povo não quis ouvir a voz de Deus, só queria
preservar as tábuas escritas (Dt 5:25-27). E esta foi a chave de seu fracasso em continuar num
relacionamento vivo com Deus.
Hoje temos a mesma situação. Temos a Bíblia que registra o que Deus falou no
passado com diversos servos dele. Mas sem ouvir continuamente d’Ele, esta palavra não tem
sentido nem vida para nós hoje. Preferimos ouvir através de mediadores, como o povo queria
ouvir através de Moisés.
Podemos ter a Bíblia, mas se não ouvirmos a voz de Deus que a produziu, perdemos o
alvo dela. O objetivo da Bíblia é nos conduzir a Deus que deseja falar pessoalmente conosco.
A lei foi escrita em tábuas de pedra, um material duro que representa a permanência e
imutabilidade da Lei de Deus. Fala também da dureza do coração humano que nunca
obedeceria por si mesmo esta Lei.
A Lei contém as ordens claras e definidas que Deus revelou para o homem. Não pode
haver nenhuma dúvida de interpretação, nenhuma relatividade na sua aplicação para o
homem. Deus deixou bem claro a diferença entre o certo e o errado. Não era uma questão de
estar certo para alguém, mas errado para outrem. Não depende da relatividade ou
subjetividade do homem, mas das ordens objetivas e claras de Deus. Isto é a lei de Deus.
2. A CASA DE DEUS
Quando Moisés subiu ao monte para receber as tábuas de pedra, a primeira coisa que
Deus falou com ele foi a respeito do modelo da casa que deveria ser construída. Antes de dar a
Lei, Ele deu a Moisés o modelo do santuário onde seria guardada a lei (Ex 25:1-9,21-22). Este
fato nos mostra algo muito significativo, que não devemos procurar a Lei (ou a palavra de
Deus) fora da casa de Deus, e que a casa de Deus não tem sentido sem o seu propósito
central que é ouvir a voz de Deus.
O que significa isto na prática? Já mostramos a distinção e a ligação entre a palavra
escrita e a palavra viva. Ter a palavra escrita é essencial, mas não produz vida sem a palavra
atual e vivificadora de um Deus presente. A casa de Deus representa, evidentemente, a igreja.
Hoje temos dois extremos. Existem muitas igrejas que não procuram ouvir de Deus hoje.
Crêem que ter a Bíblia como palavra escrita é suficiente. Isto é perder o objetivo central da
casa de Deus. A arca ocupava o lugar central e mais importante no tabernáculo, mas o
propósito de estar ali era para que Deus pudesse vir e falar continuamente. A sua palavra atual
seria dada por cima da palavra escrita, e desta forma havia uma maneira segura de saber se
era Deus mesmo que estava falando Uma revelação mística da voz de Deus para hoje nunca
pode entrar em conflito com o registro objetivo e claro da palavra de Deus que temos na Bíblia.
Mas rejeitar ou ignorar a manifestação de Deus hoje no lugar santíssimo e perder contato com
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Deus, mesmo que continue com a Bíblia nas mãos. Então uma casa onde não se ouve a voz
de Deus hoje e uma casa vazia, formal e sem propósito.
Por outro lado, há pessoas que alegam estar ouvindo de Deus hoje e que querem
transmitir o que ouviram para o povo de Deus. Deus realmente fala através de homens hoje
como falava pelos profetas da antiguidade. Porém ouvir a palavra de Deus fora da sua casa e
muito perigoso. Como já observamos, a palavra de Deus deveria ser ouvida por cima da arca
onde estavam as tábuas da Lei. Isto quer dizer que a palavra viva precisa ser testada pela
palavra escrita. E se a casa de Deus representa a igreja, então a voz de Deus precisa surgir e
ser ouvida não por pessoas isoladas, mas no meio da igreja onde pode haver confirmação e
segurança contra extremos e exageros. Deus quer mesmo falar com o homem hoje, mas seu
alvo em falar é construir a sua casa. Se a palavra que alguém está ouvindo não nos conduz
nesta direção, se não contribui para a formação da casa de Deus, se não está sendo
produzida, ouvida e praticada dentro do contexto da igreja local, então e muito perigoso e pode
muito bem não ser uma palavra de Deus.
Sem fazer um estudo detalhado do tabernáculo, queremos ver alguns aspectos que
podem nos ajudar a entender melhor a casa de Deus.
O modelo do tabernáculo, ou santuário, que Deus deu a Moisés tinha três partes: átrio,
lugar santo e santo dos santos. Da mesma forma o homem e triuno, formado de espírito, alma
e corpo, assim como Deus e Pai, Filho e Espírito Santo.
O alvo de Deus era conduzir o homem até a terceira parte, ou o santo dos santos, que
era onde ele queria ter comunhão com o homem. Mas para chegar lá o homem precisava
passar por uma preparação para não morrer. Era para isto que existiam as outras partes do
tabernáculo. No átrio, que era um pátio exterior, todo cercado, havia dois móveis: o altar de
bronze e a bacia de bronze. No altar de bronze eram feitos sacrifícios de animais
continuamente, e o fogo em cima dele nunca se apagava. Na bacia de bronze havia água para
lavar os pés e as mãos dos sacerdotes e algumas partes dos sacrifícios. Temos aqui
simbolizadas as três testemunhas de I Jo 5:8, a água, o sangue, e o Espírito. A água é uma
figura da palavra, enquanto o fogo simboliza o Espírito. No altar de bronze vemos o sangue dos
sacrifícios e o fogo que os consumia. O sangue é o primeiro passo para se chegar a Deus.
Jesus morreu antes da fundação do mundo como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do
mundo. Sem o seu sangue nada mais tem valor. O Espírito Santo está presente no fogo e a
palavra na água que nos purifica difícil, às vezes, separar ou identificar cada testemunha nas
experiências individuais, mas sempre as três estão presentes.
O TABERNÁCULO DE MOISÉS
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O átrio, então, representa o primeiro estágio de preparação, que seria a conversão
efetuada pela operação das três testemunhas. Depois disso podemos entrar no lugar santo. Lá
encontramos três móveis: a mesa dos pães da proposição, o candelabro e o altar de incenso.
Na mesa, colocava-se doze pães que eram renovados todo sábado. O número doze
representa as doze tribos, e os pães representam o corpo de Cristo, e também a palavra de
Deus. Para entendermos a palavra de Deus, precisamos ter comunhão com todo o corpo de
Cristo, com as doze tribos, não com uma ou duas partes apenas.
O candelabro com o azeite·representa a iluminação do Espírito Santo. Aqui temos outra
vez o equilíbrio da palavra com a iluminação do Espírito Santo. Se ficarmos só com a palavra
tudo será seco e morto. Se ficarmos só com o Espírito, teremos fanatismo. Precisamos dos
dois.
O altar de incenso representa a oração que sobe a Deus e que dentro do santo dos
santos forma uma nuvem onde Deus aparece. Em alguns casos colocava-se sangue dos
sacrifícios nas pontas do altar de incenso. Outra vez temos as três testemunhas: o Espírito, a
palavra e o sangue.
O lugar santo representa a preparação para entrar no santo dos santos. Depois da
experiência de salvação que ocorre no átrio temos que comer a palavra, ter experiências com o
Espírito Santo e ter uma vida de oração baseada no sangue de Jesus que nos purifica
continuamente. O lugar santo representa o que deve estar acontecendo nas reuniões da igreja,
e na nossa vida individual também.
O santo dos santos só tinha uma coisa, a arca onde ficavam os Dez Mandamentos. Por
cima da arca ficava o propiciatório, onde se aspergia o sangue, e os dois querubins de ouro
que guardavam ou vigiavam a presença de Deus. Os querubins não deixam o homem carnal
entrar na presença de Deus e participar da árvore da vida (ver Gn 3:24). Então aqui também
estão as três testemunhas, pois a palavra estava na arca, o sangue era aspergido no
propiciatório, e o incenso com fogo era introduzido para criar a nuvem da presença de Deus
pelo Espírito Santo (Lv 16:13).
O fato de encontrarmos as três testemunhas em cada um dos três passos mostra que há
um equilíbrio perfeito que funciona na casa de Deus. A palavra não deve ficar sem o Espírito e
nem vice-versa. E os dois precisam ser recebidos com base no sangue de Jesus que fala não
só do seu sacrifício por nós, mas da sua vida·.sacrificial que flui através de nós e que coloca a
união da palavra e do Espírito em prática nas nossas vidas e comunidade.
3. O MINISTÉRIO
Em Êxodo 19:5-6, Deus mostrou a Moisés que seu propósito em escolher um povo
especial na terra era fazer deles um reino de sacerdotes para salvar pessoas de todas as
famílias da terra e restaurar toda a criação (ver também Rm 8:21). Mas antes de fazer
sacerdotes da nação inteira, foi preciso tomar uma tribo e começar a desenvolver com eles seu
propósito sacerdotal. Deus tem muita paciência e, para alcançar seus propósitos, muitas vezes
Ele começa com algo bem pequeno e insignificante. Seus alvos são grandes, mas Ele pode
alcançá-los com pequenos começos.
Em I Pedro 2:5 temos uma ligação interessante entre a casa e o ministério. Somos a
casa de Deus e individualmente somos pedras vivas desta casa. Ao mesmo tempo somos
sacerdotes na casa (ver também vv 9-10). Então este terceiro elemento vai junto com os dois
primeiros para formar um conjunto inseparável. A Lei não pode ser ouvida, entendida ou
praticada fora da casa de Deus. A casa de Deus não tem sentido sem a palavra de Deus,
escrita e ouvida hoje. Mas para ouvir a voz de Deus dentro da sua casa precisa do ministério
ou sacerdócio. Não era qualquer pessoa que podia entrar no santo dos santos para ouvir de
Deus.
Na Nova Aliança nós somos as pedras que formam a casa e estas pedras vivas são
vivas porque são sacerdotes que conhecem a Deus. Assim como em Êx 19:5, vemos em I
Pe 2: 9 que o propósito de Deus é que todos que formam sua casa sejam sacerdotes para
proclamar aos que não o conhecem as suas virtudes e misericórdias. Mas para alcançar este
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objetivo, Ele tem que usar um passo intermediário que é separar alguns como sacerdotes, para
que estes, por sua vez, levem todo o povo à mesma posição.
Em Efésios 4:11-13 lemos que os cinco ministérios, dados por Jesus à igreja, vão
aperfeiçoar os santos pela palavra de Deus até que estes alcancem a plenitude de Deus, e
revelem Jesus ao mundo. Temos aqui três elementos novamente. O sacerdócio está ajudando
a construir a casa para que a voz de Deus seja ouvida e saia para curar os povos e restaurar a
criação.
A interação destes três elementos é progressiva. A casa ainda não está formada,
portanto ouvimos imperfeitamente a voz de Deus. O sacerdócio não está funcionando como
deveria para levar os santos a se tornarem sacerdote também e assim edificar a casa viva. Mas
à medida que prosseguirmos com o que temos caminharemos para este alvo.
A própria figura do tabernáculo como casa móvel mostra que não representa a posição
final. O propósito dele era para que o povo ouvisse de Deus e continuasse caminhando até
chegar a Jerusalém onde finalmente se levantaria uma casa permanente. Temos que procurar
ouvir de Deus em comunhão e relacionamento uns com os outros e caminhar juntos para este
alvo.
4. A TERRA
5. O SÁBADO
Deus deu a Moises Dez Mandamentos que formam o alicerce da aliança Mosaica. O
quarto mandamento era diferente dos demais, porque era o sinal da aliança entre Deus e o seu
povo. Era como a circuncisão para Abraão. Guardar o sábado era uma prova de que o povo
estava sendo fiel à aliança com Deus (Ex 31:12-18).
“Sábado” significa descanso. A origem do sábado vem da criação quando Deus
descansou depois de ter criado todas as coisas (Gn 2:1-3). O significado deste descanso é que
Deus fizera tudo e viu que tudo era muito bom. Não havia mais nada para fazer. Então Ele
descansou. Ele não ficou cansado, Ele descansou porque fizera algo perfeito.
Em Hebreus 4:1-11 podemos ver o significado espiritual do sábado, que também é
ligado à terra prometida. Ambos falam de um descanso espiritual.
O versículo 3 diz que entramos no descanso quando cremos em Deus. Este descanso
não é apenas guardar um dia por semana, pois este era apenas um sinal, uma figura daquilo
que viria na Nova Aliança. Não foi cumprido tampouco ao entrar na terra prometida, embora
representasse descanso dos inimigos. Mas “resta um repouso para o povo de Deus” (v. 9).
O que é este repouso? É descansar de nossas próprias obras ou esforços para agradar
a Deus (v. 10). Aí esta o paradoxo. Dentro da aliança que enfatizava a Lei, ou as justas
exigências de Deus sobre o homem, está um mandamento de não fazer nada: Este é o sinal da
aliança, já prefigurando que o homem não conseguiria obedecer a Lei. Então, quando
descansamos das nossas obras, o próprio Deus nos santifica (ver Êx 31:13).
No livro de Hebreus achamos sete vezes a afirmação que Jesus fez tudo por nós uma
vez por todas. Jesus disse aos judeus que o acusavam de curar no sábado que seu Pai
trabalhava até agora e ele também (Jo 5:17). Deus descansou das suas obras na criação
39
porque terminou tudo, mas Ele ainda opera em nós, se nos descansarmos: Se continuarmos
nos esforçando, Deus não poderá fazer nada e Ele vai descansar. Se nós descansarmos, Deus
operará em nós sua grande salvação (Fp 2:13).
Ainda não entramos neste descanso (Hb 4:9). Não entramos na terra prometida. Mas
precisamos entender quão importante esta condição é para Deus.
Era um crime condenado por morte, violar o sábado. Se não aceitamos este descanso,
estamos invalidando a obra perfeita de Jesus. O sábado representa a revelação total de Cristo
e da sua obra por nós.
6. SINAIS E MARAVILHAS
O ministério de Moisés foi marcado por sinais e milagres. Estes sinais provam, como
Jesus disse, que Deus ainda está trabalhando. Ele não está descansando no sentido de não
fazer nada. Ao tirar o povo de Israel do Egito, Deus operou grandes sinais. Para passar no Mar
Vermelho e para sustentar e guiar o povo· no deserto, Deus continuou a operar sinais e
milagres. E para introduzir o povo na terra sob a direção de Josué e subjugar os inimigos lá,
Deus ainda operou grandes sinais.
Ao estudarmos a história do povo de Deus na Bíblia, podemos observar que não foi em
todas as épocas que Deus operava grandes sinais. Em qualquer época Deus operava sinais ou
milagres isolados, mas houve determinadas épocas quando se destacou a abundância da
operação sobrenatural de Deus no meio do seu povo.
Na Bíblia encontramos três destas épocas de sinais e milagres. A primeira foi esta que
estamos examinando, com Moises e depois com Josué. A data é aproximadamente 1500 a.C.
A segunda época de milagres abundantes foi com Elias e Eliseu em aproximadamente
850 a.C.
A terceira foi com Jesus e os apóstolos no primeiro século da nossa era.
Há uma quarta época que não está na Bíblia. É a nossa época atual, do século XXI,
principalmente nas últimas décadas. Deus tem operado muitos milagres nos nossos dias
através de ministérios poderosos e através do derramamento do Espírito Santo e dos dons no
mundo inteiro.
O que significam estas épocas sobrenaturais no plano de Deus? O que têm de comum
entre elas? Se entendermos isso, poderemos compreender melhor a época em que nós
estamos no plano de Deus e o propósito de Deus em operar sobrenaturalmente.
Em primeiro lugar, podemos dizer que cada uma dessas três épocas era um marco
decisivo no desenvolvimento do plano de Deus.
O ministério de Moises representa a libertação do povo da escravidão do Egito e o
estabelecimento da aliança da Lei com eles como condição para entrar na terra prometida. Daí
em diante, Deus seria conhecido como o Deus que tirou Israel do Egito com mão poderosa e
braço estendido. Deus queria se revelar ao povo de tal forma que cressem nele. Os sinais
chamam a atenção de todos para Deus e para o seu plano.
Os ministérios de Elias e Eliseu foram acompanhados por grandes sinais. Elias operou
sete milagres e Eliseu, que recebeu a porção dobrada, operou quatorze. Eles vieram numa
época de grande apostasia e idolatria, quando Deus estava para tirar o povo da terra
prometida. Foram precursores de toda a sucessão de profetas que foi enviada por Deus para
avisar o seu povo e levá-lo ao arrependimento. Os profetas tinham a missão de chamar o povo
de volta para a Lei de Deus, para a aliança que fora abandonada, e mostrar as conseqüências
se o povo não se arrependesse. Os sinais foram para chamar a atenção do povo para Deus
para que não fosse preciso levá-lo ao cativeiro. Era um sinal de alerta, de crise para que o
povo acordasse. A maioria dos profetas não tinha sinais no seu ministério, mas a introdução do
ministério profético foi com sinais.
Não é preciso falar muito sobre Jesus e os apóstolos. Era uma época decisiva, pois
Deus estava estabelecendo a Nova Aliança com o povo, preparando para introduzi-lo na terra
prometida do Espírito. Ele queria chamar a atenção de todos para este novo passo no seu
plano.
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É interessante notar que no monte da transfiguração as três épocas estavam
representadas. Na época de Moisés foi apresentada a Lei. Na época de Elias foi introduzido o
ministério profético. Com Jesus iniciou-se o ministério que reúne todas as partes, o ministério
apostólico.
Podemos observar que nas três épocas houve um ministério complementar que veio
depois do primeiro. Depois de Moises veio Josué; depois de Elias, Eliseu; e depois de Jesus,
os apóstolos.
Outra comparação é que as primeiras duas épocas se completam, formando uma figura
das últimas duas. Moisés e Josué representam a promulgação da Lei que preparou o povo
para entrar na terra prometida. Elias e Eliseu representam o ministério de restauração, a volta
para a Lei, avisando o povo antes de sair da terra.
Jesus e os apóstolos representam o inicio da igreja, a promulgação da Nova Aliança,
preparando o povo para entrar na vida do Espírito, no descanso das obras carnais que é nossa
herança, a terra prometida.
Agora Deus está dando outra época de sinais e maravilhas para chamar atenção para
outro marco importante no seu plano. Como no tempo de Elias e Eliseu, é uma época de
restauração, de voltar para tudo que perdemos nos séculos de escuridão e apostasia. É
também uma época de preparação profética para a segunda vinda de Cristo. Que maior
acontecimento poderia haver do que a volta de Jesus? Que maior necessidade de chamar a
atenção do povo através de sinais e milagres?
O século XXI tem testemunhado muitas ondas de sinais e avivamentos. É interessante
que duas das maiores ondas neste século vieram com muita proximidade às duas guerras
mundiais. Logo antes da Primeira Guerra Mundial veio o derramamento do Espírito que deu
origem ao movimento pentecostal. E logo depois da Segunda Guerra Mundial Deus moveu em
1948 com o levantamento de muitos grandes ministérios de evangelismo e de cura divina, e
com a restauração de louvor, e de abundância de dons e revelações. Então através das
guerras e do derramamento do Espírito, Deus está avisando e preparando o seu povo para os
últimos dias.
Outro paralelo interessante entre as épocas de sinais pode ser feito entre Moisés e
Jesus. Moises deu a Lei acompanhada por sinais. Jesus deu o evangelho também
acompanhado por sinais. Ambos tinham uma palavra forte e nova e tinham sinais juntos.
Elias e Eliseu não tinham uma palavra nova, nem escreveram nada. Eles tinham sinais,
mas não tinham uma grande palavra. Outros profetas tinham palavras sem sinais. Esdras,
Neemias e João Batista são exemplos também de ministérios que tinham uma palavra sem
sinais. Hoje também temos visto muitos sinais sem uma palavra forte ou restaurada. Mas
podemos esperar que a restauração da palavra ainda venha assim como os profetas vieram
depois de Elias e Eliseu.
Em Apocalipse 11:3-6 fala sobre o ministério das duas testemunhas que virão nos
últimos dias. Pelos sinais que vão operar, podemos identificá-las como representando os
ministérios de Moisés e Elias. Não serão duas pessoas, mas um ministério poderoso em todo o
mundo que restaurará a Lei ou palavra de Deus, e o ministério profético para preparar a igreja
para a segunda vinda de Cristo. Isto mostra que haverá sinais e palavra na igreja dos últimos
dias, para revelar Jesus na terra. O tempo de seu ministério é de três anos e meio, mostrando
que representa um paralelo com o ministério de Jesus na terra.
Em conclusão vemos que os sinais e milagres assinalam marcos importantes no plano
de Deus. Chamam atenção para um novo passo, para algo muito decisivo no propósito
profético de Deus. Não são para criar uma dependência no sensacional, ou para exaltar o
homem. Não são para chamar a atenção para os milagres em si, mas para confirmar a palavra
e o passo que Deus está dando no seu plano.
Outra coisa importante a ser notada é que os sinais são uma espada de dois gumes:
trazem a bênção de Deus, a cura e a restauração por um lado, mas trazem o juízo e a ira de
Deus por outro lado. Os sinais de Moisés eram das duas classes: juízo sobre o Egito e sobre
os rebeldes e desobedientes, e provisão e cura para o povo de Deus. Os sinais de Elias eram
mais de juízo enquanto os de Eliseu eram mais de misericórdia e graça. No ministério de Jesus
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os sinais foram sempre para abençoar, mas os apóstolos tiveram demonstrações da ira de
Deus (como no caso de Ananias e Safira). Hoje também temos visto sinais do amor e da graça
de Deus, mas lemos em Apocalipse 11 que as duas testemunhas exercerão juízo sobre as
nações. Já vimos muitos sinais e maravilhas no século XXI, mas podemos esperar mais, pois
há muito ainda para se cumprir antes da vinda de Cristo.
Então procuremos prestar atenção e ouvir o que Deus quer mostrar sobre seu plano e
os últimos dias através da sua demonstração de sinais que vemos hoje. E estejamos prontos
para atender à sua palavra de alerta, como nos dias de Elias, para que o juízo vindouro não
venha sobre nós. Haverá um grande conflito entre o reino de Deus e o reino das trevas.
Precisamos saber se estamos em aliança com Deus para que estejamos no lugar certo quando
esta guerra espiritual sobrevier ao mundo.
7. OBEDIÊNCIA OU MORTE
Em Deuteronômio 30:15-20 Moisés termina sua exposição da aliança com Deus com a
decisão que cabe ao povo: obediência à Lei que resultará em vida.ou desobediência que trará
morte.
Podemos observar a semelhança deste ponto da aliança Mosaica com o último ponto da
primeira aliança. Em ambos os casos, Deus deu uma ordem que resultaria em vida se
obedecesse e em morte se desobedecesse. Na primeira aliança, foi um mandamento dado a
um indivíduo, enquanto nesta aliança foi uma lei dada a uma nação.
Em ambos os casos a decisão tomada pelo homem é sempre a decisão errada. Assim
como no jardim do Éden, a nação de Israel também escolheu a morte. Este é o resultado da lei
sobre a nossa natureza carnal. Não conseguimos obedecer.
Vemos nesta passagem de Deuteronômio a ligação entre a Lei e a terra. Se
guardassem a Lei teriam vida e permaneceriam na terra. Se não guardassem, Deus enviaria a
morte e sairiam da terra. A terra representa obediência, é o reino de Deus. Sem obediência não
há governo, não existe o reino de Deus.
Como sempre, embora esta aliança mostre a falha da Lei como instrumento de conduzir-
nos a esta terra de obediência, ela aponta para a graça e contém num código secreto os
principias que seriam revelados na Nova Aliança.
Deuteronômio 30:20 mostra que a obediência está ligada ao amor. Se você ama, você
confia e obedece, não por força, mas espontaneamente. Esta é a chave que faz cumprir a Lei.
Por isto também Deus mostra no mesmo capitulo, versículos 11-14, que a Lei não está longe,
nem difícil demais para alcançar. Está no coração e na boca. Paulo explica em Romanos 10:5-
8 que esta chave é a fé em Jesus Cristo. A fé que nos salva e a confiança e o amor para com
Jesus que também nos leva a obedecê-lo e servi-lo de coração como Senhor. Isto é o reino de
Deus é o cumprimento da Lei.
44. Explique o propósito de Deus em dar a Lei entre duas alianças de graça.
45. Mostre como a Lei não é contrária à graça.
46. Por que dizemos que a Lei tem um papel negativo?
47. Por que este papel é tão importante?
48. Como é que a Lei guardou a humanidade até a vinda da graça?
49. De todas as funções da Lei, qual seria a mais positiva, e por quê?
50. Quais são as funções da Lei? Qual seria a mais positiva, e por quê?
51. Como devemos relacionar na nossa experiência atual estas duas formas de
comunicação?
52. Qual a importância da Lei ou da palavra escrita?
53. Qual o perigo quando se dá muita ênfase à palavra escrita?
54. Explique por que a casa de Deus depende da Lei de Deus.
55. Explique por que a Lei de Deus depende da casa de Deus.
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56. Qual o perigo de ouvir Deus falar fora da sua casa?
57. Em síntese, qual a finalidade de ter três divisões no tabernáculo?
58. O que representa na nossa experiência a preparação no átrio?
59. O que representa a preparação no lugar santo?
60. Por que Deus queria conduzir o homem ao santo dos santos?
61. Qual o significado de encontrarmos as três testemunhas em cada parte do
tabernáculo?
62. Qual é o alvo final de Deus em relação ao ministério?
63. Por que Deus teve que começar com um grupo menor?
64. Como é que a casa de Deus se torna uma casa viva?
65. O que vai acontecer quando a casa viva estiver em funcionamento?
66. Por que não estamos ouvindo claramente a voz de Deus hoje?
67. O que devemos fazer?
68. Qual a importância da terra no plano de Deus?
69. Por que Deus não levou seu povo direto para lá?
70. O que significa dizer que a Lei era requisito para se entrar e permanecer na terra?
71. Por que não era possível guardar a Lei no deserto?
72. Como Deus testaria a obediência do povo, se não podiam guardar a Lei no deserto?
73. O que significa o fato que Moisés não pôde entrar na terra prometida?
74. Por que representa um paradoxo o sábado ser o sinal da aliança Mosaica?
75. Por que Deus descansou no primeiro sábado?
76. Isto significa que Deus não age mais? Como sabemos?
77. Em que sentido a terra prometida representa descanso?
78. Por que ainda resta um repouso para o povo de Deus?
79. Como devemos guardar o sábado hoje?
80. Se não descansarmos, o que estamos fazendo?
81. O que significa no plano de Deus quando Ele opera muitos sinais e maravilhas?
82. Quais são as quatro épocas quando houve muitos sinais?
83. Quais são as semelhanças entre os dias de Moisés e de Jesus em relação aos sinais
e ao plano de Deus?
84. Quais as semelhanças entre a época de Elias e os nossos dias?
85. Baseado em Apocalipse 11:3-6, o que podemos esperar ainda para os nossos dias
além do que já vimos?
86. Quais são os dois tipos de sinais que existem?
87. Qual a diferença entre o que o homem procura nos sinais e o que Deus quer fazer?
88. Qual deve ser a nossa atitude hoje em relação ao que Deus tem feito e está fazendo?
89. Compare o último item da aliança Mosaica com o último item da primeira aliança.
90. O que prova o resultado de ambas as alianças?
91. Quais os elementos da Nova Aliança revelados mesmo neste item negativo?
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AS SETE ALIANÇAS
Parte V
Davídica
INTRODUÇÃO
Estamos prontos agora para iniciar a sexta aliança, a aliança com Davi. É a ultima das
alianças no Velho Testamento. É a terceira aliança no “sanduíche” de graça, Lei e graça
novamente que vimos na seqüência de Abraão, Moises e Davi.
Quando pensamos em Abraão, lembramos da promessa incondicional. Quando
pensamos em Moisés, lembramos da Lei. Quando pensamos em Davi, lembramos de um
homem segundo o coração de Deus. Vamos descobrir por que Davi recebeu este nome.
1. LUTA E LOUVOR
Davi era um homem de guerra (I Sm 16:18; I Rs 5:3; I Cr 22:8), mas também era o
mavioso salmista de Israel (lI Sm 23:1). São duas qualidades muito destacadas na vida de Davi
e, paradoxalmente, vão juntas.
Em I Sm 13:14, Deus falou através de Samuel que estava procurando um homem que
lhe agradasse, já que Saul não o colocava em primeiro lugar na sua vida. Em At 13: 22 lemos
que Deus achou este homem em Davi, pois ele faria toda a vontade de Deus.
Uma das chaves na vida de Davi era o seu conflito com os inimigos. Ele era um homem
de guerra. Sabemos que esta qualidade tinha um aspecto negativo, pois Deus não permitiu que
Davi edificasse uma casa permanente para seu nome por ser um homem de sangue (I Cr
22:8). Mas em Sl 139:21-22, vemos que para Davi os inimigos de Deus eram seus inimigos, e
ele os odiava com um ódio perfeito ou consumado. Se alguém não amasse a Deus, Davi
tampouco podia amá-lo.
Tal vez para nós isto pareça um pouco estranho. Às vezes pensamos que Deus é amor,
que o evangelho é só graça e aceitação, e que não existe algo como ódio perfeito. Mas
precisamos ver este lado da natureza de Deus num homem que era segundo o seu coração.
Pelo menos metade dos salmos foi da autoria de Davi. A palavra “inimigo” aparece, mais
ou menos, cem vezes nos salmos, além de outros sinônimos. A linguagem que é usada em
relação a estes inimigos pode até nos causar dúvidas, se não entendermos o que significam
estes inimigos. Mas pela ênfase que recebem, podemos concluir que representam um assunto
importante para Deus.
Precisamos entender que Deus usa personagens e objetos visíveis no Velho
Testamento para mostrar-nos verdades espirituais. Ele queria tanto que entendêssemos o seu
plano que fez com que tudo fosse dramatizado visivelmente em grande detalhe no Velho
Testamento. A criação, a nação especial de Israel e finalmente Jesus, o Verbo em carne, foram
os meios que Ele usou para revelar-nos as verdades invisíveis.
Então, os inimigos de Davi eram pessoas reais que simbolizavam os nossos inimigos
espirituais. Podemos descrever estes inimigos de diversas formas.
Uma maneira é generalizá-los como demônios, seres espirituais, astutos e reais, que
estão lutando contra os objetivos de Deus. Farão todo o possível para destruir o povo de Deus
e impedir o seu plano na terra.
Outra maneira de aplicar esta simbologia é dizer que os nossos inimigos são Satanás, o
mundo e a carne.
Nosso ser é composto de espírito, alma e corpo. O espírito foi criado para ter comunhão
com Deus, mas quando não tem o corpo não pode ser dominado e começa a ser atraído pelo
mundo e pelas coisas materiais. Na verdade é Satanás quem domina este mundo e quem
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opera através dele para nos subjugar aos seus desejos. Ele não se revela abertamente, mas
tenta conquistar-nos através do mundo que ele governa.
Finalmente podemos classificar os inimigos de Davi em quatro categorias.
1. Os filisteus, contra os quais Davi lutava, especialmente nos dias de Saul.
Representam os “eus”, as obras da carne. Foram suas primeiras experiências com guerra.
2. A casa de Saul. Depois que Davi foi ungido como o próximo rei de Israel, Saul
começou a persegui-lo. Saul é uma figura de justiça própria, amor próprio e o sistema religioso
que tem aparência de servir a Deus, mas cujo coração está longe d’Ele. É um sistema rival ao
sistema do reino de Deus. Mas Davi não resistia, não estendia a sua mão contra este inimigo.
Nesta luta, Deus teria que operar a vitória sem a força natural de Davi para ajudá-lo. Aqui tem
lições muito importantes de guerra espiritual. Precisamos identificar os nossos inimigos para
saber qual estratégia devemos usar contra eles.
3. Os gigantes e outras nações contra os quais Davi lutou depois de rei de Israel.
Representam os exércitos de Satanás que procuram impedir o estabelecimento do reino de
Deus.
4. Os da sua própria casa, seu filho Absalão. Isto representa traição, facção e divisão
dentro do próprio povo de Deus. Neemias também encontrou este inimigo. Aqui também Davi
não usou métodos naturais para vencer, em parte porque a guerra foi resultado da sua própria
carnal idade.
Então Davi aprendeu durante toda a sua vida como lutar contra estes inimigos, e as
estratégias adequadas para cada tipo de inimigo. Devemos aprender com Davi a amar os
nossos inimigos, mas a odiar os inimigos de Deus, a começar com aqueles que atuam em
nossa propria carne: Deus não quer pessoas moles ou mornas; ele quer pessoas intensas,
pessoas de paixão, como Davi. Veja alguns exemplos da sua ira contra os inimigos: Sl 3:7; 5:8-
10; 6:7,10; 7:6; 21:8; 23:5; 25:2,19.
Se quisermos ser pessoas segundo o coração de Deus, é certo que teremos muitos
inimigos e precisaremos saber como lutar contra eles. Precisamos aprender a discernir quem
são estes inimigos como usar armas espirituais, como não ser passivos aceitando tudo que nos
acontece, pois assim os propósitos de Deus não serão realizados. Jesus também não era uma
pessoa passiva nem mole. Ele amava as pessoas, mas tinha ódio das forças que as
escravizavam e que impediam a graça de Deus de ser revelada.
Aqui vemos como Davi também era um homem de louvor. Ele enfrentava suas lutas com
louvor. No mesmo cenário onde encontrou seus primeiros inimigos, o urso e o leão, ele
aprendeu sua maior arma, a música de louvor a Deus.
Muitas vezes ele louvava a Deus pela vitória já concedida (Sl 9:1-3; 27:1-61). Outras
vezes já começava a louvar antes de ver a vitória consumada (Sl 22:20-25). Às vezes ele
começava com clamor e angústia e no meio do salmo, antes de alcançar qualquer resultado
visível, já entrava em louvor (ver Sl 56; 35:1-4, 9,10,17,18,26-28).
Nem sempre é possível·louvar a Deus antes de ver a vitória. Deus aceita o nosso clamor
também. Mas muitas vezes a vitória será alcançada mais rápida se louvarmos a Deus. O louvor
libera o poder de Deus. Se não conhecermos o clamor, dificilmente conheceremos o louvor. A
angustia é difícil, mas no plano de Deus deve gerar o louvor.
Quando alcançamos a vitória precisamos ter cuidado para continuar em louvor, dando
glória a Deus. O perigo da nossa carne e sempre querer tornara glória para nós mesmos.
A vida de Davi era cheia de luta até o fim, mas a luta tornou-se para ele uma causa de
louvor. Antes da vitória, no meio da luta, ou depois de alcançar a vitória, Davi estava sempre
louvando a Deus. Foi por isto que foi chamado o mavioso salmista de Israel. Ele lutou com a
espada, mas com a harpa também. Esta foi outra característica que o marcou como homem
segundo o coração de Deus.
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2. PROFECIA
Este ponto é conseqüência do primeiro. Primeiro vem a luta que produz a necessidade
de clamor e de entrar na presença de Deus através do louvor. Davi passou por muitas lutas e
por isto aprendeu bastante sobre as armas espirituais. O louvor é uma arma contra Satanás,
uma arma que não utiliza a força humana, mas libera o poder de Deus.
O louvor, por sua vez, faz entrar em contato com Deus no espírito, faz encher do Espírito
de Deus e faz profetizar. Davi foi um profeta por causa do espírito de louvor que ele tinha.
Profecia é falar as palavras de Deus e falar no lugar d’Ele para a sua geração. Deus quer
muitos profetas hoje, quer que todo o seu povo profetize (Nm 11:29). Mas isto não se aprende
através de métodos ou cursos, mas por entrar no nível do Espírito, é ter contato vivo com
Jesus. O testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Ap 19:10b). Não há “atalhos”;
precisamos conhecer a Deus através de lutas e experiências difíceis e isto nos fará entrar em
contato com Deus.
Davi foi conhecido como profeta (At 2:29-31). Ele recebeu uma visão no Espírito através
da música e do louvor. Muitas vezes nos salmos ele começa clamando ou louvando e termina
profetizando. A música e o louvor vão juntos e produzem a profecia.
Davi falou de Jesus, seu descendente, e viu a sua vinda, a sua morte, a ressurreição, o
seu reino e a libertação de toda a criação. Como exemplos podemos citar Sl 2:7-8; 22:16-18;
110:1-4; Lc 20:41-44; 24:44; At 4: 24-26.
3. O TABERNÁCULO DE DAVI
Quando Davi se tornou rei de Israel, a primeira coisa que fez foi conquistar Jerusalém
(I Cr 11:4-9). Deus havia prometido escolher um lugar para colocar seu nome ali e para ser o
centro de culto a Deus e união do povo (Dt 12:1-14). Embora Deus não tivesse até então
cumprido esta promessa, por causa de Davi este lugar veio a ser Jerusalém (I Rs 8:15-21).
Achando um homem segundo o seu coração, Ele achou também um lugar para colocar o seu
nome e estabelecer o seu reino.
Neste tempo o tabernáculo de Moisés estava em Gibeom, enquanto que a arca de Deus
se achava em Quiriate-Jearim, desde que voltara da terra dos filisteus (ver I Cr 21:29; 13:5).
Davi queria trazer a arca de volta para junto dele e para isto armou uma tenda perto da sua
casa no monte Sião em Jerusalém (I Cr 15:1). Seu plano era fazer uma casa para Deus, mas
Deus não o permitiu (I Cr 17:1-15; II Cr 6:6-9). Então esta tenda que Davi armou para a arca
permaneceu até que Salomão construiu a casa permanente, e ficou conhecida como o
tabernáculo de Davi. Durante todo o reinado de Davi a arca ficou nesta tenda separada do
restante do tabernáculo de Moises em Gibeom. Davi instituiu um ministério de música e louvor
junto à arca de Deus com turnos de levitas, músicos e cantores (I Cr 16:1-7, 37-38) enquanto
os sacerdotes continuavam oferecendo holocaustos em Gibeom (I Cr 16:39-40).
Já vimos que o tabernáculo de Moisés era uma estrutura móvel que representava a casa
de Deus num sentido temporário, sempre pronto para se deslocar, andar, e alcançar o alvo
final de Deus. A casa de Deus no sentido permanente, a morada completa e final de Deus, e
representada pelo templo de Salomão. O que representaria no plano de Deus este estágio do
tabernáculo de Davi?
Dividiremos a resposta em três partes:
a. Davi era um homem de visão, um homem que viu os alvos de Deus e seu plano de
uma forma muito ampla. Na nação de Israel, ele é comparável a Moisés. Moisés deu a lei, Davi
deu o reino e o louvor na casa de Deus. Nos séculos posteriores, quando o povo apóstata
voltava a Deus, voltava a Moisés e a Davi (lI Cr 35:4,6; Ed 3:2,10). Moisés queria entrar na
terra prometida, mas Deus não deixou; Davi queria fazer a casa permanente para Deus, e Ele
também não o deixou. Ambos tinham corações grandes e queriam fazer além das suas
possibilidades.
A vi são de Deus cria pressão, pois quando se vê o propósito de Deus, nasce um desejo
muito grande de vê-lo atingido. Amplia os horizontes, mas cria zelo e ansiedade. Moisés
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perdeu a paciência com o povo e não pôde entrar na terra. Davi estava sempre em guerra e
por isso não pôde edificar a casa.
Apesar disso, eles não ficaram acomodados. Moisés levou o povo até o rio Jordão, e
preparou-o de toda forma possível para entrar. Davi fez tudo que pôde, com todas as suas
forças, para preparar a construção da casa. Ambos deixaram tudo pronto para a próxima
geração de tal forma que foi fácil para Josué e Salomão respectivamente.
Neste sentido o tabernáculo de Davi representa o povo profético, que vê aquilo que
Deus vai fazer e que está fazendo todo o possível em preparação. O tabernáculo de Davi não é
a casa permanente, mas e a preparação para ela.
b. O tabernáculo de Davi representa a institucionalização do ministério de louvor na
casa de Deus. Ele não se deu por satisfeito pelo fato de entrar sozinho neste ministério de
louvor. Ele queria que todo o povo entrasse, que se levantassem muitos profetas para ouvir de
Deus. Vários dos seus cantores foram profetas e alguns como Asafe, Jedutum e outros,
escreveram salmos.
c. O tabernáculo de Davi representa uma mudança de dispensação, da Lei para a
graça. É a terceira parte do nosso sanduíche. Não que a Lei foi anulada, mas a ênfase passou
para o louvor, a música e a alegria na presença de Deus.
O tabernáculo de Moisés continuou em Gibeom, mas sem a arca que era o objeto
central; o motivo principal da existência do tabernáculo. Na edificação da casa permanente
tudo seria reunido em perfeito equilíbrio novamente, mas durante os dias de Davi havia muito
mais ênfase naquilo que Deus estava fazendo de maneira nova, que era o louvor e a revelação
da graça. Dentro do tabernáculo de Davi, onde os cantores e músicos ministravam, só havia a
arca e dentro da arca havia as tábuas da Lei. Então o louvor não dispensou a Lei, mas na
mudança de dispensação, ou de regime, havia mais ênfase em entrar na presença de Deus
através de louvor e cânticos, do que através dos ritos da Lei. No sentido de ter todos os
elementos presentes em perfeito equilíbrio, o templo de Salomão representa o cumprimento
perfeito e total da casa de Deus. Mas o tabernáculo de Davi representava a ênfase especial
dada àquilo que Deus estava dando naquela geração, e prefigurava também a Nova Aliança
em Jesus, quando todos poderiam entrar na presença de Deus sem ter que cumprir rituais
exteriores.
Deus permitiu a separação da arca e do ministério de louvor do restante do tabernáculo,
para que todos pudessem entender bem o que Ele estava falando. Depois, com Salomão, Ele
reuniu tudo novamente no equilíbrio certo (II Cr 5:1-14). O sanduíche de Abraão, Moisés e Davi
é para ser recebido junto, não separadamente. No seu plano, a Lei e a graça são
complementares, e juntas formam a revelação da sua natureza.
Neste sentido, o reinado de Salomão e a casa permanente de Deus representam a
perfeição, o reino de Deus na terra. Mas o tabernáculo de Davi é uma figura do povo profético,
que vê a visão desta casa de Deus no Espírito, que sente grande ansiedade e desejo para dar
tudo para construí-la e que desde agora já está vivendo dentro daquilo que Deus está
revelando. Não temos todos os elementos, nem podemos ainda edificar a habitação perfeita
para Deus. Mas podemos ser homens e mulheres de visão, e começar a preparar o caminho. O
desejo de Davi de trazer a arca e de ter a presença de Deus com ele faz parte do homem que
era segundo o coração de Deus.
4. A CASA
Queremos falar agora sobre o propósito que Davi tinha de edificar uma casa para Deus.
Colocamos este assunto num item separado, pois embora tenha muita ligação com o item
anterior, representa, na verdade, a essência da aliança que Deus fez com Davi. A aliança
Davídica foi a respeito da casa que Davi queria edificar para Deus.
Vimos que Davi era um homem de visão, de ardor, de paixão por Deus. Ele queria a
presença de Deus junto com ele, e por isso trouxe a arca para perto da sua casa Mesmo
depois da primeira tentativa se frustrar (I Cr 13), Davi não desistiu. Depois de levantar o
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tabernáculo para a arca, ele quis fazer a casa permanente. Você pode ler sobre este desejo
dominante da vida de Davi nos salmos, especialmente no Salmo 132.
Em I Crônicas 17 encontramos a história de como Davi propôs fazer a casa e da
resposta que Deus lhe enviou. Em resumo, Deus lhe falou duas coisas: “Tu não edificarás casa
para minha habitação” (v.4), e: “Também te fiz saber que o Senhor te edificaria uma casa”
(v.10).
Na primeira parte da resposta, Deus está mostrando que é impossível o homem edificar
uma casa para Deus. Deus gostou muito da atitude no coração de Davi (lI Cr 6:8), mas ao
mesmo tempo mostrou-lhe que não seria possível ele mesmo fazer esta casa.
Na segunda parte da resposta, Deus inverte o quadro e promete fazer uma casa para
Davi. Esta casa seria a sua descendência (I Cr 17:11-12), que sentaria no trono de Davi para
sempre.
Então vemos uma estranha inversão. Davi queria com todas as suas forças edificar uma
casa para Deus. Ele não queria visitas apenas, ele queria que Deus habitasse com seu povo.
Davi não estava com isto procurando alguma vantagem ou bênção pessoal, pois Deus já lhe
havia dado vitória sobre todos os seus inimigos (II Sm 7:1). Ele queria algo para o prazer para
o bem-estar de Deus, sem nenhum interesse próprio. Ele não tinha motivos secundários.
Deus foi de tal forma comovido com esta atitude que prometeu fazer uma casa para
Davi. E depois revelou que esta casa, ou descendência, e que edificaria a casa para Deus.
Podemos resumir da seguinte forma: Davi queria fazer uma casa para Deus. Deus falou
que seria impossível, mas que ele faria uma casa para Davi. E a casa que Deus fez para Davi
é que faria a casa para Deus.
Mas não acabamos de afirmar que o homem não pode edificar uma casa para Deus?
Sim, mas não é impossível Deus usar o homem para edificar a sua casa. Há uma diferença
muito grande entre as duas coisas.
Deus não está interessado numa casa em si; em primeiro lugar Deus está interessado
na comunhão. Quando Ele encontrou tal atitude no coração de Davi, Ele achou a base ou
fundamento para preparar o instrumento que edificaria a sua casa.
Hoje se fala muito sobre a casa de Deus. Mas sem este alicerce, sem a aliança de
comunhão que resulta da atitude que havia no coração de Davi, o homem nunca conseguirá
fazer uma casa para· Deus. A casa é um lugar de comunhão e representa o alvo de Deus de
habitar para sempre com seu povo. Mas antes do lugar de comunhão, precisa haver
comunhão. A comunhão vai produzir o instrumento que pode criar um lugar onde possa fluir um
ambiente de comunhão, um lugar que realmente satisfaça os desejos do coração de Deus.
Salomão foi o filho de Davi que cumpriu de forma visível e imediata esta aliança de
Deus. Mas Jesus é o verdadeiro descendente de Davi que cumpre a promessa de sentar-se
para sempre no trono de Davi. E ele é quem edificará a casa permanente para Deus.
Davi era um homem de guerra. Salomão era um homem de paz. O reinado de Salomão
prefigura o reinado milenar de paz na terra, depois da volta de Jesus. Neste contexto está claro
que nós, como Davi, somos incapazes de edificar esta casa, e este reinado para Deus. Porém
a chave é ter a atitude de Davi. Ele não descansava, ele procurava uma coisa acima de tudo
(Sl 27:4). E te queria agradar a Deus, queria que Deus habitasse com ele, queria a presença
de Deus a qualquer custo.
É esta atitude que é simbolizada pelo tabernáculo de Davi, e que produz a resposta de
Deus de fazer uma casa para Davi. Em outras palavras, quando Deus encontra pessoas que
não estão preocupadas em vantagens ou bênçãos para si, que não querem levantar a casa a
seu próprio modo, mas querem agradar a Deus acima de tudo, que colocam os desejos de
Deus acima de conforto, prazer ou interesses próprios, então seu coração se comove, Ele pode
ter comunhão com elas, e desta comunhão são formados os instrumentos que Deus pode usar.
Deus é quem faz tudo. A casa será feita por Ele mesmo, porém Ele usa instrumentos
humanos. E estes instrumentos são pessoas com o coração de Davi, pessoas que acham
melhor errar no seu zelo de achar a presença de Deus do que ficar acomodados vivendo para
si mesmos. Davi era um homem de crises, de paixão, mas de ação. Deus teve que corrigi-lo, às
48
vezes discipliná-lo. Mas Ele se agradou do seu coração de zelo e de ardor e firmou uma
aliança eterna com Ele.
Hoje também Deus quer encontrar um povo profético, um povo com este coração, com
este ardor pela casa de Deus. Mesmo que Deus mostre que não é possível levantar a casa
perfeita que sabemos ser o seu alvo na terra, podemos ser instrumentos. Mesmo que
cometamos erros, mesmo que tentemos às vezes da forma errada, se nosso coração anseia
pela habitação de Deus, se nosso alvo é Deus, o seu conforto, a satisfação do seu coração,
então Ele poderá nos usar como instrumentos. O homem não pode fazer a casa de Deus, mas
o homem que deseja fazer a casa de Deus mais do que todas as coisas, pode ser usado por
Deus para fazer a casa de Deus.
5. A CIDADE
Já mencionamos o fato que o primeiro ato de Davi como rei de todo o Israel foi tomar a
cidade de Jerusalém, escolhendo-a como sua sede de governo (Il Sm 5:6-10; I Cr 11:4-9).
Sabemos que desde então Jerusalém passou a representar Israel como sua capital e como o
lugar sagrado onde todo verdadeiro judeu prestava culto a Deus. Tudo isto estava no plano de
Deus dado a Moisés em Deuteronômio 12:1-14. Deus estava dando a terra prometida como
herança do povo de Israel. Esta terra seria uma base para Deus usar esta nação escolhida
para estender o seu reino a toda a terra. Mas no meio desta terra, Deus prometeu escolher
uma cidade, um lugar específico para “colocar ali o seu nome”.
Deus queria habitar no meio do seu povo, não de uma forma vaga ou misteriosa, mas
num lugar geográfico definido. Desta forma, não haveria dúvida quanto a como encontrar-se
com Deus. Três vezes por ano, todos do sexo masculino deveriam se apresentar a Deus
(Dt 16:16). O culto a Deus não seguiria os caprichos individuais de cada um, mas seria
unificado (Dt 12:8). Todo sacrifício a Deus seria apresentado somente neste lugar.
No plano de Deus este lugar seria, então, um ponto de união de toda a nação de Israel.
O culto a Deus não ficaria disperso e não se afastaria do padrão original. Todos poderiam ter
um ponto bem definido de encontro com o Deus que habitava no meio deles.
Porém, depois de entrarem na terra, durante os aproximadamente quinhentos anos
antes de Davi, Deus nunca havia escolhido este lugar. E aconteceu o que Deus não queria que
acontecesse – cada um fazia o que era reto aos próprios olhos, e se afastava do verdadeiro
culto a Deus.
Quando Davi conquistou Jerusalém, não houve nenhuma revelação de Deus a ele,
mostrando que este era o lugar, ou que Deus tinha um propósito para aquela cidade. Mas a
partir de Davi, vemos que realmente Deus achou em Jerusalém o lugar para colocar o seu
nome. Era chamada a cidade de Davi, e passou a ser chamada também a cidade de Deus.
Vemos aqui algo interessante. Deus não escolheu um lugar geográfico por algum motivo
especial para colocar ali o seu nome. Ele encontrou em Davi o coração que ardia por Ele, que
desejava agradar-lhe, que procurava ansiosamente um lugar para a sua habitação. Por isto,
Deus escolheu Jerusalém. Ele escolheu Davi, e Davi escolheu Jerusalém. Desta forma,
Jerusalém passou a ser a cidade de Deus.
O Salmo 132 mostra exatamente isto. Começa falando do coração de Davi que colocava
os interesses de Deus acima dos próprios interesses (vv. 1-10). Depois fala da aliança ou
juramento que Deus fez a Davi a respeito da sua casa e descendência (vv. 11-12). E
finalmente fala que o Senhor escolheu a Sião como sua eterna habitação (v. 13). Isto foi por
causa do coração de Davi. Deus sentiu vontade de morar ali.
É mais importante andar com Deus do que buscar uma revelação mística daquilo que
deve ser feito para cumprir o plano de Deus. Deus realmente tem um plano, e quando há
profecias ou revelações·na Biblia sobre aquilo que ainda há de acontecer, podemos ter certeza
que serão cumpridas. Mas Deus tem maneiras misteriosas e surpreendentes de agir. Ele
confunde todos os nossos quadros e previsões proféticas. O importante é andar com Deus, em
comunhão com Ele, com um coração apaixonado por Ele. Davi nem lembrava da profecia de
Deuteronômio 12, mas por andar ·em comunhão com Deus, o seu ato natural e espontâneo de
49
conquistar Jerusalém tornou-se um ato histórico no plano de Deus. Não foi por causa de
Jerusalém ser um lugar diferente, mas porque Davi estava lá, e tinha um coração para Deus.
Se andarmos com Deus, Ele cumprirá o seu plano através de nós, mesmo que não saibamos
na hora. Sem dúvida, Deus sabia de antemão que Jerusalém seria o lugar da sua escolha, mas
aconteceu por causa de Davi. Podemos lembrar que Melquisedeque, a figura de Jesus, fora rei
deste lugar (Gn 14:18). Assim o plano de Deus se cumpre de forma maravilhosa.
A cidade de Jerusalém era um aspecto muito importante da aliança Davídica. Na história
posterior de Israel, Deus poupava Judá por causa da sua aliança, do seu propósito para
Jerusalém (I Rs 15:4-5). Os salmos e os profetas estão cheios de citações de Jerusalém como
sede da habitação e do governo de Deus em toda a terra (Sl 2:6-8; 48:1-2, 8-10; Is 2:1-4;
24:19-23; 40:1-3,9).
O que representa espiritualmente esta cidade? Como a base de união de todo o povo de
Deus, é mais fácil dizer o que não representa. Sabemos na prática que muitos grupos e
organizações têm tentado unir todo o povo de Deus e têm falhado. Lugares geográficos,
doutrinas, organizações, estruturas, a própria Bíblia, nada disto pode servir como base de
união. Sabemos que o único ponto de união é a fé viva em Jesus, conforme está muito bem
exposto no livro “União Através da Comunhão” (que você pode pedir ao endereço ao final
deste livreto se ainda não o possui). Mas aplicar isto na prática é que não tem acontecido
ainda.
Podemos saber, entretanto, que assim como todos estes símbolos do Velho Testamento
servem para mostrar uma realidade espiritual, Jerusalém representa algo que existe no plano
de Deus e que podemos buscar.
Há um outro aspecto, entretanto, que queremos focalizar, não da cidade como a chave
da união do povo de Deus, mas no seu contexto de casa, cidade e reino.
Sabemos que a casa de Deus representa a igreja, especialmente no sentido de ser um
lugar de comunhão entre Deus e o seu povo. É onde Ele fala, onde temos contato vertical com
Deus. O reino por outro lado é a expansão do governo de Deus para alcançar outras pessoas.
Onde entra o conceito de cidade?
Uma casa não pode existir sem estar numa cidade. É a cidade que protege e que
sustenta a casa. É onde vão acontecer todas as atividades, todos os intercâmbios e
relacionamentos das pessoas que fazem parte da casa. Se Deus reina sobre seu povo e sobre
seu reino é porque Ele fala e ordena na sua casa. Mas para exercer seu governo de uma forma
prática precisa da cidade.
A casa e a igreja na sua comunhão vertical com Deus. Mas a cidade é a expressão
visível da igreja no seu dia a dia, na sua vida prática no mundo. É a igreja nos seus
relacionamentos, na sua vida de comunidade.
Isto nos leva a uma conclusão muito importante. Se a igreja enfatizar somente o seu
relacionamento com Deus, se for só a casa de Deus, ela nunca vai alcançar o mundo e nem
estabelecerá o reino de Deus. Se ela enfatizar só a vida comunitária, só a vi da prática e não
tiver contato com Deus, também não vai alcançar este objetivo. Ela tem que ser a casa de
Deus, mas tem que ser a cidade de Deus também. Precisamos manter o equilíbrio entre estas
duas tendências importantes.
No fim de tudo, a cidade de Deus desce dos céus (Ap 21:1) e nem encontramos a casa
ou o santuário mais. Isto porque Deus mesmo habita nela e não precisa ter uma ponte vertical
para estabelecer contato com Deus. Portanto, a cidade é algo muito importante no plano de
Deus. Deus não quer algo muito espiritual e teórico, Ele quer nos levar a uma vida prática, pois
é isto que o mundo pode ver e entender. E Deus mesmo quer participar conosco de algo bem
concreto e real.
Hoje tudo está separado e desvinculado. Existem muitas igrejas que só cuidam da casa,
e não têm visão para alcançar o mundo. Existem outras obras que não são igrejas, mas
trabalham unicamente para expandir o reino de Deus. Como nos dias de Davi, alguns lugares
enfatizam a lei ou a estrutura (tabernáculo de Moises), enquanto outros enfatizam a presença
de Deus, o louvor e os dons (tabernáculo de Davi). Mas queremos ver ainda tudo junto, uns
50
valorizando os outros, uns recebendo dos outros. Cada parte é importante, se não excluir os
demais.
Não queremos buscar a palavra de Deus na sua casa e depois deixar de viver esta
palavra. Precisamos ver a cidade levantada, ver a igreja expressando a vida de Cristo de uma
forma prática. Então o reino de Deus começará a ser uma realidade e poderá expandir para
outros lugares.
6. O REINO
II Samuel 8 (ver também I Cr 18) descreve as vitórias de Davi sobre todos os seus
inimigos em redor. O versículo 15 diz que o rei Davi reinava sobre todo o Israel, e julgava a
todos com justiça. Este foi o reino de Davi que por sua vez preparou o caminho para o período
de maior glória em toda a história de Israel, que foi o reinado de Salomão (I Rs 4:20-21). Foi
somente nestes dois reinados que os filhos de Israel ocuparam todo o território prometido por
Deus a Abraão (Gn 15: 18).
O reino de Deus é um dos grandes temas da Bíblia. João Batista o anunciou (Mt 3:2) e
era a mensagem do próprio Jesus (Mt 4:17,23). Os judeus o esperavam (At 1:6), embora não o
entendessem no sentido em que Jesus veio trazer. Mas todo este conceito de reino originou-se
realmente com o rei Davi. Nos salmos e nos profetas há numerosas passagens que o
descrevem, que o predizem e que o anunciam. Quase sempre relacionam o reino com o rei
Davi.
Assim como o filho de Davi foi considerado filho de Deus (I Cr 28:6), por ser figura do
mais distante descendente de Davi, Jesus, da mesma forma a casa de Davi tornou-se a casa
de Deus, pois a sua casa era a sua descendência e Jesus e a habitação plena de Deus
(Cl 2:9). A cidade de Davi também veio a ser a cidade de Deus (Sl 48:1-2) e o reino de Davi é
uma figura do reino de Deus.
Uma das diversas passagens proféticas que mostram o reino de Davi como figura do
reino de Deus é Ezequiel 37:21-28. Esta profecia, dada muitos anos depois de Davi, fala da
restauração de Israel sob o reinado de Davi. Por isto os judeus esperavam uma restauração
literal dos dias de glória, justiça e paz que tiveram com Davi e Salomão, não entendendo que
Deus estava falando do rei Jesus e de um novo Israel.
Porém, assim como os judeus tinham conceitos errados sobre o reino vindouro, nós
como cristãos nem entendemos o que é o reino de Deus e muitas vezes não o esperamos.
Se a nossa analogia a respeito de Davi e Salomão estiver correta, podemos dizer que
Davi representa os dias de preparação que introduzem o reino em plenitude no reinado de
Salomão. O reinado de Salomão representaria o milênio de paz que virá depois que Jesus
voltar em poder e glória. Não cremos que há base bíblica para esperar que a transformação
deste mundo, a aniquilação de pecado, doenças e de todos os nossos inimigos e a
implantação visível do reino de Deus virão antes da vinda de Cristo. Por outro lado, temos o
direito e a responsabilidade de introduzir o reino de Deus nos corações e nas vidas dos
homens desde agora. De outra forma, por que Jesus veio pregando que o reino de Deus está
próximo? E que o reino de Deus já estava entre eles (Lc 17:20-21)?
Como Davi, que não podia experimentar ele mesmo a plenitude de tudo que Deus lhe
mostrou, nós fomos chamados para ser uma geração profética, um povo que anuncia e que
viva os princípios do reino de Deus. Um dia a igreja pisará sobre todos os inimigos para
sempre, mas desde agora podemos vencer sobre o pecado, a doença, e as obras da carne.
Estamos sendo preparados para governar desde agora. Na parábola das dez minas, aqueles
que foram fiéis com o pouco receberam autoridade sobre cidades (Lc 19:11-27). Aqueles que
forem sacerdotes, reinarão com Cristo (Ap 20:6).
O reino de Deus é um assunto muito vasto, mas nos limitaremos a mostrar que faz parte
da aliança Davídica como a semente do verdadeiro reino que Deus está preparando agora.
Devemos lembrar do ponto anterior, aonde vimos que a cidade é o ponto estratégico para
alcançar o reino. Daí a necessidade de ver a restauração da vida prática de Jesus na igreja
hoje, a cidade posta sobre o monte que todos precisam ver e entender, e de onde sairá luz e
51
vida para todos os povos (Mt 5:14; Is 2:1-4). O esquema abaixo mostra o plano de Deus
através dos séculos para chegar a este reino.
Todo o universo.
Onde estamos.
7. AS MISERICÓRDIAS DE DAVI
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Agora, Deus tem sua própria maneira de cumprir suas promessas. Ele nunca revela de
antemão exatamente como ele vai realizar o que prometeu. Reserva para si mesmo o método
que vai usar, revelando em tempo oportuno para que todos entendam. Mas ele é sempre fiel às
suas promessas.
No caso de Davi, Deus prometeu uma casa e um reino. A casa é a sua descendência
que se assentaria para sempre no seu trono. Então da casa de Davi, Deus edificará sua própria
casa e o seu reino. O coração de Davi produziu uma aliança com a casa de Davi, que se
tornou a base para estabelecer o reino de Deus. Se compararmos I Cr 17:14 com II Sm 7:16,
veremos que a casa e o trono de Davi são a casa e o trono de Deus.
No Salmo 89 (vv. 19-37), o. salmista descreve um pouco mais como eram estas fieis
misericórdias. Se os filhos de Davi não fossem fiéis a Deus, Deus os disciplinaria e trataria com
eles. Contudo, as suas misericórdias jamais seriam retiradas da sua casa.
Deus não estava dizendo que esta aliança dava direito para os filhos de Davi viverem
como quisessem. Hoje algumas pessoas acham que a graça de Deus que Ele nos dá em
Jesus e este tipo de “graça barata”. Dizem: “Uma vez salvo, sempre salvo”. Acham que se
Deus nos prometeu a salvação, podemos viver como bem quisermos e Deus ainda cumprirá a
sua parte. Mas isto não é o significado da promessa incondicional conforme vemos na história
da descendência de Davi. Os seus filhos realmente foram desobedientes a Deus e Deus os
disciplinou chegando ao ponto de os expulsar da terra prometida. Deus é um Deus justo e
nunca passará por cima de iniqüidade.
Mas por outro lado, Deus se comprometeu com Davi de firmar para sempre o seu
descendente no trono. E Ele nunca se esqueceu disso. Os profetas falam da restauração do
tabernáculo, ou do trono de Davi (ls 16:5; Am 9:11-12), e o anjo que falou com Maria prometeu
que seu filho Jesus seria o descendente de Davi, que se assentaria para sempre no trono de
seu pai (Lc 1:31-33). Este é o cumprimento da promessa feita a Davi, são as fiéis misericórdias
de Davi. Quem poderia ter imaginado antes de acontecer que seria assim? Esta é a casa de
Davi e o trono de Davi, que Jesus ressuscitou dos mortos para ocupar eternamente (At 13:34).
Assim como podemos receber a bênção de Abraão pela fé na promessa (61 3:6-14), nós
também podemos participar das fiéis misericórdias de Davi (ver ls 55:1-4; Jr 33:20-22). A
misericórdia dada a Davi não é algo vago ou místico que Deus resolveu conferir sobre Ele. Foi
resultado do coração de Davi, da comunhão que ele e teve com Deus. A misericórdia de Deus
agora foi firmada para sempre com a casa de Davi. Nós podemos nos beneficiar desta provisão
se entrarmos na mesma linhagem, no mesmo espírito. Os da fé são abençoados com o crente
Abraão. Os que têm o coração de Davi são abençoados com Davi.
Se confiarmos em Jesus, que é o rei no trono de Davi, entramos no reino de Davi, e
recebemos a misericórdia incondicional de Deus prometida à sua descendência. E através de
Jesus que recebemos um novo coração, uma nova atitude e o mesmo espírito de Davi.
Entrando na casa de Davi através de Jesus, fazemos parte daqueles que vão edificar a casa
de Deus e estabelecer o reino de Deus.
Então não precisamos ficar questionando se somos dignos ou não da misericórdia de
Deus. Não é algo dado aleatoriamente, mas é uma promessa incondicional que se aplica
àqueles que aceitam o seu descendente que está sobre o seu trono e que recebem o seu
Espírito e o seu reino. Temos desta forma direito às fieis misericórdias prometidas
incondicionalmente por Deus à casa de Davi.
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AS SETE ALIANÇAS
Parte V
A Nova Aliança
INTRODUÇÃO
Temos visto que o tema aliança atravessa a Bíblia inteira porque representa o propósito
final de Deus de ter comunhão com o homem. As sete alianças não são sete tentativas
fracassadas de alcançar esta comunhão, mas são passos que Deus deu no seu
relacionamento de namoro com a humanidade, até chegar ao casamento, que e a consumação
final, a aliança eterna. Todas as alianças prefiguram e mostram este alvo final de Deus; porém
a Nova Aliança, como o último passo, é a que introduz o homem neste relacionamento eterno
com Deus. Não é uma aliança que será superada, ou ultrapassada. É o ultimo passo no plano
de Deus.
Como uma forma de revisar rapidamente as alianças que já estudamos, vamos
comparar a comunhão que Deus conseguiu em cada uma delas.
1. Aliança Edênica: Comunhão Provisória. Deus deu uma escolha para o homem que
determinaria se este continuaria ou não em comunhão com Deus. Deus teve comunhão·por um
tempo com Adão, mas não continuou por causa da escolha que este tomou.
2. Aliança Adâmica: Comunhão Cortada. Uma aliança escura que fala da comunhão que
foi cortada entre Deus e o homem. Mesmo assim, houve uma promessa de restauração.
3. Aliança Noética: Comunhão Perversa. Houve uma comunhão falsa, perversa, entre os
filhos de Deus e as filhas dos homens. Isto produziu o dilúvio. Deus salva a humanidade
através de Noé que alcançou graça aos olhos de Deus.
Estas três alianças mostram a comunhão diminuindo a cada passo entre Deus e a
humanidade.
4. Aliança Abraâmica: Comunhão Individual e Incondicional. Agora começa uma nova
etapa. Deus fez uma aliança com uma pessoa, chegando a fazer uma promessa incondicional
para ela. A partir daí, qualquer que fosse a atitude dos descendentes, Deus se comprometia a
cumprir esta promessa. Só que Ele a cumpre a seu modo e não como os homens pensam.
Deus é fiel às suas promessas, e justo ao mesmo tempo.
5. Aliança Mosaica: Comunhão Coletiva e Condicional. Esta aliança foi o contrário da
aliança com Abraão. Deus agora fez aliança com um povo. O que era o seu alvo. Ele não
queria apenas comunhão com uma pessoa isolada. Mas ao mesmo tempo, era uma aliança
condicional, dependia do povo fazer uma escolha e cumprir a Lei de Deus.
6. Aliança Davídica: Comunhão Coletiva, Incondicional, porém Provisória. Uma aliança
que já trazia muitos elementos da Nova Aliança, mas que ainda era provisória porque Davi não
construiu o lugar permanente para Deus. Foi uma aliança com o povo de Israel, e tinha uma
promessa incondicional também. Mas ainda era uma figura, e não a realização permanente.
7. Nova Aliança: Comunhão Coletiva, Incondicional e Permanente. Este é o alvo de
Deus. Veremos neste estudo como podemos ter esta comunhão.
1. As Três Testemunhas. Lemos em I João 5:6-8 que Jesus veio pela água e pelo
sangue, e que há três testemunhas: o Espírito, a água e o sangue. Já falamos um pouco sobre
estes três fatores na aliança Mosaica. Veremos agora como funcionam na Nova Aliança.
2. Batismo nas Águas: a testemunha da água na pratica.
3. Batismo no Espírito Santo: a testemunha do Espírito na prática.
4. A Ceia do Senhor: a testemunha do sangue na prática.
5. O Novo Homem: o resultado da operação das três testemunhas.
55
6. Casamento: a consumação da união entre Deus e o homem.
7. Vida Eterna: a comunhão eterna que Deus vai ter com a sua noiva. Este casamento
vai dar certo.
1. AS TRÊS TESTEMUNHAS
As três testemunhas estavam presentes por meio de figuras na aliança Mosaica. Vimos
que no tabernáculo de Moisés eram encontradas no átrio, no lugar santo e no santo dos
santos. Em Êxodo 25:21-22 lemos sobre o propósito de Deus de ter comunhão com o homem
neste tabernáculo. Ele queria falar continuamente com o homem ali. Em Levítico 16:2,12-14,
vemos as figuras das três testemunhas: a Lei representando a palavra ou a água, o sangue no
propiciatório e a fumaça do incenso formando a nuvem do Espírito, de onde Deus falaria. Então
podemos concluir que Deus quer falar ou ter comunhão conosco, mas para isto é necessário
ter as três testemunhas em ação e em harmonia.
Neste ponto seria importante falar um pouco sobre o sentido do nome “Nova Aliança”.
Este nome implica que num sentido há apenas duas alianças, a Velha e a Nova. Todas as seis
alianças anteriores seriam a Velha Aliança porque continham símbolos e figuras, enquanto a
Nova Aliança é a realidade de todas aquelas figuras.
Na Nova Aliança temos um novo caminho (Hb 10:20), um novo coração e um novo
espírito (Ez 36:26), um novo cântico (Ap 5:9), vinho novo (Mt 26:29), um novo nome (Ap 2: 17),
uma nova criação (II Co 5:17), um novo homem (Ef 2:15; Cl 3:10), novos céus e nova terra
(Is 65:17), uma nova Jerusalém (Gl 4:26; Ap 21:2).
Jeremias 31:31-33 mostra o que é novo na Nova Aliança. Não é que Deus vai mudar a
sua palavra ou sua Lei. Não é que Ele agora tem outro Espírito. As testemunhas são as
mesmas. É que agora vão alcançar o coração do homem, o seu interior, as fontes da sua vida.
A sua Lei vai estar no coração. Deus vai nos dar um novo coração e um novo espírito
(Ez 36:26), que são duas maneiras de falar a mesma coisa.
A Nova Aliança traz uma nova dimensão, trata da realidade e não da figura, porque
começa no coração. Há muitas referências no Novo Testamento acerca do propósito de Deus
de efetuar uma transformação no coração ou no homem interior. Como exemplos veja
Efésios 3:16,17; Romanos 7:22 e II Coríntios 4:16.
Jesus é o autor da Nova Aliança. Precisamos ver na vida dele a operação das três
testemunhas para ver como podem operar nas nossas vidas. Para entender melhor,
colocaremos em três itens.
1. Espírito Santo (Mt 1:20; Jo 1:1,14). O Verbo eterno de Deus se fez carne pelo
Espírito. Aqui temos a palavra e o Espírito. Ele iniciou seu ministério com o batismo nas águas
(para cumprir toda a justiça da Palavra de Deus, Mt 3:15) e com o batismo no Espírito (Mt
3:16).
2. Jesus veio pela água e pelo sangue. Ele não só veio pela águas que representa a
obediência à Palavra de Deus, mas também pelo sangue (I Jo 5:6). Ele deu a sua vida e
morreu na cruz. Do seu coração partido saíram água e sangue (Jo 19:34). Isto representa o
terceiro batismo, o batismo de sangue (Lc 12:50). Ele deu a vida para que nós pudéssemos ter
vida. A partir deste ponto, o sangue que era proibido aos homens comerem (Lv 17:11-14), já
lhes era dado como condição de vida (Mt 26:27-28; Jo 6: 53-54).
3. Jesus foi ressuscitado pelo Espírito de Deus (At 2:32; Rm 1:4). Depois de ser visto por
muitas testemunhas, Ele subiu ao Pai e foi glorificado (At 1:9). Só então Ele pôde derramar o
Espírito sobre aqueles que o aguardavam em Jerusalém (At 2:33).
Este é o mistério do Espírito do Deus-homem. Talvez nossas mentes não possam
entender, mas mesmo assim colocaremos aqui o que entendemos das Escrituras.
Principalmente no evangelho de João, está claro que o Espírito Santo não poderia ser
dado aos homens enquanto Jesus não completasse a sua missão (Jo 1:37-39; 16:7). De
56
alguma forma, até o dia de Pentecoste o Espírito Santo havia operado e pairado sobre os
homens, mas não pudera habitar neles e se tornar um com eles. Por causa do mistério da
encarnação e da união de Deus com o homem em Jesus Cristo, agora o Espírito pode habitar
em nós e se unir conosco (l Co 6:17). E é por causa deste Espírito em nós que temos a
esperança da ressurreição (Rm 8:11). Esta união do Espírito de Deus com o espírito do homem
e o novo elemento da Nova Aliança e explica o fato do menor no reino de Deus ser maior do
que João Batista (Lc 7:28).
Vimos que a Nova Aliança começa no homem interior, no coração do homem. Vamos
ver como isto também se relaciona com as três testemunhas.
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O ser do homem é formado de corpo, alma e espírito (I Ts 5:23). O coração é um termo
que a Bíblia usa para se referir ao homem interior ou invisível, que seria a união da alma e do
espírito. Há um conflito serio entre a alma e o espírito, porque o pecado inverteu a ordem de
Deus, e o espírito do homem sem contato com Deus não consegue mais governar a alma e,
através dela, o corpo. Só a palavra viva pode dividir entre a alma e o espírito (Hb 4:12).
A Nova Aliança é a promessa de Deus de mudar esta estrutura interior e nos dar um
novo coração ou um novo espírito. Vimos que ao ouvir a Palavra de Deus sobre a obra de
Jesus, recebemos o Espírito. Este Espírito é o próprio Jesus (II Co 3:17) e Jesus é o Verbo, a
Palavra de Deus em ação. Isto é o novo coração, a Lei escrita em nosso interior.
O coração no corpo físico é o centro do sistema circulatório. Isto estabelece uma ligação
com o terceiro elemento que é o sangue. No corpo é o sangue que une o oxigênio (Espírito)
com o alimento (palavra) para dar vida e energia às células individuais. A Bíblia diz que a vida
está no sangue, e isto se torna claro através desta figura. A palavra e o Espírito são vida
porque são o próprio Jesus, mas só podem ser transmitidos a nós através do sangue, através
da comunhão.
Jesus deu a sua vida por nós. Isto é o sangue, e é por isto que sua palavra atinge o
nosso coração. Da mesma forma, o Espírito opera naqueles que crêem formando esta mesma
palavra, este mesmo desejo de dar a vida. Se o sangue não estiver operando, se não
estivermos vivendo a palavra e dando a nossa vida, nossa mensagem não terá valor e não
alcançará os corações dos ouvintes. Será uma nova Lei e não uma nova aliança.
Mas o sangue flui no corpo, não numa célula individual. Por isto representa comunhão
no corpo de Cristo, e não um novo sacrifício individual. Não fomos chamados para repetir
individualmente o sacrifício de Jesus, mas para juntos comermos o seu corpo e bebermos o
seu sangue, para expressarmos coletivamente a sua vida ao mundo.
Desta forma a palavra de Deus tem que ser ouvida na sua casa, onde há comunhão e
relacionamentos. Não é só ouvir uma pregação teórica, mas ouvir, crer, repartir, dar e receber
amor e ver a realidade desta palavra. Assim a Lei de Deus será escrita no nosso coração. A
operação do Espírito também só produzirá resultados permanentes no contexto de
quebrantamento e sinceridade na família de Deus, não em buscas de poder e manifestações
individuais.
Então assim como o coração é o centro do nosso sistema sangüíneo, o centro da nossa
vida na Nova Aliança é a comunhão, a vida de Jesus experimentada no·relacionamento vivo
uns com os outros, que une a palavra e o Espírito tornando-os operantes na nossa vida. Assim
a partir da transformação do nosso coração, do interior de cada pessoa, é formado um novo
homem, uma manifestação viva de Jesus neste mundo.
Resumindo, podemos dizer que há uma operação das três testemunhas para nos tirar
da velha natureza adâmica e nos introduzir em Cristo. Isto é representado pelas experiências
de fé em Jesus, batismo nas águas e batismo no Espírito (At 2:38; l Co 12:12-13). É a
experiência de crer no que Jesus fez por nós (o sangue), receber e obedecer à palavra e a vida
nova pelo Espírito.
Depois de sermos enxertados no corpo de Cristo, a nossa vida diária depende do fluir do
sangue, que traz a palavra e o Espírito para nossas necessidades através da interação dos
membros deste corpo. Isto é vivenciado e demonstrado através de participarmos da ceia do
Senhor.
Neste contexto temos a palavra viva. Podemos definir a palavra escrita como a Bíblia; a
palavra ungida como a palavra escrita vivificada pelo Espírito, mas recebida numa base
individual; e a palavra viva como a palavra que sai da casa de Deus no contexto de comunhão
e fluir do sangue. Esta é uma palavra prática, não uma teoria, e é resultado da operação das
três testemunhas. É esta palavra que pode ser escrita nos nossos corações e que produz um
novo homem.
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O TESTEMUNHO DAS TRÊS TESTEMUNHAS
As três testemunhas dão testemunho unânime da mesma verdade (I Jo 5:8). Vamos ver
como isto funciona.
Em João 5:39 Jesus afirma que as Escrituras dão testemunho d’Ele. A vida não está na
Bíblia em si, mas ela fala de Jesus e mostra onde podemos encontrar a vida. A.palavra aponta
para Jesus, testifica d’Ele, mostra o caminho. Então a palavra é·uma testemunha que fala da
vida eterna.
O Espírito também fala. É mais fácil entendermos isso, pois sabemos que o Espírito é
uma das três pessoas da Trindade. O Espírito está ligado à palavra, pois em João 15:26, Jesus
mostra que o Espírito da verdade testifica d’Ele. A verdade está na palavra e o Espírito dá
testemunho desta verdade.
É mais difícil entendermos que o sangue é uma testemunha e fala também. Mas
Hebreus 12:24 mostra que o sangue realmente tem uma voz. O sangue de Abel pediu
vingança, e. isto trouxe juízo sobre Caim. O sangue de Jesus fala coisas melhores, pois pede
perdão para os culpados da sua morte.
Portanto, temos segurança neste testemunho dado por três testemunhas a respeito da
vida que está em Jesus.
Da mesma forma, podemos verificar que as três testemunhas operam a nossa
santificação. Veja as referências:
1. Santificação pela Palavra: Ef 5:25-27; Jo 17:17.
2. Santificação pelo Espírito: II Ts 2:13; I Pe 1:2.
3. Santificação pelo Sangue: Hb 13:12.
Não entraremos em muitos detalhes sobre estes próximos itens, porque representam a
ação das três testemunhas na prática da Nova Aliança. Mas daremos algumas referências
sobre cada item para estudo e reflexão.
I Pedro 3:20-21: O batismo nas águas não é para lavar o corpo físico, mas para alcançar
uma boa consciência pela fé no sangue de Jesus e pela ressurreição de Jesus Cristo (o
Espírito). Outra vez aí está a ação das três testemunhas.
Colossenses 2:11-12: O batismo nas águas é a circuncisão do coração pelo Espírito. O
batismo nas águas é ligado ao batismo no Espírito. Se fomos batizados na água com fé, de
acordo com a Palavra de Deus, devemos ser batizados no Espírito (ver At.19:1-6). O batismo
no Espírito é a que completa o batismo nas águas.
Romanos 6:3-5: Somos batizados nas águas, ressuscitados pelo Espírito e andamos em
novidade de vida pelo sangue.
Gálatas 3:26-27: Se fomos sepultados com Cristo, seremos também ressuscitados Com
Ele. Se fomos batizados em Cristo, seremos também revestidos d’Ele. Teremos nova roupa,
nova vida.
Mateus 3:11: João Batista recebeu e pregou uma palavra forte de arrependimento. Esta
mensagem e o passo prático de batismo nas águas foram a preparação para a vinda de Jesus
que batiza com o Espírito Santo.
Atos 1:4-5: Jesus não batizou ninguém com o Espírito Santo enquanto estava na terra.
Ele começou a batizar no Espírito depois que voltou para o Pai.
João 14:26: O Pai enviaria o Espírito Santo no nome do Filho para ensinar todas as
coisas. Não podemos entender nada sem o Espírito que revela toda a verdade.
João 15:26; 16:7: O derramamento do Espírito Santo envolve toda a Trindade. Não é
importante discutir se é o Pai que O envia, ou se é Jesus. O importante é recebê-lo.
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Atos 2:32-33, 37-38: Qual o caminho que Pedro abriu para aqueles que queriam seguir
Jesus? Ser batizados na água no nome de Jesus para remissão de pecados, e receberiam o
dom do Espírito Santo. Queremos ver este evangelho anunciado outra vez com poder, e assim
veremos os mesmos resultados.
Gálatas 3:14: O Espírito é o cumprimento da promessa feita a Abraão. É a bênção que
viria através da sua descendência a todas as famílias da terra.
João 3:5: É preciso nascer da água (palavra) e do Espírito para entrar no reino de Deus.
4. A CEIA DO SENHOR
5. O NOVO HOMEM
6. O CASAMENTO
A Bíblia começa e termina com casamento. No princípio toda a criação de Deus foi boa,
menos o fato do homem estar só (Gn 2:18). Deus não criou uma outra pessoa, mas tirou-a do
próprio corpo de Adão, para que lhe fosse compatível e harmoniosa. Mas foi uma pessoa
imperfeita porque Adão era imperfeito.
A igreja é a noiva de Jesus (II Co 11:2; Ef 5:22-33). Podemos dizer que a igreja foi tirada
do lado de Jesus, pois quando Ele morreu saíram água e sangue do seu lado (Jo 19:34), que
representam a palavra e o sangue que nos dão vida. Nossa vida provém de comer sua carne e
beber seu sangue (Jo 6:54-57). O casamento que vai haver na consumação do século será um
casamento maravilhoso, porque fomos tirados de alguém que não tem defeito (ver Ap 19:9;
21:2, 9).
Agora somos o corpo de Cristo (l Co 12:27), mas isto é pela fé, pois a nossa união com
Ele ainda não foi consumada. Para ser um só corpo com o nosso Noivo em realidade, é só
depois do casamento (ver Gn 2:24). Agora estamos ligados com Cristo no Espírito que nos
está preparando como noiva para aquele dia. O casamento será o dia da glorificação dos
nossos corpos, a manifestação visível do novo homem e a união permanente com o nosso
Cabeça.
Quanto mais amor e união há entre um casal, mais eles anseiam pelo dia do seu
casamento. Quem já está unido não sente o desejo ardente de se unir. Por isto a igreja deve
ansiar pela volta de Cristo e pela união completa, pois ainda não está casada com Ele. E
quanto mais conhecemos a Cristo, quanto mais comunhão e união temos com Ele no Espírito
agora, mais anseio e urgência sentimos para que a nossa união seja completa e permanente.
É esta comunhão no nível que podemos experimentar agora, como corpo de Cristo pela fé, que
nos prepara para o casamento. A nossa união com Cristo no Espírito nos prepara para a união
plena e total com Ele naquele dia (I Co 6:16-17).
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É importante saber o que podemos experimentar agora como corpo de Cristo pela fé e o
que só virá depois do casamento. Isto nos dará ousadia para possuir tudo que está ao nosso
alcance agora, mas gerará expectativa e ansiedade para a sua volta.
Agora somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser
(I Jo 3:2-3). Podemos ter vitória sobre o pecado (l Jo 3:9), ter as primícias da nossa herança
(Ef 1:13-14) e experimentar o poder da sua ressurreição (Ef 1:19-20). A igreja tem
experimentado e continuará a experimentar tempos de refrigério e avivamento (At 3:20). Porém
a glorificação do nosso corpo (I Co 15:51-52), a paz no mundo e a libertação da criação
(Rm 8:18-25; Ap 11:15) só virão com a volta de Jesus. A nova sociedade e o reino de Deus em
plenitude e domínio sobre a terra só virão quando Jesus vier em poder e grande glória. É esta
expectativa que constitui um dos grandes preparativos para a segunda vinda.
Por outro lado, a segunda vinda não vai resolver problemas que deveriam ser resolvidos
antes. Quem não apropriou da graça e vitória que Jesus nos ofereceu na sua primeira vinda,
não estará pronto para a segunda. Jesus ilustrou isso com a parábola das bodas em
Mateus 22:1-14. Aquele que não tinha veste nupcial não havia usado aquilo que Jesus
ofereceu para se preparar (ver também Ap 19:8). Este é o nosso desafio presente. Precisamos
entrar em tudo que Deus nos ofereceu em Cristo, através da sua obra completa, para que
Jesus possa voltar.
7. A VIDA ETERNA
Este é o sétimo item da sétima aliança. É o alvo final de Deus em todas as sete alianças.
Às vezes pensamos que é o que o homem mais quer, mas na verdade é o que Deus quer – a
comunhão permanente entre Ele e nós.
Os cientistas querem descobrir o segredo da vida para poderem produzir, manipular,
prolongar e controlar a vida. Nós também queremos descobrir este segredo, mas com outro
propósito, para podermos repartir a vida com outros.
Gênesis 2:7-10: A Bíblia começa com um homem, uma alma vivente, num jardim em
cujo centro havia a árvore da vida e de onde fluía um rio para o resto da terra.
Apocalipse 22:1-2: No fim da história encontramos o rio da vida e a árvore da vida
novamente. Desde o princípio até o fim, a Bíblia fala sobre vida, como foi perdida e como será
restaurada.
O rio é um tema da Bíblia também. Já o temos visto em Gênesis e Apocalipse. Em
João 4 Jesus afirma que quem beber da água que Ele der, tornar-se-á uma fonte de água
inesgotável, que jorra para a vida eterna (Jo 4:14). Os salmos falam que há um rio que alegra a
cidade de Deus (Sl 46:4). Ezequiel fala sobre o rio de águas vivas que sai do santuário e sara
aterra (Ez 47:1-12).
As religiões orientais ensinam que a fonte da vida está no próprio interior do homem.
Acham que para alcançá-la, basta liberá-la através de meditação, concentração e exercícios
místicos. Isto não é verdade. Eles conseguem fazer milagres através dos seus métodos, mas
na verdade é através da operação de outros espíritos, e a vida que procuram não aparece. Por
outro lado, os cristãos crêem que a vida vem de Deus, fora de nós, mas muitas vezes se
contentam em crer em doutrinas teóricas e falar da vida eterna que vem depois da morte.
Neste caso eles também não estão manifestando a vida que o mundo procura. Temos que
entender que a vida não provem de nós, vem de Deus. Totalmente fora do nosso controle,
esforços ou capacidades. O rio flui do trono do Senhor, mas quando o recebemos, torna-se
uma fonte no nosso interior que jorra continuamente para saciar a nossa sede e de outros. Flui
de fora para dentro, e depois de dentro para fora, formando assim um ambiente de vida dentro
e fora de nós.
Aqui está uma definição de vida: Vida é a misteriosa faísca interior de criatividade, que
prova a existência de uma causa primordial de todas as coisas. A morte acontece quando esta
faísca se apaga. Vida é um mistério que até hoje os cientistas não entendem, nem sabem
explicar. É como a eletricidade, podemos ver seus efeitos e estudar suas leis de
funcionamento, mas não podemos defini-la ou descobrir sua essência. A vida produz muitos
62
efeitos visíveis e multiformes manifestações (plantas, animais, seres microscópicos, o homem,
etc.). A característica marcante da vida é a criatividade; ela está sempre produzindo algo novo,
crescendo, reproduzindo, adaptando-se com as circunstâncias, mexendo, correspondendo,
comunicando. Esta criatividade prova a existência de Deus, pois ela tem que ter uma origem,
uma causa primordial. De onde veio esta faísca? Não pode surgir do nada, e nem
simplesmente da matéria: tem que existir um Criador vivo para criar seres vivos.
Pelo fato das coisas materiais serem limitadas, nossa mente consegue entendê-las e
compreender seus princípios e fins: Entretanto, não conseguimos compreender a vida porque
ela é o próprio Deus infinito. É impossível explicar Deus, porque Ele é quem tem de nos
explicar. Se o explicássemos, ou compreendêssemos, Ele seria inferior a nós. Podemos
conhecer alguns aspectos d’Ele, mas nunca poderemos abranger o seu todo que é
infinitamente grande. Se explicarmos a vida, estaremos explicando o próprio Deus.
I Coríntios 15:44-47: Existem dois tipos devida bem distintos: vida natural (alma vivente)
e vida espiritual (espírito vivificante). A vida natural depende da contínua correspondência do
interior da criatura com a criação exterior. Exemplos: respiração, alimentação, adaptação ao
ambiente, etc. Quando esta correspondência cessa, a vida também cessa. A vida espiritual
depende da continua correspondência do interior do homem com Deus. É o relacionamento
entre o Criador e a criatura. Só o homem pode manter este relacionamento, porque foi feito na
imagem de Deus. Os animais não têm vida eterna ou espiritual.
A vida natural é um espelho, uma figura da vida espiritual para a nossa melhor
compreensão. Através do corpo físico, podemos entender o corpo de Cristo e o funcionamento
da vida espiritual. Por exemplo, na Biologia aprendemos que há quatro processos essenciais
para toda a forma de vida: metabolismo (produção e consumo de energia e edificação das
substâncias básicas para a vida), crescimento, reprodução e adaptação (capacidade de
ajustar-se ao ambiente em que vive). Através destes princípios da vida natural, podemos
aprender importantes lições sobre os princípios da vida espiritual.
A luta principal da vida natural e a auto-preservação. A maior parte dos esforços e
tempo de todos os seres vivos é destinada a evitar a morte. (Uma ilustração disso são as
nações hoje – a maior parte da renda e da tecnologia dos governos e gasta em armamentos.)
A vida espiritual, porém, é totalmente diferente. Longe de estar preocupada com a morte, ela
está tão envolvida em dar vida aos outros que não tem tempo ou necessidade de preocupar-se
consigo mesma. Note o contraste das duas vidas: (I Co 15:45) alma vivente versus espírito
vivificante. Ambas têm vida, mas há uma diferença fundamental. A primeira recebeu vida de
Deus e quer preservá-la, e a segunda está tão preocupada em transmitir vida a outros, que a
morte nem pode atingi-la. Jesus fala sobre estes dois tipos de vida em Mateus 10:39: “Quem
acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á”. Isto tem
acontecido na história – pessoas têm perdido as suas vidas e assim têm vivificado milhares
através do seu testemunho.
A vida do homem é receber para dar. A vida de Deus é dar para receber. Se
'recebermos a vida de Jesus, nós também vamos querer dar ao invés de só receber. A maioria
dos cristãos hoje e alma vivente. Estamos estudando sobre vida para receber mais revelação
do que e a vida de Jesus, e assim começar a dar nossa vida para outros.
João fala mais sobre vida em todos os seus escritos do que qualquer outro autor na
Bíblia.
João 1:1,4: Jesus é a Palavra e a Palavra é Deus. Nesta Palavra estava a vida e esta
vida era a luz dos homens. O mundo quer achar conhecimento (luz) para produzir vida, mas na
verdade, funciona ao contrário. É a vida que produz o verdadeiro conhecimento. Não há luz,
verdade, conhecimento ou orientação sem partir desta faísca de vida. Vida é uma pessoa e
não uma teoria, doutrina, fórmula ou método religioso. Vida é Deus revelado em sua Palavra,
Jesus.
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A primeira coisa que lembramos sobre o relato da criação, em Gênesis 1, é que Deus
disse: “Haja luz”. Parece que a luz veio primeiro. Se, porém, olharmos com atenção, veremos
que a luz veio no versículo 3. Antes disto, no versículo 2, o Espírito de Deus pairava sobre as
águas. O Espírito de Deus é Deus, é o Espírito de vida, é a própria vida. Antes de Deus falar, já
havia vida pelo Espírito de Deus, e foi esta vida que falou e deu ordem para haver luz. A luz é
conseqüência da vida. A vida criou todas as coisas, inclusive a luz. A luz vem da Palavra (haja
luz), mas a Palavra é vida (procede do Espírito).
João 5:26: O Pai tem vida em si mesmo e o Filho também. Vida é algo interior e
misterioso.
João 6:54, 57: Vida é comer o Filho de Deus. A chave não está em nós mesmos, mas
em Deus, na vida que Ele nos oferece. Comer o Filho de Deus é um mistério, algo que vem de
fora entra no nosso interior e passamos a ter vida para repartir com outros. Esta é a base da
nossa salvação. Não é receber uma teoria, ou apenas uma promessa futura, mas experimentar
a verdadeira vida eterna agora – o pão da vida que desceu dos céus.
Jesus disse que Ele é a vida (Jo 11:25). Ele é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6).
Aqui a seqüência está numa ordem inversa, pois vida produz verdade (ou luz), e a luz mostra o
caminho de crescimento para alcançar o alvo de Deus. A vida eterna é conhecer a Deus
através de Jesus (Jo 17:3).
A VIDA EM I JOÃO
I Jo 1:1-4: João teve a audácia de afirmar que a vida é uma pessoa. A vida que todo o
mundo procura está numa pessoa de carne e osso, que agiu na história, foi ouvida, vista e
tocada pelos apóstolos, e agora está com seu Pai. A vida não é qualquer pessoa, nem está em
todas as pessoas como afirmam as filosofias orientais, mas é uma pessoa específica, Jesus
Cristo. Algumas religiões ensinam que a criação é Deus, enquanto outras que a vida que está
em cada pessoa é Deus. Na verdade, a vida está na pessoa do unigênito Filho de Deus, e só
pode entrar em nos através de uma experiência objetiva, uma conversão. Muitos já têm
recebido esta vida, mas precisam entendê-la melhor para usufruir de todo o seu potencial, ao
ponto de transmiti-la a outros.
Apesar de Jesus ter ido embora para o céu novamente, Ele deixou testemunhas
autorizadas (os apóstolos), que falariam desta vida eterna que tinham visto, ouvido e
experimentado. E qual o propósito deste testemunho que dariam? No versículo 3 diz: “… para
que vós também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu
Filho Jesus Cristo”. Note que os apóstolos anunciavam a vida para produzir comunhão. E o
que é esta comunhão? É a própria vida. Comunhão é o compartilhar de vida. Os que ouviam os
apóstolos recebiam a mesma vida que era anunciada por eles, e assim tinham comunhão. O
efeito da vida e compartilhar, dar aos outros, vivificar outros. E a comunhão é baseada no
compartilhar da vida recebida de Deus.
Podemos resumir isso em três passos. 1. A vida é uma pessoa, Jesus, que é o próprio
Deus. 2. Tendo comunhão com esta pessoa (conhecendo, tocando, ouvindo e vendo Jesus),
recebemos a vida. 3. Ao receber a vida, vamos compartilhá-la com outros, para que tenham
comunhão, não só conosco, mas com Deus. Se tivermos comunhão com quem achou vida, nós
também receberemos vida. Se temos comunhão com uma pessoa que tem uma forte amizade
com uma terceira pessoa, nós também seremos levados a ter comunhão e amizade com esta
terceira pessoa. Podemos levar outras pessoas a ter comunhão com Deus se nós tivermos
esta comunhão. E comunhão com Deus é vida eterna.
A chave para a vida não ê comunhão em si, mas a pessoa de Jesus. Qualquer tipo de
comunhão não vai produzir vida. A comunhão que produz vida parte da comunhão com Jesus.
Ele é a própria vida e comunhão com Ele nos traz vida. Se anunciarmos esta vida, teremos
comunhão com todos que aceitarem nossa palavra, e eles terão vida também. No versículo 4,
vemos que esta vida e comunhão resultam em gozo. Não existe gozo mais completo do que
dar vida a outros.
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I João 1:5-7: João quer nos conduzir por três passos bem distintos nestes primeiros dois
capítulos de sua epístola. O primeiro é que Deus é vida. Agora chegamos ao segundo: Deus é
luz. Vimos que luz, ou conhecimento, não produz vida, mas que vida produz luz. Os homens
procuram a vida através da ciência, que é luz natural. Porém, estão a caminho de destruir a
vida natural através de armas nucleares, poluição, produtos químicos, etc. No jardim do Éden,
Deus mostrou isso: a árvore do conhecimento do bem e do mal (luz) gerou a morte, enquanto a
árvore da vida tinha o segredo da vida e da luz.
Por que João falou sobre comunhão novamente no versículo 6? Porque agora ele quer
mostrar que se alguém falar que tem vida e comunhão, mas anda nas trevas, ele está
mentindo e enganando a si mesmo. Não adianta falar palavras bonitas sobre ter vida em Jesus
e sobre a comunhão, se não há resultados práticos na sua vida. A vida verdadeira produz luz.
Deus é vida, mas Ele também é luz. Se alguém diz que tem vida, que tem comunhão com
Deus, e não tem luz, está enganado. A luz é a prova de que realmente há vida.
Andar na luz é a mesma coisa que ter comunhão com Deus. Se temos comunhão com
Deus, temos comunhão com outros também. Quem tem comunhão com Deus tem vida, esta
vida produz luz e a luz. Produz comunhão com os outros. Se todo nosso ser está aberto e
exposto à luz de Deus, pode também ser exposto aos nossos irmãos. Se o que enche o nosso
interior é a vida de Deus, não nos envergonharemos de expor tudo diante dos homens.
A luz produzida pela vida revela os impedimentos que não permitem o fluir da vida.
Quando reconhecemos no profundo do nosso ser que não somos nada, que não temos justiça,
estamos recebendo a luz que provém da vida. Não é uma luz mental de filosofia, psicologia ou
teologia, mas é a luz palpitante e vivificante da vida. Num instante somos mudados, pois na
mesma hora que a nossa terrível podridão é revelada e trazida à luz, o sangue flui levando
embora toda a sujeira. Somos assim totalmente libertos para fluir em vida.
Em I João 2:3-8, chegamos ao terceiro passo. A prova que conhecemos a Deus e que
guardamos os seus mandamentos. Antes ele falou que a prova era andar na luz, mas agora vai
acrescentar um outro elemento.
Quando lemos sobre guardar os mandamentos no Novo Testamento, geralmente
levamos um choque, porque achamos que os mandamentos fazem parte da velha aliança. Mas
o mandamento (vv.5-6) é amor. O amor é muito forte. É possível dar sua vida por alguém que
você ama de verdade. Se temos amor por Deus, guardaremos seus mandamentos.
Este mandamento é velho (vv.7-8) porque se encontra em Levítico e Deuteronômio.
Deus não mudou sua palavra ou sua Lei. O problema era que na velha aliança era impossível
guardar o mandamento. Não conseguimos amar a Deus sem Jesus em nós. Por isto é também
um mandamento novo, pois é verdadeiro n’Ele (em Jesus) e em nós. Jesus o cumpriu na sua
vida, e pelo seu Espírito o cumpre em nós também. Podemos amar a Deus porque Jesus está
em nós pelo Espírito Santo.
Estar em Jesus e Ele estar em nós é comunhão perfeita. É o verdadeiro conhecimento.
E esta união perfeita com Ele é amor.
Se temos vida, temos a luz, ou a verdade, que nos mostrarão nosso pecado (1 Jo 1 :8).
A luz que mostra o pecado permite a purificação pelo sangue, deixando assim a vida fluir
livremente. Pecado é morte, é obstáculo para o fluir da vida. O fluir da vida é amor. Quando o
sangue tira os impedimentos, temos comunhão contínua com Deus e com os outros, e isto é
amor. Mas para isto, tem que ter luz, pois a comunhão depende de andar na luz. O começo de
tudo é vida. O fim de tudo é amor. E o processo é luz.
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